Era uma vez…
Uma pequena garotinha que morava em uma fazenda no interior da floresta, sua pele era branca como a neve, seus cabelos dourados como ouro, e seus olhos azuis como mar.A inocente garota não tinha medo de nada, ela caminhava nas trilhas tarde da noite e passeava sozinha pelos bosques, mesmo com seus pais dizendo para que ela tomasse cuidado, a jovem não os ouvia.Certo dia, a pequena criança decidiu caminhar pelas redondezas da fazenda onde vivia, já era tarde e o sol se punha, logo à noite iria cair e a lua brilhar.A jovem vestiu sua capa vermelha, colocando o capuz sobre sua cabeça, ela estava animada e queria brincar até tarde da noite.Ela saltitava e pulava caminhando pela estreita trilha entre as árvores, a lua que já estava no alto brilhava iluminando o caminho, revelando as belas flores que enfeitavam o caminho.Enquanto andava distraída a jovem as colhia, enchendo suas pequenas mãos com flores de diversas cores.Alguns minutos se passam e a pequena jovem que mal prestava atenção para onde andava acaba se distanciando da estreita trilha a qual estava acostumada.Enquanto sorria e brincava sozinha, a jovem tem sua atenção fisgada por um feroz som.Era um uivo, havia um lobo ali perto.Curiosa e inocente, a pequena criança que brincava agachada com as flores se levanta, olhando ao redor procurando a origem do som, e de longe ela conseguia ver, um enorme par de olhos verdes observava.A jovem, que era muito pequena, cerca de 10 anos de idade, não se deixou ser intimidada pela enorme fera, muito pelo contrário a criança não tinha medo, ela não conhecia a maldade, em sua pura imaginação a pequena pensava que aquele lobo era como nos desenhos e histórias, ela reparava na longa pelagem cinza que a fera tinha, e aquilo a atraía, a criança queria tocar e fazer carinho no animal.O lobo que estava imóvel no mesmo local apenas observando a criança, parecia perder o interesse, ele se virava e voltava a seguir seu caminho, a garota via o animal se distanciando e sem pensar duas vezes corria até ele, puxando a sua longa cauda, ela queria abraçar a fera e sentir a sua pelagem fofa, infelizmente, mal sabia ela que aquele animal estava a dias sem comer, ele se virou para a criança rosnando alto e assustando, ele avançou contra ela.E tudo que restou foi uma enorme poça de sangue ao chão, algumas partes do corpo da pequena ficavam ali, junto ao tecido rasgado da capa vermelha que a garota usava…— Prestem atenção, crianças.. isso é real e aconteceu há 4 anos..Já era tarde da noite e minha mãe como sempre contava novamente aquela mesma história, a mim e o meu irmão.— Tomem cuidado, a floresta é traiçoeira, um deslize e vocês irão acabar como aquela pobre garota.Minha mãe falava enquanto servia os nossos pratos com o jantar, em seu rosto podia se ver seriedade e o medo, todas as noites ela dizia as mesmas coisas, mesmo sendo pequena assim como a garota da história, sempre tive consciência das coisas, e sabia que ela nos contava aquilo apenas para que tivéssemos medo e parássemos de sair para brincar pela fazenda.A criança da história era igual a mim, tinha pele clara, cabelos dourados, e olhos azuis, me perguntava se minha mãe fazia de propósito, para me amedrontar, até mesmo a capa vermelha que eu usava ela colocava na história, por isso nunca dei atenção, não sentia medo ao ouvir aquela velha história. Meu irmão dizia não acreditar na história, achava que era só a velha história que todos pais contavam aos filhos.Depois de todos jantarmos, nos retiramos para dormir, estava frio e na fazenda tudo que tínhamos para nos aquecer era a lareira que ficava no cômodo central da casa.No meu quarto, observava a lua, esse era o mesmo nome que minha mãe havia me dado, olhava para aquela gigante esfera que brilhava, e imaginava o porquê de ter o mesmo nome, sempre a achei linda, e todas as noites era como se a luz que ela emanava me atraísse.Mesmo frio, pegava minha capa e vestia, após ter certeza que todos dormiam, saía pelas portas do fundo, caminhava admirando a noite seguindo as trilhas ao redor da casa.Naquela noite havia algo diferente, não sabia o que, até me deparar com algo que nunca havia visto em minha vida.Eu fazia o mesmo trajeto, estava acostumada com os sons dos pássaros e dos animais noturnos, já havia visto vários em minhas caminhadas, mas nada igual aquele.Assim como na história que minha mãe sempre contava, ouvi um uivo, sabia que era um lobo, já havia visto vários pela fazenda, ao parar para verificar ao redor, me deparo com um enorme par de olhos verdes, no mesmo instante que os vi congelei por