Capítulo 6
Solange sentiu uma tensão no coração, como se uma magia de paralisia a houvesse atingido, congelando-a na posição curvada em que se encontrava. "O momento chegou tão rápido assim? O que eu devo fazer? Devo recusar delicadamente, agir de forma ambígua ou repreendê-lo com palavras justas?"

Em um piscar de olhos, inúmeros pensamentos cruzaram a mente de Solange.

Mas a mão de Durval já havia tocado em seu peito, deslizando levemente pela gola da sua roupa, ele disse com um sorriso:

- Tem um fio de cabelo aqui, melhor não deixar cair na comida.

Solange respirou fundo, aliviada, e seu corpo tenso finalmente relaxou.

Com um certo nervosismo, ela disse:

- Desculpa, chefe, tenho perdido bastante cabelo recentemente.

- Não tem problema. - Durval falou despreocupadamente enquanto começava a apreciar a tigela de macarrão à sua frente.

Solange se endireitou, o coração ainda acelerado, incerta sobre o que dizer ou fazer em seguida.

Após algumas garfadas, Durval subitamente ergueu a cabeça:

- Está gostoso, você já comeu?

- Ainda não. - Respondeu Solange.

- Então vá fazer uma tigela para você, sua habilidade na cozinha é notável. - Durval a elogiou novamente.

Solange acenou rapidamente com a cabeça e correu para a cozinha. Durval observou sua silhueta com um sorriso discreto.

Logo depois, Solange também preparou uma tigela de macarrão para si, e ambos terminaram sua refeição em silêncio.

Depois de limpar a mesa, Solange sentou-se ao lado de Durval. Seu roupão noturno não era suficiente para ocultar sua beleza deslumbrante.

Tomando um gole de chá, Durval perguntou:

- Como estão indo as coisas com o Grupo HT?

- Já fechamos o contrato esta tarde. - Ao falar de trabalho, Solange se tornou outra pessoa, objetiva e decidida. - Cinquenta bilhões já foram transferidos para o Grupo HT, mas as pessoas que enviamos agora compõem a maioria do conselho da empresa e também temos a maioria das ações. Em alguns dias, teremos o controle total sobre o Grupo HT.

Durval assentiu:

- Bom trabalho.

- Eu já instruí nossos membros no conselho do Grupo HT para monitorarem secretamente suas finanças e fiscalizações sob o pretexto de supervisão de fundos. Considerando a situação financeira do Grupo HT, é quase certo que haverá irregularidades. - Disse Solange.

Durval olhou para Solange com surpresa.

"Essa mulher não apenas antecipou minhas intenções mais profundas, como já havia se preparado para elas. Ela é realmente uma joia rara."

Nesse momento, Solange estava sentada com grande confiança e compostura no sofá, uma mudança notável em relação a sua inquietação anterior.

Durval ponderou por um momento e falou lentamente:

- Se sabemos que o Grupo HT tem problemas, por que ainda investir nele?

- Chefe, essa é uma espécie de segredo aberto na indústria. Todos os negócios têm seus problemas, grandes ou pequenos. - Solange falou com confiança. - Mas com o poder financeiro do Consórcio do Cabo, nós definitivamente podemos ajudar o Grupo HT a superar suas dificuldades e crescer rapidamente. Além disso, os problemas que eu mencionei podem ser resolvidos depois que interviermos. Mas conforme suas instruções, já modifiquei o plano original.

Durval acenou com a cabeça em aprovação:

- Você fez um excelente trabalho.

- Obrigada, chefe. - Solange inclinou a cabeça humildemente.

- Amanhã, às oito, mande um carro para mim. - Durval mudou de assunto; estava claro que ele não tinha mais perguntas para Solange.

Ouvindo isso, ela perguntou prontamente:

- O senhor tem alguma preferência para o carro?

- Algo discreto. Não quero que minha identidade seja conhecida. E, daqui para frente, não me chame de chefe. - Durval instruiu.

Solange parecia um pouco desconcertada e perguntou:

- Como devo chamá-lo então?

- Durval ou senhor, tanto faz. Só não me chame de chefe.

Solange ficou sem palavras. Se ela ousasse chamá-lo de Durval, estaria basicamente pedindo para ser demitida.

Depois de um momento de reflexão, Solange sugeriu:

- Que tal eu chamá-lo de chefe quando estivermos sozinhos e de senhor quando estivermos na presença de outros?

