Durval sorriu suavemente, dizendo:

- Fale, vou tentar me controlar.

- Eu e Murilo decidimos que, no dia 16 deste mês, ao meio-dia, realizaremos nosso casamento na Ilha de Férias do Lago Sul. Você está especialmente convidado para participar. - Afirmou Lorena.

Durval permaneceu em silêncio por um longo momento antes de perguntar:

- Por que eu deveria ser convidado?

- É claro que é para você testemunhar como eu e Murilo somos perfeitos juntos. Na ocasião, vamos convidar celebridades de toda a Cidade X. Você não vai se acovardar e faltar, vai? - Lorena disse, ostentando sua autoconfiança.

Durval replicou calmamente:

- É para me humilhar?

- Como pode ser humilhante? Eu só quero que você saiba que não é digno de ter uma mulher como eu. Se você não ousar vir, isso apenas provará que você é um fracassado completo. - Lorena desdenhava.

Durval compreendeu. Lorena estava desabafando.

Ela sabia da importância dos seus cinquenta milhões de reais para a família Silva, mas não queria admitir.

"Então, ela estava buscando todas as formas de me humilhar e se elevar para justificar suas ações.

Que ridículo". Durval pensou, soltando um suspiro silencioso.

- Estarei lá pontualmente. - Disse ele, desligando o telefone.

Nesse momento, a porta da mansão se abriu e Solange entrou, carregando algumas sacolas de compras.

- Olá, senhor. - Cumprimentou Solange, respeitosamente.

Durval sorriu levemente:

- Você até comprou mantimentos.

- Não queria que você comesse algo monótono. - Respondeu Solange.

- Obrigado pelo esforço.

- Não é nada, de qualquer forma, eu também preciso comer.

Solange trocou os sapatos, colocou as compras na geladeira e subiu para trocar de roupa. Ela vestia um longo vestido de seda que ia até os tornozelos, com um decote em V profundo que revelava seus ombros voluptuosos. Seu cabelo, preso em um coque, realçava sua elegância de uma dama da alta sociedade.

No que dizia respeito ao vestuário, Solange realmente tinha bom gosto.

- Vou fazer a comida.

Solange sorriu delicadamente para Durval e seguiu para a cozinha.

Durval acenou com a cabeça e sentou-se na sala para assistir à televisão.

Não demorou muito, e Solange já tinha preparado dois pratos. Um ensopado de carne com batatas e um prato de verduras. Embora simples, a apresentação era excelente.

Ela serviu duas tigelas de arroz e as colocou elegantemente na mesa. Até mesmo seus movimentos ao cozinhar irradiavam charme.

- Não sou boa em preparar muitos pratos, então por favor, sinta-se à vontade para comer o que há. - Solange disse com um semblante de desculpa.

Durval respondeu prontamente:

- Está maravilhoso.

Com isso, Durval pegou sua tigela e começou a comer, pensando consigo mesmo o quão irresistível era a atração dessa mulher.

Após algumas garfadas, Solange olhou para Durval e disse:

- Chefe, descobrimos um problema.

- Que problema? - Durval perguntou enquanto continuava a comer.

Solange pôs os talheres de lado e, após um momento de hesitação, revelou:

- Hoje, nossa equipe entrou furtivamente no Grupo HT e copiou o disco rígido de Murilo. Descobrimos que ele tem um plano voltado para uma empresa chamada Grupo Silva.

- Que tipo de plano?

- Ele investigou a situação financeira do Grupo Silva e pretende obter participação acionária da empresa através de um casamento.

- Ele vai incluir isso no plano de negócios?

Durval mostrava ceticismo.

Solange sacudiu a cabeça:

- Não está explicitamente declarado, mas há planos de casar com Lorena, a representante legal da empresa. O objetivo é obter ações da empresa após o casamento e depois iniciar um processo de divórcio. Ele até já redigiu a petição de divórcio; é muito detalhado. Presumimos que ele quer absorver a empresa por meios legais.

Durval ficou atônito. Embora ele tivesse considerado essa possibilidade, não imaginava que Murilo seria tão meticuloso. O homem já tinha tudo planejado, até mesmo os documentos de divórcio, e ainda nem havia se casado.

Depois de um tempo, Durval passou a tigela para Solange:

- Me sirva mais arroz.

