No quarto de cima.Gabriel colocou Isabela na cama, dizendo friamente:- Esta noite, ficarei aqui com você.Isabela abriu os olhos, lançando um olhar sobre Gabriel e, por um momento, achou tudo aquilo um tanto engraçado. Virou-se, dando-lhe as costas."Ele vai ficar comigo?"Soou como se estivesse lhe fazendo um favor. Ela nunca havia pedido para ele ficar. Ele poderia muito bem estar com Mariana.- O que você está pensando? Sei que você não suporta ficar sozinha, sempre querendo companhia. Eu aceitei ficar, o que mais você quer?Ao ouvir isso, Isabela mordeu o lábio e, pegando um travesseiro, lançou-o contra Gabriel.- Gabi, o que você está dizendo? Que eu não suporto a solidão? Quem é que não aguenta? Só porque fiquei no hospital após um aborto... Desde então, você não desgruda de Mariana. Quem não aguenta a solidão?Ao terminar, Isabela estava quase gritando.Desde que nascer, ela sempre foi digna e elegante. Quando ela havia se tornado tão histérica?Foi este homem, ele a transform
Gabriel estava prestes a explodir de raiva, mas ao ver a comida espalhada pelo chão e a mão de Mariana cortada, ele engoliu as palavras que estavam na ponta da língua.- Levante-se. Vou chamar alguém para limpar.- Mas a comida...- Não se preocupe com isso. Peça ao enfermeiro para tratar do seu corte e vá descansar. Deixe comigo.- Gabi, e a Isabela? Você vai ficar aqui com ela?Gabriel, claramente irritado, disse: - Mariana, vá para o seu quarto.Ele estava mais firme em sua fala, e Mariana, percebendo que ele estava irritado, decidiu não contrariá-lo e foi embora com uma expressão abatida.- Meu pé!Ao ver que Mariana havia torcido o pé, Gabriel franziu a testa, visivelmente incomodado.- Onde está o enfermeiro?Nesse momento, o enfermeiro correu do quarto, imediatamente ajudando Mariana a se levantar e pediu desculpas a Gabriel:- Me desculpe, Sr. Gabriel, eu estava organizando o quarto. A Srta. Mariana me pediu...- Gabi, pode ir. Estou bem. Não se preocupe comigo.Ela lançou um
Mariana hesitou por um momento, sentindo uma crescente inquietação em seu coração. Ela observava atentamente Isabela, temendo que ela detectasse algum sinal.- Por que eu te contaria alguma coisa?Isabela, contudo, apenas lançou um olhar passageiro e sardônico a ela.- Eu, simplesmente, me pergunto como alguém tão cruel e egoísta como você poderia doar um rim. É difícil de acreditar.Dizendo isso, Isabela contornou Mariana, caminhando em direção à cozinha para preparar um copo de leite. Mariana, percebendo que Isabela estava alheia, rapidamente se interpôs no caminho dela, zombando:- Está com ciúmes?- Ciúmes de você? De uma mulher que destrói os relacionamentos dos outros? Ciúmes de uma pessoa sem coração? Sai da minha frente.Mariana, cerrando os dentes, desafiou:- Isabela, não se faça de tola. Você esteve com André na noite passada, você realmente acha que Gabi vai te deixar em paz? Nem em sonho! E mais, qualquer coisa que te pertença, eu vou tomar. E se eu não puder tomar, eu vou
- Ela fez um aborto três anos atrás, o que a tornou estéril para toda a vida.Ao ouvir isso, os olhos de Isabela se arregalaram, sua respiração parou por um instante:- O que você disse? Ela é estéril?- Sim, mas eu notei que ela parece ter tido um aborto espontâneo há pouco tempo, então achei um pouco estranho.Um sorriso irônico e incrédulo curvou no canto da boca de Isabela. Ela nunca teria imaginado que Mariana era estéril.A gravidez anterior era apenas uma mentira para enganar Gabriel.- Me envie esse relatório.- Claro.Olhando para o céu, Isabela ponderou:- Ah, você pode me ajudar a visitar alguém na prisão?- Quem?- O motorista que atropelou Mariana.Depois de desligar o telefone, Isabela mordeu o lábio. "Essas evidências ainda são insuficientes para fazer Gabriel desconfiar de Mariana. O mais importante é que ainda não há maneiras de provar minha inocência." Enquanto refletia, Mariana bateu à porta.- Isabela, fiz um leite para você.Com um resmungo frio, Isabela pensou, "
