Ela ergueu a cabeça, e com um olhar melancólico, encarou o homem que já iluminara toda a sua vida. Ela perguntou com a voz rouca:- Gabi, então, como você pretende me punir desta vez?O coração de Gabriel tremeu ligeiramente. "Esta mulher é uma mestre em se fazer de vítima para ganhar compaixão. Eu já caí nessa armadilha tantas vezes, mas desta vez não vou cair de novo!"Ele estendeu a mão e a puxou para se levantar, com os lábios gélidos tocando o lóbulo da orelha dela:- Isabela, já que você não demonstra remorso, não me culpe por destruir tudo o que você preza!Isabela estremeceu, olhando-o com medo:- O que você vai fazer? Não machuque o João!- Já é tarde demais para você pedir minha ajuda!Dizendo isso, ele a arrastou pelo quarto e a levou escada abaixo, jogando-a no banco de trás do carro.Isabela se encolheu no canto:- Gabi, para onde você está me levando?"Da última vez, Gabriel me mandou para uma cela de detenção. E desta vez? Vai ser a prisão?"Gabriel lançou um olhar gélid
Ela apenas ficava ali, imóvel, observando o homem que amava mais do que a própria vida, o homem que um dia prometeu cuidar dela por toda a eternidade."Contos de fadas não existem."No final, o que restou a ela foi apenas um termo depreciativo.Um carro parou lentamente. Gabriel abriu a porta e a empurrou para fora.Ao levantar os olhos, Isabela avistou um quintal familiar coberto de ervas daninhas, e suas lágrimas começaram a cair incontrolavelmente.A antiga mansão da família Pereira, outrora tão próspera, agora estava desolada e abandonada.Ainda com o lacre da porta intacto, Gabriel a arrastou para dentro da casa principal, jogando-a no chão. Com um estalar dos dedos, dois seguranças trouxeram um garoto adolescente.Isabela estremeceu ao reconhecê-lo: era seu irmão mais novo, João.Ela se apressou a se levantar, esfregando os olhos com as costas das mãos:- João?João, com um olhar aterrorizado, olhou para ela e recuou um passo, gaguejando:- Quem é você?Isabela parou abruptamente
Isabela parecia ter tido um sonho muito longo. Nele, seus pais e Tio Cardoso estavam presentes, João ainda era o garoto radiante que a abraçava, Gabi ajudava-a a limpar o chocolate ao redor de sua boca e a chamava de "gatinha gulosa". Ela ria sem parar. Porém, de repente, uma sensação amarga tocou seus lábios, e ela percebeu que suas bochechas estavam molhadas. Por que estava chorando? Se estava tão feliz, por que estava chorando?Nesse momento, Mariana se aproximou dela usando um vestido branco, e todos ao redor estavam sorrindo e indo recebê-la, exceto Isabela, que ficou paralisada no lugar. Quando finalmente reagiu, todos já estavam à sua frente, e Gabriel olhava docemente para Mariana, como se Isabela tivesse se tornado dispensável. Ela ficou aterrorizada, com lágrimas escorrendo continuamente, tentando alcançá-los, mas suas mãos só agarravam o vazio.De repente, ela se sentou na cama, olhou fixamente para frente.- Pai, mãe, João...Nesse momento, Sofia entrou com uma tigela de so
Sofia prontamente pegou um lenço de papel para ajudar Isabela a se secar e entregou-lhe uma garrafa de remédio:- Isabela, aqui está o remédio.Após tomar o medicamento, Isabela fechou os olhos, receosa de relembrar o que aconteceu na antiga casa. Sofia não ousou permanecer por muito tempo. Vendo que Isabela havia tomado a sopa, ela empacotou tudo e levou o restante embora.Entretanto, logo após a saída de Sofia, em menos de dois minutos, Gabriel entrou na sala. Ele se sentou em uma cadeira e, parecendo perceber o calor residual, franziu a testa, olhando intensamente para Isabela como uma águia.- Quem esteve aqui há pouco?- Ninguém.- Isabela! Você é incrível. Os homens estão te seguindo até no hospital?Ao ouvir sua raiva, Isabela sentiu uma dor aguda em seu coração, mas logo riu zombeteiramente:- E daí? O que você espera, Gabriel? Que eu esqueça como você permitiu que meu próprio irmão me batesse com um vaso e me chamasse de venenosa, assassina dos nossos pais? Como eu poderia esq
