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Capítulo 40 - Muita Areia
Ricardo Santana Meus dedos deslizaram suavemente pelos fios macios do cabelo de Kate, como se minha pele tentasse memorizar cada textura, cada detalhe que a tornava única. Ela dormia tranquila ao meu lado, sua respiração suave e ritmada, os lábios entreabertos, o rosto relaxado em uma expressão de pura paz. A luz fraca da manhã filtrava-se pela cortina, pintando sombras delicadas sobre sua pele dourada.Eu poderia ficar aqui por horas, apenas observando-a.Às vezes, essa situação ainda me parecia surreal. Kate sempre foi uma mulher que, aos meus olhos, parecia intocável, inatingível. Admirei-a de longe por tanto tempo, sentindo o peso de um desejo que parecia impossível. Ela sempre teve esse brilho próprio, essa confiança inabalável que me fazia acreditar que eu jamais teria uma chance.E não era porque ela se achava superior a mim — muito pelo contrário. Era porque, para mim, ela era grande demais. Forte demais. Brilhante demais.E eu? Eu era só um cara que, por anos, acreditou que
Capítulo 41 - Viagem
Kate Ferreira Enquanto tomávamos café, eu ainda estava em choque com tudo que Ricardo fez. Olhei para a bandeja sobre a cama, para as flores ao lado e depois para ele, que me observava com aquele olhar cheio de ternura.Meu coração apertou de emoção. Ele trouxe minha flor favorita. Meu Deus, quando foi que eu comentei com ele que amava girassóis?Toquei a pétala delicada de um dos girassóis, sentindo-me absurdamente apaixonada. Às vezes, parecia um sonho tudo isso que estávamos vivendo. O amor que ele sentia por mim...Nunca imaginei que alguém pudesse me amar tanto assim.Peguei uma xícara de café e dei um gole, suspirando. Ricardo ainda me olhava, um sorriso leve nos lábios.— Você não tem ideia do quão importante isso que você fez é para mim — murmurei, finalmente quebrando o silêncio.Ele ergueu uma sobrancelha, curioso, e inclinou-se um pouco mais para perto.— Fico feliz em ouvir isso — respondeu, deslizando os dedos de leve sobre minha coxa.Sorri, mas senti o peso das lembran
Capítulo 42 - Chalé
Kate Ferreira O chalé era exatamente o refúgio que eu precisava. Assim que Ricardo estacionou o carro e descemos, e fomos recebidos pelo vento fresco da montanha e pelo céu tingido de laranja e dourado pelo pôr do sol. A vista era de tirar o fôlego: colinas suaves se estendiam até onde meus olhos alcançavam, envoltas em um manto de névoa sutil. Na área externa, um pequeno espaço com cadeiras de descanso e uma fogueira de pedras esperava por noites tranquilas sob o céu estrelado. E do outro lado uma jacuzzi e uma rede com vista para as colinas.— Uau! É ainda mais lindo do que nas fotos! — comentei e Ricardo me abraçou por trás.— Você tem bom gosto, meu amor.Sorri ao elogio e seguimos para dentro. Subi os degraus e entrei.O interior era um abraço acolhedor de madeira e tijolos aparentes. A cama, estrategicamente posicionada em um nível mais baixo, convidava ao descanso, e ao lado dela, toalhas macias e uma manta felpuda prometiam conforto absoluto. Da cozinha até a sala, tudo exala
Capítulo 43 - Verdades
Kate Ferreira O fim de semana tinha sido, sem dúvidas, um dos melhores da minha vida. Eu e Ricardo nos desconectamos do mundo e aproveitamos cada momento juntos naquele chalé isolado. Não percebi o quanto precisava de um tempo longe de tudo e de todos até sentir aquela paz.No sábado à noite, acendemos a fogueira e ficamos admirando a vista incrível das montanhas, com o céu salpicado de estrelas. Conversamos sobre tudo, descobrindo pequenos detalhes um sobre o outro que ainda não tínhamos compartilhado.Ricardo me contou sobre a tatuagem que tinha nas costas – um dente-de-leão. Era uma homenagem à mãe falecida. Na infância, ela costumava pegar a planta e pedir que ele e os irmãos assoprassem as sementes ao vento, fazendo desejos. Ela acreditava que aquele pequeno gesto tinha um poder mágico. O brilho nos olhos de Ricardo ao contar essa história me tocou profundamente. Era evidente o amor que ele sentia por sua mãe e o quanto a perda dela o marcou.— Eu adoraria ter conhecido sua mãe
Capítulo 44 - Ser amado de volta.
