Dias seguintes …
Faço como sempre em todas as manhãs: ajudo meus pais na fazenda e depois vou passear na floresta.Hoje ajudei com os animais, cuidei dos cavalos, alimentei as cabras e afins, vendi nossas mercadorias também: queijo, ovos, leite, vários tipos de doces, manteigas, bolos e biscoitos.Lucramos um bom dinheiro também. Sem falar que vendemos carnes de vaca, porco e galinha e também tem nossa horta. Só não matamos as cabras, elas nos rendem leite e as ovelhas, lã.Assim que termino de ajudar, pego minha capa e vou sair como o habitual.Despeço deles e começo a caminhar.Hoje está um pouco frio, mas o frio não me impede de sair de casa, pois amo sair e caminhar por aí, faço uma rota diferente hoje. Em vez de ir perto da trilha da fazenda da amiga da minha mãe, sigo pela trilha que leva à floresta.Começo a andar na trilha, minha arma como de costume está dentro da minha calça, e como meu casaco é longo, é bem difícil alguém conseguir ver.Vou caminhando olhando para os lados, hoje está bem calmo. Poucas pessoas gostam de caminhar hoje em dia.Eu sei que apenas alguns vizinhos nossos acampam todos os fins de semana, eles gostam de fazer trilha e acampar, eu já fui com eles e amei, meus pais não gostam de sair à noite, eles temem pelo lobo, mas não soube mais de mortes desde quando tinha 10 anos de idade.Todos aqui evitam sair à noite também, somente alguns vizinhos que gostam de acampar e se arriscam um pouco, já eu não tenho tanto medo, e mesmo que tenha pelo menos um pouco,sempre me arrisco todos os dias, pois é algo que amo: sair e me aventurar.Caminhando logo a frente vejo um chalé, parece abandonado, dou a volta nele para ver se não há ninguém.Assim que vejo que está tudo liberado, sem pessoas e animais, adentro no chalé.Mas mal consigo ficar, o cheiro é insuportável, tem cheiro de morte.Tudo está bagunçado, folhas rasgadas pelo chão, roupas trituradas, comida jogada pelo chão, quando olho à minha direita, vejo um cadáver, tampo a boca para não gritar.Ele está morto ali há alguns dias, tem um buraco em sua cabeça, consigo ver a carne escura em seu crânio e em outros membros de seu corpo. Não há vestígios de sangue, só tem carne podre desse homem, e seu corpo todo mordido.Suas pernas foram arrancadas, e ele está com uma cor horrível. Meu estômago se revira, saio correndo do chalé e vomito…Ainda bem que seguro meus cabelos para não os sujar de vômito.Assim que termino de vomitar, me afasto mais do chalé e limpo com as costas da mão minha boca, quando olho para frente levo um susto…Meu corpo começa a tremer e minha mão a suar. O lobo de olhos verdes que sempre vejo está na minha frente. Mas ele não é um lobo comum, parece um lobisomem, ele é enorme, parece ter mais de dois metros de altura, ele é assustador.A cor dele é cinza, ele é muito peludo e suas presas saem de sua boca, ele parece mais um monstro do que um lobo. Não me lembrava dele assim, ele parecia menor.Meu corpo gela olhando para ele, estamos a 20 passos de distância. O que eu faço, corro? Eu não terei chances… meu Deus… minha boca começa a tremer…O defunto dentro do chalé só pode ser obra dele. Ele veio terminar de comer e encontrou mais um lanche para ele.Merda, esse vai ser meu fim?Eu não sei o que fazer.Lágrimas escorrem dos meus olhos. Eu não sei como segurar as minhas lágrimas, merda.Mas, me lembro, tenho uma arma. Eu posso mirar nesse lobo ou lobisomem e sair correndo. Posso ter uma chance. Sinto um alívio por um segundo, posso conseguir.Respiro fundo e a fera se mexe, ele começa a andar de um lado para o outro me olhando intensamente, deve estar planejando seu ataque.Mas ele teve tantas chances de me pegar, porque não me pegou antes?Levo a mão na minha barriga e sinto a vontade de vomitar de novo, o cheiro de defunto está forte demais… seguro o vômito e respiro fundo, não posso vomitar agora. Caio de joelhos e o lobo rosna para mim com raiva. Eu fico com uma mão na barriga e a outra levo para minhas costas, levanto um pouco a capa e pego a arma. Agora esse monstro vai ter o que merece.Respiro fundo mais uma vez, preciso manter a calma.O besta me encara pronto para atacar.Ele range seus dentes e vem em minha direção, suas patas afundam na terra e sinto o cheiro dele vindo até mim, um cheiro forte misturado com um aroma que já senti antes…Mas, foco em acertar ele… não vou deixar ele me atacar.Eu coloco a arma para frente, miro rápido nele e aperto o gatilho.A bala atravessa sua pata da frente e isso o faz cair no chão. Ele começa a rosnar alto de dor.Me atrevo a olhar sua face, ela