Mariana hesitou por um momento, sentindo uma crescente inquietação em seu coração. Ela observava atentamente Isabela, temendo que ela detectasse algum sinal.- Por que eu te contaria alguma coisa?Isabela, contudo, apenas lançou um olhar passageiro e sardônico a ela.- Eu, simplesmente, me pergunto como alguém tão cruel e egoísta como você poderia doar um rim. É difícil de acreditar.Dizendo isso, Isabela contornou Mariana, caminhando em direção à cozinha para preparar um copo de leite. Mariana, percebendo que Isabela estava alheia, rapidamente se interpôs no caminho dela, zombando:- Está com ciúmes?- Ciúmes de você? De uma mulher que destrói os relacionamentos dos outros? Ciúmes de uma pessoa sem coração? Sai da minha frente.Mariana, cerrando os dentes, desafiou:- Isabela, não se faça de tola. Você esteve com André na noite passada, você realmente acha que Gabi vai te deixar em paz? Nem em sonho! E mais, qualquer coisa que te pertença, eu vou tomar. E se eu não puder tomar, eu vou
- Ela fez um aborto três anos atrás, o que a tornou estéril para toda a vida.Ao ouvir isso, os olhos de Isabela se arregalaram, sua respiração parou por um instante:- O que você disse? Ela é estéril?- Sim, mas eu notei que ela parece ter tido um aborto espontâneo há pouco tempo, então achei um pouco estranho.Um sorriso irônico e incrédulo curvou no canto da boca de Isabela. Ela nunca teria imaginado que Mariana era estéril.A gravidez anterior era apenas uma mentira para enganar Gabriel.- Me envie esse relatório.- Claro.Olhando para o céu, Isabela ponderou:- Ah, você pode me ajudar a visitar alguém na prisão?- Quem?- O motorista que atropelou Mariana.Depois de desligar o telefone, Isabela mordeu o lábio. "Essas evidências ainda são insuficientes para fazer Gabriel desconfiar de Mariana. O mais importante é que ainda não há maneiras de provar minha inocência." Enquanto refletia, Mariana bateu à porta.- Isabela, fiz um leite para você.Com um resmungo frio, Isabela pensou, "
Isabela estava possuída pelo ódio.Ela cerrou os dentes, desejando poder vingar, naquele exato momento, seus pais, e seu filho perdido!Ela correu na direção de Mariana, agarrou-a pelo colarinho e empurrou-a contra a parede.- Mariana, o que te fiz? Por que você quer destruir minha família?Mariana empurrou-a de volta e disse com um sorriso gelado:- Sim, tenho algo contra você! Porque você, Isabela, é sempre a "Rosa de Fogo" brilhando em Cidade S. Eu sempre sou vista como inferior a você. Porque, quando estou do seu lado, todos dizem que estou puxando seu saco. Todos dizem que sou inferior a você. Isabela, você foi realmente minha amiga? Não! Você só queria se destacar às minhas custas!Isabela, com olhos cintilando de raiva, negou:- Que mentira! Quando usei você? Você acha que eu preciso de você para alguma coisa?Ouvindo isso, Mariana, contorceu o rosto e gritou:- Você é sempre assim, você sempre age como se fosse superior! E eu? O que sou pra você? A “amiga” adotada pelos Pereira
Trêmula, ela recuou:- Porque você errou há dois anos, mesmo reconhecendo seu erro, confiando na pessoa errada, odiando a pessoa errada, você não voltaria atrás, você é orgulhoso. E a Mariana, uma mulher que cruelmente exterminou minha família, você ainda a chama de anjo!Um espasmo atacou os pulmões de Isabela e um jato de sangue encheu sua boca. Com uma expressão de desconforto, ela engoliu.- Gabi, você não disse que Mariana te deu um rim? Por que você não pergunta a ela, se foi o direito ou o esquerdo? Para uma mulher que rouba o homem e a vida de outra pessoa, roubar um rim é muito fácil!Gabriel ficou atônito, e sua mão, que antes segurava Mariana, afrouxou. Mariana disse:- Isabela, o que você está insinuando? Dois anos atrás, você teve um caso, e Gabi sofreu um acidente de carro. Naquele momento crítico, o hospital não tinha um rim, e eu não conseguia te encontrar. Minha única intenção era salvar seu marido. Sim, eu errei. Eu me apaixonei por Gabi enquanto cuidava dele. Mas ele
