Você me Pertence {7}

CAPÍTULO 7

Cinco dias se passaram desde a conversa que tive com Benjamin. Cinco dias desde a última vez que o vi, desde do nosso beijo que me deixou louca, e desde que eu não paro de pensar em qual caminho devo seguir e desvendar todos os seus mistérios. Mas quanto mais penso sobre isso, mais me sinto afundada. Não sei se ele está me dando um tempo para pensar, ou se o mesmo precisa desse tempo, até mesmo porque acho que o que ele me revelou, mesmo eu tendo certeza que não deve nem ser um ponto do oceano, é algo pesado. Algo que deve afetar ele, e só de me revelar, me deixou contente. Parece que Benjamin esconde muito mais do que deixa transparecer, e o jeito vulnerável em que ele pediu para que não fosse um adeus, me fez imaginar tantas coisas. 

Juntando tudo o que eu sei sobre ele, que seus pais sofreram um acidente em que morreram e ele foi o único sobrevivente… tudo mesmo, nada para mim se encaixa com clareza. Ele disse que alguém ficou com a sua tutela, mas nunca citou esse alguém e se ele o aprecia ou algo do tipo. Eu poderia imaginar que é somente pelo curto período de tempo, e que ele ainda não se sente confiante para falar sobre a sua família comigo, mas eu sinto que não se trata somente disso. 

Respiro fundo ainda pensativa. Ele me deu um mês para pensar e não me sentir pressionada, mas logo após eu me sentir melhor ele me joga um outro peso nas costas. Porém agora, com uma cabeça mais leve e me sentindo menos pressionada, eu devo conseguir agir logicamente em relação a ele. Ao menos irei tentar. 

Em relação a uma coisa eu tenho certeza. A sua fixação para ter qualquer relação a base de um contrato é claramente por conta da necessidade de ter a permissão escrita da pessoa, porque se fosse somente pelo estilo de vida, ele desistiria do contrato no momento em que eu disse que jamais vou seguir alguma das suas regras e não quero receber por isso. Há duas coisas para pensar, sobre o porquê da necessidade de ter a permissão, e o que motiva ele a levar esse estilo de vida. 

O que aconteceu com você, Benjamin?

Suspiro pondo a última peça de roupa suja no meu cesto. É sábado e eu realmente estou tentando não pensar em qualquer assunto que me deixe desanimada, por isso, resolvi me distrair indo levar minhas roupas para a lavanderia do prédio. 

Estou usando uma roupa casual, que consiste em uma camisa branca e uma calça jeans. O meu cabelo está dividido ao meio em duas tranças. Um lado da minha orelha está ocupado com meu fone, enquanto ouço uma música que gosto muito, I just wanna to be the one you love é o nome da música. Gosto dela pois a mesma me faz lembrar da Disney, nos tempos em que eu costumava frequentar a casa da minha prima, ainda pequena. Ao menos era o único lugar em que eu assistia desenhos normalmente. Ao menos lá, era um mundo completamente diferente do que eu estava acostumada. Ela tinha várias bonecas, e os pais dela não implicavam caso ela tivesse algum brinquedo de garotos. Lembro de uma época em que eu observava os meninos que jogavam futebol lá na frente de casa. Eles eram da mesma idade que eu, mas nunca pudemos brincar, mesmo que eu quisesse muito, pois no olhar do meu pai, além de eu me misturar com pessoas ruins, eu estaria fazendo coisas de "moleques".

Saio do meu apartamento segurando a cesta e cantarolando baixinho, pronta para ir até o elevador, mas um grito faz com que eu congele no lugar, assustada. Sabe aqueles gritos aterrorizados? Foi exatamente o que eu ouvi, e até mesmo pensei na hipótese de que estava assistindo filmes de terror demais, mas a verdade é que em toda a minha vida só assisti dois filmes do gênero, então não teria como ser alucinação.

Quando eu tirei o meu fone de ouvido, eu pude ouvir o mesmo grito com mais clareza, e eu já sabia exatamente de onde estava vindo. Do apartamento logo ao lado do meu. O som de vidro se quebrando me deixa ainda mais assustada, e eu me aproximo em busca de saber se há alguém precisando de ajuda.

"Por favor, não me machuque! Por favor"

Eu não consigo entender com clareza, pois a voz feminina está bastante abafada. Olho para os lados me sentindo em um impasse em chamar a polícia ou fazer alguma coisa. Se for algo realmente muito perigoso, eu posso acabar me dando mal, mas e se for algo urgente e eu gastar tempo chamando a polícia e ser tarde demais? Deus, eu estava fritando a minha cabeça em busca de uma solução. Um alarme soou na minha mente e eu logo escrevi uma mensagem para Jerry, avisando que eu precisava dele. 