Dentro de um Maybach, Gabriel estava sentado no banco de trás, e ao ver um raio cortar o céu do lado de fora da janela, seu coração estremeceu levemente.- Rodrigo, o que aconteceu dezessete anos atrás?Rodrigo ficou surpreso e, olhando para Gabriel através do retrovisor, respondeu:- O Senhor não se lembra?- Alguma coisa importante?- Sim, dizem que dezessete anos atrás, a senhora foi sequestrada numa noite chuvosa e mantida em cativeiro numa cabana trancada.Gabriel sentiu uma pontada no peito. Ele repetia para si mesmo que Isabela tinha colocado tudo sobre si mesma, mas ainda assim, ele começou a se preocupar sem razão.Nesse momento, uma chuva torrencial caia do céu, batendo no carro como granizo.Ele franziu a testa e olhou para fora:- Dê meia-volta.Rodrigo ficou contente que o senhor ainda se importava com a senhora. Ele rapidamente virou o carro e acelerou na direção à pequena cabana.No entanto, antes de chegarem, Gabriel recebeu uma ligação de Mariana.- Gabi, para onde voc
André levou um susto ao ouvir Sofia chorar pela primeira vez e perguntou apressadamente:- Onde você está?Sofia olhou ao redor, o lugar era extremamente remoto, não havia marcos visíveis em lugar nenhum.- Eu... Eu também não sei, eu compartilhei minha localização com você.- Tudo bem, estou indo para aí agora mesmo.Após desligar o telefone, André rapidamente encontrou um chaveiro habilidoso e seguiu em alta velocidade na direção do local fornecido por Sofia.A chuva estava forte, e a alta velocidade na estrada tornava quase impossível enxergar o caminho à frente, mas André não diminuiu a velocidade. Ele sabia que Isabela havia sido sequestrada antes e que ela tinha pavor do escuro, especialmente em uma noite chuvosa e tempestuosa como aquela. Seria um pesadelo para ela.Dentro da casa, Isabela estava perdendo a consciência. O ferimento em sua cabeça sangrava incessantemente, deixando-a ainda mais assustada. Ela começou a entrar em um estado de privação de oxigênio devido à perda de
- Passe o telefone para ela!André hesitou por um segundo, levantou-se e caminhou para fora:- Você não precisa saber.- Sr. André, é o Gabi?André parou por um momento, cobriu o telefone com a mão:- Não é, é sobre o trabalho.Isabela apertou os lábios, forçando um sorriso:- Sr. André, a desgraça não pode ser evitada, me dê o telefone, eu falo.Os dois ficaram em um impasse por um momento, mas André acabou entregando o telefone.Isabela limpou a garganta e engoliu todas as lágrimas:- Gabriel, eu te odeio! Eu não quero te ver!Se antes ela estava certa de que ainda amava o Gabriel, no momento que foi jogada na pequena cela escura, ela se questionou.O jovem que costumava ser brilhante a afundou na escuridão, apagando toda luz de esperança.Ela parecia realmente cansada.Sua voz era calma, mas também fria, fazendo Gabriel do outro lado da linha tremer e sentir-se inexplicavelmente triste.- Isabela, o que você está dizendo?- Eu estou dizendo, Gabriel, que te odeio! Eu não quero te ve
Na noite anterior, assim que chegou à Mansão da Península, Gabriel encontrou Mariana desmaiada no saguão, ainda com sangue em seu corpo, então ele a levou rapidamente para o hospital.Depois que a condição de Mariana melhorou, ele foi de carro até a pequena casa no meio da noite.Ele queria salvá-la, mas o que encontrou?Quando chegou lá, viu que o cadeado tinha sido arrombado e havia marcas de pneus no chão, mas dentro do quarto não havia mais nada.Ele ligou para ela e a única coisa que restou para ele foi o ódio.Gabriel riu friamente, e com força, bateu o punho no vidro.Imediatamente, o vidro rachou e os cacos caíram no chão, manchados com o seu sangue, fazendo um som nítido.Rodrigo correu para dentro preocupado, viu a mão de Gabriel sangrando e ficou assustado, prontamente pegou a caixa de remédios.- Sr. Gabriel, sua mão está sangrando.Gabriel não deu importância e virou-se para olhar para Rodrigo, perguntando com raiva:- Eu a amava tanto, por que ela me traiu? Ela não tem o