- Ok. - Durval concordou sem pensar muito. - Onde vou ficar?

Ao ouvir isso, Solange mordeu o lábio inferior e disse suavemente:

- Os quartos do andar inferior são para hóspedes. Os quartos do andar superior são melhores; eu também moro lá.

Durval sorriu e disse:

- Vou ficar no quarto de hóspedes então, já que estamos sozinhos aqui.

Solange corou e respondeu:

- Vou levá-lo até lá.

Durval se levantou e seguiu Solange até um dos quartos de hóspedes. Ele deu uma rápida olhada ao redor e disse a Solange:

- Tudo bem, você pode ir descansar agora. Não precisa se preocupar comigo, apenas faça o seu trabalho.

- Entendi, chefe. Boa noite.

Solange se retirou. Durval explorou o quarto espaçoso de mais de cem metros quadrados e começou a meditar na sala de estar.

...

Às sete da manhã, Durval abriu os olhos pontualmente, se sentindo revigorado após uma noite de meditação.

Depois de se arrumar, ele foi até a sala de estar e encontrou Solange já esperando por ele.

- Bom dia, chefe.

Solange fez uma reverência. Durval acenou com a mão e disse:

- Não precisa ser tão formal daqui em diante. Estou um pouco desconfortável com isso.

Solange não se abalou e apresentou uma chave de carro:

- Chefe, seu carro está esperando do lado de fora.

- Um carro de nicho, bom. - Durval pegou a chave e acenou com a cabeça.

Solange murmurou:

- É um Phaeton.

- Phaeton? - Durval pareceu surpreso. - Isso não custa quase um milhão de reais?

- É um Phaeton top de linha, duzentos e cinquenta e seis mil reais. - Solange informou.

Durval franziu a testa e disse:

- Não te pedi para ser o mais discreto possível?

Solange ficou sem palavras por um momento. Como que o chefe não tinha a mínima noção do seu próprio valor, ou da força do seu Consórcio do Cabo?

Claro, ela não ousava expressar esses pensamentos. Respondeu baixinho:

- Chefe, este já é o carro mais discreto da empresa.

- Tudo bem. - Durval respirou fundo. - Vá cuidar dos seus assuntos. Não precisa se preocupar comigo.

Solange assentiu:

- Está bem, chefe. Até mais.

Dizendo isso, Solange pegou sua bolsa e caminhou em direção à saída. Vista de costas, o seu traje profissional azul-celeste realçava suas curvas voluptuosas. Os saltos altos faziam com que ela parecesse ainda mais alta, e o balanço dos quadris exalava a aura de uma mulher madura. Era uma figura e tanto, com uma presença impecável.

Durval sorriu e seguiu para fora, dirigindo seu Phaeton em direção à área urbana.

Às oito da manhã, assim que Durval chegou ao departamento de divórcios, recebeu uma ligação de Lorena.

- Já chegou ou vai continuar se escondendo? - Lorena não soava nada menos que uma mandona, do outro lado da linha.

Durval trancou o carro e respondeu calmamente:

- Estou aqui na porta.

Desligou o telefone e, ao chegar à entrada, encontrou Lorena e Murilo esperando.

Vendo que Durval tinha realmente aparecido, ambos pareciam aliviados.

Durval sorriu e disse:

- Vamos então.

Lorena bufou e tomou a dianteira, caminhando em direção ao interior do edifício.

Sem filhos e sem divisão de bens, o processo foi extremamente rápido.

Meia hora depois, os dois saíram do departamento civil com os documentos de divórcio em mãos.

No portão principal, Lorena exibiu o certificado de divórcio para Murilo, exclamando:

- Murilo, estou livre!

Murilo abraçou Lorena e os dois se beijaram apaixonadamente.

Durval sentiu uma pontada de náusea, mas ainda assim conseguiu dizer com um sorriso:

- Vocês estão livres agora, podem até se casar.

- Quem você pensa que é para se meter? - Lorena olhou para Durval com desprezo. - Murilo e eu vamos ter um casamento grandioso, com todos os notáveis da Cidade X presentes. Só depois é que vamos oficializar. Agora suma daqui, seu inútil.

- É? Não se esqueça de não chorar depois.

Durval soltou uma gargalhada.

Murilo, furioso, avançou em direção a Durval, gritando:

- Está querendo apanhar, é?

Nesse momento, os dois seguranças de Murilo também avançaram, cercando Durval.
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