Não era dessa forma que eu imaginava de reencontrar Alexia, ela parecia estar decepcionada, tive a impressão que vi brotar lágrimas em seus olhos, mas rapidamente, ela se recompôs.
Droga! Fiquei apreensivo com a forma que ela falou comigo, do seu jeito autoritário e arrogante de ser. O que eu queria afinal? Ela me flagrou beijando outra mulher, no seu lugar eu ficaria possesso.
Desencostei da mesa e caminhei em direção ao armário dos relatórios e separar o que ela me pediu, nem sei porque ela queria esses relatórios e não achava que seria uma boa ideia perguntar.
— Que bom te ver Alexia, nos reencontramos de novo.
Espera aí... elas se conheciam? Senti que meus mundos estavam colidindo.
— Quem é você? — perguntou Alexia olhando confusa para Mig.
— Não lembra de mim? Sou a Mig.
Alexia encarou a Mig com uma expressão de reconhecimento.
— Você faz o que aqui?
Pela voz da Alexia, ela não gostou de reencontrar a Mig.
— Sou a nova diretora de marketing e...
— Não! Eu quero saber o que você faz nessa sala? Seu andar não é esse.
Oh, merda!
— Ah, eu vim chamar o Romão para almoçar, se você quiser pode vir com a gente
O que ela pensava que estava fazendo?
— Não, obrigado! Eu já almocei e não estou a fim de segurar vela.
Merda, merda, merda!
— Nós não estamos juntos.
Por que a Mig, simplesmente não fechava a boca? Peguei os arquivos que separei e fui em direção de Alexia, para entregá-los.
— Não foi o que eu vi.
Parei, imediatamente, no meio do caminho, quando aquelas palavras foram proferidas. Alexia olhou séria para mim e a vi contraindo a mandíbula. Respirei fundo, engolindo seco e voltei a caminhar em sua direção entregando os relatórios. Ela arrancou os arquivos da minha mão com agressividade, desviando seu olhar de mim e se virou dando as costas, indo em direção da porta. Queria pará-la, queria impedi-la de sair, não sem antes de conversarmos, mas a Mig estava ali e não podia expor Alexia, com certeza ela não iria gostar. Chegando na porta, Alexia girou a maçaneta e virou para nós.
— Apesar do que a política da empresa diz, não posso impedir que meus funcionários se relacionem, mas só peço que não façam da empresa um motel.
Puta que pariu! Não acredito que ela falou aquilo. O tom da sua voz continuava arrogante e autoritário, o que deixou eu e a Mig envergonhados, fora que, praticamente, me jogou nos braços dela.
Não era isso que eu queria, precisava falar com Alexia imediatamente. Ela saiu da minha sala batendo à porta, olhei para a Mig que ainda estava constrangida.
— De onde vocês se conhecem?
— Fomos da mesma sala no segundo ano do ensino médio — Que merda! E que mundo pequeno. — Então, vamos almoçar?
— É... Acho melhor deixar para outro dia.
— Por quê? Por causa que ela disse aquilo? Eu não me importo, já estou acostumada com a arrogância da Alexia.
Pelo que eu percebi, elas não eram amigas, o que complicava mais ainda as coisas para o meu lado.
— Não, não é por causa do que ela falou — menti. — É que eu tenho algumas coisas para fazer ainda, antes de sair para almoçar.
Como, por exemplo, falar com Alexia.
— Deixa para depois, vamos! Você precisa descansar um pouco.
Tinha me esquecido de como ela era insistente.
— Eu agradeço, sinceramente, pelo seu convite, mas eu tenho algumas coisas para resolver e não posso deixar para depois.
— Você não parece mais o mesmo Romão que namorei.
— Como eu disse, muitas coisas mudaram, eu mudei.
— Estou vendo! — Ela me olhou de um jeito estranho, não parecia aquela garota doce com quem namorei. — Bom, deixamos para outro dia, então?
— Sim, claro!
— Foi bom te ver, Romão.
Sorri em resposta, queria dizer que sentia o mesmo, mas na verdade, não sabia como me sentia. Depois de tanto tempo, não imaginava que esse reencontro fosse possível, muito menos, com Alexia presenciando daquela forma. Devia ter feito algo errado no meu passado, para ser punido dessa forma, vai ser azarado assim lá na esquina, ninguém merece.
