Isabela, para suprimir o medo, apertava a própria coxa com força, soltando ela apenas quando seu corpo parou de tremer. Ela respirou fundo e começou a arrumar as coisas rapidamente. Por anos de vida sob constante medo, se tornou habilidosa em preparar fugas rápidas. Em menos de dez minutos, já tinha tudo empacotado. Para não alarmar as crianças e a tia Iara excessivamente, ela conteve seu medo e foi até a porta do quarto de Carina.- Caca, sei que você está aí, saia logo, temos que ir.Carina abriu uma fresta da porta, espiou e perguntou:- Meu primo foi embora?- Não, mas você precisa sair, temos que deixar este lugar agora.- Por quê? Eu... Eu não quero vê-lo.Isabela suspirou:- Caca, não é momento para birras. Ficar aqui é perigoso, entende?Carina, pelo semblante de Isabela, percebeu que algo grave aconteceu, algo que as fazia deixar a Vila da Nuvem às pressas.Quando Carina estava prestes a abrir a porta, Cláudio se aproximou:- Já arrumei as coisas das crianças. Vou descer
Cinco minutos depois, tia Iara também já havia arrumado as malas e chegou à sala de estar.- Senhorita, por que razão o senhor de repente mencionou que esta casa necessita de remodelação? Não percebi qualquer problema. Isso não está relacionado com o incidente da represa, certo?- Tia Iara, afinal, a casa é dele, e, independente do motivo, não temos o direito de perguntar. O importante é termos um lugar para morar.Tia Iara olhou ao redor com certa relutância: - Partiremos tão às pressas, até panelas e potes tiveram que ser deixados para trás. Eu gostava tanto daquela panela de ensopado...Mas era só ela falando consigo mesma em voz baixa.Cláudio e Isabela estavam sentados no sofá, ambos calados, como se tivessem combinado, olhando fixamente para frente, perdidos em pensamentos, sem saber o que pensar.E os dois filhos, apesar de jovens, eram ambos espertos, especialmente Rivaldo, que desde pequeno já havia passado por muita coisa e sabia ler as expressões faciais.Assim, mesmo que o
Quem diria, o repórter não demonstrava medo algum e retirou outra caneta gravadora da bolsa, dizendo com um sorriso:- Srta. Felícia, será que acertei em cheio, e é por isso que você está tão furiosa e envergonhada? Além disso, estão arrastando as malas, inclusive com empregados, para onde planejam ir? Se esconder?- Srta. Felícia, falando sério, sua história possui tantos detalhes que começo a suspeitar: será que você não é a própria Isabela, que se acreditava estar morta? Caso contrário, realmente não compreendo por que o Sr. Gabriel mataria alguém em seu nome.- E seus dois filhos, de forma alguma parecem ser do Sr. André, estou correto nessa suposição?Isabela estremeceu, apertando a mala que segurava involuntariamente.Esse repórter, sem dúvida, tinha suas conexões e veio claramente preparado.E o objetivo deles era publicar absurdos, provocando problemas.- Já falou o suficiente? - Isabela encarou-o com olhos frios, seus lábios finos se entreabriram levemente, e ela falou pausada
O homem do outro lado da linha hesitou por um instante e respondeu friamente:- Que tipo de informação você conseguiu?- Nada. Só vi um grupo deles com malas, parecendo que estavam prestes a fugir. Fiz várias perguntas difíceis, mas não obtive resposta alguma. Não posso simplesmente inventar algo, posso?Do outro lado da linha, se ouviu uma risada fria:- Mesmo que seja inventado, quero que você crie uma notícia convincente.O homem, tocando a bochecha, concordou com relutância:- Entendi. - Após uma breve pausa, ele pareceu se lembrar de algo e acrescentou. - Ah, sim, eu reconheci a pessoa que veio buscá-los. É alguém próximo do André.- André?A pessoa do outro lado da linha silenciou por um momento e depois ironizou:- Tá bom, já entendi. Prepare o rascunho da notícia para mim.- Certo....Enquanto isso, no carro, após o incidente recente, reinava um silêncio compreensivo, tornando a atmosfera dentro do veículo extremamente tensa.Cláudio foi o primeiro a quebrar o silêncio.- Não
