Subi a escadaria de casa chorando. Aquilo tudo parecia um pesadelo. Eu odiava o Jamie. Deus, eu odiava aquela família por não me deixar ter escolha. Eu me odiava por ser egoísta e estar chorando. Qual é o problema? É só um casamento. Pessoas casam e são infelizes o tempo todo, pode não ser tão ruim. Pensava enquanto limpava minhas lágrimas. Além, de que eu já havia dormido com Jamie muitas vezes antes, não seria tão terrível. Excerto que antes transei com ele porque quis, e não porque fui coagida a isso. Mas Jamie me obrigaria? Ele me forçaria contra minha vontade? Ele disse que esperava que eu fosse subimissa. Ele me comparou a um brinquedo. Deus amado, em me o meu pai nos meteu? Assim que atravessei a porta da nossa mansão, uma figura alta me pegou, tampando a minha boca. Me bati e tentei gritar o mais alto possível. Tentei me girar para acertar um tapa, mas a figura era bem mais alta que eu. Consegui retirar sua mão de meu rosto. — Me solte! Me deixe em paz! Eu g
Três meses depois Thomas foi afastado quatro dias depois disso. E eu tinha mais dois seguranças que Jamie dizia ser da “Família”. Soldados, eu sabia bem. As semanas foram se arrastando, e cada vez mais o pesadelo tomava a forma de escolher vestido de noiva, a nossa futura casa e todas as coisas para o casamento. Isso era um PESADELO. O que poderia me deixar mais aliviada era que estávamos indo passar o final de semana no aniversário de Nicole. Tudo ocorreu bem durante a viagem, exceto com Vivian, pobre Vivian. Estava certa o tempo todo, a única coisa que eu queria era abraçá-la e dizer que poderíamos fazer como no ensino médio, e correr sem olhar pra trás. Infelizmente eu não podia, os papéis estavam assinados. Por mais que eu a amasse, eu não poderia arriscar a vida dela, arriscar tudo. E por isso tive que mais uma vez ser forte, e doeu. Doeu pra cacete. Eu chorei, chorei antes e chorei depois, quando tive que fingir para todos que estava feliz, quando tive que humilhá-la na fes
Victor me olhou por alguns instantes e depois falou. — Acho que posso fazer isso. Essa é possivelmente a festa mais segura desta cidade. Corri para o banheiro, liguei a torneira e deixei a água correr. Tocava ‘Always my head’ do Coldplay. Por isso eu odiava casamentos e casais apaixonados, eles faziam que todas as nossas dores se tornassem maiores, os vazios no peito mais duros que nunca. E eu não queria sentir isso, eu estava me saindo bem fingindo, bloqueando toda aquela merda para fora de mim. Seja por casais apaixonados, casamentos, ou ver Thomas com outra, não sei, mas eu não estava bem. Por que tinha que ser assim? Ele era extremamente lindo, ainda mais vestindo terno com gravata borboleta. E seu cabelo, seu rosto, tudo nele era impecável, mas sempre inacessível. Não inacessível para mim, era como se ele fosse inacessível para qualquer um. Não sei porque eu me sentia tão atraída por ele, talvez fosse só carência, ou algum tipo de problema que me fazia querer justamente o q
Eu tive uma puta vontade de negar participar daquele casamento. Mas de alguma forma senti que vê-la de noiva tiraria toda aquela merda de sentimentos da minha cabeça. Eu nem era mais segurança dela. Mas de alguma forma fui convidado a vir. Confesso que nunca havia visto evento mais seguro. Tanto faz, na minha conta já havia seguranças demais ali para um simples casamento. A não ser que esse Jamie estivesse metido em alguma merda que nem o lixo do seu pai. Colleri era o homem com mais dinheiro e com mais merda nas costas que eu conhecia e, ainda assim, não houve metade desta segurança em seu casamento. Poderia ser paranoia minha. Mas aquele cara não parecia bom. Observei-a andando até o altar, ela estava tão linda com seus cabelos curtos que já davam para prender em um coque. Ela caminhou sem olhar para os lados, seu olhar era fixo no altar, não em Jamie ou em qualquer outra coisa. Eram movimentos automáticos, quase robóticos. Não eram atitudes de uma noiva apaixonada, louca de am
