Depois que Tomás partiu, Isabela ficou olhando para a pasta de documentos por um bom tempo, perdida em seus pensamentos.Ela não sabia como tomar uma decisão.Se André continuasse sem entrar em contato, ela deveria mesmo entregar o documento de transferência para ele?Recentes acontecimentos estavam deixando ela um pouco aflita.Mas as coisas precisavam ser resolvidas, né?Isabela se levantou, olhando para os galhos secos do lado de fora da janela, balançando como garras de um monstro no vento. Ela não pôde deixar de suspirar.Após o outono, vinha o inverno. Então, quando seria a primavera?Ela já começou a ansiar pela primavera....Para evitar que Iara e os outros ficassem preocupados, Isabela fez o check-out depois de apenas dois dias no hospital.No entanto, ao retornar para a Vila da Nuvem, ela se deparou com a figura ocupada de Iara na cozinha.Rivaldo desceu correndo das escadas e abraçou ela. - Madrinha, finalmente você voltou. Senti tanto a sua falta. - Expressou Rivaldo. Com
No escritório de André, os livros estavam dispostos nas prateleiras de maneira organizada por categorias.Entretanto, a maioria deles era relacionada à lei, além de alguns sobre finanças, o que fez Isabela começar a sentir uma leve dor de cabeça só de ler os títulos.Depois de procurar um pouco, ela finalmente encontrou um romance. Ao retirá-lo da prateleira, acabou derrubando acidentalmente outros livros.Isabela se abaixou para pegar eles e percebeu que entre os livros havia uma carta, com o envelope marcado com as palavras “Para Isa”.Para ela? Quem poderia ter enviado?Curiosa, colocou o livro de lado e abriu a carta.No entanto, à medida que lia, a sensação em seu coração ficava cada vez mais fria e penetrante.Porque aquela era uma carta escrita por Mônica antes de sua morte.Uma carta de Mônica para ela. Como poderia estar ali, no escritório de André?E mais, André nunca entregou a carta a ela...Isso fez ela lembrar daquela noite e muitos pensamentos começaram a inundar sua m
Isabela chorava e ria ao mesmo tempo. - É irônico, né? A mãe dele morreu por minha causa, mas ele ainda me vê como uma salvadora. - Zombou Isabela.À medida que ria cada vez mais alto, seu riso de repente se transformou em silêncio.Ela mesma matou George, foi a causa da morte de Mônica e, ainda assim, ela se tornou a madrinha de Rivaldo.Se Rivaldo soubesse a verdade, certamente mataria ela, né?Por que precisaria de Rivaldo para agir? Ela se odiava profundamente!Ela queria xingar André, chamar ele de insensível, acusar ele de ser sanguinário e injusto, mas...Ele fez isso para salvar ela.Ela levantou a cabeça, soltou um respiro fundo e olhou para André novamente.- André, eu te julguei errado. Você nunca foi aquele André gentil. Na verdade, é parecido com o Gabriel. - Comentou Isabela, desesperada. Dito isso, ela mordeu o lábio, desajeitadamente, enxugou as lágrimas. - Para se divorciar de mim, você prefere encontrar alguém para atuar. Acho que não posso te impedir. Então... Ela
Os desejos de Mônica, Isabela não conseguiu realizar nenhum.No início, havia a chance de encontrar Rivaldo quatro anos atrás, mas ela chegou tarde demais.E aquela filha de Mônica... Pedro já havia dito a ela quatro anos atrás que ela estava morta.Os dois filhos de Mônica, ela não conseguiu proteger. Como ela poderia se justificar?Num lampejo, ela se lembrou da cena do incêndio.Com dificuldade para respirar, caída no chão, era Mônica que ajudava ela, afastando a fumaça, chamando seu nome sem parar.- Isa, não durma, se dormir, tudo estará perdido. Isa, não durma, abra os olhos. ...Naquele momento, Mônica já sabia que estava prestes a morrer.O que ela estava pensando naquela hora?Isabela se esforçava para lembrar, tentando recordar o que Mônica disse antes de desmaiar.Mas, mesmo com a maré subindo à altura de seus pés, ela não conseguia se lembrar.- Srta. Felícia. - De repente, uma voz soou atrás dela. - Srta. Felícia?Isabela virou a cabeça, vendo Tomás de pé diante dela.- S
