5. Alexia

Droga! Não estava esperando ficar sozinha com Romão, não agora. Precisava de mais um tempo corroendo a minha raiva, por ter esperado tempo demais para tomar uma atitude, se bem que nunca daríamos certo juntos e agora ele estava na minha frente, com certeza querendo explicar o que aconteceu, se era que tinha alguma explicação.

— Alexia, eu não queria que ficasse um clima estranho entre nós, principalmente, depois de tudo o que aconteceu.

— Você está falando do beijo que presenciei na sua sala? Não precisa...

— Estou falando sobre nós dois. — Respirei fundo engolindo seco, senti meu coração acelerar, precisei me sentar para me recompor e ter essa conversar, que talvez seja uma conversa definitiva. — Precisamos definir essa situação.

— Achei que já estivesse definido, pelo menos, para você, afinal não fui eu que foi surpreendia na minha sala, beijando outra pessoa.

Ok, estava sendo um pouco cruel, mas precisava que ele entendesse, que não poderíamos ficar juntos. Ele fechou os olhos, respirando fundo. Esse assunto era delicado para ambas as partes e eu ainda estava mexida com o que vi na sala dele. Não sabia como essa conversa iria fluir.

— O que você viu na minha sala...

Ele mordeu o lábio inferior e desviou o olhar, sem saber o que dizer, ou como dizer.

— Faz tempo que vocês estão saindo? —perguntei fingindo interesse nos papéis que peguei na sala dele.

— Alexia, nós não estamos saindo.

— Não? — Olhei para ele. —Então, o que foi aquele beijo?

— É... — Ele parecia perdido. — Complicado!

Sorri sem achar graça nenhuma, mordendo o canto da boca. Sentia meu coração dolorido, era por isso que não queria me apaixonar, não queria sentir essa dor, não queria sofrer por estar gostando de alguém. Como pude me deixar levar? Como pude me apaixonar? Como pude me perder tanto e não saber o caminho de volta? Como fui me deixar ser trouxa? Mas ainda podia continuar com meus planos e minha promessa e isso ninguém tiraria de mim.

— Romão, de complicações já estou cheia. Preciso de soluções.

Ele sentou em uma cadeira disponível na minha frente e olhou diretamente nos meus olhos.

— Ela é a nova diretora de marketing da empresa.

— Então, a competência dela tem impressionou tanto e você resolveu beijá-la para compensá-la?

— Que absurdo, Alexia! Jamais faria isso, com nenhuma funcionária.

— Ela não é bem uma funcionária, ela é a diretora de um departamento, que agora está dando mais lucro do que antes. Ela é bonita e provavelmente solteira, o que não impediria que vocês tivessem um relacionamento.

— Você também é bonita e solteira, o que também não impedia de ter um relacionamento comigo.

Meu coração bateu forte, ou melhor saltitou, como se fosse uma criança que acabou de ganhar uma Barbie.

— No meu caso é mais complicado.

Merda! O que eu estava dizendo?

— De complicações já estou cheio, preciso de soluções — Sim, claro! Ele tinha que usar as minhas próprias palavras contra mim. — Porém, a nossa situação é simples de resolver.

 Encostei-me na minha cadeira e cruzei as pernas. Esse gesto não passou despercebido por ele, que olhou atento e descaradamente as minhas pernas.

— Como?

De repente, o clima do ambiente mudou. Romão se levantou e circulou a minha mesa parando de frente para mim. Ele estendeu a mão para que eu pegasse e assim eu fiz. Ele me puxou para que eu levantasse e ele circulou seus braços em volta da minha cintura aproximando nossos corpos. Como ele conseguia fazer isso? Como ele conseguia me desarmar tão facilmente? Estava mexida com aquele beijo que presenciei, não deveria ceder tão rápido, mas estava aqui, nos braços dele. Como eu era fraca!

— No jantar de hoje, na casa da sua irmã, vamos dizer que estamos juntos.

Oi? Tão rápido assim?

— Mas...

Ele me impediu de falar, colando nossos lábios, num beijo calmo e tranquilo, me fazendo esquecer o motivo de não podermos ficar juntos. Sua língua entrou na minha boca, encontrando com a minha em uma carícia sensual. Eu deveria afastá-lo, deveria empurra-lo para longe de mim, mas não tive forças. Era sempre assim, quando ele me tocava, eu sempre me entregava. Dois meses sem seus beijos, tinha sido uma tortura, me tornei dependente dele e isso tudo era uma merda!

— Eu só... só preciso saber se é o que você quer também? — perguntou assim que afastou sua boca da minha, me fazendo abrir os olhos ainda hipnotizada pelo seu beijo.

