Ao chegar ao hospital, Gabriel acabava de passar pela cirurgia, sem risco de vida, e já estava em um quarto individual no último andar. Isabela, sem ver ninguém por perto, abriu a porta e entrou.A luz branca da lua brilhava sobre ele, tornando sua pele pálida ainda mais cadavérica, como se não tivesse um pingo de cor. Isabela pegou uma cadeira e se sentou ao lado da cama, olhando fixamente para o rosto tranquilo de Gabriel, iluminado pela luz da lua.Apesar de familiar, havia uma sensação estranha, algo que a fazia se sentir desconfortável. O quarto permanecia às escuras, exceto onde a luz da lua tocava, mas Isabela não queria acender as luzes, como se isso a impedisse de enfrentar algo. Ou talvez, tornasse tudo mais tranquilo.Ela segurou a mão fria de Gabriel e riu, soltando um som divertido. - Gabriel, às vezes eu realmente acho que sou idiota. Prometi a mim mesma que não entraria mais em contato com você, mas aqui estou, incapaz de resistir e vindo te ver. No passado, eu pens
Isabela, desconfiada, desvelou o curativo no abdômen de Gabriel, confirmando a presença de um ferimento ali. Em seguida, ela ergueu o colarinho da camisa, revelando um curativo no ombro. Ao notar a expressão séria dela, Cláudio interveio: - Se você ainda duvida, posso desfazer as ataduras para que você veja com clareza.Isabela, sentada na cadeira, se deixou cair para trás, relembrando os eventos daquele momento. Quando Rivaldo a abraçou, George já estava caído no chão e ele só podia atirar de baixo para cima, vindo de trás. A bala deveria ter atingido o ombro de Gabriel? E aquela bala no abdômen...Então, a conclusão era que, naquela noite na sala escura, o som do tiro que Isabela ouviu não era para George, mas sim para Gabriel?Ao perceber que Isabela não respondia, Cláudio estava prestes a desfazer o curativo, mas foi interrompido por ela, que o deteve com firmeza.- Não é preciso.- Não quero que pense que estou mentindo para você. Ele levou dois tiros, não apenas um. Precisa ent
- Isa.O olhar de Cláudio estava complicado, como se soubesse algo, mas relutasse em falar. - Talvez você descubra no futuro.Isabela balançou a cabeça. - Deixa pra lá, se ele não quiser contar, de nada adianta eu perguntar agora e eu não quero mesmo.- Do ponto de vista da psicologia, a formação da personalidade envolve muitos fatores, sendo a infância o mais impactante.Com um suspiro, Cláudio continuou: - Mas, no fim das contas, isso é uma questão pessoal, não devo me estender muito. No entanto, já que mencionou quatro anos atrás, há algo que eu quero te contar.- O que é?- Você deve se lembrar que, quatro anos atrás, eu hipnotizei o Gabriel para ajudar Gabriel a recuperar suas memórias, certo? Há seis anos, naquele acidente de carro, ele perdeu algumas lembranças, especialmente aquelas relacionadas a você. Somado a isso, Mariana inventou histórias sem sentido, o que fez com que ele ficasse distante por aqueles dois anos. Não foi que ele deixou de te amar, ele esqueceu muitas co
Cláudio, por ter que trabalhar no turno da manhã no dia seguinte, voltou para casa para descansar assim que Rodrigo chegou. Isabela, por sua vez, permaneceu ao lado da cama durante toda a noite. No entanto, durante aquelas horas, ela não dormiu nem falou. Ficou ali, olhando para o homem na cama e para o céu lá fora.Ninguém sabia o que ela estava pensando, nem o que esperava. Na manhã seguinte, quando Rodrigo notou sua palidez, se aproximou dela, dizendo com preocupação: - Senhora, você passou à noite toda aqui e está cansada. Por que não vai descansar um pouco. Quando o senhor acordar, eu te aviso?Isabela negou com a cabeça, tossiu e disse com uma voz rouca: - Não, vou esperar ele acordar. Tenho algumas perguntas para fazer.Ela queria questionar ele sobre o que Cláudio disse, sobre a amnésia que supostamente a fez sofrer. Não que ela se importasse, mas queria esclarecer o que ele esqueceu.Rodrigo conhecia seu temperamento e sabia que não conseguiria persuadir ela. - Entendi. V
