Dois meses antes...
Dois dias depois do meu discurso na festa da empresa, deparei-me com um problemão que tinha que enfrentar. A notícia do sobre o meu discurso e a demissão em massa, teve repercussão internacional. As ações caíram e a empresa estava sendo criticada, em todos os jornais e revistas do mundo. Eu já esperava por isso, porém, a minha preocupação maior era enfrentar a Patrícia e o Romão. Eles irão me encher de perguntas, mas estava preparada para o que tinha que enfrentar.
Cheguei na empresa escoltada por dois seguranças, um deles era o Flavio, o outro era um amigo de confiança dele, da qual, fiquei com pé atrás. No entanto, o Flavio sabia que se o amigo dele aprontar, a responsabilidade era toda dele. Era bastante cedo quando cheguei na empresa, aproveitei que meu prédio tinha um heliporto e liguei para o piloto vir me buscar, porque, sabia que teria vários jornalistas na entrada da empresa. Ainda bem que ninguém sabia onde eu morava, senão seria um inferno para mim.
Saí antes do amanhecer, queria chegar antes de todos, para avaliar a situação melhor. Trabalhei em alguns documentos e fiz algumas ligações. Liguei meu aparelho de celular, ciente que teria trocentas ligações, além de mensagens. Passei o domingo inteiro trancada no meu apartamento, com o celular desligado. Pois, sabia muito bem, que meu celular ficaria congestionado. Minha sorte foi ter encomendado comida, do restaurante perto de onde moro, senão passaria fome. Passei o domingo todo me empanturrando, os dois quilos que eu tinha perdido na semana em que eu procurava um apartamento e o mobiliava, eu ganhei em um dia só.
Não vi o tempo passar, não sei quanto tempo eu estava trabalhando, só me dei conta que horas eram, quando a porta da minha sala abriu de repente, deixando Flavio em alerta e sacando a arma do seu coldre.
— Aaaahhhh!!!!
Patrícia gritou levantando as mãos e Romão ficou assustado, colocando minha irmã para trás dele.
— Calma! Não precisam ficar assustados. Flavio abaixa a arma — ordenei. Flavio abaixou a arma e colocou de volta no coldre. — Flavio, eles são os meus sócios. Patrícia você já conhece. — Eles se cumprimentam com o aperto de mão. — E esse é o Romão.
— Então, esse é o famoso Romão — Flavio falou apertando a mão do Romão.
— Famoso?
Oh, droga! Precisava tirá-lo daqui, antes que falasse besteira.
— Eh! Agora você pode ir e mantenha o combinado.
O combinado que fiz com Flavio era, que todos os que forem entrar na minha sala fossem revistados, tirando o Romão e a Patrícia.
— Você ficou maluca? — perguntou Patrícia assim que Flavio deixou a sala. — Você faz aquele discurso, demiti todos da diretoria em rede nacional, agora aparece com o Flavio como seu segurança? Você só pode estar de brincadeira.
— Pode não parecer, mas o Flavio é de confiança.
— Uma pessoa tão confiável que roubou a televisão da sua casa.
Romão arregalou os olhos surpreso com a nossa conversa, ele não falava nada, apenas ficava observando nós duas discutir.
— Eu sei o que estou fazendo, não preciso dar satisfação do que eu faço para você.
— Mas em relação à empresa, você precisa dar satisfação sim. — Foi a vez de Romão se manifestar. — O que deu na sua cabeça de fazer aquilo, sem nos consultar? — Revirei os olhos.
— Eu não falei nada, porque sabia que vocês não iram concordar.
— Exatamente, as ações caíram consideravelmente, você quase faliu a empresa.
Vendo por esse lado...
— Eu tenho tudo sobre controle. — Quero dizer, mais ou menos. — Compre todas as ações.
— O que? — falaram em uníssono.
— É exatamente o que vocês ouviram.
— Você só pode estar maluca! — repreendeu Romão.
— Ações caíram, será bem fácil para convencer os acionistas a nos vender. Quando eu recuperar a empresa, elas estarão valendo mais do que vale agora.
— Você sabe o que está em jogo aqui? — questionou Patrícia.
— Você acha que eu não sei? Eu tenho mais a perder do que vocês dois juntos.