Mig se aproximou de mim e beijou meu rosto, pegando o canto da minha boca. Ela nunca foi ousada, nunca no tempo que namorávamos, ela tomava a iniciativa. Pelo que vi, ela também mudou bastante. Mig saiu da minha sala dando uma piscadinha para mim ao passar pela porta. Preferi não pensar muito nessa atitude ousada dela, afinal, já se passou muito tempo e todos nós mudamos muito. Porque eu continuava repetindo isso?
Esperei alguns minutos antes de sair da sala, só para ter certeza que que a Mig não estaria pelos corredores. Quando saí da minha sala, dei de cara com a Patrícia, ela estava vindo na minha direção.
— Oi? Eu já ia te chamar para almoçarmos juntos.
Agora todo mundo resolveu me chamar para almoçar?
— Eu estava indo falar com a Alexia.
— Ela está na empresa?
— Ela acabou de chegar, eu acho.
— Que legal! Vamos lá, eu também quero ver a minha irmã.
Droga! Queria falar com Alexia sozinho, estava parecendo que teria que esperar um pouco. Caminhamos em direção da sala dela e eu me sentia um pouco nervoso. Ela me pegou em uma situação nada confortável, não sabia o que ia acontecer quando tivermos a oportunidade de conversar. Patrícia abriu a porta de sua sala sem bater e alheia à minha apreensão. Alexia estava de costas para a porta, diante da parede de vidro que ficava atrás de sua mesa, olhando para os prédios e a movimentação da rua lá embaixo. Ela não percebeu nossa presença de imediato, até sua irmã atrair sua atenção.
— Alexia!
Alexia se virou em nossa direção, sua expressão estava séria e com um copo de whisky na mão. Patrícia andou apressada em direção da irmã e a abraçou, pegando-a de surpresa. Alexia circulou o braço livre em torno da irmã e a abraçou, mas não demorou muito, Alexia afastou Patrícia a empurrando com cuidado e andado em direção da sua mesa, descansando seu copo sobre o porta-copos.
— É hora do almoço, o que estão fazendo aqui?
— Eu estava indo almoçar, quando Romão disse que você estava na empresa. — Alexia olhou para mim rapidamente e depois voltou a olhar para irmã. — Eu estava esperando você voltar só segunda, o que houve para voltar tão cedo?
— Mudança de planos, um assunto surgiu e requer a minha atenção.
— Que assunto é? A gente pode ajudar em alguma coisa?
— É pessoal, nada com que deva se preocupar — Seus famosos assuntos pessoais, da qual, ela nunca dizia o que era. — Como estão as coisas na empresa?
— Estão tudo bem. As coisas estão fluindo naturalmente, a empresa está crescendo, mas você sabe, ainda temos muita coisa para fazer.
— Com certeza! Depois que vocês almoçarem quero que me atualizem sobre todo o andamento.
— Ok! — Patrícia se aproximou da mesa de Alexia e mexeu nos papeis que Alexia acabou de pegar comigo. — O que faz com esses arquivos? Você sabe que eu gosto de digitalizar tudo e passo para sua nuvem, para que você tenha os documentos sempre que precisar.
Isso queria dizer que ela não precisava ir a minha sala pegar esses relatórios, então, por que ela foi para minha sala? Será que...
— Ah... é... — Alexia parecia não saber o que responder — Como estou aqui, preferi está com os documentos em mãos.
Ela não convencia nem a si mesma.
— Tudo bem! Você está em casa agora. — Alexia deu um sorriso triste para irmã. — Eu posso marcar um jantar na casa da minha mãe hoje? Ela está com saudades de você e prometi que quando você tivesse uma folga, te chamaria para jantar lá em casa.
— Tudo bem, pode marcar. Não tenho mais nada marcado para hoje mesmo.
— Tudo bem para você Romão, o jantar para hoje à noite?
Me surpreendi pelo convite, não estava esperando, achei que era apenas um almoço entre mulheres, mas não era o que estava nos planos da Patrícia. Olhei para Alexia, esperando alguma expressão que me indicasse para não aceitar esse convite, mas não veio. Ela ficou somente me olhando, esperando uma resposta.
