O vento cortava a floresta como um sussurro sombrio, carregando promessas de perigo. Kael e Lírica moviam-se em silêncio, seus passos sincronizados enquanto mergulhavam cada vez mais fundo no coração de um território desconhecido. A perseguição pelos caçadores havia cessado, mas a tensão entre eles ainda era palpável. O Coração de Noctis pulsava com uma energia desconcertante, um lembrete constante de que o destino de ambos estava em jogo.Lírica parou de repente, levantando a mão para indicar que Kael também fizesse o mesmo. Seus olhos, sempre atentos, fixaram-se em uma clareira à frente. No centro, havia uma construção antiga, uma espécie de altar feito de pedra negra. As marcas nas superfícies eram familiares, as mesmas runas que haviam encontrado na cidade das Sombras.— Esse lugar... — Lírica murmurou, seus olhos arregalados. — É como se ele estivesse nos chamando.Kael hesitou, o brilho escuro do Coração intensificando-se em resposta à proximidade do altar.— Ou nos atraindo par
A clareira parecia menor à luz da manhã, mas a presença do altar ainda pairava como um peso invisível sobre Kael e Lírica. Ambos haviam passado a noite em silêncio, cada um imerso em seus próprios pensamentos. O sacrifício que lhes fora apresentado não saía da mente de nenhum dos dois, mas, enquanto Lírica procurava soluções, Kael começava a aceitar a possibilidade de que seu destino já estivesse selado.Eles seguiram pela trilha, deixando o altar para trás, mas seu impacto continuava vivo. A floresta parecia mais densa, os sons mais abafados, como se o mundo ao redor refletisse a tensão crescente entre eles.— Não é só o Portal que precisamos temer. — Lírica disse, quebrando o silêncio. — Essas criaturas que vimos na visão... elas são mais do que meras sombras. São fragmentos do mal que o Portal mantém preso. Se ele se abrir, o mundo não sobreviverá.Kael parou, seus olhos brilhando com intensidade enquanto olhava para ela.— E é exatamente por isso que não podemos hesitar. Se sentar
A noite parecia mais escura do que o habitual, como se o confronto com Malik houvesse perturbado o equilíbrio da própria floresta. Kael e Lírica se moviam em silêncio, seus corpos e mentes ainda cansados da batalha. Mas o peso maior vinha das palavras de Malik. Ele sabia algo que Kael não entendia totalmente — algo sobre o Coração de Noctis e o poder que ele carregava.— O que ele quis dizer com aquilo? — Lírica perguntou finalmente, quebrando o silêncio. — Que o Coração vai consumi-lo?Kael apertou o punho ao redor do medalhão em seu peito, sentindo o calor pulsante contra sua pele. Era um lembrete constante de sua ligação com o artefato, e, apesar de suas tentativas de controlá-lo, ele sabia que havia uma verdade sombria nas palavras de Malik.— O Coração é uma arma, Lírica. Uma arma que escolheu a mim, mas que também me manipula. Cada vez que o uso, sinto como se uma parte de mim fosse consumida.Lírica parou, segurando o braço dele para que se virasse e a encarasse.— Então vamos
A Montanha do Crepúsculo ergueu-se diante de Kael e Lírica como uma fortaleza esquecida pelo tempo. Seus picos cobertos de névoa e as encostas íngremes pareciam impenetráveis. A jornada até ali havia sido longa e cheia de perigos, mas agora, o verdadeiro desafio estava apenas começando.Nyra não os acompanhara, mas suas palavras ecoavam nas mentes dos dois. A Essência da Aurora, escondida nas profundezas da montanha, era a única esperança para purificar o Coração de Noctis e impedir o caos iminente.Lírica olhou para Kael, a determinação em seus olhos refletindo a força de sua ligação.— Acha que ela estava escondendo algo? Sobre o que realmente vamos enfrentar aqui?Kael apertou o medalhão ao redor do pescoço, sentindo seu calor pulsante.— Tenho certeza de que ela estava. Mas isso não muda nada. Nós temos que fazer isso. Juntos.A Floresta Sombria da BaseA base da montanha era cercada por uma floresta densa e estranhamente silenciosa. Os galhos das árvores formavam arcos altos, com