Nesse momento, me veio à cabeça o Heitor, eu estou arriscando tudo que tinha, mas sei que vai dar certo.
— Você poderia ter nos contado do seu plano do dia da festa, para não nos pegar de surpresa.
— Eu não queria vocês no fogo cruzado, se algo desse errado, eu teria que contar com vocês.
— O que você vai fazer, para contornar essa situação? — perguntou Romão.
— Primeiro quero que façam o que eu mandei, comprem as ações, todas elas. O resto pode deixar que eu cuido.
Falei com toda a convicção e segurança que tinha, mas por dentro, eu estava rezando para que meu plano desse certo.
Mais uma reunião encerrada, ainda era manhã de uma sexta-feira, cheguei um pouco atrasado no trabalho, devido ter dormido tarde na noite anterior. Não estava exausto, mas também, não estava com pique para conduzir uma reunião. — Excelente trabalho, pessoal! — falei terminando mais uma reunião. — Continuem com os projetos, semana que vem quero um relatório de tudo o que vocês têm feito, para poder aprovar o investimento. — Levantei arrumando os documentos em minha frente. — Estão dispensados.Os diretores saíram um de cada vez da sala de reunião, essa era a terceira reunião que eu e Patrícia gerenciamos juntos, sem Alexia. Depois do seu discurso na festa anual da empresa, ela quase não parou quieta no lugar. Alexia estava sempre viajando para conseguir novos investidores para empresa, dificilmente a
O Jato da empresa aterrissou no aeroporto de Santa Maria, bem cedo. Ainda era cinco e quinze da manhã, o sol nem apareceu. Antecipei meu retorno por causa da ligação do Marcos, pois, ele tinha algo importante para falar comigo. Eu só voltaria segunda feira, iria aproveitar as praias de Fernando de Noronha que eram lindas e convidativas. Dois meses de trabalho sem nenhuma folga, só arrumava tempo para os meus encontros semanais com Heitor, fora isso, não tive descanso. E como essa semana o Marcos e a Carla iriam viajar com Heitor, então, resolvi esticar essa folga. Precisava de um final de semana para descansar, porém, esse telefonema me deixou muito preocupada, então, resolvi antecipar a minha volta. Pelo Heitor, faria qualquer coisa.Com minhas malas em mãos, fui para o estacionamento do aeroporto. Flavio já estava me esperando com o meu carro ligado. Ele voltou no dia anterior, para poder me buscar de carro no aeroporto. Depois das ameaças anônimas e a tentativa de sequestr
Não era dessa forma que eu imaginava de reencontrar Alexia, ela parecia estar decepcionada, tive a impressão que vi brotar lágrimas em seus olhos, mas rapidamente, ela se recompôs.Droga! Fiquei apreensivo com a forma que ela falou comigo, do seu jeito autoritário e arrogante de ser. O que eu queria afinal? Ela me flagrou beijando outra mulher, no seu lugar eu ficaria possesso.Desencostei da mesa e caminhei em direção ao armário dos relatórios e separar o que ela me pediu, nem sei porque ela queria esses relatórios e não achava que seria uma boa ideia perguntar.— Que bom te ver Alexia, nos reencontramos de novo.Espera aí... elas se conheciam? Senti que meus mundos estavam colidindo.— Quem é você? — perguntou Alexia olhando confusa para Mig.— Não lembra de mim? Sou a Mig.Alexia encarou a Mig com uma expressão de reconhecimento.— Você faz o que aqui?Pela voz da Alexia, ela não gostou de reencontrar a Mig.—
Droga! Não estava esperando ficar sozinha com Romão, não agora. Precisava de mais um tempo corroendo a minha raiva, por ter esperado tempo demais para tomar uma atitude, se bem que nunca daríamos certo juntos e agora ele estava na minha frente, com certeza querendo explicar o que aconteceu, se era que tinha alguma explicação.— Alexia, eu não queria que ficasse um clima estranho entre nós, principalmente, depois de tudo o que aconteceu.— Você está falando do beijo que presenciei na sua sala? Não precisa...— Estou falando sobre nós dois. — Respirei fundo engolindo seco, senti meu coração acelerar, precisei me sentar para me recompor e ter essa conversar, que talvez seja uma conversa definitiva. — Precisamos definir essa situação.— Achei que já estivesse definido, pelo menos, para você, afinal não fui eu que foi surpreendia na minha sala, beijando outra pessoa.Ok, estava sendo um pouco cruel, mas precisava que ele entendesse, que não poderíamos f