Ela era Isabela e João era seu irmão. Isso não poderia estar errado. Então, por que o resultado do teste de DNA indicava algum problema?Será que alguém havia manipulado os resultados do exame de paternidade? E, se sim, quem poderia ter feito isso? André ou Gabriel?Enquanto aqueles pensamentos giravam na mente de Isabela, Mariana, de repente, agarrou seus cabelos por trás. - Felícia, deixe eu te contar, isso está longe de acabar. Haverá muitos dias pela frente para você se divertir comigo.Isabela tentou se libertar, mas Mariana segurava firme. - Felícia, só porque você está bem agora, não significa que ficará bem na próxima vez. Além disso, você estar bem não garante que as pessoas ao seu redor também estarão. Se lembre, não tente se opor a mim!- Me solte!- Eu não vou soltar. Eu adoro ver a expressão de dor no seu rosto!Mariana riu de maneira maliciosa, puxando os cabelos de Isabela e a girando brutalmente. Em seguida, ela segurou o pescoço de Isabela, ameaçando: - Volte e di
Assim que Mariana saiu, Isabela ligou imediatamente para Cláudio.- Cláudio, você tem notícias da Carina recentemente?- Carina? O tio disse que ela está viajando pelo país R, o que aconteceu?Isabela franziu a testa:- Não consigo falar ela, estou com medo de que algo tenha acontecido.Cláudio estava cético, rindo sarcasticamente: - Algo aconteceu? Carina sempre é a que apronta, nunca vi ninguém ousar tocá-la. Isa, você está pensando demais.- Ela não pode estar no país R, ela estava na Cidade S antes, mas desde ontem não consigo mais falar com ela. Suspeito que Mariana tenha feito algo.- Como assim?No momento em que a conversa terminou, Cláudio entrou pela porta, desligou o celular e entregou uma xícara de café para Isabela: - Isa, não pense demais, eu conheço Carina, você não precisa...- Cláudio, estou muito séria. No dia da transmissão ao vivo da Mariana e do Fábio, ela me ligou, avisando que Mariana poderia ser prejudicial para mim, mas ontem, quando liguei para ela procurand
Cláudio se aproximou e cheirou, imediatamente franzindo a testa. O odor era penetrante, uma mistura de diversos cheiros que fazia as pessoas instintivamente cobrirem o nariz.- Vou descer para dar uma olhada. - Disse Cláudio.Isabela agarrou Cláudio e ligou a lanterna do celular: - Vou com você.Com cuidado, desceram as escadas, e à medida que se aproximavam do porão, o cheiro se intensificava. Entre essa amalgama de odores estranhos, percebia-se um forte odor de sangue.Um pressentimento sombrio envolveu Isabela, que segurou firmemente o braço de Cláudio, seu coração acelerando. “Por favor, que nada de ruim tenha acontecido...”A porta do porão estava trancada com um grande cadeado, e Cláudio não tinha a chave consigo. Ele decidiu chamar alguém para trazer ferramentas.- Espere um momento. - Disse Isabela, tirando um grampo de cabelo da cabeça. - Você sabe como usar isso para abrir a fechadura?Cláudio, surpreso, pegou o grampo: - Vou tentar.Mesmo estando um pouco enferrujado, e
Isabela verificou casualmente os ferimentos no corpo de Carina, marcas da mistura causada por golpes de cassetete, e a roupa ainda estava manchada de sangue espesso. Rapidamente, Isabela tirou a própria camisa e a envolveu ao redor da metade inferior de Carina, mordendo os lábios com sentimentos complexos em seu coração.- Desculpe...Se não fosse por informar a ela, Carina não teria acabado com esse destino.Uma moça tão boa, na pior das hipóteses, apenas com palavras afiadas, mas nunca fez algo prejudicial. Especialmente agora, nesta situação, Isabela não pôde deixar de lembrar de Sofia, sentindo o nariz arder, as lágrimas quase caindo.De repente, a pessoa em seus braços se moveu, ouvindo uma voz fraca.- Felícia?Isabela imediatamente olhou para baixo e viu os lábios secos e pálidos de Carina se moverem, parecendo estar dizendo alguma coisa; ela se aproximou rapidamente.- O que você quer dizer? Sou eu, Felícia, estou aqui.- Eu... Meu... Primo... Ele Não... Viu... Eu... Assim?-