Droga! Não estava esperando ficar sozinha com Romão, não agora. Precisava de mais um tempo corroendo a minha raiva, por ter esperado tempo demais para tomar uma atitude, se bem que nunca daríamos certo juntos e agora ele estava na minha frente, com certeza querendo explicar o que aconteceu, se era que tinha alguma explicação.
— Alexia, eu não queria que ficasse um clima estranho entre nós, principalmente, depois de tudo o que aconteceu.
— Você está falando do beijo que presenciei na sua sala? Não precisa...
— Estou falando sobre nós dois. — Respirei fundo engolindo seco, senti meu coração acelerar, precisei me sentar para me recompor e ter essa conversar, que talvez seja uma conversa definitiva. — Precisamos definir essa situação.
— Achei que já estivesse definido, pelo menos, para você, afinal não fui eu que foi surpreendia na minha sala, beijando outra pessoa.
Ok, estava sendo um pouco cruel, mas precisava que ele entendesse, que não poderíamos ficar juntos. Ele fechou os olhos, respirando fundo. Esse assunto era delicado para ambas as partes e eu ainda estava mexida com o que vi na sala dele. Não sabia como essa conversa iria fluir.
— O que você viu na minha sala...
Ele mordeu o lábio inferior e desviou o olhar, sem saber o que dizer, ou como dizer.
— Faz tempo que vocês estão saindo? —perguntei fingindo interesse nos papéis que peguei na sala dele.
— Alexia, nós não estamos saindo.
— Não? — Olhei para ele. —Então, o que foi aquele beijo?
— É... — Ele parecia perdido. — Complicado!
Sorri sem achar graça nenhuma, mordendo o canto da boca. Sentia meu coração dolorido, era por isso que não queria me apaixonar, não queria sentir essa dor, não queria sofrer por estar gostando de alguém. Como pude me deixar levar? Como pude me apaixonar? Como pude me perder tanto e não saber o caminho de volta? Como fui me deixar ser trouxa? Mas ainda podia continuar com meus planos e minha promessa e isso ninguém tiraria de mim.
— Romão, de complicações já estou cheia. Preciso de soluções.
Ele sentou em uma cadeira disponível na minha frente e olhou diretamente nos meus olhos.
— Ela é a nova diretora de marketing da empresa.
— Então, a competência dela tem impressionou tanto e você resolveu beijá-la para compensá-la?
— Que absurdo, Alexia! Jamais faria isso, com nenhuma funcionária.
— Ela não é bem uma funcionária, ela é a diretora de um departamento, que agora está dando mais lucro do que antes. Ela é bonita e provavelmente solteira, o que não impediria que vocês tivessem um relacionamento.
— Você também é bonita e solteira, o que também não impedia de ter um relacionamento comigo.
Meu coração bateu forte, ou melhor saltitou, como se fosse uma criança que acabou de ganhar uma Barbie.
— No meu caso é mais complicado.
Merda! O que eu estava dizendo?
— De complicações já estou cheio, preciso de soluções — Sim, claro! Ele tinha que usar as minhas próprias palavras contra mim. — Porém, a nossa situação é simples de resolver.
Encostei-me na minha cadeira e cruzei as pernas. Esse gesto não passou despercebido por ele, que olhou atento e descaradamente as minhas pernas.
— Como?
De repente, o clima do ambiente mudou. Romão se levantou e circulou a minha mesa parando de frente para mim. Ele estendeu a mão para que eu pegasse e assim eu fiz. Ele me puxou para que eu levantasse e ele circulou seus braços em volta da minha cintura aproximando nossos corpos. Como ele conseguia fazer isso? Como ele conseguia me desarmar tão facilmente? Estava mexida com aquele beijo que presenciei, não deveria ceder tão rápido, mas estava aqui, nos braços dele. Como eu era fraca!
— No jantar de hoje, na casa da sua irmã, vamos dizer que estamos juntos.
Oi? Tão rápido assim?
— Mas...
Ele me impediu de falar, colando nossos lábios, num beijo calmo e tranquilo, me fazendo esquecer o motivo de não podermos ficar juntos. Sua língua entrou na minha boca, encontrando com a minha em uma carícia sensual. Eu deveria afastá-lo, deveria empurra-lo para longe de mim, mas não tive forças. Era sempre assim, quando ele me tocava, eu sempre me entregava. Dois meses sem seus beijos, tinha sido uma tortura, me tornei dependente dele e isso tudo era uma merda!