Torci para não ter que encontrar a Mig no refeitório, não queria conversar sobre o passado, muito menos, falar sobre promessas que não poderia cumprir. Não queria ter aquela conversa, porém, sabia que ela iria abordar. Fora que não reconheci sua atitude na minha sala. Mig sempre foi tímida, delicada e na minha sala, não era a Mig que conhecia. Peguei meu prato, coloquei tudo que eu queria comer e procurei uma mesa vazia para me sentar. Fui para o fundo do refeitório, onde tinha uma mesa disponível e me acomodei. Parei com o garfo suspenso no ar, pensando na conversa com Alexia. Poxa! Ela estava com ciúmes, isso foi incrível! Aumentou as minhas expectativas de ficar com ela e era por isso não queria me encontrar com a Mig. — Pelo visto, a conversa com a minha irmã foi boa — Patrícia sentou à minha frente, sem aviso prévio e eu fiquei sem entender o moti
Fui atualizada de todo o trabalho que foi desenvolvido aqui, enquanto, estava nas minhas viagens de negócios. Patrícia me entregou meu novo celular a prova d’água, e inquebrável. Ela disse que já fez testes nele, para ver se era como os engenheiros falaram. Estava tudo nos conformes, ela só não disse que também colocou um rastreador no celular, pois, eu já notei um ícone que não deveria estar ali.Ela achava que eu não sabia nada de tecnologia, mas o pouco que conhecia aprendi com ela e aprendi a como detectar algo de errado nos meus aparelhos eletrônicos. Já fazia um bom tempo que ela tentava me rastrear, mas eu sempre conseguia descobrir o seu plano e eu sempre conseguia fugir dela. Dessa vez vou deixar que ela pense que estava no controle, só quando eu tiver que me encontrar com o Heitor, eu desativo o rastreador.— Como você vai fazer com as notícias que aparece sobre você nos jornais, de supostos namorados — perguntou Patrícia em um tom de voz preocupado.
Estava nervoso, me sentia como um adolescente que ia conhecer os pais da namorada pela primeira vez. Coloquei uma roupa social, camisa azul marinho, calça preta, cinto preto sem aquelas fivelas que costumava usar na fazenda e sapato social preto. Me senti engomado nunca pensei que um dia eu me vestiria assim, só Alexia mesmo para me fazer usar esse tipo de roupa, deixei dois botões da camisa abertos só para ficar mais despojado. Meu cabelo não parava no lugar, resolvi fazer o estilo bagunçado, já que a própria Alexia vai bagunçá-lo depois, então, resolvi facilitar para ela.Alexia deixou claro que compareceria ao jantar de hoje, na casa da minha tia. Ela repetiu várias vezes, para deixar claro que ela queria ficar comigo, já que na nossa conversa de manhã cedo, eu dei um ultimato caso ela não aparecesse. Parece que isso fez ela decidir querer ficar comigo e assumir de vez o nosso relacionamento. Até porque, não dependia de mim, mas somente dela.Estacionei o meu carro
Flavio nos levou em um dos restaurantes que eu acostumava me encontrar com Marcos e Heitor. Era um restaurante discreto e bem aconchegante, que ficava bem perto do centro, algumas quadras de onde morava. Fiquei pensativa, como ela conseguiu o meu endereço? Estava em estado de alerta, desde a quase tentativa de sequestro que tive, fiquei desconfiada de tudo. Mas não acho que ela seja uma ameaça em potencial, a não ser, que essa ameaçasse minha relação com Heitor, nesse caso eu não saberia o que fazer.Antes que saíssemos do carro, Flávio certificou se não tinha ninguém conhecido lá dentro, ou alguém que pudesse tomar proveito desse encontro. Já tive drama demais na minha vida, não precisava de mais um, pelo menos, uma que ela esteja envolvida.Queria muito que esse encontro pudesse ser vantajoso para ambas as partes, até porque estava dispensando o Romão para estar aqui e precisava sair com alguma vantagem, já que meu relacionamento vai ficar em segundo plano. Esperava