Sentindo minhas mãos trêmulas e tomando coragem, eu dei leves batidas na porta do apartamento, torcendo para que não fosse nada sério. Até mesmo deixei a minha cesta de roupas ao meu lado no chão. 

— Olá, tem alguém aí? 

Bato novamente quando não tenho resposta, mas posso ouvir algumas palavras masculinas e irritadas um pouco abafadas, sem me deixar entender absolutamente nada. 

Eu sei quem mora nesse apartamento. Eu já me esbarrei com ela algumas vezes desde que eu me mudei, e pelo o que eu sei e ouvi, os seus avós deixaram esse apartamento para ela quando morreram. Também vejo ela saindo toda noite já que a mesma parece trabalhar como garçonete, julgando pelo seu uniforme. 

Bato novamente, um tanto inquieta, mas logo sou interrompida pela porta que se abre vagarosamente, revelando a mesma garota que me esbarrei algumas vezes. A mulher com a aparência de vinte e poucos anos, me lança um olhar assustado e confuso. A primeira coisa que noto é a sua camiseta de manga super folgada em seu corpo. 

— Tudo bem? Como posso te ajudar? — Ela questiona com a voz trêmula e claramente forçando um sorriso na minha direção.

Sinto o meu peito se apertar com as diversas hipóteses que se formam na minha cabeça. A sua porta entreaberta não deixa espaços para que eu consiga ver qualquer coisa lá dentro, mas tenho certeza que há um homem aí. E ela me parecer tão assustada me dá vários indícios do que pode ser. O chiado da televisão é tudo o que eu ouço de lá de dentro, sem falar em alguns passos pesados.

A encaro por mais alguns segundos sem conseguir pensar no que eu posso falar ou o que fazer.

— Me desculpe, mas… Eu ouvi gritos. Precisa de ajuda? — Pergunto baixinho e calmamente, tentando não me alarmar e deixar ela ainda mais assustada, já que nesse momento ela me parece como um filhotinho assustado.

— Não, eu… — Os seus lábios tremem quando ela se interrompe lançando um rápido olhar para trás.

— Posso chamar a polícia. — Sussurro para que quem esteja com ela neste momento não ouça as minhas palavras, mas ela fica alarmada, balançando a cabeça para os lados em desespero.

— Não… ele vai… você não vai conseguir, acredite. — Ela limpa a garganta e novamente força um sorriso, que mais parece como um aviso que ela está prestes a chorar. — Obrigada pela preocupação, mas está tudo bem.

Quando uma lágrima solitária desliza por sua bochecha e ela trata de limpar, eu percebo os diversos machucados e roxos que estão espalhados pela sua mão, como se alguém a machucasse constantemente. Eu juro que poderia chorar nesse momento pois eu não sei o que fazer a não ser conversar com ela. Eu poderia tirar ela daí, mas o que adianta se nem mesmo ela quer dizer que precisa de ajuda. Eu não sei ao certo pelo o que ela está passando, e por isso não vou julgar, já que não sei como reagiria se estivesse em seu lugar. Se ela não me permite ajudá-la, terei que deixar essa tarefa nas mãos de quem eu tenho certeza que irá resolver essa situação. 

Pego um dos meus cartões de contato em meu bolso. Os mesmos que eu mandei fazer para quando eu fosse procurar por emprego e quisesse deixar o meu número de contato.

— Esse é o meu número; — Ponho o cartão em suas mãos trêmulas, a encarando como se a entendesse perfeitamente. — Me ligue se precisar. Não tenha medo…

Ela me lança um sorriso carregado de carinho e agradecimento. 

— Obrigada.

Faço um gesto para a mesma que fecha a porta logo na minha frente. O ar de repente se torna mais pesado e eu somente fecho os meus olhos, sem querer pensar pelo que essa garota está passando. Pego a minha cesta já sem forças, e enquanto estou caminhando de volta para o meu apartamento, vejo Jerry saindo do elevador e correndo até mim, parecendo preocupado.

— Desculpe pela demora. Vim o mais rápido que pude; — O seu olhar analisa o meu rosto, e acho que estou super expressiva pois o mesmo parece ainda mais preocupado. — Você está pálida, aconteceu alguma coisa?

Respiro fundo assentindo. 

— Jerry… por favor… chame a polícia; — As palavras de repente me parecem todas desorganizadas, ou talvez sejam os meus pensamentos confusos demais. — Eu estava passando e ouvi a vizinha gritar. Ela parecia machucada e tinha um homem muito bravo com ela. Ela estava pedindo para ele não machucá-la, e…

— Calma! — Jerry me interrompe, pondo suas mãos em meus ombros e me fazendo encara-lo. 