com ódio, vejo seus olhos verdes mudarem para vermelho sangue, ele quer me devorar, vejo isso, meu coração acelera rápido e me levanto e começo a correr. Dou uma olhada para ver se ele me segue, vejo o lobisomem se levantar, seus olhos se encontram com os meus, vejo a fúria neles, sinto minhas mãos tremerem de medo, me viro depressa e começo a correr mais rápido possível.A adrenalina em mim é intensa, corro rápido indo até minha casa. Passo pela mata, tentando não cair enquanto corro.Meu corpo todo está fervendo de adrenalina. Estou com medo, com raiva, e feliz por ter conseguido me safar dessa.O vento faz meu capuz sair da minha cabeça, continuo a correr até chegar na entrada da fazenda, olho para os lados e não vejo nada, ele não conseguiu me seguir. Que alívio.Acalmo meu coração e me sento na entrada de casa.Guardo minha arma em seu devido lugar e respiro fundo…Meu Deus, consegui, foi por pouco, solto um sorriso meio tenso, mesmo estando aliviada que saí de lá viva, também estou bastante apavorada, vi um lobo, lobisomem enorme e feroz na minha frente.Limpo o suor e abaixo minha cabeça, céus suei muito, meus cabelos estão grudados em minha nuca.Fico ali sentada por um tempo, tentando fazer meu coração voltar ao normal.Minutos se passam…Assim que me acalmo, vejo meu irmão chegando de carroça.Ele desce e me cumprimenta. — Oi irmã, o que está fazendo no chão?Ele pergunta curioso, me analisando por inteira. Eu me levanto arrumando meus cabelos que devem estar bagunçados, e digo. — Eu acabei de chegar, estava caminhando.Ele diz dando de ombros. — Como sempre, né? Por isso está tão corada, use protetor irmã, se cuide.Eu assinto para ele, meu irmão continua. — Bom, estava vindo para cá e um fazendeiro me pediu ajuda, quer vir comigo?Eu concordo, mas digo ao me lembrar de meus pais. — Vou avisar nossos pais primeiro.Ele se aproxima estendendo algo em minha direção. — Use isso.Ele estende uma coisa estranha na minha frente. Fico sem entender. — Como isso vai me ajudar a falar com meus pais?Ele ri baixo.— Esqueci que você nunca morou na cidade. Isso é um telefone celular, igual ao da fazenda, é pra ligar. Mas, esse é mais moderno, além de fazer ligações, dá pra você fazer várias coisas, dep
Horas depois…Tudo foi muito estranho…O encontro com Edmon pela primeira vez.O encontro com o lobo e com o Edmon novamente. Sinto um certo medo quando olho nos olhos dele, por que se parece tanto com os olhos do lobisomem?E não sei por que me senti tão mal e quase caí no chão, o que foi aquilo? Nunca fui de passar mal.Estou com certo medo agora, sinto que não terei paz, aquela fera agora vai me perseguir, e não quero contar aos meus pais sobre isso, o que eles iriam fazer? Vou guardar isso para mim, pelo menos por enquanto.Decido tomar um banho antes de dormir. Tudo isso que pensei me fez mal de certo modo.Depois do banho coloco uma roupa de moletom e fico olhando para o aparelho que meu irmão me deu, ele disse que ele faz bastantes coisas, mas não é moderno que nem o dele. Eu sei que vou custar a mexer nesse, não quero um moderno. Eu não sei sobre nada das tecnologias da cidade.Ele me ensinou como mandar mensagens, como responder mensagens e como fazer ligações. Mas acho que
LUAFico olhando para os lados, a carroça se move mais rápido, vamos para a cidade. Vou vê-la pela primeira vez, nunca fui à cidade. Temos um médico de confiança que sempre vinha ver como estava meu irmão, eu nunca precisei ir ao médico, por isso nunca tive motivos para ir à cidade, mas hoje pode até ser bom, assim espero.Chegando no fim da roça, meu irmão desce da carroça e diz:— Deixo minha carroça aqui com esse senhor. Ele cuida aqui pra mim, vamos pegar um táxi agora.Ele me diz e dá uns trocados para o Senhor que sorri gentilmente.Pego minha mala e meu irmão uma mochila dele e vamos até uma avenida próxima, ele senta em um banco e sigo logo atrás dele. Me sento e meu irmão faz a ligação, deve estar ligando para o táxi.Ficamos ali esperando por um momento.Fico olhando para a avenida que está bem movimentada, é até um cenário bom.Logo avisto um táxi amarelo, meu irmão se levanta e diz que é o nosso veículo.Entramos nele e ele diz seu endereço ao taxista.Fico olhand