— Eu só... só preciso saber se é o que você quer também? — perguntou assim que afastou sua boca da minha, me fazendo abrir os olhos ainda hipnotizada pelo seu beijo.
Abri e fechei a boca sem saber o que responder. Eu o queria para mim? Sim, eu o queria! Ignorando todos os motivos, dois quais, não poderíamos ficar juntos. Principalmente agora, que o peguei beijando aquela... Qual é o nome dela mesmo? Não me lembrava, só sei que agora ela fazia parte da diretoria da empresa, e conforme os relatórios que minha irmã fazia questão de colocar na nuvem. Já que minha irmã criou um aplicativo, da qual, eu podia acompanhar os relatórios dos trabalhos dos meus diretores, assim que transferisse para o aplicativo. E aquela que não lembrava o nome, estava fazendo um ótimo trabalho.
Droga! Mais uma para me atormentar, já bastava a Cidinha dando em cima do Romão lá na fazenda, agora vai ter essa diretora de marketing, me atormentando aqui na empresa. Devia ter feito de algo muito errado para merecer esse castigo.
— Minha situação é bem diferente da sua — falei me distanciando dele, para poder raciocinar direito.
— Você me pediu para ter paciência e para confiar em você, não vou mais esperar. Se você aparecer nesse jantar, significa que você quer ficar comigo e vou dizer para a mãe da Patrícia que estamos juntos, mas se você não aparecer...
— Vai fazer o que? Vai correr para os braços da diretora de marketing? — Um bolo e formou na minha garganta. Não! Não podia chorar, não na frente dele. Que merda! — Você não pode fazer essa exigência, não depois de ter flagrado você beijando outra mulher.
— Meu Deus, Alexia! Você percebe o que você está fazendo? — Franzi a testa sem entender do que ele estava falando. — Se passaram dois meses e nada se resolveu entre nós e você ficou morrendo de ciúmes por ter me visto aos beijos com outra pessoa. — Eu estava com ciúmes? Merda! Eu estava com ciúmes, isso era o fim! — Enquanto, você mesma arruma milhões de desculpas para não assumir um relacionamento comigo. — Ele não entendia, ele nunca entenderia enquanto não soubesse sobre a existência Heitor e não era só isso, também tinha o pai do Heitor, se ele descobrisse... O problema era que não podia contar. — Quanto tempo você acha que ainda vou esperar? Você não quer que eu fique com ninguém e, ao mesmo tempo, não quer ficar comigo.
Ok! Talvez se eu contar só sobre a existência no Heitor, ele não precisava ficar sabendo do resto, não é?
— Eu só preciso de um tempo, ainda não consegui resolver tudo o que tinha que resolver.
Tinha a Carla que eu precisava conversar, antes de tomar essa decisão.
— Me conta, deixa eu te ajudar.
Ele falou encostando as mãos nos meus braços, acariciando levemente e com olhar carinhoso. Isso me deixou arrepiada.
— Eu não posso! Ainda não!
Ele parou de me acariciar dando dois passos para trás, seu olhar mudou, agora ele parecia chateado ou decepcionado, não sei direito.
— Eu esperei por dois meses, não vou esperar mais.
Ele se virou e andou em direção à porta me deixando aflita.
— Então é isso? Vai correr para os braços da diretora de marketing, só porque eu preciso de mais um tempo?
— No jantar hoje à noite conversamos.
Ele nem esperou que eu rebater. Romão, simplesmente, saiu me deixando angustiada. Eu queria, queria mesmo que fosse tão simples, mas não era. Eu estava com muitos problemas para resolver, tinha o fotógrafo que precisava localizar, tinha a Carla que precisava convencer a deixar que eu me encontrasse com Heitor, tinha as ameaças anônimas que precisava descobrir quem fazia, tinha a tentativa de sequestro que ainda não descobri quem estava por trás, o segredo sobre o pai do Heitor e agora isso. Mas era como o Romão disse, a nossa situação era mais simples, mas também, era a mais complicada a se fazer. Que contradição!
Assumir um relacionamento com Romão, implicaria dele frequentar o meu apartamento, saber sobre o Heitor e ainda por cima, ele correria risco de meus inimigos descobrirem sobre ele, o que me faria sentir culpada, se algo acontecesse. Ele precisaria saber tudo o que aconteceu comigo depois que fiz aquele discurso, ele precisava saber no que estaria se metendo, antes de tomarmos uma decisão. Teria que conversar com ele antes desse jantar e deixá-lo ciente de todos os ricos que correria ficando comigo. E ainda tinha meu segredo que, em hipótese alguma, eu contaria.
