Vila da Nuvem.Depois que Isabela partiu, André permaneceu sentado, imóvel, em seu escritório.Ele desejava se divorciar dela, queria que ela o odiasse e o desprezasse para que se afastasse e nunca mais se envolvesse com os assuntos do Grupo Almeida.No entanto, o que ele realmente almejava não era um desfecho assim.Ele não queria que ela o visse como um demônio, um monstro capaz de matar sem hesitar.Jurava esconder isso dela por toda a vida, pois não suportava a ideia de ser odiado por ela dessa maneira.E ele a conhecia muito bem.Ela o odiaria, sim, mas ele se odiaria ainda mais.Não, isso não era o que ele queria...Desde a noite em que perderam a razão, se tornou difícil para André e Isa voltarem ao passado, dadas as suspeitas dele.Por isso, mais tarde, ele planejou usar essa desconfiança para encenar uma situação com Bela Martins, induzindo Isabela a deixar aquele lugar problemático.Ele se vingaria por ela; tudo o que queria era garantir sua segurança e felicidade.Mas agora.
Neste momento, no Botequim Maluco.Isabela, pálida, se sentou ao balcão do bar: - Me dê um copo de bebida.- Claro. - O barman, após responder, levantou a cabeça e reconheceu a pessoa que chegou. - Patroa, quer que eu a leve para o camarote privado? É mais tranquilo lá.Isabela balançou a cabeça: - Não, pode ser aqui mesmo, abra uma garrafa de uísque para mim.O barman, conhecendo a capacidade de Isabela para bebida, aconselhou:- Patroa, você não bebe muito bem, beba menos.- Menos conversa! - Isabela olhou friamente para ele. - Se continuar falando, vou te demitir!- Sim, vou servir.Isabela, apoiada no balcão, observava os homens e mulheres animados no bar e não pôde deixar de sorrir.Depois que Caio partiu, ela se sentou por muito tempo à beira mar.Mas olhando para a praia deserta, seu coração de repente se sentiu solitário, abafado e dolorido.Ela queria ir a um lugar quente, para aquecer seu coração gelado.Mas todos os lugares conhecidos eram inacessíveis, e quando realmente
O que essa mulher estava tentando fazer?Ela estava tão perto de um homem lá fora, sem medo de se aproveitarem dela!Justo quando ele pensou em se aproximar, Isabela, de repente, empurrou o homem com força, se apoiou no balcão do bar e disse ao barman:- Chame a polícia, o prenda! Ele me assediou!- Certo. - O barman imediatamente chamou a polícia.Ao ver isso, o homem protestou: - Foi você quem se encostou em mim e ainda bebeu a minha bebida. Agora quer chamar a polícia?Isabela, um pouco bêbada, mas ainda lúcida, pegou uma garrafa de cerveja, a quebrou no balcão e apontou o lado quebrado para o homem:- O quê? Você disse que eu me encostei em você?O homem, assustado, disse:- O que você quer fazer? Matar alguém? Agora sou eu quem vai chamar a polícia!- Então chame. - Isabela suspirou profundamente e amaldiçoou. - Por quê? Por que você tem o direito de chamar a polícia? Eu odeio ser enganada! Por que mentiu para mim? Por quê?Sua voz aumentava a cada palavra, quase histérica no fin
- Você está bêbada, venha comigo - Disse Gabriel, estendendo a mão.Isabela afastou a mão dele e olhou friamente em sua direção:- Com que direito você fala assim comigo? Gabriel, de todas as pessoas do mundo, você é quem menos tem esse direito! Quem me fez ficar assim, não foi você? Com que direito você se faz de bom samaritano agora?Gabriel, com a mão ainda suspensa no ar, a encarou com uma mistura de impaciência e resignação. Suspirando e ignorando a resistência dela, ele a levantou nos braços e caminhou em direção ao camarote mais afastado.- Me solte! Eu vou chamar a polícia! - Exclamou Isabela.- Chame a polícia, então. Esperarei aqui pelos policiais. - Respondeu Gabriel, desafiador.Ao entrar no camarote reservado, Gabriel a colocou cuidadosamente no sofá.- Sei que você está temperamental e precisa desabafar, Isa. Não vou impedir. - Disse ele, passando uma cerveja para ela e apontando para a própria cabeça. - Pode me bater aqui, não vou reagir. Faça isso até se acalmar.- Voc
