Vincent
O tempo todo eu exibia meu sorriso feliz, era aquela metade de mim realmente feliz por estar com ela. Mas minha outra metade carregava o meu lado negro.
Cozinhar? Isso pouco me importava nessa hora. Eu tinha proposto a fim de criarmos laços de intimidade. E eu sabia que nada melhor que fazer algo junto. Eu estava fazendo meu papel direitinho, mostrando a ela o homem que eu desejava ser, mas que eu não era.
Quando eu terminei de mostrar a parte de cima da casa — que era uma outra coisa que pouco me importava, se era grande, pequena... eu fazia isso para ela se sentir feliz de estar participando da minha vida —, descemos as escadas e fomos até a sala. Então, eu a puxei para os meus braços.
Ah, Renata... você não tem a mínima ideia de quem eu sou realmente... pensei, olhando para ela, e lhe dando meu melhor sorriso. Falando em sorriso, eu não sabi
VincentDepois que Renata saiu, eu liguei para casa.— Vincent? — Era meu pai.— Sim. Estou passando meu novo número.— Novo número?— Sim, anota. — Falei o número para ele.— Que número é esse?— Eu me mudei para uma casa ao lado de Renata.Ouvi um suspiro fundo do outro lado da linha.— Dio Santo! — Eu sabia que ele teria essa reação. — Por que ainda não resolveu as coisas?— Ela é escorregadia, padre e eu preciso de respostas, eu ainda não as tenho.— Respostas? Mas...— Padre, eu sei o que estou fazendo.— Eu me pergunto, Vincent! Sabe mesmo?— Já conversamos sobre isso. Preciso desligar.— Em quanto tempo você acha que resolverá tudo?— Não sei. Preciso desligar.Ouvi ele gritar do outro lado,
No dia seguinte, como combinado, Jacob surgiu na praia. Ele estava a uns 100 metros de distância quando eu o avistei. Usava só uma sunga preta e uma toalha jogada nos ombros largos. Estava lindo e sensual. Eu bebi sua imagem, prendendo a respiração quando vi aquele corpo musculoso vindo ao meu encontro. Uma beleza agressiva e viril.Fiquei com a garganta seca, lambi os lábios, tentei disfarçar, me conter, mas o desejo me devorava. Quando ele estava perto, sorri feliz para ele e me levantei da canga preta em que eu estava sentada. Parecia um sonho estar ali naquele paraíso com ele, a praia com sua areia perfeitamente branca, o mar azul-esverdeado.Seus olhos correram pelo meu corpo, observando o biquíni vermelho que eu usava.— Bom dia. — Ele me puxou para si, imobilizou minhas mãos atrás das minhas costas, beijou meu pescoço, segurou-me ali. — Não consigo acreditar no
Quão injusto é o nosso acaso... encontramos algo tão verdadeiro que está fora de alcance... mas se você encontrasse nesse vasto mundo, você teria coragem de deixá-lo ir?Not About Angels, BirdyUma semana depois...Renata— Eu quero muito ter você. — As palavras murmuradas, quentes e eróticas no meu ouvido, fizeram-me fechar os olhos diante do entorpecimento que me assolou de imediato. Eu podia sentir as batidas do seu coração em minhas costas e a ereção se formando, tocando levemente os meus quadris. — Quero fazer amor com você.Um desejo intenso percorreu meu corpo inteiro. Passei aquela semana inteira tomando banhos para aplacar meu desejo, na vã esperança de me livrar da fragrância máscula de Jacob, mas era inútil, era como se ele tivesse invadido os meus poros também.Todos o
VincentEla não vai fugir... Falei comigo mesmo, cheio de convicção.Quando entrei no quarto ao lado, fechei a porta me sentindo esgotado. Enfiei minha mão nos cabelos e apertei minha cabeça com raiva de tudo e de todos. Menos dela, ela não me causava raiva. Ela me causava tudo menos raiva... eu no fundo a compreendia, mas ela não poderia saber disso. Tudo que eu menos queria, nesse momento, era demonstrar fraqueza, afinal, eu a forçaria a um casamento.Me lembrei de sua cara de terror quando eu me identifiquei. Não queria que ela soubesse tudo daquela maneira...Mas será que ia mudar sua opinião a meu respeito e a respeito da minha família? Eu me questionava...Caminhei até a janela e fitei o mar. Acima dele, a bela lua que deixava seus reflexos prateados nas águas tranquilas. Hoje o mar estava calmo, só havia marolas de espuma branca correndo na a
