Sarah Gilbert 

Okay, eu passei a semana focada no treino e nas aulas de etiqueta, tem tantas coisas que podem dar errado, em uma única reunião, aprendi que não devo responder Árabes, apertar a mão de mulheres chinesas e nem comer primeiro que os convidados. Que absurdo, eu morta de fome que sou tenho que esperar eles se servirem.

  Ainda essa semana, conheci outro lado de Kay, o grosso, ele vem me treinando de forma rigorosa, quando fui apresentada a ele, pensei que fosse gente boa vi que era, mas, conheci Kay homem da Cami e não o mafioso, o cara é o próprio capeta. 

- Tem dificuldade em ficar parada Senhorita Gilbert? -  é óbvio que tenho, se não fosse por isso já tinha feito essa pose- Vou pedir que as meninas lhe passem exercícios de equilíbrio, e quem sabe de coordenação motora também, já que nem consegue mirar. - Debochado.

 Estou com uma arma de pressão, ele disse que teria que começar com isso para não matar nenhum soldado, mas eu teria mirado nele, vagabundo.

Com muita concentração consegui fazer a pose de forma correta, aceitei o alvo em cheio até me agitei, o que eu não sabia era que o pior estava por vir. Kay fez um sinal e alguns homens trouxeram um caixote cheio de armas de pequeno porte, essas não tinham dardos tranquilizantes nem nada do tipo. Algumas eu consegui identificar, e as que eu não soube, ele me disse o nome, velocidade e precisão.

- Agora veremos se realmente aprende – ele apontou as armas e falou - Escolherá uma.

  Entre a imensidade de armas, vi uma pistola Glock G17 Gen5 FR COYOTE 9mm, sua cor era roxa e parecia ter sido banhada a glitter, segurei a mesma, senti o peso, era ideal.

- Pegue-a, é sua – suspirei aliviada, a achei realmente linda e me perguntei como pode, algo tão belo ser tão letal.

- Já sabe como desbloquear, o faça- obedeci – Agora atire.

- Não tem alvos por aqui!

- Atire em mim- O QUE???- No meu pé ou braço, tenho certeza de que estudou biologia, sabe um pouco de anatomia, além do que está atualizando sobre o corpo na luta, atire.

 Tá galera deixa eu explicar, apesar de expressar um desejo de querer mata-lo, não ia de fato o fazer, é igual quando pensamos em dar um tiro nas meninas chatas na escola ou   arrastar a professora no asfalto, não iremos por nada disso em prática, é só uma forma de expressão a raiva.

 - Eu não vou atirar no marido da Cami, principalmente agora que vou me reaproximar dela., ela vai ficar puta! - Falei um tanto exaltada.

⚠️ Tortura Psicológica ⚠️

   - Um dos segredos para se tornar uma boa líder é não se importa com o que dizem, para ser chef da máfia, além de não dar trela ao que falam, não deve ligar para o que eles pensam, deve ser impiedosa, se não gostam de como máfia funciona. Morrem, é simples. - Disse com aquela voz prepotente, num timbre tão forte que assustaria qualquer um.

- Mas...

- Não sei o que estou fazendo aqui, é óbvio que você é uma menina, não consegue ter iniciativa, tão maleável e patética- senti olhos lacrimejarem, ele não tem o direito de falar assim comigo, não sabe o que passei- Se acha que alguém terá pelos seus sentimentos por essa ideia, esse mundo é uma batalha, ou você atira ou morre, tem sorte de ter o Rafael, se não fosse por ele mesmo teria atirado em você, não entendo como uma garotinha que nem consegue se defender do namorado pod..... AAH PORRA- atire. Caralho. - É assim que se faz, não tenha pena, agora chame pois sou seu aliado, VAI!-

 ⚠️Tortura Psicológica Acabada⚠️

Sai assim que ele grita eu entrei em polvoroso, os guardas foram em direção ao jardim e em minutos Kay estava num quarto sendo atendido pela Issana. Fiquei com um peso na consciência, sei que ele mandou eu atirar, mas eu nunca imaginei que atiraria em outro ser humano, aos poucos a ficha foi caindo, eu realmente machuquei. Minha respiração começou a falhar, meu corpo estava em chamas, e minhas mãos tremiam como se estivessem em um terremoto.

 Isso já tinha acontecido antes, mas faz muito tempo, eu não sabia como me acalmar, em um certo momento meu autoconhecimento desapareceu e qualquer mudança a mim concebida me deixava completamente perdida.

  - Calma Sarah, respira, estou aqui, vou te tirar desse lugar - ela capturou minha atenção - Vai ser temporário, mas vai ser bom se afastar, já fiz suas malas, não temos tempo a perder vamos.

- Espera, deixe aí eu fazer um recado, não posso simplesmente sumir, Rafael enlouqueceria.

- Tem cinco minutos- fiz uma carta, chorei um pouco ao escrever, mas sei que o tempo é necessário, eu não tenho segurança, não sou o suficiente para mim, isso é perigoso. Sei que vai ser um período difícil, para os dois, eu gosto dele, mas preciso gostar de mim também, o que ele falou é verdade, não dá para fugir dele, mas para isso que funciona eu preciso de tempo.

Com dificuldade me levantei e segui, como será sumir por um tempo, ter escolhas? Não sei, mas eu preciso tentar!

  Antes de sair peguei minha arma, nunca saberemos se vai ser preciso.

 Rafael Guzman 

Kay me contou o que aconteceu, não pude evitar rir da cara dele, mas alguma coisa me dizia que essa história não ia acabar por aí, fui para casa mais cedo, com um certo receio, não sei ao certo o que tinha de errado, mas essa sensação não me abandonava.

- Abuela- gritei e rapidamente a mesma apareceu rapidamente- Onde está a Sarah?

- Deve estar dormindo, não a vi por aqui.

Subi para o nosso quarto, a cada degrau meu peito doía mais, segui adiante e abri a porta, vi roupas espalhadas pelo chão, alguns rastreadores, provavelmente das joias que pertenciam a ela, e em cima da cama, sob o meu travesseiro repousava uma carta.

                                                       "OI Rafael;

 Na minha vida toda eu fui manipulada, meus pais me faziam acreditar que Gustavo me batia por amor, meu ex-namorado me fazia acreditar que ele ia mudar, e no meio disso eu tentava crescer, sem sucesso.

 Espero que saiba que vou me guardar para você, e que respeite meu tempo, eu preciso disso, você nem imagina o quanto isso é importante para nós dois firmamos um relacionamento."

Eu estava em prantos, nem percebi a gritaria da casa até que chegasse em mim.

- Cadê ela Guzman??? Onde está a Issana? - Gritou o capo da máfia texana me chacoalhando pelo colarinho da camisa- Disse que eu precisava conquista-la mas sumiu com ela.

O empurrei, agora fazia sentido, só uma pessoa podia sair daqui sem ser notada, ela fugiu com minha mulher, por quê?