Capítulo 4
O grande salão fervilhava de expectativa, enquanto dezenas de lobos assistiam ao drama que se desenrolava.

— Você acredita nisso? A filha do Alfa atacando lobos que ainda não despertaram?

— Quando alguém é tão mimada assim, não suporta que outros sejam melhores do que ela.

— Ainda bem que o irmão dela não está a protegendo.

Sob o olhar triunfante de Sarah, eu endireitei a coluna.

Minha loba despertou sob minha pele, impaciente.

— Um poço de prata, irmão? — Deixei que meu poder escapasse pelo vínculo da alcateia. — Que medievalismo da sua parte.

Comecei a circular ao redor dele lentamente, permitindo que meu sorriso se tornasse feroz.

— Mas aqui vai uma ideia melhor... Por que você não experimenta o poço primeiro?

O rosto de Michael escureceu de raiva.

Sarah deu um passo à frente, lágrimas brilhando nos olhos.

— Vivian, eu sei que você me odeia, mas como pode falar assim com o próprio irmão?

A encenação dela era perfeita, jovem, inocente, ferida.

Daniel a observava com fome escura nos olhos.

Então falou, suavemente:

— Amor, só peça desculpas. Não precisa ser assim.

Senti minha loba avançar.

A transformação percorreu meu corpo como um raio.

— Desculpa. — Rosnei, com os dentes já alongados. — Eu não falo com Ômegas.

Minhas garras se estenderam, lentas.

Antes que alguém pudesse reagir, lancei-me para frente.

Minha força ampliada pegou Michael de surpresa.

Ele foi lançado para trás, chocando-se contra Sarah.

Juntos, eles despencaram no poço de prata, em um grito duplo de choque.

Através do vínculo da alcateia, enviei meus pensamentos zombeteiros:

— Já que você ama tanto os Ômegas, irmão... Por que não se torna um?

Daniel avançou na minha direção, os olhos brilhando em vermelho.

— Vivian, pare com essa loucura!

Minhas garras encontraram o peito dele.

Com um movimento rápido, lancei-o para dentro do poço, junto dos outros.

O poço de prata ecoou com a dor combinada dos três.

— Pronto. — Ronronei para o silêncio atônito. — Um reencontro perfeito.

— Chega!

O poder de Michael colidiu contra o meu.

— Você desonra a nossa alcateia! Quem te ensinou a ser um animal tão cruel?

O mesmo Michael, nunca acreditando em mim, sempre vendo o pior.

Sempre pronto para me crucificar pela vergonha.

Minha risada saiu em um rosnado.

O vínculo da alcateia vibrava com minha fúria.

— Os pais estavam ocupados demais para me educar.

— Então acho que foi você, querido irmão.

Na minha vida passada, eu temia e amava Michael.

Alguns anos mais velho, ele era uma figura imponente na minha infância.

Enquanto nossos pais cuidavam dos assuntos da alcateia, ele era meu guardião.

Cada pequena transgressão rendia sessões brutais de treinamento; correr durante horas sob a luz prateada da lua, lutando até eu sangrar.

Quando eu tinha cinco anos, ele me forçou a entrar no rio gelado em pleno dezembro.

— Um lobo fraco é um lobo morto. — Ele disse, observando enquanto eu lutava contra a correnteza.

Quase morri naquela noite, minha loba jovem demais para me ajudar a sobreviver.

A curandeira da alcateia passou horas tentando aquecer meu corpo.

Eu era tão jovem naquela época.

Achava que ele me amava, que só não sabia demonstrar a gentileza que outros irmãos ofereciam às suas irmãs.

Então Sarah apareceu.

E eu descobri a verdade.

Meu irmão não era incapaz de ser gentil.

Ele só reservava essa gentileza para outra pessoa.

Eu o vi envolver Sarah com sua jaqueta quando ela escorregou naquele mesmo rio de inverno.

— Você está com frio? — Ele perguntou, com uma voz mais suave do que eu jamais ouvira.

Eu o vi compartilhar sua força pelo vínculo da alcateia para aquecê-la.

Quando ela adoecia, era ele quem levava os chás curativos pessoalmente.

— Você precisa se alimentar direito. — Ele dizia, acariciando o cabelo dela. — Se precisar de qualquer coisa, estou aqui.

Na minha vida passada, eu estava presa na ilusão do amor.

Me perguntando por que meu irmão não podia me amar, por que meu companheiro não podia ficar ao meu lado.

Só depois da morte eu finalmente compreendi.

Eu sou a minha própria loba.

Não preciso do amor deles para sobreviver.

Minha força era só minha.
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