Após trocar de carro, Reginaldo retornou à estrada principal e seguiu por meia hora em direção aos subúrbios. Atravessou um bosque antes de, finalmente, estacionar.- Senhora, chegamos.Isabela saiu do carro e observou a casa à sua frente, sem saber exatamente como descrevê-la.À primeira vista, parecia uma cabana na floresta, mas estava circundada por altos muros e um portão de ferro. Havia câmeras de vigilância e alarmes por todo lado, além de uma cerca elétrica no topo do muro. Era praticamente impossível entrar ali sem se deparar com um perigo mortal.- André tem até um lugar desses e eu nem imaginava.Cláudio, também surpreso, observava ao redor:- Este lugar é realmente seguro.Reginaldo ajudou a descarregar as malas do carro e disse:- Senhora, sei que pode ser um pouco desconfortável para vocês ficarem aqui, mas o Sr. André está preocupado com a segurança de vocês. Portanto, até descobrirmos quem está por trás de tudo isso, esperamos que fiquem aqui.Isabela assentiu:- Claro
Se realmente era assim...Então todos os mistérios estavam resolvidos.Ela se perguntava, se de fato foi Caio quem a traiu, por que ele teria feito isso?Agora, ela sabia.Para colaborar com o Grupo Jóias do Rio.Então, talvez Gabriel estivesse certo, Caio não era quem ela pensava.Mas ainda assim...Ela sempre sentiu que quem denunciara Gabriel por assassinato deveria ser outra pessoa, não Caio.Mesmo que Caio tivesse realmente feito um acordo com o Sr. Daniel para a parceria com o Grupo Jóias do Rio, que falhou porque Gabriel a salvou, isso não seria motivo suficiente para querer Gabriel morto, certo?Além disso, ele também ameaçou André e ela.Será que uma parceria com o Grupo Jóias do Rio valeria tudo isso?Vendo ela pensativa, Cláudio franziu a testa: - Você está suspeitando do Caio, não está?Isabela olhou para ele e balançou a cabeça: - Não, eu suspeito da parceria dele com o Sr. Daniel, mas não acredito que ele tenha incriminado Gabriel.Cláudio apenas murmurou friamente, sem
- Como está a situação aí, está tudo bem?- Sim, está tudo bem. - Respondeu Isabela.Após responder, Isabela subitamente percebeu algo estranho.Não deveria ele estar na delegacia?Ela rapidamente olhou para o visor do telefone e viu que era um número desconhecido, ficando imediatamente em alerta:- Quem é você? Como conseguiu esse número?A pessoa do outro lado da linha, com um tom ligeiramente irritado, disse: - Isabela, você não reconhece minha voz?Esse tom, essa voz, essa maneira de falar... Era ele, sem dúvida.Mas o celular tinha sido um presente de Reginaldo, e aquele número também era novo.- Mas por que seu número está diferente?- Assim como você, estou usando um celular e um número novo para evitar ser rastreado e interceptado.Respondeu Isabela.De repente, se sentiu aliviada, se encostou fracamente na parede e fechou os olhos.Tanta coisa aconteceu nesses dois dias que ela começou a se sentir paranóica e muito tensa.Notando a frieza dela, Gabriel ficou um pouco magoado:
- Por que se tremeu aí? - Caio, sentado no sofá, de repente falou, sua voz carregada de um sorriso sinistro. - Você não deveria estar seguindo eles? E o resultado?De repente, o homem caiu de joelhos no chão: - Sr. Caio, desculpe... Eu... Eu os perdi!- Perdeu? - Caio apareceu pela metade das sombras, sua voz fria, porém suave. - Isso significa que a missão não foi cumprida, não é mesmo?O homem de preto tremia intensamente, batendo a cabeça e suplicando: - Sr. Caio, desculpe, por favor, me dê outra chance...- Outra chance? - Caio riu friamente. - Agora que nem conseguem encontrar as pessoas, dar outra chance adiantaria?Dito isso, Caio levantou a mão e pegou uma faca de frutas, espetando diretamente a palma da mão do homem de preto.A dor intensa fez o homem de preto morder com força o lábio inferior, sem emitir nenhum som.Observando isso, Caio girou a faca de frutas duas vezes na palma da mão do homem de preto e depois segurou seu queixo: - Desta vez, vou o deixar escapar, mas s