A caverna onde estavam era pequena na parte da frente, com várias pedras pontudas por todos os lados, mas o fundo consistia em um bolsão largo e espaçoso, onde podiam sentar-se ao chão com facilidade, alguns idosos dormiam, assim como as crianças menores.
A chegada até ali tinha sido exaustiva para todos, a apreensão tomava conta, queriam chegar logo em outro lugar, que fosse seguro, onde pudessem respirar com um pouco de alivio e ter mais tempo de se preparar sem a “supervisão” dos inimigos.
A alimentação fora até boa, a sopa era bem encorpada com muitos legumes e pedaços de carne, um reforço para o que se seguiria durante anoite.
O resto do dia passou tão rápido que mal se deram conta que já era hora de partir.
Os refugiados partiram com o início da noite, aproveitando que as nuvens se mantinham na frente da lua possibilitando uma passagem mais calma e segura, sem chances de serem avistados, guiados por quatro, dos sete alfas, e cinco, dos dez líder
Darlan se aproximou mais da água e retirou o casaco e o resto das roupas, incluindo as ataduras, as quais mostraram as feridas em um estado avançado de cicatrização, e adentrou o lago lentamente sentando ao lado de Pérola que ajoelhou o abraçando. Beijou-o calmamente, de forma que demonstrava todo o amor que sentia. — Esse lugar é onde os lobos vermelhos vem com seus companheiros. — se afastou levemente — Achei que ela estivesse brincando comigo. — Os lobos vermelhos? — ele questionou confuso. — Ah, é uma história longa e cheia de lembranças ruins para Uyara, a loba. — respondeu — Tudo o que sabem sobre mim não é verdade, a história inteira foi mudada para que acreditassem em Absalom. — Bom, acho que teremos bastante tempo aqui... — Não temos, sinto muito. — suspirou — Precisamos consumar nossa união, assim eu posso entrar em harmonia com Uyara e ela não irá mais te odiar. Ele gargalhou levemente. — E por que Uyara me o
A LOBA VERMELHA Pérola caminhava pelo corredor cavernoso, seguiu na direção oposta a da saída, se deparando com outra galeria com metade do tamanho da anterior. Essa tinha estalactites enorme, algumas se juntavam com as estalagmites, formando colunas. Uma pequena passagem podia ser vista há alguns metros do chão, de onde vinha um brilho amarelado. Para subir até ela, era preciso escalar o que antes fora uma escada de pedras, agora quase sem forma, com frestas e partes pouco confiáveis. A garota se dirigiu naquela direção e subiu sem a menor dificuldade, não era a primeira vez que o fazia, naquele momento sentia uma certa familiaridade. Ao atravessar a pequena passagem, avistou o local apertado, porém, bem organizado, pois ela mesma havia o feito no dia anterior, sua intenção era levar Darlan para aquele local, mas os planos correram diferente do que esperava. O teto era baixo, uma pequena mesinha feita do tronco de um
Zara entregou sua capa para Pérola, a garota estava vestindo apenas a camisa de Darlan, mas a noite chegara e o frio também. — Devemos partir logo, os vampiros virão atrás de nós e os meus planos não incluem ataca-los agora, tenho algo em mente e quero compartilhar junto dos alfas. — Pérola se aconchegou a capa de Zara enquanto falava. — Anoiteceu há pouco, melhor esperarmos pelo menos mais um tempo, Guilherme ainda não está totalmente recuperado e creio que Darlan também não. — Leonor senta ao lado dela — Sei que está ansiosa, todos estamos, mas seria pior caso fôssemos seguidos. — Infelizmente, eu concordo. — Zara resmungou. Leonor a encarou com os olhos semicerrados, antes de se levantar. — Por que “infelizmente”? — questionou. — Bom, eu ainda não confio totalmente em você! — Zara deu de ombros. — Sempre tivemos nossas diferenças, mas agora estamos passando por uma situação delicada, posso ter duvidado que Pérola era sua fil