Foram quarenta minutos de carro até o aeroporto internacional de Charleston. E depois, dentro de um jatinho particular, cinco horas e meia até Las Vegas. Dois de seus homens nos acompanharam. O outro ficou de levar o Porsche para Miami Beach e explicar tudo. Se o pai dele sofresse do coração, iria ter um enfarte naquela hora, ao receber a notícia de que seu filho ia se casar comigo.A decisão mais importante de alguém era o dia do seu casamento, mas fora tomada sem ao menos eu pensar. A enormidade dessa decisão me deixara entorpecida, e eu fiquei a viagem toda calada ao lado de Vincent. Imagens da marca de giz no chão, com o formato do corpo do homem que morrera na casa, não saíam da minha cabeça. Por mais que eu amasse Vincent, entrar para aquela família representava isso. Mortes e mais mortes.O que quer que fosse acontecer daqui por diante, estava fora das minhas mãos. Real
Quando ouvi aquele sobrenome, pensei que morreria naquele momento. Não tinha jeito? Estávamos realmente casados! Quando o juiz de paz disse: “agora pode beijar a noiva”, olhei em seus olhos, cada centímetro do meu corpo quente, seus olhos verdes encontraram os meus e ele me deu um sorriso lindo de satisfação. Nessa hora eu fui privada de oxigênio... meu coração golpeou em meu peito. E percebi que o sentimento de me casar com ele era diferente de quando me casei com Lorenzo, embora eu tivesse me casado sem saber que ele era um maldito mafioso, eu não me senti assim, tão viva por dentro. E nessa hora eu entendi, eu estava apaixonada por ele, irremediavelmente apaixonada por Vincent... e eu lutei para evitar o sorriso nervoso que se formava no meu rosto. Senti uma emoção quente se remexer na minha barriga. Ele se inclinou para frente, lambendo seu lábio inferior, enquanto olhava para a
Pouco tempo depois, chegamos ao hotel do cassino que pertencia à família. Dez minutos mais tarde, Vincent me deixou no quarto do hotel. Tudo o que ele disse, ao se despedir, foi:— Eu a verei daqui a pouco. — Inclinou-se e me beijou rapidamente nos lábios, como se estivéssemos casados há anos.— Está bem — respondi, ocultando minha dor e o quanto isso me lembrava o lema dessa família: “tudo pelo bom andamento dos negócios”.Mal podia esperar que ele fechasse a porta porque sabia que ia chorar. Tão logo ele fez isso, lágrimas brotaram de meus olhos. Então, relutantemente, minha mente foi me levando de volta ao passado, ao tempo em que eu assistia um homem entrando e saindo da nossa casa maravilhosa como se fosse um estranho.O beijo casto que ele me dava na testa pertencia a alguém que eu nunca conhecera. A conexão sempre presente em todos
Como seria minha vida agora?Seria como aqueles filmes, superproduções, em que o mocinho era forte, bonito, mas que você começa a assistir e não se identifica com nada no filme? Que você desliga a televisão antes mesmo de terminá-lo, pois ele provoca em você sentimentos ruins?Uma pena ele ser esse monstro sendo tão bonito...Beleza...Muitas mulheres só enxergavam em um homem o seu exterior e o que eles tinham a oferecer. Com certeza, elas lutavam para ter sua atenção...Isso me fez me lembrar de Raquel. E aquele pedido no carro.— Por que você me pediu para eu te beijar no carro?— Porque minha família precisa acreditar no nosso casamento. Eu tive medo que Raquel envenenasse a cabeça de Lucas. Você precisa passar credibilidade.Senti vontade de dar uma risada sarcástica.— Sim, vamos representar. Ass