Quem diria, o repórter não demonstrava medo algum e retirou outra caneta gravadora da bolsa, dizendo com um sorriso:- Srta. Felícia, será que acertei em cheio, e é por isso que você está tão furiosa e envergonhada? Além disso, estão arrastando as malas, inclusive com empregados, para onde planejam ir? Se esconder?- Srta. Felícia, falando sério, sua história possui tantos detalhes que começo a suspeitar: será que você não é a própria Isabela, que se acreditava estar morta? Caso contrário, realmente não compreendo por que o Sr. Gabriel mataria alguém em seu nome.- E seus dois filhos, de forma alguma parecem ser do Sr. André, estou correto nessa suposição?Isabela estremeceu, apertando a mala que segurava involuntariamente.Esse repórter, sem dúvida, tinha suas conexões e veio claramente preparado.E o objetivo deles era publicar absurdos, provocando problemas.- Já falou o suficiente? - Isabela encarou-o com olhos frios, seus lábios finos se entreabriram levemente, e ela falou pausada
O homem do outro lado da linha hesitou por um instante e respondeu friamente:- Que tipo de informação você conseguiu?- Nada. Só vi um grupo deles com malas, parecendo que estavam prestes a fugir. Fiz várias perguntas difíceis, mas não obtive resposta alguma. Não posso simplesmente inventar algo, posso?Do outro lado da linha, se ouviu uma risada fria:- Mesmo que seja inventado, quero que você crie uma notícia convincente.O homem, tocando a bochecha, concordou com relutância:- Entendi. - Após uma breve pausa, ele pareceu se lembrar de algo e acrescentou. - Ah, sim, eu reconheci a pessoa que veio buscá-los. É alguém próximo do André.- André?A pessoa do outro lado da linha silenciou por um momento e depois ironizou:- Tá bom, já entendi. Prepare o rascunho da notícia para mim.- Certo....Enquanto isso, no carro, após o incidente recente, reinava um silêncio compreensivo, tornando a atmosfera dentro do veículo extremamente tensa.Cláudio foi o primeiro a quebrar o silêncio.- Não
Após trocar de carro, Reginaldo retornou à estrada principal e seguiu por meia hora em direção aos subúrbios. Atravessou um bosque antes de, finalmente, estacionar.- Senhora, chegamos.Isabela saiu do carro e observou a casa à sua frente, sem saber exatamente como descrevê-la.À primeira vista, parecia uma cabana na floresta, mas estava circundada por altos muros e um portão de ferro. Havia câmeras de vigilância e alarmes por todo lado, além de uma cerca elétrica no topo do muro. Era praticamente impossível entrar ali sem se deparar com um perigo mortal.- André tem até um lugar desses e eu nem imaginava.Cláudio, também surpreso, observava ao redor:- Este lugar é realmente seguro.Reginaldo ajudou a descarregar as malas do carro e disse:- Senhora, sei que pode ser um pouco desconfortável para vocês ficarem aqui, mas o Sr. André está preocupado com a segurança de vocês. Portanto, até descobrirmos quem está por trás de tudo isso, esperamos que fiquem aqui.Isabela assentiu:- Claro
Se realmente era assim...Então todos os mistérios estavam resolvidos.Ela se perguntava, se de fato foi Caio quem a traiu, por que ele teria feito isso?Agora, ela sabia.Para colaborar com o Grupo Jóias do Rio.Então, talvez Gabriel estivesse certo, Caio não era quem ela pensava.Mas ainda assim...Ela sempre sentiu que quem denunciara Gabriel por assassinato deveria ser outra pessoa, não Caio.Mesmo que Caio tivesse realmente feito um acordo com o Sr. Daniel para a parceria com o Grupo Jóias do Rio, que falhou porque Gabriel a salvou, isso não seria motivo suficiente para querer Gabriel morto, certo?Além disso, ele também ameaçou André e ela.Será que uma parceria com o Grupo Jóias do Rio valeria tudo isso?Vendo ela pensativa, Cláudio franziu a testa: - Você está suspeitando do Caio, não está?Isabela olhou para ele e balançou a cabeça: - Não, eu suspeito da parceria dele com o Sr. Daniel, mas não acredito que ele tenha incriminado Gabriel.Cláudio apenas murmurou friamente, sem
