Pov Erin

Tremendo, recuei desta fera de olhos verdes, assustada com o que ela poderia fazer comigo se eu tentasse pedir ajuda.

— Quem é você? — Eu perguntei, me aproximando mais da porta.

Ela saiu rindo, dizendo. — Então você ainda não adivinhou, hein? Eu literalmente saí de você e você me faz tal pergunta tola?

Parei de ouvir o lobo. Seus olhos ainda brilhando, balançando a cabeça em meu interrogatório.

— Ou a morte do nosso bebê não nascido te tirou os sentidos também, Erin?

— Nosso bebê não nascido? — Eu murmurei, encarando a fera à minha frente em assombro.

Seu sorriso se alargou, aguardando pacientemente a minha resposta. E foi então que eu entendi.

— Minha loba. Você é a minha loba?

— Você pode me chamar de Bene. — Ela riu, satisfeita.

Eu não podia acreditar nisso. Encarei esta fera de olhos verdes em choque, tentando entender como isso era possível.

— Não, você não pode ser. Eu não tenho uma loba. — Eu duvidei, recusando-me a acreditar nisso.

Isso a deixou rosnando de raiva.

— Então, em quem você vai acreditar? Nas palavras daqueles que não sabem de nada ou nos seus próprios olhos? — Ela questionou.

Fiquei em silêncio, olhando para o meu corpo e  me lembrando de onde ela havia surgido.

— Melhor acreditar, Erin. — Bene disse, ganhando a minha atenção novamente. — Você sempre teve um lobo.

— Sempre? — Eu escolhi essa palavra, me perguntando o que ela quis dizer com isso.

Foi quando Bene me revelou que ela estava dentro de mim há muito tempo, mas eu não podia ouvi-la. Ela vinha de olho em mim há muito tempo, mas não sabia como se comunicar comigo, até hoje.

— Você finalmente decidiu tomar suas próprias decisões sem que ninguém te dissesse para fazer isso, e isso nos conectou. — Ela se deitou cuidadosamente no chão, cruzando as suas patas.

E eu entendi o que ela quis dizer. O plano de Deron de se divorciar de mim depois de todos os sacrifícios que fiz, me levou ao ponto de escolher deixá-lo de uma vez por todas.

Esse mesmo fogo foi o que conectou o meu lobo e eu, agora aceitando a realidade, fui em frente para perguntar sobre a origem de Bene.

Ela não era nada parecida com qualquer outro lobo que eu já tenha visto. Você geralmente vê vermelho, ouro, azul ou até amarelo. Mas ela é a primeira loba que já conheci com olhos verdes.

Com alegria, Bene revelou nossa origem. Ela me chamou de IVY, uma linhagem rara de lobos que se diz ter sido extinta há muito tempo. Os lobos IVYS são desencadeados por uma ínfima fúria e a vontade ardente do portador do lobo. Foi assim que Bene conseguiu me alcançar depois de todo esse tempo.

— Você continuou permitindo que aquele tolo usasse você como o seu brinquedo. Depois de todas as dores e a morte do nosso bebê, você quer aceitar o divórcio dele e partir? — Ela zombou de mim, erguendo-se de seus pés. — Há um motivo pelo qual somos chamados de Ivys, Erin. Nós não damos a mínima para quem você é ou de onde você vem. Nosso nome do meio é Veneno, quando nos ferem, cobramos nossa vingança e os fazemos você sofrer.

Os olhos dela se iluminaram de prazer, enviando calafrios pelo meu corpo.

— O que vai ser então? Você quer deixar Deron para viver a vida dele enquanto você se afunda em dor? Ou você mostra a ele o verdadeiro poder de um Ivy? — Ela perguntou, me dando duas escolhas.

Eu não sabia o que escolher. Eu ainda estava tão surpresa com essa revelação que eu não conseguia pensar direito.

— Eu não sei. — Eu disse olhando para direção de Bene, mas ela já tinha ido.

¨

Minhas vinte e quatro horas tinham acabado. Deron e Flora vieram bater à minha porta, exigindo que eu abrisse para eles. 

Eu estava na cama, perdida em meus pensamentos, quando eles vieram bater. Eu abri a porta e fui empurrada de lado por Flora, que adentrou o meu quarto com seu vestido de estilista mais recente, exigindo os papéis do divórcio.

— Espero que você tenha assinado, meu advogado chegará logo. — Deron perguntou, vagando seu olhar pelo meu quarto.

Eu não lhe dei uma resposta, apenas caminhei até o local onde guardava os papéis. Eu os peguei e os trouxe para Deron, que imediatamente os arrancou das minhas mãos e os abriu.

— O que é isso? — Ele questionou indignado, virando as páginas em meu rosto. — Por que você ainda não assinou os papéis?! — Ele gritou, atirando os papéis em mim.

Flora se aproximou, sugerindo que ele me expulsasse de sua casa, se eu não fizesse o que me foi ordenado. — Ela ainda acha que é a Luna desta alcateia, apenas a expulse.

Quando ouvi Flora, respodi com a cabeça baixa. — Não é por isso, eu não consegui me convencer a assinar os papéis depois da promessa que fiz para o seu pai, o falecido Alpha.

Eu continuei a contar para Deron sobre a promessa, fazendo um pedido de uma vez. — Por favor, me dê três meses para cumprir o seu último desejo. Assim que eu tiver ajudado você e a sua futura noiva a se casarem, irei embora de uma vez por todas. — Solicitei, levantando a cabeça para olhar para Deron.

Ele me encarou com uma sobrancelha levantada em confusão, enquanto Flora ria alto.

— Um desejo póstumo? Você deve estar louca se acha que nós vamos...

— Tudo bem então. — Deron aceitou, chocando Flora. — Eu permitirei que você fique por três meses. Quando estiver pronta para partir, você assinará esses papéis e sairá. Eu deixei claro?

— Sim Alpha. — Respondi, fazendo uma reverência a ele.

A decisão de Deron deixou Flora furiosa. Ela imediatamente protestou contra ela, dizendo-lhe para rejeitá-la. 

Deron se recusou.

— Era o último desejo do meu pai. É o dever dela me fazer feliz. Na verdade, seria mais emocionante quando todos a vissem lhe entregando o seu lugar de direito. — Disse Deron, animando o humor de Flora. — Além disso, ela é frágil, aposto que ela não durará um mês. — Deron zombou de mim, deixando o quarto com Flora.

Levantei os olhos, observando eles saírem, Foi então que ouvi a voz de Bene. 

— Você escolheu sabiamente, Erin. Muito bom.