Abri e fechei a boca sem saber o que responder. Eu o queria para mim? Sim, eu o queria! Ignorando todos os motivos, dois quais, não poderíamos ficar juntos. Principalmente agora, que o peguei beijando aquela... Qual é o nome dela mesmo? Não me lembrava, só sei que agora ela fazia parte da diretoria da empresa, e conforme os relatórios que minha irmã fazia questão de colocar na nuvem. Já que minha irmã criou um aplicativo, da qual, eu podia acompanhar os relatórios dos trabalhos dos meus diretores, assim que transferisse para o aplicativo. E aquela que não lembrava o nome, estava fazendo um ótimo trabalho.

Droga! Mais uma para me atormentar, já bastava a Cidinha dando em cima do Romão lá na fazenda, agora vai ter essa diretora de marketing, me atormentando aqui na empresa. Devia ter feito de algo muito errado para merecer esse castigo.

— Minha situação é bem diferente da sua — falei me distanciando dele, para poder raciocinar direito.

— Você me pediu para ter paciência e para confiar em você, não vou mais esperar. Se você aparecer nesse jantar, significa que você quer ficar comigo e vou dizer para a mãe da Patrícia que estamos juntos, mas se você não aparecer...

— Vai fazer o que? Vai correr para os braços da diretora de marketing? — Um bolo e formou na minha garganta. Não! Não podia chorar, não na frente dele. Que merda! — Você não pode fazer essa exigência, não depois de ter flagrado você beijando outra mulher.

— Meu Deus, Alexia! Você percebe o que você está fazendo? — Franzi a testa sem entender do que ele estava falando. — Se passaram dois meses e nada se resolveu entre nós e você ficou morrendo de ciúmes por ter me visto aos beijos com outra pessoa. — Eu estava com ciúmes? Merda! Eu estava com ciúmes, isso era o fim! — Enquanto, você mesma arruma milhões de desculpas para não assumir um relacionamento comigo. — Ele não entendia, ele nunca entenderia enquanto não soubesse sobre a existência Heitor e não era só isso, também tinha o pai do Heitor, se ele descobrisse... O problema era que não podia contar. — Quanto tempo você acha que ainda vou esperar? Você não quer que eu fique com ninguém e, ao mesmo tempo, não quer ficar comigo.

Ok! Talvez se eu contar só sobre a existência no Heitor, ele não precisava ficar sabendo do resto, não é?

— Eu só preciso de um tempo, ainda não consegui resolver tudo o que tinha que resolver.

Tinha a Carla que eu precisava conversar, antes de tomar essa decisão.

— Me conta, deixa eu te ajudar. 

Ele falou encostando as mãos nos meus braços, acariciando levemente e com olhar carinhoso. Isso me deixou arrepiada.

— Eu não posso! Ainda não!

Ele parou de me acariciar dando dois passos para trás, seu olhar mudou, agora ele parecia chateado ou decepcionado, não sei direito.

— Eu esperei por dois meses, não vou esperar mais.

Ele se virou e andou em direção à porta me deixando aflita.

— Então é isso? Vai correr para os braços da diretora de marketing, só porque eu preciso de mais um tempo?

— No jantar hoje à noite conversamos.

Ele nem esperou que eu rebater. Romão, simplesmente, saiu me deixando angustiada. Eu queria, queria mesmo que fosse tão simples, mas não era. Eu estava com muitos problemas para resolver, tinha o fotógrafo que precisava localizar, tinha a Carla que precisava convencer a deixar que eu me encontrasse com Heitor, tinha as ameaças anônimas que precisava descobrir quem fazia, tinha a tentativa de sequestro que ainda não descobri quem estava por trás, o segredo sobre o pai do Heitor e agora isso. Mas era como o Romão disse, a nossa situação era mais simples, mas também, era a mais complicada a se fazer. Que contradição!

Assumir um relacionamento com Romão, implicaria dele frequentar o meu apartamento, saber sobre o Heitor e ainda por cima, ele correria risco de meus inimigos descobrirem sobre ele, o que me faria sentir culpada, se algo acontecesse. Ele precisaria saber tudo o que aconteceu comigo depois que fiz aquele discurso, ele precisava saber no que estaria se metendo, antes de tomarmos uma decisão. Teria que conversar com ele antes desse jantar e deixá-lo ciente de todos os ricos que correria ficando comigo. E ainda tinha meu segredo que, em hipótese alguma, eu contaria.

Mas se não fosse nesse jantar, teria que suportar a felicidade dele com outra mulher, algo que também não suportaria de conviver. E também, não queria vê-lo com aquela... merda! Eu não tive um bom pressentimento com ela. Tive a impressão que iramos ter problemas com essa... Argh!!! Lembrei de uma conversar na fazendo de uma tal garota que Romão era apaixonado na adolescência, só que eu não lembrava o nome que eles falaram. Não seria possível que fosse ela, não acreditava que esse era o tipo de garota que ele gostava.

Droga! Droga! Droga! Não podia deixar que aquela... aquela... Nem sei qual o nome dela, não podia deixar que ela ficasse com meu homem, não ele. Droga! Você ganhou Romão, vou nesse jantar, irei me tornar sua!

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