Isabela estava possuída pelo ódio.Ela cerrou os dentes, desejando poder vingar, naquele exato momento, seus pais, e seu filho perdido!Ela correu na direção de Mariana, agarrou-a pelo colarinho e empurrou-a contra a parede.- Mariana, o que te fiz? Por que você quer destruir minha família?Mariana empurrou-a de volta e disse com um sorriso gelado:- Sim, tenho algo contra você! Porque você, Isabela, é sempre a "Rosa de Fogo" brilhando em Cidade S. Eu sempre sou vista como inferior a você. Porque, quando estou do seu lado, todos dizem que estou puxando seu saco. Todos dizem que sou inferior a você. Isabela, você foi realmente minha amiga? Não! Você só queria se destacar às minhas custas!Isabela, com olhos cintilando de raiva, negou:- Que mentira! Quando usei você? Você acha que eu preciso de você para alguma coisa?Ouvindo isso, Mariana, contorceu o rosto e gritou:- Você é sempre assim, você sempre age como se fosse superior! E eu? O que sou pra você? A “amiga” adotada pelos Pereira
Trêmula, ela recuou:- Porque você errou há dois anos, mesmo reconhecendo seu erro, confiando na pessoa errada, odiando a pessoa errada, você não voltaria atrás, você é orgulhoso. E a Mariana, uma mulher que cruelmente exterminou minha família, você ainda a chama de anjo!Um espasmo atacou os pulmões de Isabela e um jato de sangue encheu sua boca. Com uma expressão de desconforto, ela engoliu.- Gabi, você não disse que Mariana te deu um rim? Por que você não pergunta a ela, se foi o direito ou o esquerdo? Para uma mulher que rouba o homem e a vida de outra pessoa, roubar um rim é muito fácil!Gabriel ficou atônito, e sua mão, que antes segurava Mariana, afrouxou. Mariana disse:- Isabela, o que você está insinuando? Dois anos atrás, você teve um caso, e Gabi sofreu um acidente de carro. Naquele momento crítico, o hospital não tinha um rim, e eu não conseguia te encontrar. Minha única intenção era salvar seu marido. Sim, eu errei. Eu me apaixonei por Gabi enquanto cuidava dele. Mas ele
Ela ergueu a cabeça, e com um olhar melancólico, encarou o homem que já iluminara toda a sua vida. Ela perguntou com a voz rouca:- Gabi, então, como você pretende me punir desta vez?O coração de Gabriel tremeu ligeiramente. "Esta mulher é uma mestre em se fazer de vítima para ganhar compaixão. Eu já caí nessa armadilha tantas vezes, mas desta vez não vou cair de novo!"Ele estendeu a mão e a puxou para se levantar, com os lábios gélidos tocando o lóbulo da orelha dela:- Isabela, já que você não demonstra remorso, não me culpe por destruir tudo o que você preza!Isabela estremeceu, olhando-o com medo:- O que você vai fazer? Não machuque o João!- Já é tarde demais para você pedir minha ajuda!Dizendo isso, ele a arrastou pelo quarto e a levou escada abaixo, jogando-a no banco de trás do carro.Isabela se encolheu no canto:- Gabi, para onde você está me levando?"Da última vez, Gabriel me mandou para uma cela de detenção. E desta vez? Vai ser a prisão?"Gabriel lançou um olhar gélid
Ela apenas ficava ali, imóvel, observando o homem que amava mais do que a própria vida, o homem que um dia prometeu cuidar dela por toda a eternidade."Contos de fadas não existem."No final, o que restou a ela foi apenas um termo depreciativo.Um carro parou lentamente. Gabriel abriu a porta e a empurrou para fora.Ao levantar os olhos, Isabela avistou um quintal familiar coberto de ervas daninhas, e suas lágrimas começaram a cair incontrolavelmente.A antiga mansão da família Pereira, outrora tão próspera, agora estava desolada e abandonada.Ainda com o lacre da porta intacto, Gabriel a arrastou para dentro da casa principal, jogando-a no chão. Com um estalar dos dedos, dois seguranças trouxeram um garoto adolescente.Isabela estremeceu ao reconhecê-lo: era seu irmão mais novo, João.Ela se apressou a se levantar, esfregando os olhos com as costas das mãos:- João?João, com um olhar aterrorizado, olhou para ela e recuou um passo, gaguejando:- Quem é você?Isabela parou abruptamente