O som do grito reverberou pelas paredes da caverna, carregado de uma energia que fez os pelos de Kael se arrepiarem. Lírica apertou a adaga em sua mão, seus olhos varrendo a escuridão à procura da origem daquele som.— É ele. Malik está aqui. — Kael murmurou, seu tom baixo e carregado de tensão.— Ele não viria sozinho. Devemos nos preparar. — Lírica respondeu, sua postura rígida, mas seu olhar determinado.Eles não tiveram tempo de planejar. A escuridão ao redor começou a se mover, como se tivesse vida própria. Das sombras, figuras começaram a emergir: guerreiros esqueléticos envoltos em energia negra, semelhantes às criaturas que enfrentaram antes, mas muito mais ameaçadores.E então ele apareceu.Malik surgiu com sua aura imponente, os olhos brilhando com um vermelho intenso. Ele trajava uma armadura negra, e o cetro em sua mão emanava uma energia pulsante, como se a própria essência do mal estivesse concentrada nele.— Kael, Lírica... Vocês têm algo que me pertence. — Sua voz ecoo
O céu acima das montanhas estava tingido de um tom vermelho alaranjado, sinal de um amanhecer inquieto. Kael e Lírica pararam em um vale estreito, o silêncio ao redor interrompido apenas pelo som de suas respirações pesadas. A Essência da Aurora pulsava levemente na mão de Kael, como um coração batendo em um ritmo calmo, mas inquietante.— Estamos longe o suficiente? — Lírica perguntou, olhando para Kael enquanto examinava os arredores.Kael assentiu, mas não com total convicção.— Por agora. Malik não vai desistir. Ele nunca desiste.Lírica se aproximou, pousando a mão suavemente no braço de Kael.— Então temos que nos preparar para o que vem. Mas antes... você precisa descansar.Kael balançou a cabeça, seus olhos dourados brilhando com inquietação.— Não posso. Não enquanto ele estiver atrás de nós.— Você não pode enfrentá-lo se estiver destruído, Kael.Ela o puxou para um abrigo improvisado formado por rochas e árvores retorcidas. Ele relutou, mas acabou cedendo, sentando-se no ch
A tensão pairava no ar como uma tempestade prestes a desabar. O som do vento que cortava as montanhas se misturava com o rugido distante de um trovão, fazendo o ambiente parecer ainda mais sombrio e perigoso. Kael e Lírica estavam em um campo aberto, com a luz do sol fraca, obscurecida pelas nuvens pesadas que cobriam o céu. Ao longe, podiam sentir a presença de Malik se aproximando — imensa e esmagadora.Kael sentia o peso do Coração de Noctis em seu peito, a energia da gema pulsando como se quisesse se libertar a qualquer momento. Era como uma fera em cativeiro, insaciável, e ele lutava para manter o controle. Lírica caminhava ao seu lado, sentindo a mudança no ambiente e a crescente tensão entre eles.— Malik está chegando. Ele já sente o cheiro do Coração. — Lírica falou, sua voz baixa e cheia de preocupação. Ela olhou para Kael, tentando ler em seus olhos a profundidade da luta interna que ele estava enfrentando.Kael não respondeu imediatamente, sua expressão imperturbável, mas
O campo ainda estava coberto pelas sombras que Malik havia deixado em seu rastro. A terra tremia com os ecos de sua magia, mas o que restava do confronto parecia se dissipar no vento, como se o próprio mundo estivesse aguardando a próxima ação. Kael e Lírica estavam juntos, mas a atmosfera entre eles havia mudado. O vínculo entre eles agora era algo mais profundo, mais visceral.Kael ainda sentia o peso do Coração de Noctis pulsando em seu peito, mas algo estava diferente. A escuridão que antes tomava sua alma começava a se dissipar, substituída por uma nova energia — uma força que ele nunca imaginara sentir, mas que agora estava bem dentro dele. Ele olhou para Lírica, os olhos brilhando com a intensidade da mudança que acontecia. A jovem alfa, em silêncio, percebia as mudanças também.— Você está diferente. — Lírica disse suavemente, observando Kael. Ela se aproximou, com os olhos fixos naqueles dele, tentando entender o que havia se passado. A aura de Kael estava mais forte, mais im