Isabela se mostrou ligeiramente surpresa. Ela imaginava que, ao final, haveria um desfecho feliz, mas não esperava algo tão... Tão triste.No entanto, Caio não respondeu à sua pergunta. Em vez disso, adicionou um pacote de açúcar ao café dela, comentando:- Na realidade, inventei a parte final da história. O pai e o filho ainda estão sem um desfecho definido.Isabela, confusa, questionou:- Por que me contou essa história?- Estava apenas refletindo sobre algo que ouvi por acaso. Como um filho pode odiar tanto o próprio pai? Se fosse com meu filho, eu realmente não saberia o que fazer.- Acredito, contudo, que o final da história possa ser diferente do que imagina. Talvez o filho perceba o amor do pai e, no final, ambos resolvam suas diferenças e convivam em harmonia.Caio ergueu uma sobrancelha:- Acha mesmo?Isabela assentiu:- Prefiro acreditar nessa segunda possibilidade. A relação entre pai e filho, a não ser que...- A não ser o quê?- A menos que... - Ela hesitou. - A menos qu
Vila da Nuvem.Depois que Isabela partiu, André permaneceu sentado, imóvel, em seu escritório.Ele desejava se divorciar dela, queria que ela o odiasse e o desprezasse para que se afastasse e nunca mais se envolvesse com os assuntos do Grupo Almeida.No entanto, o que ele realmente almejava não era um desfecho assim.Ele não queria que ela o visse como um demônio, um monstro capaz de matar sem hesitar.Jurava esconder isso dela por toda a vida, pois não suportava a ideia de ser odiado por ela dessa maneira.E ele a conhecia muito bem.Ela o odiaria, sim, mas ele se odiaria ainda mais.Não, isso não era o que ele queria...Desde a noite em que perderam a razão, se tornou difícil para André e Isa voltarem ao passado, dadas as suspeitas dele.Por isso, mais tarde, ele planejou usar essa desconfiança para encenar uma situação com Bela Martins, induzindo Isabela a deixar aquele lugar problemático.Ele se vingaria por ela; tudo o que queria era garantir sua segurança e felicidade.Mas agora.
Neste momento, no Botequim Maluco.Isabela, pálida, se sentou ao balcão do bar: - Me dê um copo de bebida.- Claro. - O barman, após responder, levantou a cabeça e reconheceu a pessoa que chegou. - Patroa, quer que eu a leve para o camarote privado? É mais tranquilo lá.Isabela balançou a cabeça: - Não, pode ser aqui mesmo, abra uma garrafa de uísque para mim.O barman, conhecendo a capacidade de Isabela para bebida, aconselhou:- Patroa, você não bebe muito bem, beba menos.- Menos conversa! - Isabela olhou friamente para ele. - Se continuar falando, vou te demitir!- Sim, vou servir.Isabela, apoiada no balcão, observava os homens e mulheres animados no bar e não pôde deixar de sorrir.Depois que Caio partiu, ela se sentou por muito tempo à beira mar.Mas olhando para a praia deserta, seu coração de repente se sentiu solitário, abafado e dolorido.Ela queria ir a um lugar quente, para aquecer seu coração gelado.Mas todos os lugares conhecidos eram inacessíveis, e quando realmente
O que essa mulher estava tentando fazer?Ela estava tão perto de um homem lá fora, sem medo de se aproveitarem dela!Justo quando ele pensou em se aproximar, Isabela, de repente, empurrou o homem com força, se apoiou no balcão do bar e disse ao barman:- Chame a polícia, o prenda! Ele me assediou!- Certo. - O barman imediatamente chamou a polícia.Ao ver isso, o homem protestou: - Foi você quem se encostou em mim e ainda bebeu a minha bebida. Agora quer chamar a polícia?Isabela, um pouco bêbada, mas ainda lúcida, pegou uma garrafa de cerveja, a quebrou no balcão e apontou o lado quebrado para o homem:- O quê? Você disse que eu me encostei em você?O homem, assustado, disse:- O que você quer fazer? Matar alguém? Agora sou eu quem vai chamar a polícia!- Então chame. - Isabela suspirou profundamente e amaldiçoou. - Por quê? Por que você tem o direito de chamar a polícia? Eu odeio ser enganada! Por que mentiu para mim? Por quê?Sua voz aumentava a cada palavra, quase histérica no fin