Ela ergueu a cabeça, e com um olhar melancólico, encarou o homem que já iluminara toda a sua vida. Ela perguntou com a voz rouca:- Gabi, então, como você pretende me punir desta vez?O coração de Gabriel tremeu ligeiramente. "Esta mulher é uma mestre em se fazer de vítima para ganhar compaixão. Eu já caí nessa armadilha tantas vezes, mas desta vez não vou cair de novo!"Ele estendeu a mão e a puxou para se levantar, com os lábios gélidos tocando o lóbulo da orelha dela:- Isabela, já que você não demonstra remorso, não me culpe por destruir tudo o que você preza!Isabela estremeceu, olhando-o com medo:- O que você vai fazer? Não machuque o João!- Já é tarde demais para você pedir minha ajuda!Dizendo isso, ele a arrastou pelo quarto e a levou escada abaixo, jogando-a no banco de trás do carro.Isabela se encolheu no canto:- Gabi, para onde você está me levando?"Da última vez, Gabriel me mandou para uma cela de detenção. E desta vez? Vai ser a prisão?"Gabriel lançou um olhar gélid
Ela apenas ficava ali, imóvel, observando o homem que amava mais do que a própria vida, o homem que um dia prometeu cuidar dela por toda a eternidade."Contos de fadas não existem."No final, o que restou a ela foi apenas um termo depreciativo.Um carro parou lentamente. Gabriel abriu a porta e a empurrou para fora.Ao levantar os olhos, Isabela avistou um quintal familiar coberto de ervas daninhas, e suas lágrimas começaram a cair incontrolavelmente.A antiga mansão da família Pereira, outrora tão próspera, agora estava desolada e abandonada.Ainda com o lacre da porta intacto, Gabriel a arrastou para dentro da casa principal, jogando-a no chão. Com um estalar dos dedos, dois seguranças trouxeram um garoto adolescente.Isabela estremeceu ao reconhecê-lo: era seu irmão mais novo, João.Ela se apressou a se levantar, esfregando os olhos com as costas das mãos:- João?João, com um olhar aterrorizado, olhou para ela e recuou um passo, gaguejando:- Quem é você?Isabela parou abruptamente
Isabela parecia ter tido um sonho muito longo. Nele, seus pais e Tio Cardoso estavam presentes, João ainda era o garoto radiante que a abraçava, Gabi ajudava-a a limpar o chocolate ao redor de sua boca e a chamava de "gatinha gulosa". Ela ria sem parar. Porém, de repente, uma sensação amarga tocou seus lábios, e ela percebeu que suas bochechas estavam molhadas. Por que estava chorando? Se estava tão feliz, por que estava chorando?Nesse momento, Mariana se aproximou dela usando um vestido branco, e todos ao redor estavam sorrindo e indo recebê-la, exceto Isabela, que ficou paralisada no lugar. Quando finalmente reagiu, todos já estavam à sua frente, e Gabriel olhava docemente para Mariana, como se Isabela tivesse se tornado dispensável. Ela ficou aterrorizada, com lágrimas escorrendo continuamente, tentando alcançá-los, mas suas mãos só agarravam o vazio.De repente, ela se sentou na cama, olhou fixamente para frente.- Pai, mãe, João...Nesse momento, Sofia entrou com uma tigela de so
Sofia prontamente pegou um lenço de papel para ajudar Isabela a se secar e entregou-lhe uma garrafa de remédio:- Isabela, aqui está o remédio.Após tomar o medicamento, Isabela fechou os olhos, receosa de relembrar o que aconteceu na antiga casa. Sofia não ousou permanecer por muito tempo. Vendo que Isabela havia tomado a sopa, ela empacotou tudo e levou o restante embora.Entretanto, logo após a saída de Sofia, em menos de dois minutos, Gabriel entrou na sala. Ele se sentou em uma cadeira e, parecendo perceber o calor residual, franziu a testa, olhando intensamente para Isabela como uma águia.- Quem esteve aqui há pouco?- Ninguém.- Isabela! Você é incrível. Os homens estão te seguindo até no hospital?Ao ouvir sua raiva, Isabela sentiu uma dor aguda em seu coração, mas logo riu zombeteiramente:- E daí? O que você espera, Gabriel? Que eu esqueça como você permitiu que meu próprio irmão me batesse com um vaso e me chamasse de venenosa, assassina dos nossos pais? Como eu poderia esq