Mas se não fosse nesse jantar, teria que suportar a felicidade dele com outra mulher, algo que também não suportaria de conviver. E também, não queria vê-lo com aquela... merda! Eu não tive um bom pressentimento com ela. Tive a impressão que iramos ter problemas com essa... Argh!!! Lembrei de uma conversar na fazendo de uma tal garota que Romão era apaixonado na adolescência, só que eu não lembrava o nome que eles falaram. Não seria possível que fosse ela, não acreditava que esse era o tipo de garota que ele gostava.
Droga! Droga! Droga! Não podia deixar que aquela... aquela... Nem sei qual o nome dela, não podia deixar que ela ficasse com meu homem, não ele. Droga! Você ganhou Romão, vou nesse jantar, irei me tornar sua!
Torci para não ter que encontrar a Mig no refeitório, não queria conversar sobre o passado, muito menos, falar sobre promessas que não poderia cumprir. Não queria ter aquela conversa, porém, sabia que ela iria abordar. Fora que não reconheci sua atitude na minha sala. Mig sempre foi tímida, delicada e na minha sala, não era a Mig que conhecia. Peguei meu prato, coloquei tudo que eu queria comer e procurei uma mesa vazia para me sentar. Fui para o fundo do refeitório, onde tinha uma mesa disponível e me acomodei. Parei com o garfo suspenso no ar, pensando na conversa com Alexia. Poxa! Ela estava com ciúmes, isso foi incrível! Aumentou as minhas expectativas de ficar com ela e era por isso não queria me encontrar com a Mig. — Pelo visto, a conversa com a minha irmã foi boa — Patrícia sentou à minha frente, sem aviso prévio e eu fiquei sem entender o moti
Fui atualizada de todo o trabalho que foi desenvolvido aqui, enquanto, estava nas minhas viagens de negócios. Patrícia me entregou meu novo celular a prova d’água, e inquebrável. Ela disse que já fez testes nele, para ver se era como os engenheiros falaram. Estava tudo nos conformes, ela só não disse que também colocou um rastreador no celular, pois, eu já notei um ícone que não deveria estar ali.Ela achava que eu não sabia nada de tecnologia, mas o pouco que conhecia aprendi com ela e aprendi a como detectar algo de errado nos meus aparelhos eletrônicos. Já fazia um bom tempo que ela tentava me rastrear, mas eu sempre conseguia descobrir o seu plano e eu sempre conseguia fugir dela. Dessa vez vou deixar que ela pense que estava no controle, só quando eu tiver que me encontrar com o Heitor, eu desativo o rastreador.— Como você vai fazer com as notícias que aparece sobre você nos jornais, de supostos namorados — perguntou Patrícia em um tom de voz preocupado.
Estava nervoso, me sentia como um adolescente que ia conhecer os pais da namorada pela primeira vez. Coloquei uma roupa social, camisa azul marinho, calça preta, cinto preto sem aquelas fivelas que costumava usar na fazenda e sapato social preto. Me senti engomado nunca pensei que um dia eu me vestiria assim, só Alexia mesmo para me fazer usar esse tipo de roupa, deixei dois botões da camisa abertos só para ficar mais despojado. Meu cabelo não parava no lugar, resolvi fazer o estilo bagunçado, já que a própria Alexia vai bagunçá-lo depois, então, resolvi facilitar para ela.Alexia deixou claro que compareceria ao jantar de hoje, na casa da minha tia. Ela repetiu várias vezes, para deixar claro que ela queria ficar comigo, já que na nossa conversa de manhã cedo, eu dei um ultimato caso ela não aparecesse. Parece que isso fez ela decidir querer ficar comigo e assumir de vez o nosso relacionamento. Até porque, não dependia de mim, mas somente dela.Estacionei o meu carro
Flavio nos levou em um dos restaurantes que eu acostumava me encontrar com Marcos e Heitor. Era um restaurante discreto e bem aconchegante, que ficava bem perto do centro, algumas quadras de onde morava. Fiquei pensativa, como ela conseguiu o meu endereço? Estava em estado de alerta, desde a quase tentativa de sequestro que tive, fiquei desconfiada de tudo. Mas não acho que ela seja uma ameaça em potencial, a não ser, que essa ameaçasse minha relação com Heitor, nesse caso eu não saberia o que fazer.Antes que saíssemos do carro, Flávio certificou se não tinha ninguém conhecido lá dentro, ou alguém que pudesse tomar proveito desse encontro. Já tive drama demais na minha vida, não precisava de mais um, pelo menos, uma que ela esteja envolvida.Queria muito que esse encontro pudesse ser vantajoso para ambas as partes, até porque estava dispensando o Romão para estar aqui e precisava sair com alguma vantagem, já que meu relacionamento vai ficar em segundo plano. Esperava