Solange encheu a tigela de arroz e Durval continuou a comer.

Solange não pôde mais se conter e disse baixinho:

- Chefe, qual é a sua relação com o Grupo HT?

Durval olhou para Solange, que rapidamente baixou a cabeça para comer.

Durval deu algumas garfadas e disse indiferentemente:

- Lorena é minha ex-esposa. Nos divorciamos hoje. Ela vai se casar com Murilo.

A tigela nas mãos de Solange caiu e se despedaçou. Ela mal podia acreditar em seus ouvidos.

"Quão estúpida Lorena pode ser para se divorciar de Durval e se casar com Murilo? Isso esclarece todas as minhas dúvidas recentes. Esses dois idiotas realmente fizeram algo assim."

- Chefe. - Solange escolheu cuidadosamente suas palavras. - É melhor se livrar de uma mulher assim.

Durval sorriu:

- Colete todas as evidências. Fui convidado para o casamento deles, e seria inadequado ir de mãos vazias.

- Entendido. - Solange imediatamente compreendeu sua missão e começou a lamentar internamente o destino dos dois tolos.

Depois de terminarem a refeição, Solange recolheu os utensílios e foi para a cozinha, enquanto Durval acendeu um cigarro e fumou em silêncio.

Quando Solange terminou de limpar e voltou, Durval disse:

- Você trabalhou duro, descanse mais cedo. - E com isso, ele se retirou para o seu quarto.

Solange estava sem palavras. "Que horas são agora, quem vai dormir tão cedo?"

Resignada, ela só pôde subir para o seu quarto.

Deitada na cama, ela realmente não entendia. O quão idiota Lorena tinha que ser para fazer algo assim.

Durval possuía uma fortuna impressionante, e isso confirmava suas habilidades extraordinárias. Além disso, era fisicamente atraente e masculino.

Ao interagir com ele durante esses dois dias, Solange percebeu que Durval também era muito cortês. Mesmo quando seus olhos pousavam sobre ela, ele não se demorava de forma a tornar a situação desconfortável; ele tinha um excelente senso de limite.

"Onde mais eu poderia encontrar um marido tão perfeito? Lorena, aquela idiota, não apenas perdeu essa oportunidade, mas também provocou Durval com suas ações. Ela é não apenas tola, mas incuravelmente tola."

Enquanto ela se perdia em seus devaneios, seu telefone de repente tocou.

Ela lançou um olhar rápido para a tela e atendeu.

- Srta. Solange, nossa equipe no Grupo HT encontrou novos problemas. - Disse a secretária ao telefone.

- Que problemas?

- As questões fiscais e financeiras do Grupo HT são problemáticas, e não são pequenas.

- Muito bem, diga para eles guardarem todas as evidências e não alertarem Murilo.

- Entendido, Srta. Solange.

- Além disso, agende uma reunião com o chefe do departamento fiscal e da divisão de crimes econômicos para amanhã em meu escritório. Diga-lhes que eu tenho uma questão importante para denunciar.

- Compreendo, Srta. Solange.

Solange desligou o telefone e murmurou para si mesma:

- Murilo, seu tempo está chegando ao fim. Lorena, você vai se arrepender.

Deitada em sua cama, ela se revirou, inquieta, incapaz de encontrar o sono. Pensando no rosto de Durval, suas bochechas gradualmente se avermelharam.

...

Na manhã seguinte,

Durval acordou pontualmente e, depois de se arrumar, foi para a sala de estar.

Solange estava vestida com um traje profissional branco, sua saia justa realçando suas curvas impressionantes.

- Srta. Solange, tão cedo. - Durval cumprimentou-a com um sorriso.

Ela inclinou-se ligeiramente e, quando Durval se aproximou, notou as olheiras sob a maquiagem impecável de Solange.

- O que aconteceu? Não dormiu bem à noite? - Perguntou Durval.

O rosto de Solange ficou instantaneamente vermelho até o pescoço, e ela rapidamente abaixou a cabeça e disse:

- Recebi uma ligação da minha secretária ontem à noite sobre problemas fiscais e financeiros no Grupo HT. Marquei uma reunião com o departamento fiscal e a divisão de crimes econômicos para esta manhã.

- Ah, é grave?

Durval parecia interessado.