LUAHoras depois...Meu irmão me fez usar um vestido, que comprou para mim a um tempo e só me entregou agora, ele estava com vergonha de me dar o vestido no passado, mas agora foi uma boa oportunidade para me dar.Eu agradeço sem graça e segurei o tal vestido, tenho que usar porque pessoas de boates usam isso, bem, se ele diz, deve ser verdade, mas me sinto estranha.O vestido é azul escuro, ainda bem que não é tão curto, bate nos joelhos, também não é tão colado, mas como ganhei corpo, meus seios marcaram um pouco o vestido e meu bumbum também está bem-marcado, mas ainda bem que esse vestido não é decotado. Faço uma careta me olhando, então vejo Bia chegando, ela me elogia e diz:— Vou te ajudar, vou fazer uma maquiagem bem leve e arrumar seu cabelo, posso? Eu dou de ombros. — Bom, não tenho escolha, pelo menos hoje farei isso.Ela então vem com uma bolsinha cheia de coisas dentro, deve ser algo para fazer essa tal de maquiagem.Não demora muito e ela me arruma toda, pas
Ele se vira quando sente minha presença e desencosta da parede, me analisa por completo e diz: — O que está achando daqui? Já veio para a cidade antes?Eu nego com a cabeça, ele fica surpreso.— Nossa…, mas, é muito bom aqui, tenho certeza de que ia gostar de cinema.Cinema? Fecho o semblante sem entender, me aproximo dele, levanto meu rosto para olhar para ele. — O que é isso?Pergunto envergonhada sorrindo de canto. Ele sorri, e aquelas covinhas aparecem novamente. — É um lugar onde você vê filmes inéditos, que acabaram de lançar. É muito bom.Eu fico surpresa e o respondo.— Com certeza irei amar. Quem sabe posso ir um dia. Me desculpe por não entender um pouco das coisas aqui, mas não entendo nada sobre a cidade. Ele diz sorrindo, mas dá de ombros. — Não se preocupe, e sobre o cinema, posso marcar com seu irmão um dia desses.— Seria muito bom. Aliás, você frequenta muito aqui? Quando te vi, parecia que estava procurando por alguém. – Jogo na cara dele, estou c
Mais tarde...Já chegamos no restaurante, fomos de táxi.Estou morta de fome. Assim que nos sentamos, já olho logo o cardápio para escolher o que quero.Meu olho se arregala quando vejo o nome "Lámen com legumes", eu quero muito comer isso. Sempre vejo essas comidas em seriados e doramas que assisto, quero muito experimentar, mesmo morando na zona rural, assisto de vez em quando séries e afins. A moça vem anotar os pedidos, uma morena bem baixinha, eu digo: — Quero o pedido 25. Ela anota e meu irmão pede o pedido 12, Júnior também pede a mesma coisa. Edmon fica olhando mais um pouco e diz:— Quero o pedido 25 também, nunca provei lámen. E quero um suco de dois litros de maracujá.A moça anota e diz:— Você vai gostar muito do Lámen. — Ela sorri para ele mordendo o lábio, querendo chamar a atenção dele, e sinto um sentimento estranho. Não entendo o que é. Sei porque ela olhou para ele desse jeito, mesmo não querendo admitir, Edmon é o mais bonito daqui seus olhos verdes
LUAAlgumas horas depois…Escuto alguns passos vindo até mim, abro os olhos rapidamente, Edmon se senta do meu lado. Meu Deus, dormi aqui? Já amanheceu? Vejo o sol pela janela. Eu dormi, e não sonhei nada, até que enfim. Sinto um alívio.Olho para ele meio sonolenta, solto um bocejo e levo a mão na boca, ele sorri e diz:— Bom dia! Eu sorrio torto me arrumando no sofá. — Bom dia. Acordou agora? – digo com a voz sonolenta. Ele assente e sorri me olhando. Eu devo estar com a cara amassada, cabelos bagunçados, céus que situação tensa.— Eu vou ao banheiro, todos já acordaram? Ele nega.— Somos os primeiros a acordar, na verdade a tal da Bia acordou, ela está fazendo o café. Eu assinto e digo.— Certo, vou lavar o rosto e podemos comer. Acho que meu irmão e o seu vão demorar a acordar. Ele sorri concordando.Eu me levanto, coloco os travesseiros no lugar e desligo o abajur, vou logo em seguida ao banheiro, lavo meu rosto que está super rosado, meu Deus. Penteio meu
LUASábado e domingo passou, e foi maravilhoso. No domingo meu irmão e eu fomos ao parque, adorei conhecer esse lugar, é bem movimentado, comemos sanduíche e algodão doce. Amei muito me divertir por aqui, sem falar que uma parte de mim gostou de ter visto Edmon, mas não posso mais pensar nele.Segunda feira, acordo e já vou tomar meu banho e escovar os dentes, estou voltando para casa, para minha rotina, sinto que estou muito bem. Se eu ver aquela fera de novo eu voltarei para casa rapidamente, não vou deixá-lo conseguir o que quer. Se bem que está conseguindo, estou tendo pesadelos graças a ele. Depois de tratar dos animais e da nossa horta, retorno para casa com alguns vegetais. — Prontinho, mãe, quer ajuda com o almoço? Ela nega e diz para que leve meu celular, que irá me ligar quando o almoço estiver pronto. Ela já sabe que quero caminhar, como sempre.Eu assinto dando um beijo em seu rosto e vou até meu quarto pegar minha capa. Assim que a visto, saio de casa com m