A verdade é que eu estava falando tão rapidamente que eu duvido que ele tenha entendido qualquer coisa. Ele me levou para dentro do meu apartamento onde nos sentamos e ele me ouviu calmamente, decidindo no final, ligar para um amigo que trabalha na polícia, com a promessa de que não deixaria essa situação prolongar, mesmo depois de ter ouvido por mim o que a vizinha me disse. Isso me deixou muito mais tranquila, mas não o suficiente para eu não ficar assustada. Eu temia o que poderia acontecer caso demorasse demais para agir. Porém mesmo com as essas preocupações, eu fui até a lavanderia do prédio já que eu tinha tarefas a fazer. 

Logo após eu pôr minhas roupas na máquina, recebi uma chamada em grupo de Alan e Lorena, que pareciam entediados. Lorena estava comendo brigadeiro de colher já que estava aproveitando que a sua colega de quarto havia saído, e Alan estava afinando seus instrumentos, já que o mesmo é acostumado a tocar. Ele tem um hobby, que é mais como um segredo, de quase todas as noites se juntar com os seus amigos da época da escola e tocar em um bar abandonado, onde não faço ideia da sua localização. Mas ele prometeu me levar lá algum dia para conhecer essa parte dele, o único problema são os seus amigos. As poucas vezes que os vi, eles não pareciam muito agradáveis. 

Após a chamada onde me contaram como foi o dia deles, eu subi com as minhas roupas e já fui tomar um banho. Me preparei rapidamente para poder visitar o túmulo da minha mãe, tentando levar os meus pensamentos para o caminho mais leve, mas é muito difícil quando eu sinto uma enorme saudade e a certeza de que jamais verei ela novamente. A sua morte é algo que eu não vou conseguir mudar, então tudo o que devo fazer é aprender a lidar com a dor e transformar a saudade em algo positivo, e sinceramente, eu me orgulho de como estou lidando. Mesmo com tantas falhas, eu sempre vou lembrar dela como a mulher guerreira e maravilhosa que ela era. 

Alguns minutos depois, Jerry me levou até a frente do estacionamento, e dessa vez ele parecia bastante distraído, como se algo estivesse ocupando os seus pensamentos. Assim que desci do carro, olhando para a entrada do cemitério, eu logo pude avistar uma senhora com uma pequena venda de rosas. Caminhei até ela, me lembrando do tempo em que eu trabalhava numa floricultura.

— Boa tarde. — A cumprimento pegando uma nota de cinquenta na minha bolsa.

Ela me lança um sorriso simpático. A mulher aparenta ter bastante idade, ou talvez os anos tenham sido bem difíceis para ela. 

— Boa tarde, minha querida. Deseja comprar alguma rosa da minha humilde vendinha?

— Uma dúzia de rosas, por favor. — Murmuro e um sorriso se desenha em seus lábios, e enquanto ela escolhe as mais belas rosas, eu vejo ela me olhando de soslaio.

— Se eu não estiver sendo intrometida, quem se foi?

O meu coração se aperta ao lembrar do sorriso da minha mãe. O que eu posso fazer? É inevitável. 

— A minha mãe, ela morreu de câncer. — Respondo baixinho e olho para trás, vendo Jerry apoiado no carro à minha espera. 

— Ah, eu sinto muito. Deve ter sido bastante doloroso, é só uma menina. O meu esposo também morreu de câncer. Já vai fazer dois anos desde que isso aconteceu. Mas acho que foi o melhor, ele estava sofrendo demais. A dor era insuportável.

Assinto lembrando do meu último momento com a minha mãe. Aquela cena definitivamente ficará na minha memória e irá me assombrar pelo resto da vida. Algumas horas depois, após Benjamin sair do hospital, eu estava sentada em sua cama enquanto ela estava com a cabeça deitada em meu colo. Eu estava acariciando o seu cabelo quando ela gritou de dor. Ela gritou tão alto que na hora eu não soube o que fazer. Quando os médicos chegaram desesperados eu estava congelada no mesmo lugar, torcendo para que fizessem parar a dor dela. Mas aquilo a levou...

— Me desculpe, querida. Eu não queria te deixar ainda mais triste.

Ela me entrega as rosas com um sorriso melancólico em seu rosto. Assinto e entrego o dinheiro a ela, entrando no cemitério logo em seguida. 

