O silêncio entre Clara e Vinícius era denso, cheio de perguntas não respondidas e desconfianças veladas. Ele estava prestes a continuar pressionando Clara quando o som do celular quebrou a tensão. Vinícius olhou para a tela e viu um número desconhecido.Ele franziu o cenho, hesitante, mas acabou atendendo.— Alô? — disse ele, com um tom firme.Do outro lado da linha, uma voz aflita respondeu.— Vinícius, é a Júlia... me desculpa ligar desse jeito, mas eu estou numa situação complicada.Clara observou enquanto ele se levantava da mesa, claramente mais tenso agora.— O que aconteceu? — perguntou Vinícius, preocupado.— Eu fui até uma loja aqui perto e... acabei sendo assaltada. Levaram meu celular e o dinheiro que eu tinha. Estou na rua, sem saber o que fazer. Precisei pedir um telefone emprestado para ligar pra você. Pode me ajudar?Vinícius respirou fundo, o rosto endurecendo.— Claro. Onde você está agora?Júlia lhe deu a localização, e ele rapidamente olhou para Clara.— Eu preciso
Enquanto Vinícius atendia o celular, Clara o observava de longe, sentindo o peso daquela ligação. Ela sabia que a conversa entre eles estava ficando cada vez mais difícil de evitar, mas o som da voz dele ao telefone indicava que outra urgência tinha surgido.— Júlia? — disse Vinícius, com um tom de preocupação.Clara fechou os olhos por um momento, tentando controlar a ansiedade. Ela sabia que Júlia tinha passado por uma situação complicada no dia anterior, mas ouvir o nome dela mais uma vez naquela manhã só aumentava a sensação de que sua própria relação com Vinícius estava desmoronando.— O que aconteceu? Você está bem? — perguntou Vinícius, andando pelo apartamento enquanto falava.Clara observava de longe, sentindo-se ainda mais distanciada. Ela não podia ouvir toda a conversa, mas o tom na voz de Vinícius deixava claro que algo estava errado.Do outro lado da linha, Júlia falava rapidamente, sua voz trêmula.— Vinícius, eu sei que ontem já foi difícil... mas eu não consigo tirar
Vinícius passou o dia no trabalho, mas a mente dele estava longe das tarefas habituais. Ele lidava com os problemas diários da empresa de forma automática, enquanto seus pensamentos voltavam repetidamente para Clara e a conversa inacabada. Como eu vou resolver isso? pensava, sentindo a frustração crescer. Era como se a distância entre eles aumentasse cada vez que ele tentava se aproximar.Por mais que quisesse focar no trabalho, ele sabia que a situação com Clara era muito maior do que qualquer problema que pudesse surgir no escritório. Além disso, a necessidade de dar apoio a Júlia só complicava ainda mais seus sentimentos, dividindo sua atenção de forma insuportável.Enquanto isso, em casa, Clara estava decidida a dar o próximo passo. Ela pegou o iPhone e rapidamente enviou uma mensagem para Sabrina:Clara: "Oi, Sabrina. Você pode me passar o contato do Henrique? Preciso falar com ele sobre uma coisa importante."Poucos minutos depois, Sabrina respondeu com o número.Clara pegou o t
No final do dia, Júlia entrou na sala de Vinícius. Ela notou que ele estava mais distante do que o normal, seus pensamentos claramente longe do trabalho. Com uma expressão preocupada, ela se aproximou.— Vinícius, está tudo bem? — perguntou Júlia, tentando parecer casual, mas cheia de preocupação genuína.Vinícius suspirou, parecendo cansado, enquanto se recostava na cadeira.— Não sei, Júlia. As coisas entre mim e Clara estão complicadas. Ela mencionou o divórcio, e eu não sei exatamente o que está acontecendo. Tudo parece fora de controle.Júlia franziu o cenho, claramente surpresa.— Divórcio? — Ela se inclinou levemente para frente, com curiosidade, mas tentando manter um tom de amiga preocupada. — Você já conseguiu recuperar as memórias sobre ela? Sobre o relacionamento de vocês?Vinícius balançou a cabeça.— Não. Nada voltou. Não consigo lembrar de Clara ou de qualquer coisa sobre o nosso casamento. — Ele suspirou, a frustração evidente em sua voz.Júlia ficou em silêncio por um