Voltei para a fazenda naquela mesma noite. Alessandra insistiu para que eu dormisse na mansão, para podermos tomar café da manhã juntos. Mas eu não quis, estava muito aporrinhado por Alexia não ter aparecido e, com certeza, não conseguiria dormir nenhum pouco. Preferi o conforto e o consolo da minha família, só eles conseguiriam me animar. Patrícia ainda tentou me levar para o Pub, mas não tinha clima nenhum para sair. Ela tentou localizar Alexia através do aplicativo de rastreamento que ela colocou no celular dela, mas o sinal foi perdido desde a empresa, que talvez estaria desligado. Patrícia disse que poderia ligar o celular remotamente, mas se tiver sem bateria, não adiantaria muito. Tentei ao máximo fingir que estava tudo bem, mas elas perceberam o meu estado, pelo menos, não comentaram nada.Assim que coloquei os pés dentro de casa, meus pais perceberam que havia algo de errado comigo. Eles me conheciam perfeitamente. Eu apenas os cumprimentei e fui direto para o meu qu
Depois que saímos do restaurante, fomos direto para casa da Carla, ela me convidou para dormir lá e, é claro, eu aceitei. Dormir no mesmo quarto que dormia com o Heitor, quando era recém-nascido, eles mudaram tudo, me lembrava muito bem de como era. Marcos ficou surpreso por nos ver nos entendendo e ao mesmo tempo feliz, que isso estivesse acontecendo. Ele queria a felicidade o Heitor, assim como eu e Carla.No outro dia, passamos o sábado inteiro juntos, fomos ao parque de diversões e almoçamos fora, com toda a proteção e a segurança de sempre que nos encontramos, tendo em vista a nossa privacidade. Foi um dia maravilhoso com todos nós quatros juntos, o Heitor estava muito feliz, todos nós estávamos. Um dia de vitória sem dúvidas.Depois do jantar, era hora de contar história e colocar o Heitor para dormir. Carla deixou com que eu fizesse isso, não sei o porquê, mas me sentia honrada por essa tarefa. Heitor escolheu a história do “Gato de botas”. Quando terminei a his
A Cidinha tinha que abrir a boca para falar merda, se bem que Alexia descobriria de qualquer forma, mas queria ser eu a contar para ela. Alexia me olhou parecendo um pouco perdida e se levantou de repente.— Eu... eu... preciso fazer uma ligação.Alexia saiu do refeitório, indo em direção do escritório.— Você não saber ficar de boca calada, não? — perguntou mamãe para Cidinha.— Ué! Ela ia saber de qualquer jeito, ou era um segredo o namoro dele? — perguntou Cidinha.Pela primeira vez, eu queria que fosse um segredo. O que estava pensando?— Por que seria um segredo? — perguntou Mig.— Porque Alexia e Romão, são...— Sócios! — interrompi a Cidinha de continuar com suas besteiras. — Somos sócios na empresa e na fazenda.— Isso seria um problema?Cidinha abriu a boca para responder a Mig, mas eu fui mais rápido do que ela.— Não, não é um problema — digo me levantando. — Vamos? Eu vou te levar para casa e de
Dona Meire tinha conversado comigo antes de saímos para horta, ela me contou que aquela garota fui uma namorada do Romão na Adolescência. Falou como ele tinha sofrido com o rompimento, mas não achavam que Romão estava feliz com seu retorno na vida dele. Ela e o Ismael não aprova o romance do filho, mas respeita sua decisão. Eles têm esperança que eu mudasse essa realidade e que, eu e Romão, voltássemos a namorar. Os confortei dizendo que era isso que vim fazer aqui, mas se depois, ele quiser ficar com ela, eu não ficaria no caminho deles.Já esperava essa sua reação, quando me viu na horta. Ele estava magoado e com raiva de mim, mas no fundo, sabia que algo dentro dele me queria de volta. Eu só precisava de um momento as sós com ele e conhecendo Romão, sabia que iria me procurar em algum momento. Então, só me restava espera um pouco, se ele não viesse falar comigo, eu iria atrás dele.Na parte da tarde, fui para a quitanda com Ismael. Inspecionei a obra, resolvi alguma