Talvez fosse porque, após desabafar, a obsessão de Isabela tenha diminuído, então ela se agitou por um tempo e acabou adormecendo em seus braços.Olhando para a mulher adormecida em seu colo, ele estendeu a mão e acariciou suavemente o rosto dela.- Isa, confie em mim, por favor?Em seguida, ele a colocou no sofá, tirou o casaco e o cobriu sobre ela. Com medo de que ela não estivesse confortável com a cabeça inclinada, ele levantou a cabeça dela e a apoiou em suas próprias coxas. A vendo respirar tranquilamente, ele suspirou aliviado, relaxou no sofá e ajustou sua gravata.“Isa, aquele homem que se fazia passar por seu marido era uma pessoa má, definitivamente não era uma pessoa boa. Não confie nele.”No entanto, ele sabia que se dissesse isso agora, provavelmente teria o efeito oposto e a empurraria na direção de Caio Nunes.Pensando nisso, ele franziu a testa.Esse homem se fez passar por seu marido apenas para se aproximar de Isa, então qual era o seu alvo, ele ou Isa?Ele poderia
No dia seguinte, Isabela despertou às três da tarde.Ela se ergueu no sofá, segurando a testa, e, apesar de ter dormido tanto, ainda se sentia tonta.Ela olhou ao redor, espremendo os olhos, e relaxou um pouco ao confirmar que estava na cabine do Botequim Maluco.Porém, como ela poderia se recordar de ter encontrado Gabriel na noite anterior?Ela discutiu com Gabriel, mas o que teria acontecido depois?Ela não conseguia recordar.Após a ressaca, além da dor de cabeça, sentia uma sede intensa. Isabela se levantou em busca de água.O barman a viu e prontamente veio em seu auxílio:- Chefe, você acordou. Sente aqui que vou preparar um café para a ressaca.- Alguma coisa aconteceu ontem à noite?O barman, percebendo sua amnésia, e se lembrando das palavras de Gabriel, negou rapidamente:- Não, nada aconteceu.- Isso não está certo. - Isabela balançou a cabeça. - Eu me lembro claramente de que algo importante aconteceu. Como fui parar na cabine?- Ah, você bebeu demais, e eu te ajudei a che
- Madrinha! O que você está fazendo?- Senhorita, por que está ajoelhada? Se levante rapidamente!Isabela, com os lábios tremendo, segurou a mão de Rivaldo e chorou:- Rivaldo, me perdoe, eu te decepcionei.Rivaldo, também ajoelhado, abraçou Isabela num gesto desesperado:- Madrinha, não me assuste, por que está pedindo desculpas de repente? Você não me quer mais? Está pensando em me mandar embora?Para alguém acostumado a depender dos outros e a viver vagando, o maior medo era ser abandonado.Por fora, Rivaldo aparentava estar habituado, mas por dentro, ele se preocupava profundamente, sentindo um vazio instantâneo no coração.Isabela balançou a cabeça:- Lembra quando, há quatro anos, você me perguntou como sua mãe morreu? Hoje, vou te contar, mas... Depois disso, talvez você não me chame mais de madrinha.- Madrinha, por que está falando assim? A morte da minha mãe não foi um acidente?- E se não tivesse sido um acidente?Rivaldo, chocado, questionou:- Não foi um acidente? Como ass
Isabela estremeceu, olhando assustada.- Rivaldo, você... Como saiu?- Madrinha, eu ouvi tudo.Isabela, com os lábios tremendo de nervosismo, cravava as unhas na carne, até a respiração parou.Mesmo tendo se preparado, naquele momento, ela de repente sentiu medo.Rivaldo se aproximou, segurou a mão dela e olhou nos seus olhos.- Madrinha, não importa o que aconteceu há quatro anos, eu nunca vou te odiar ou te deixar. Isabela franziu a testa:- Rivaldo, se você soubesse a verdade...- Eu sei o que você quer dizer. - Rivaldo a interrompeu. - Você quer dizer que foi você quem matou minha mãe, não é? Se não fosse por você, ela não teria morrido, certo?Isabela, atônita, olhou para ele desordenadamente.Ele tinha apenas onze anos, como podia ser tão perspicaz, até mesmo deduzir isso...- Madrinha, se não fosse por você, eu ainda estaria fazendo entregas perigosas, arriscando minha vida todos os dias, correndo o risco de ser pego ou de me envolver com aquelas coisas ruins. De qualquer forma