- Como está a situação aí, está tudo bem?- Sim, está tudo bem. - Respondeu Isabela.Após responder, Isabela subitamente percebeu algo estranho.Não deveria ele estar na delegacia?Ela rapidamente olhou para o visor do telefone e viu que era um número desconhecido, ficando imediatamente em alerta:- Quem é você? Como conseguiu esse número?A pessoa do outro lado da linha, com um tom ligeiramente irritado, disse: - Isabela, você não reconhece minha voz?Esse tom, essa voz, essa maneira de falar... Era ele, sem dúvida.Mas o celular tinha sido um presente de Reginaldo, e aquele número também era novo.- Mas por que seu número está diferente?- Assim como você, estou usando um celular e um número novo para evitar ser rastreado e interceptado.Respondeu Isabela.De repente, se sentiu aliviada, se encostou fracamente na parede e fechou os olhos.Tanta coisa aconteceu nesses dois dias que ela começou a se sentir paranóica e muito tensa.Notando a frieza dela, Gabriel ficou um pouco magoado:
- Por que se tremeu aí? - Caio, sentado no sofá, de repente falou, sua voz carregada de um sorriso sinistro. - Você não deveria estar seguindo eles? E o resultado?De repente, o homem caiu de joelhos no chão: - Sr. Caio, desculpe... Eu... Eu os perdi!- Perdeu? - Caio apareceu pela metade das sombras, sua voz fria, porém suave. - Isso significa que a missão não foi cumprida, não é mesmo?O homem de preto tremia intensamente, batendo a cabeça e suplicando: - Sr. Caio, desculpe, por favor, me dê outra chance...- Outra chance? - Caio riu friamente. - Agora que nem conseguem encontrar as pessoas, dar outra chance adiantaria?Dito isso, Caio levantou a mão e pegou uma faca de frutas, espetando diretamente a palma da mão do homem de preto.A dor intensa fez o homem de preto morder com força o lábio inferior, sem emitir nenhum som.Observando isso, Caio girou a faca de frutas duas vezes na palma da mão do homem de preto e depois segurou seu queixo: - Desta vez, vou o deixar escapar, mas s
- Mas... - O rosto de Caio se transformou e sua voz desceu a um tom glacial. - Gabriel, não me culpe por não o avisar, na minha opinião, você não pode proteger as pessoas que deseja proteger, assim como a Felícia...- Como você se atreve! - Disse Gabriel.- O que eu não me atrevo a fazer? - Caio soltou um riso desdenhoso. - Gabriel, você não conhece minha origem, mas eu conheço tudo sobre você, inclusive com o que você se importa. Então, o que eu não me atrevo a fazer?Ao ouvir isso, veias saltaram na testa de Gabriel, seus olhos se encheram de frieza.Na Cidade S, ninguém jamais ousou falar com ele dessa forma!Especialmente ao pensar no rosto familiar de Caio, ele apertou os punhos com força e deu um soco na cadeira ao lado.- Maldito! Caio, eu vou fazer a Felícia enxergar sua verdadeira face mais cedo ou mais tarde! - Gritou Gabriel.- Ótimo, estou disposto a ir até o fim. É melhor você gravar essa ligação, caso contrário, você ficará sem uma prova. - Respondeu Caio.Gabriel sorriu
Na casa de campo na floresta.Isabela já estava aqui havia exatamente dois dias.Nesses dois dias, Gabriel não entrou mais em contato com ela, e os outros também não, como se tivessem perdido o contato com o mundo exterior de repente.A única fonte de informação disponível era a internet.Mas as notícias online eram apenas sobre Isabela agredindo um repórter, deixando Vila da Nuvem com a criança, ou especulações sobre a identidade da criança, além dos relacionamentos entre ela e alguns homens. Não havia nenhuma notícia relacionada ao caso.Isabela não fazia ideia da situação de Gabriel e André. Gabriel foi absolvido? O verdadeiro culpado foi capturado? André estava seguro?Isabela não sabia de nada... A única coisa que sabia era esperar, esperar pela verdade vir à tona.Esses dois dias a deixaram com uma dor de cabeça constante, mas ela simplesmente não conseguia entender. Então, ela decidiu parar de pensar nisso.Quem era traidor, quem era leal, eventualmente seria descoberto, e ela n