Aburblupy Irina estava sentada sobre os degraus a frente da casa central observando a cidade silenciosa, seu humor não era dos melhores e o primeiro que a irritasse provavelmente não teria um fim muito piedoso. Haviam se passado dois dias e não tinham nem previsão de encontrar a loba vermelha, os lacaios tiveram um encontro repentino com ela durante o dia, mas quando retornaram com os reforços, nem mesmo rastros para seguir foram deixados para trás. Mandaram todos os lobos, feiticeiros e vampiros que tinham a disposição, procurarem por ela ou qualquer rastro possível, seu tempo estava acabando e há qualquer momento os Lamiantikis poderiam aparecer em Aburblupy para cobrar o prazo que lhe fora dado, iria perder a cabeça, ela já pressentia que seu tempo havia acabado. — Meu amor. — Hades sussurrou se aproximando. Irina preferiu permanecer imóvel, naquele momento qualquer coisa que ele lhe dissesse a deixaria extremamente irritad
Pérola se aproximou de Hades para ajudar Irina a carrega-lo. Cada uma ficou de um lado o apoiando, seguindo lentamente pelo caminho que ela havia trilhado até ali. — Eu posso andar sozinho, sabiam? — resmungou. — O caminho é longo, precisamos ser rápidos. — Pérola se afastou um pouco — Mas tem outro jeito, só não sei se vão aceitar. — Que outro jeito? — Irina questiona. — Bom, eu me transformo e carrego vocês... será mais rápido. — disse com a face avermelhada. Hades encarou Irina ponderando a situação, eles não podiam se dar ao luxo de retornar naquele momento, os Lamiantikis chegariam em Aburblupy a qualquer momento, sua única saída era confiar na loba vermelha. — Disseram que você não consegue controlar sua forma de loba. — Hades diz a olhando — E se por acaso você quiser nos atacar? — Ah, não se preocupem, estou em total controle agora. — Mesmo assim, a sua transformação é muito poderosa. — ele cruzou os bra
OS DONS E SEGREDOS Pérola sorriu para Uyara, não sabia bem como reagir, ela não tinha achado extraordinário o fato de não ser afetada pela lúpus negra como os outros lobos, lhe parecia simplesmente algo banal e comum. Saber mais sobre si mesma e sobre todos aqueles que lhe antecederam era algo bom e maravilhoso, sem qualquer explicação aparente... Em um certo momento não sabia nada sobre si mesma, sobre sua família ou seu povo, então de repente muitos segredos lhe eram revelados, palavras que gostaria de passar adiante para as gerações futuras, para que a histórias não fosse distorcida de novo. Todos deviam conhecer a verdade e se apegar a ela, era importante lembrar de onde vieram e qual se propósito no mundo. — Parece que eu preciso começar a falar mais, as coisas que eu julgo serem normais, na verdade, possui muito mais importância do que parecem. — disse envergonhada. — Ora, você passou muito tempo presa com os vampiros, d
Pérola levantou cedo no dia seguinte, mesmo tendo permanecido no primeiro turno de vigília, sentia-se renovada, as poucas horas de sono lhes foram suficientes, parecia que dormir como loba era mais revigorante e trazia confiança. Irina e Hades permaneceram perto dela o tempo todo, sentiam-se um pouco lentos devido o grande esforço, estavam há quase dois dias inteiros sem alimento e ainda passaram por uma perseguição. — Quando chegarmos no refúgio eu posso fazer um favor, mas precisam prometer que não irão contar a ninguém. — Pérola sussurrou aos dois. — Que tipo de favor? — Irina questionou a rodeando. — Estão com fome, certo? — sorriu. — Se o seu companheiro descobrir, teremos uma grande confusão. — a vampira gargalha levemente — Aceitamos seu favor. A garota balançou a cabeça sorrindo, estava começando a se acostumar com o casal de vampiros, mas infelizmente isso poderia ser ruim futuramente, dependendo das escolhas tomadas.
— Do que exatamente você está falando? — Irina questionou. — Saberá em breve, agora guarde suas forças, vai precisar. Permaneceram em silencio por muito tempo, durante o trajeto fizeram duas paradas para que pudessem descansar um pouco, já era noite quando avistaram o céu novamente. Hades se encarregou de carregar Irina daquele ponto em diante, a vampira havia apagado completamente algumas horas antes. Continuaram a caminhada em ritmos mais lentos, o cansaço extremo era evidente para todos, seguiram por debaixo de arcos de rochas naturais, troncos de árvores, até chegarem em uma pequena abertura em uma montanha. Adentraram-na seguindo pelo caminho estreito saindo em uma enorme galeria, subiram pelas paredes de pedras saindo em outra galeria menor e muito escura, foram guiados devagar para então descerem por uma abertura no chão, foram obrigados a rastejar por vários metros. Ao sair da passagem, se depararam com a maior caverna que já haviam vi