Ricardo SantanaMinha cabeça latejava, implorando por uma pausa. O desfile da Vogue estava trazendo mudanças intensas na rotina da empresa, e a pressão só aumentava. Além das demandas diárias do negócio, eu precisava lidar com os pedidos de novos tecidos, ajustes em modelagens, revisão de projetos de marketing, orçamentos e uma tonelada de detalhes que pareciam se multiplicar a cada minuto.Minha mesa estava coberta de relatórios, e eu já tinha lido e relido os mesmos números mais vezes do que conseguia contar. Meu café esfriava ao lado do computador, esquecido entre as pilhas de papel, e eu sentia a tensão se acumulando em meus ombros.Foi então que ouvi batidas na porta. Um alívio bem-vindo.— Entre.Assim que a porta se abriu e Kate surgiu, senti meu corpo relaxar imediatamente. Ela tinha esse efeito sobre mim — um jeito inexplicável de dissipar o caos ao meu redor. Seu olhar, seu cheiro, a presença dela... tudo me fazia esquecer, ainda que por alguns minutos, o peso das responsabi
Capítulo 45 - Conhecer a família.
Kate Ferreira A publicação de Ricardo ainda ecoava em minha mente, como uma melodia agradável que se recusava a sair da cabeça. O sorriso teimava em permanecer nos meus lábios, e toda vez que eu pegava o celular, meus olhos corriam automaticamente para aquela legenda. Cada palavra escrita ali fazia meu peito aquecer.Ao voltar para minha sala, senti os olhares sobre mim. Alguns colegas de trabalho trocaram sorrisos surpresos, enquanto outros pareciam genuinamente chocados com a revelação. Não era apenas o fato de Ricardo estar namorando, mas sim o fato de ele ter assumido publicamente nosso relacionamento — sem medo, sem hesitação.E eu me sentia... livre.Não havia mais necessidade de segredos ou receios de alguém descobrir. Não importavam os comentários maldosos ou os olhares curiosos. Nada disso poderia tirar a felicidade que transbordava dentro de mim.Com um suspiro satisfeito, voltei minha atenção para os projetos na tela do computador, tentando me concentrar. Mas a verdade era
Capítulo 46 - Eu sou o chefe.
Ricardo SantanaAjeitei a última peça de roupa na mala e a fechei com um movimento firme, satisfeito por ter resolvido tudo com antecedência. Hoje era sexta-feira, e eu me dei o luxo de uma folga ao lado de Kate, estendendo nossa viagem para aproveitarmos mais tempo juntos.Claro, ela relutou. Disse que poderíamos sair apenas no sábado de manhã ou na sexta à noite, preocupada com o que as pessoas falariam. Mas Kate se esqueceu de um detalhe importante.Eu sou o chefe.E como chefe, dei folga para nós dois.Depois de finalizar a mala, fui direto para o banho. A água morna aliviou parte da tensão acumulada durante a semana, mas a ansiedade ainda estava ali, borbulhando sob a superfície. Conhecer a família dela era um passo grande, mesmo que eu brincasse sobre conquistar o sogro com mentiras sobre futebol e ganhar pontos com a sogra e a irmã. No fundo, eu queria que eles gostassem de mim.Saí do banho, vesti uma calça jeans confortável e uma camisa de algodão na cor branca. Depois de cal
Capítulo 47 - Conhecidencia.
Kate Ferreira A viagem para Santos foi surpreendentemente tranquila, o que era um alívio considerando minha ansiedade em apresentar Ricardo à minha família. O caminho foi preenchido com conversas leves e nostálgicas sobre nossas infâncias, relembrando tempos mais simples, quando brincar na rua até anoitecer era a maior das preocupações. Falamos sobre como tudo mudou, sobre como hoje em dia as crianças vivem mais conectadas aos celulares do que aos amigos do bairro, e nos questionamos se a nova geração saberia o que era ralar o joelho no asfalto e continuar brincando como se nada tivesse acontecido.— Eu ainda sinto falta daquela época — comentei, apoiando a cabeça no encosto do banco e observando a estrada.— Eu também — Ricardo concordou, mantendo uma das mãos no volante e a outra pousada casualmente sobre minha coxa, um gesto carinhoso que ele fazia sem perceber. — E pode ter certeza de que, quando tivermos filhos, eles vão saber o que é brincar na rua.Aquela frase pegou-me de sur
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