Encontro a lápide da minha mãe um pouco mais afastada, e logo me agacho na frente dela, sentindo o meu coração se encolher em pensar que o seu corpo está logo abaixo de mim, sem vida. Passo os meus dedos trêmulos pelo seu nome gravado na pedra, enquanto sinto lágrimas deslizarem pela minha bochecha. 

— Ah, mãe… está sendo tão difícil sem a senhora; — Mordo o meu lábio, olhando para as rosas em minhas pernas. — Estou com tanta saudade… — Sussurro e então ponho a primeira rosa sobre ela.

Eu não lembro claramente da minha infância, somente do que me deixava muito triste, ou muito feliz, e apesar dos meus momentos felizes serem poucos, em todos a minha mãe estava. Gostava do carinho que ela me dava, pois eu só tinha atenção dela. De quando cantava canções de ninar para mim…

Mais lágrimas deslizam pela minha bochecha, aliviando cada vez mais a dor em meu peito, e eu trato de pôr mais uma rosa sobre o seu túmulo. 

Lembro que quando não estávamos contando com a presença do meu pai, ela preservava um pouco da minha infância. Sentava do lado de fora de casa e deixava que eu brincasse no gramado de bicicleta ou com as borboletas. Meu pai nunca suspeitou, e eu tenho certeza que ele jamais aprovaria isso. 

Se na minha infância eu era bastante apegada a ela, na minha adolescência eu me afastei. As coisas eram constantemente impostas a mim, como se eu fosse obrigada a ser que nem o meu pai queria que eu fosse. Eu não era mais uma criança e já poderia levar uma punição mais severa. E foi aí que eu a culpei. Ela nunca teve coragem para me defender do meu pai quando ele me proibia das coisas, e isso fez com que eu criasse um ressentimento com ela. Mas com o tempo, eu percebi que ela também não era livre. A mesma estava constantemente sendo uma pessoa que foi moldada pelos seus pais. Ela sofreu muito mais que eu, e ela só estava sendo um reflexo daquilo. Os seus pais impuseram que ela se casasse com alguém estritamente religioso como eles, e acredito que o meu pai se encaixava perfeitamente em suas exigências. Ela foi obrigada a casar com ele, mesmo sem amor, e eu tenho certeza de que se eu não tivesse imposto a minha vontade, esse também seria o meu destino, e pensar sobre isso me deixa atormentada.

Por isso não pensaria duas vezes em fazer tudo novamente com Benjamin. Mesmo após descobrir uma parte dos seus demônios, foi ele que me fez saber o que é amar, o que é paixão, e principalmente a minha liberdade, e eu não trocaria isso por nada no mundo. Agora vejo com mais clareza sobre o quão enganada eu estava em pensar que o que tínhamos era algo errado. Eu nunca me senti tão leve como estou me sentindo agora, e devo isso a Benjamin. 

E assim eu pus uma rosa de cada vez, lembrando de todos os momentos que compartilhei e que gostaria de compartilhar com a minha mãe. O meu peito estava doendo, e em busca de aliviar essa dor, o meu choro se intensificou. Eu deixei sair de mim qualquer sentimento ruim que me fizesse agir como a mesma garota patética que eu era antes, mas que principalmente, me impedisse de ir para frente. 

Meu peito dói só de pensar no quanto eu queria ela do meu lado. Eu tenho certeza que ela me diria qual o melhor caminho para eu seguir…

Um toque em meu ombro faz com que eu me assuste pela súbita presença, mas a mão que pousou em meu ombro é bastante familiar, e me traz segurança. Mesmo sem olhar em seus olhos, eu já sabia de quem se tratava. Ele se ajoelha ao meu lado, e põe uma única rosa do lado das que eu comprei. Sua mão desliza até minhas costas, onde ele a acaricia. 

— Está bem, ruiva?

Enxugo as lágrimas do meu rosto e viro a minha cabeça em sua direção, assentindo. 

— Como sabia que eu estava aqui? — Pergunto com a voz fraca e Benjamin me lança um sorriso, pondo uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. 

— Como eu poderia não saber por onde a minha ruiva anda? Estou sempre preocupado demais… 

Desvio o meu olhar, sentindo as minhas bochechas corarem. Eu sei que essa frase parece um pouco possessiva, mas porquê acalenta demais o meu coração saber que ele está sempre pensando em mim?

— Eu só vim aqui, bem… deixar isso; — Ele aponta para a rosa e então se levanta, atraindo a minha atenção. — Eu vou estar te esperando do lado de fora, para que possa ficar sozinha.

— Não, espera! — Limpo o resto de lágrimas e logo me levanto, lançando um último olhar para a lápide da minha mãe, com um sorriso, mostrando o quão mais leve estou me sentindo agora. — Eu vou com você. 