meses antes ( Semana do aniversário da Alice) Eu fiquei parado perdido nos meus próprios pensamentos, enquanto a Atendente me perguntava pela terceira vez se eu deveria levar aquela pulseira. Na verdade, nem eu sabia. Eu vi o momento em que Alice admirou a pulseira e seus olhos castanhos brilharam, e momentos depois todo o brilho esvaiu-se quando o seu cartão não passou. Ela estava envergonhada. Eu não sei quando tive aquele acesso de loucura, mais acabei entrando na loja e escolhi a que ela estava namorando três dias atrás. Uma pulseira de ouro branco, com um pingente em forma de gota, uma safira vermelha, como os seus cabelos. — Sim — disse, por fim. Ela passou o cartão sem dificuldades e me entregou a pequena bolsa dourada. Eu ainda estava com a bolsa da Tiffanys dentro do carro quando Elisabeth me ligou, me explicando a situação. Alice estava sozinha, vagando pela cidade, provavelmente arrasada por causa do seu pai. Quando eu a encontrei em casa, ela estava aterrori
Alice Durante todos os meses antes do nosso casamento eu estive anestesiada, como se estivesse observando o desenrolar da história de outra pessoa. Eu era como um pássaro, uma pintura cara, feita apenas para admirar, para decorar, para ser vista, mas nunca tocada. Depois que noivamos na Itália, Jamie exigiu que eu fosse morar temporariamente com ele, porque assim poderia me observar de perto. Ele não confiava em meus pais. Eu deveria me tornar uma verdadeira dama, uma esposa troféu, para que ele desfilasse comigo nas gloriosas festas, onde pessoas tão ricas quanto eu posso imaginar tomariam seus coquetéis e comeriam seu caviar enquanto falavam de negócios. Como uma boa esposa, eu fingia extremamente bem, tão bem que às vezes me esquecia que estava atuando. Sorria para a sua família, participava das piadas grosseiras e acompanhava os assuntos fúteis das mulheres. Eu era uma garota de ouro, estaria sempre com beleza impecável, carregada das mais caras joias, vestida sempre com vest
Meu sono tranquilo foi interrompido quando Jamie tropeçou na cômoda e logo depois tirou a calça e se deitou ao meu lado. Claramente bêbado, eu podia sentir o cheiro de álcool à distância. Tentei controlar a minha respiração o máximo que pude, pois não queria que ele percebesse que eu estava acordada. Meu corpo tremia. — Eu sou tão repugnante assim? — sussurrou baixo. Como eu não respondi ele continuou. — Você acha que eu estou feliz com esse arranjo? Humm… Você não faz ideia. — Suspirou infeliz. — Você acha que alguma maldita vez quis isso? — gritou. Engolindo o sabor ácido que sobe na garganta sussurrei. — Deixe-me em paz — me virando e encarando seu rosto. Ele parecia bem bêbado e tinha estranhamente alguns pequenos brilhos de glitter no cabelo. — Deixá-la em paz? E o que mais eu tenho feito nesse tempo? Nós mal nos falamos, nem posso tocar em você! — se exaltou. — É isso o que você quer? — disse, cínica. — Transar comigo lhe satisfará ao ponto de me deixar em pa
Olhei para Victor amarrado a cadeira, e meu mundo desabou. Seus olhos mal estavam abertos, ele aparentemente tinha apanhado muito e estava lutando para manter a postura. Vi que havia sangue escorrendo no chão e — Engolindo o sabor ácido que sobe na garganta, — percebo que há alguns dedos faltando, além de cortes no rosto. Olhei para a mesa da sala de jantar. Aquela mesma mesa que eu tomava café da manhã, aquela que eu tinha a maior parte das minhas refeições. Vi sobre ela uma tesoura de cortar grama e seus dedos.Seus, DEDOS. Uma ânsia de vômito se formou novamente e eu tive que me controlar. Eu queria correr na sua direção, desamarrá-lo, tirar a fita que cobria sua boca e deixá-lo ir embora. Ele não merecia aquilo. Não mesmo. Ele era um homem bom, um bom marido, um bom pai. Olhei para ele e me surpreendi por não chorar. Ele tentou ser forte e não olhar para mim, mas seu cabelo foi agressivamente puxado para trás para que ele me olhasse. — Jamie, não! — falei mais alto que