completo, aqueles não eram olhos de um lobo normal, o animal era maior do que qualquer outro que havia visto, sua pelagem era cinza e a expressão em sua face única, ele não era um animal qualquer.Assim como eu, o animal estava congelado no meio da trilha, ele me encarava e parecia esperar minha reação, não era ingênua como uma garota da história, sabia do que a fera era capaz de fazer, por isso, permaneci parada, imóvel como uma estátua. O medo me consumiu naquele instante.Aquela foi a primeira vez que senti medo de verdade, tinha algo naquele lobo diferente de tudo que já havia visto na vida. Mesmo de longe, era amedrontador.Depois de alguns segundos encarando aquele enorme ser, ele se virou e seguiu caminho, me deixando para trás assim como fazia na história, diferente da criança ingênua e boba que seguia o lobo, me virei rapidamente e corri para casa sem olhar para trás.Tranquei a casa, tirei o capuz, o guardando, e vou para a cama. Meu coração batia em um ritmo muito acelerado, colocava as mãos sobre o peito tentando me acalmar. Fecho os olhos tentando dormir, mas não conseguia.Alguns minutos depois, demoro a pegar no sono, pois aqueles olhos verdes assustadores do lobo, não me deixam dormir. Como se ele estivesse bem na minha frente, esperando eu dormir para me devorar.Oito anos depois…— Lua, já terminou de tratar das galinhas e dos porcos?Minha mãe me pergunta arrumando a mesa para o nosso habitual café da manhã em família, reparo no quanto temos mais coisas para comer agora do que nos anos anteriores. Nossa fazenda cresceu muito, graças a Deus. Olhando para a mesa, vejo que tudo ali parece delicioso. A respondo sorrindo:— Sim mãe, já cuidei deles, e Leandro cuidou dos cavalos e das vacas. Fica tranquila, tá ? Digo me sentando ao lado do meu pai, dá pra ver pela sua face o quanto ele está com fome, sorrio olhando para ele. Pouso meus olhos em minha mãe que se senta.Ela diz contente:— Ótimo. Muito obrigada, filha. Seu irmão já foi, não é?Seu olhar fica triste de novo.Leandro mora na cidade, ele vem de vez em quando ajudar na fazenda, só fica aqui na parte da manhã e se despede rapidamente, desde pequeno ele não gostava da fazenda, mas não o culpo, cada um tem seu gosto. Eu amo isso aqui: a natureza, a linda paisagem que vejo todos os dias.
Minutos depois.Estou andando há um bom tempo, o clima está bom hoje: está fazendo um pouco de sol, as flores estão tão lindas, floridas, a grama bem verde, o cheiro então, nem se fala, amo sentir esse contato com a natureza. Fico admirando o lugar. Começo a seguir a trilha que é de uma fazenda de uma amiga de minha mãe.Chegando perto, vejo uma pessoa caída perto de uma árvore, usando um casaco preto. Ele está do outro lado da fazenda. Fico olhando de modo suspeito. Quem será?Chego perto da tal pessoa.Quando me aproximo, me agacho e toco na pessoa, ela não tem reação nenhuma.Vejo que está de capuz, me atrevo a baixá-lo, faço isso com muito cuidado e vejo que é um rapaz, um homem na verdade.Cabelos longos até a nuca de cor preta, seus olhos estão fechados, ele está suado, toco lentamente em seu pulso e sinto que ele está com a respiração irregular, bem lenta. Fico apavorada.Começo a lhe chamar.— Senhor? Está tudo bem?Repito várias vezes e nada…Céus e agora ??Toco nele de nov
Dias seguintes …Faço como sempre em todas as manhãs: ajudo meus pais na fazenda e depois vou passear na floresta. Hoje ajudei com os animais, cuidei dos cavalos, alimentei as cabras e afins, vendi nossas mercadorias também: queijo, ovos, leite, vários tipos de doces, manteigas, bolos e biscoitos. Lucramos um bom dinheiro também. Sem falar que vendemos carnes de vaca, porco e galinha e também tem nossa horta. Só não matamos as cabras, elas nos rendem leite e as ovelhas, lã. Assim que termino de ajudar, pego minha capa e vou sair como o habitual.Despeço deles e começo a caminhar.Hoje está um pouco frio, mas o frio não me impede de sair de casa, pois amo sair e caminhar por aí, faço uma rota diferente hoje. Em vez de ir perto da trilha da fazenda da amiga da minha mãe, sigo pela trilha que leva à floresta. Começo a andar na trilha, minha arma como de costume está dentro da minha calça, e como meu casaco é longo, é bem difícil alguém conseguir ver.Vou caminhando olhando para os la