Ele assente e estende a sua mão na minha direção, onde eu trato se a segurar e me deixar ser guiada por ele para a saída do cemitério.

— O meu carro está estacionado na outra rua, vamos a pé. — Ele diz assim que pusemos nossos pés para o lado de fora, e eu não posso evitar de me perguntar onde está Jerry.

A resposta chega tão rápido quanto a pergunta. É óbvio que Benjamin o mandou embora…

— Benjamin, eu acabei de sair do cemitério. Você não acha melhor irmos para o meu apartamento e eu tomar um banho? — Questiono enquanto ele entrelaça nossas mãos a medida que caminhamos pela calçada

Deus, eu estava um pouco desajeitada ao imaginar como as pessoas estavam vendo essa cena. Quer dizer, Benjamin está loucamente lindo e impecável ao meu lado. Eu só estou… simples.

— Ninguém vai notar isso. Acredite, você está linda e cheirosa como sempre. 

Mordo o meu lábio inferior, tentando a todo custo não deixar minha risada escapar com a piada que se formou na minha cabeça.

— O cheiro dos mortos, Benjamin?

— Puta merda, eu criei um monstrinho que faz piada de mal gosto. 

Dou risada enquanto ele me encara com um lindo sorriso e uma sobrancelha erguida.

Assim que dobramos a esquina, eu congelo. Benjamin me encara parecendo confuso enquanto eu olho para todas as pessoas que estão na movimentada rua.

Sem paparazzo…

— O que está fazendo?

— É que tem muitas pessoas, olha; — Aponto para a nossa frente, de repente me sentindo sem graça. — Provavelmente você vai estar nas revistas de fofocas por estar saindo comigo. 

Quer dizer, foi por isso que ele pediu um segurança para afastar os paparazzi, não é mesmo?

— Mel, não tem que se preocupar comigo. Eu estou nas revistas de fofocas o tempo todo, e estar lá por conta de uma gostosa como você não me desagrada… — Ele me lança um sorriso sugestivo.

— Meu Deus… — Sussurro, desviando o meu olhar enquanto sinto todo o meu rosto esquentar.

— De verdade. Eu só me preocupo que você possa não gostar de toda essa mídia por ser uma garota mais conservadora; — Ele leva minhas mãos até os seus lábios, depositando um beijo no dorso da mesma. — Por mim, todos já saberiam o seu nome, e que brevemente será minha. Mas eles são chatos, e eu não quero pôr a sua vida em risco só pela mídia.

Meus olhos se abrem em surpresa, focando somente no final da sua frase.

— Minha vida pode ficar em risco? — Questiono ainda mais espantada enquanto Benjamin me guia entre as pessoas. 

— Alguns não são profissionais e acabam passando do limite. Mas não se preocupe, você tem Jerry.

O nome dele sai com bastante desgosto da boca de Benjamin, e isso me deixa genuinamente surpresa.

— Você não gosta dele?

— Ele está o tempo todo com você. 

De repente ele parece irritado, e eu não consigo controlar o sorriso divertido que se desenha em meus lábios.

— Benjamin! Você está com ciúmes… Ai meu Deus!

Bato em seu ombro, percebendo suas bochechas ficarem vermelhas. Eu dou risada, achando graça dessa situação, mesmo que seja medonha e sem sentido. O meu celular vibrando no meu bolso é o que faz com que a minha risada cesse.

— Alô? — Pergunto após perceber que atendi sem sequer olhar para quem me ligava, meio que no automático. 

"Mel, aqui é Alan. Estou ocupado, por isso preste atenção no que vou te dizer."

 Ele começa me deixando extremamente curiosa.

"Amanhã você tem uma entrevista no ateliê da minha tia. Irei te m****r o endereço e horário. Te amo!"

Ele encerra a ligação e eu encaro a tela do meu celular, digerindo as suas palavras.

— Quem era? — Benjamin pergunta fazendo com que eu levante o meu olhar na sua direção.

— Alan; — Respondo com um suspiro. — Ele avisou que me conseguiu uma entrevista de emprego.

Ele ergue uma sobrancelha e não me parece muito satisfeito. 

— Você sabe que não precisa, eu posso…

— Nem começa! — O interrompo não querendo ficar irritada com ele hoje. — Eu ainda não assinei o contrato.

Enrosco o meu braço no seu, divertida e com a finalidade de o provocar. Ele vira o seu rosto na minha direção, com as suas íris brilhando com algo muito além de só esperança. 

— "Ainda"?

— Sim, agora vamos rápido que eu quero tomar um banho. 

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