Depois de algum tempo no escritório, Vinícius decidiu tomar um banho e tentar organizar seus pensamentos. Ele foi até o quarto de hóspedes.Ao abrir a porta, encontrou Clara deitada, dormindo, e a luz do quarto estava apagada. Ele não conseguia ver claramente seu rosto, mas podia sentir o peso do distanciamento entre eles.Ele se aproximou da cama e se sentou ao lado dela, sem fazer barulho. Por um momento, ficou apenas observando-a respirar, tentando entender o que estava acontecendo entre eles. Ele sabia que não seria fácil quebrar a barreira, mas queria pelo menos tentar.— Clara — sussurrou ele suavemente, sem a intenção de acordá-la bruscamente.Clara se mexeu levemente, mas permaneceu quieta. Vinícius se inclinou um pouco mais perto, ainda sussurrando seu nome.— Clara, precisamos conversar.Ela abriu os olhos devagar, meio sonolenta, virando-se na cama para encará-lo, mas ainda sem falar nada. A luz fraca no quarto mal iluminava o rosto dela, e Vinícius, sem conseguir ver a exp
Quando Vinícius chegou em casa naquela noite, encontrou Clara já sentada no sofá, aparentemente tranquila. Ele tirou o blazer, colocou sobre o encosto do sofá, e então se aproximou de forma descontraída. — Como foi seu dia? — perguntou Vinícius, mantendo o tom casual e despreocupado. — Fez alguma coisa hoje? Clara olhou para ele por um momento, ponderando sobre o que dizer, mas decidiu manter a calma. — Nada demais. Saí um pouco para caminhar — respondeu ela, tentando manter a naturalidade na voz. Vinícius assentiu, sem demonstrar qualquer sinal de desconfiança, mas, internamente, ele processava cada detalhe da resposta dela. — Bom. Caminhar faz bem — disse ele, oferecendo um pequeno sorriso. Clara retribuiu o sorriso com um leve aceno de cabeça, mas o silêncio entre eles logo começou a crescer, como se ambos estivessem evitando qualquer assunto mais profundo. Vinícius, mantendo sua estratégia de observação, decidiu não pressionar mais. — Se precisar de alguma coisa, esta
Quando Clara acordou no quarto de hóspedes, o sol já começava a iluminar o espaço. Ela sabia que provavelmente Vinícius já havia saído. O distanciamento entre eles era evidente.Ela pegou o celular ao lado da cama e rapidamente discou o número de sua mãe. Enquanto o telefone chamava, sentiu uma pontada de ansiedade.— Oi, mãe — disse ela quando sua mãe atendeu. — Como estão as coisas? Já conseguiram avançar com a mudança?A voz de sua mãe, cansada, mas tranquila, respondeu:— Estamos quase terminando, Clara. Estamos só esperando o caminhão chegar com a mudança. Até o fim da tarde ele chega.Clara sentiu um pequeno alívio em saber que seus pais estavam longe de Valença, isso a deixava mais tranquila, mas a pressão que sentia por tudo o que acontecia ainda pesava sobre ela.— Isso é ótimo. Fico mais aliviada sabendo que vocês estão a salvo — disse Clara, tentando esconder a tensão em sua voz.Sua mãe fez uma pausa antes de continuar.— Filha, você está bem? Parece tão preocupada...Clar
Naquela manhã, o sol mal havia nascido quando Clara ouviu uma batida suave na porta. Surpresa por não esperar ninguém tão cedo, ela foi até a entrada e abriu a porta. Suzana estava ali, impecável como sempre, com um olhar que misturava determinação e algo mais sinistro. — Podemos conversar, Clara? — perguntou Suzana, em um tom de falsa doçura. Clara hesitou, mas sabia que recusar seria inútil. Ela a convidou para entrar, e logo as duas estavam novamente na varanda, onde Suzana gostava de discutir seus planos sem que ninguém mais pudesse ouvir. — O que você quer agora? — Clara perguntou, com um tom de cansaço evidente. Suzana sorriu levemente, como se estivesse no controle total da situação. — Vim apenas te lembrar de que as coisas ainda não estão resolvidas. Sei que Leonardo e você querem desistir de tudo, mas... você sabe que não é tão simples assim. — Suzana deu uma olhada ao redor antes de continuar. — Eu ainda estou de olho, Clara. Se você tentar escapar desse plano, seus