Minutos se passam…Assim que me acalmo, vejo meu irmão chegando de carroça.Ele desce e me cumprimenta. — Oi irmã, o que está fazendo no chão?Ele pergunta curioso, me analisando por inteira. Eu me levanto arrumando meus cabelos que devem estar bagunçados, e digo. — Eu acabei de chegar, estava caminhando.Ele diz dando de ombros. — Como sempre, né? Por isso está tão corada, use protetor irmã, se cuide.Eu assinto para ele, meu irmão continua. — Bom, estava vindo para cá e um fazendeiro me pediu ajuda, quer vir comigo?Eu concordo, mas digo ao me lembrar de meus pais. — Vou avisar nossos pais primeiro.Ele se aproxima estendendo algo em minha direção. — Use isso.Ele estende uma coisa estranha na minha frente. Fico sem entender. — Como isso vai me ajudar a falar com meus pais?Ele ri baixo.— Esqueci que você nunca morou na cidade. Isso é um telefone celular, igual ao da fazenda, é pra ligar. Mas, esse é mais moderno, além de fazer ligações, dá pra você fazer várias coisas, dep
Horas depois…Tudo foi muito estranho…O encontro com Edmon pela primeira vez.O encontro com o lobo e com o Edmon novamente. Sinto um certo medo quando olho nos olhos dele, por que se parece tanto com os olhos do lobisomem?E não sei por que me senti tão mal e quase caí no chão, o que foi aquilo? Nunca fui de passar mal.Estou com certo medo agora, sinto que não terei paz, aquela fera agora vai me perseguir, e não quero contar aos meus pais sobre isso, o que eles iriam fazer? Vou guardar isso para mim, pelo menos por enquanto.Decido tomar um banho antes de dormir. Tudo isso que pensei me fez mal de certo modo.Depois do banho coloco uma roupa de moletom e fico olhando para o aparelho que meu irmão me deu, ele disse que ele faz bastantes coisas, mas não é moderno que nem o dele. Eu sei que vou custar a mexer nesse, não quero um moderno. Eu não sei sobre nada das tecnologias da cidade.Ele me ensinou como mandar mensagens, como responder mensagens e como fazer ligações. Mas acho que
LUAFico olhando para os lados, a carroça se move mais rápido, vamos para a cidade. Vou vê-la pela primeira vez, nunca fui à cidade. Temos um médico de confiança que sempre vinha ver como estava meu irmão, eu nunca precisei ir ao médico, por isso nunca tive motivos para ir à cidade, mas hoje pode até ser bom, assim espero.Chegando no fim da roça, meu irmão desce da carroça e diz:— Deixo minha carroça aqui com esse senhor. Ele cuida aqui pra mim, vamos pegar um táxi agora.Ele me diz e dá uns trocados para o Senhor que sorri gentilmente.Pego minha mala e meu irmão uma mochila dele e vamos até uma avenida próxima, ele senta em um banco e sigo logo atrás dele. Me sento e meu irmão faz a ligação, deve estar ligando para o táxi.Ficamos ali esperando por um momento.Fico olhando para a avenida que está bem movimentada, é até um cenário bom.Logo avisto um táxi amarelo, meu irmão se levanta e diz que é o nosso veículo.Entramos nele e ele diz seu endereço ao taxista.Fico olhand
LUAHoras depois...Meu irmão me fez usar um vestido, que comprou para mim a um tempo e só me entregou agora, ele estava com vergonha de me dar o vestido no passado, mas agora foi uma boa oportunidade para me dar.Eu agradeço sem graça e segurei o tal vestido, tenho que usar porque pessoas de boates usam isso, bem, se ele diz, deve ser verdade, mas me sinto estranha.O vestido é azul escuro, ainda bem que não é tão curto, bate nos joelhos, também não é tão colado, mas como ganhei corpo, meus seios marcaram um pouco o vestido e meu bumbum também está bem-marcado, mas ainda bem que esse vestido não é decotado. Faço uma careta me olhando, então vejo Bia chegando, ela me elogia e diz:— Vou te ajudar, vou fazer uma maquiagem bem leve e arrumar seu cabelo, posso? Eu dou de ombros. — Bom, não tenho escolha, pelo menos hoje farei isso.Ela então vem com uma bolsinha cheia de coisas dentro, deve ser algo para fazer essa tal de maquiagem.Não demora muito e ela me arruma toda, pas
Ele se vira quando sente minha presença e desencosta da parede, me analisa por completo e diz: — O que está achando daqui? Já veio para a cidade antes?Eu nego com a cabeça, ele fica surpreso.— Nossa…, mas, é muito bom aqui, tenho certeza de que ia gostar de cinema.Cinema? Fecho o semblante sem entender, me aproximo dele, levanto meu rosto para olhar para ele. — O que é isso?Pergunto envergonhada sorrindo de canto. Ele sorri, e aquelas covinhas aparecem novamente. — É um lugar onde você vê filmes inéditos, que acabaram de lançar. É muito bom.Eu fico surpresa e o respondo.— Com certeza irei amar. Quem sabe posso ir um dia. Me desculpe por não entender um pouco das coisas aqui, mas não entendo nada sobre a cidade. Ele diz sorrindo, mas dá de ombros. — Não se preocupe, e sobre o cinema, posso marcar com seu irmão um dia desses.— Seria muito bom. Aliás, você frequenta muito aqui? Quando te vi, parecia que estava procurando por alguém. – Jogo na cara dele, estou c