— É... claro! Eu adoraria ver Alessandra novamente.
— Que bom! Vou deixar vocês a sós e vou marcar o jantar com minha mãe.
Patrícia saiu com o celular na mão, ligando para Alessandra. Olhei para Alexia buscando algo que indicasse se ela queira ou não falar comigo, mas mesmo não encontrando nenhuma indicação, comecei a falar...
Droga! Não estava esperando ficar sozinha com Romão, não agora. Precisava de mais um tempo corroendo a minha raiva, por ter esperado tempo demais para tomar uma atitude, se bem que nunca daríamos certo juntos e agora ele estava na minha frente, com certeza querendo explicar o que aconteceu, se era que tinha alguma explicação.— Alexia, eu não queria que ficasse um clima estranho entre nós, principalmente, depois de tudo o que aconteceu.— Você está falando do beijo que presenciei na sua sala? Não precisa...— Estou falando sobre nós dois. — Respirei fundo engolindo seco, senti meu coração acelerar, precisei me sentar para me recompor e ter essa conversar, que talvez seja uma conversa definitiva. — Precisamos definir essa situação.— Achei que já estivesse definido, pelo menos, para você, afinal não fui eu que foi surpreendia na minha sala, beijando outra pessoa.Ok, estava sendo um pouco cruel, mas precisava que ele entendesse, que não poderíamos f
Torci para não ter que encontrar a Mig no refeitório, não queria conversar sobre o passado, muito menos, falar sobre promessas que não poderia cumprir. Não queria ter aquela conversa, porém, sabia que ela iria abordar. Fora que não reconheci sua atitude na minha sala. Mig sempre foi tímida, delicada e na minha sala, não era a Mig que conhecia. Peguei meu prato, coloquei tudo que eu queria comer e procurei uma mesa vazia para me sentar. Fui para o fundo do refeitório, onde tinha uma mesa disponível e me acomodei. Parei com o garfo suspenso no ar, pensando na conversa com Alexia. Poxa! Ela estava com ciúmes, isso foi incrível! Aumentou as minhas expectativas de ficar com ela e era por isso não queria me encontrar com a Mig. — Pelo visto, a conversa com a minha irmã foi boa — Patrícia sentou à minha frente, sem aviso prévio e eu fiquei sem entender o moti
Fui atualizada de todo o trabalho que foi desenvolvido aqui, enquanto, estava nas minhas viagens de negócios. Patrícia me entregou meu novo celular a prova d’água, e inquebrável. Ela disse que já fez testes nele, para ver se era como os engenheiros falaram. Estava tudo nos conformes, ela só não disse que também colocou um rastreador no celular, pois, eu já notei um ícone que não deveria estar ali.Ela achava que eu não sabia nada de tecnologia, mas o pouco que conhecia aprendi com ela e aprendi a como detectar algo de errado nos meus aparelhos eletrônicos. Já fazia um bom tempo que ela tentava me rastrear, mas eu sempre conseguia descobrir o seu plano e eu sempre conseguia fugir dela. Dessa vez vou deixar que ela pense que estava no controle, só quando eu tiver que me encontrar com o Heitor, eu desativo o rastreador.— Como você vai fazer com as notícias que aparece sobre você nos jornais, de supostos namorados — perguntou Patrícia em um tom de voz preocupado.
Estava nervoso, me sentia como um adolescente que ia conhecer os pais da namorada pela primeira vez. Coloquei uma roupa social, camisa azul marinho, calça preta, cinto preto sem aquelas fivelas que costumava usar na fazenda e sapato social preto. Me senti engomado nunca pensei que um dia eu me vestiria assim, só Alexia mesmo para me fazer usar esse tipo de roupa, deixei dois botões da camisa abertos só para ficar mais despojado. Meu cabelo não parava no lugar, resolvi fazer o estilo bagunçado, já que a própria Alexia vai bagunçá-lo depois, então, resolvi facilitar para ela.Alexia deixou claro que compareceria ao jantar de hoje, na casa da minha tia. Ela repetiu várias vezes, para deixar claro que ela queria ficar comigo, já que na nossa conversa de manhã cedo, eu dei um ultimato caso ela não aparecesse. Parece que isso fez ela decidir querer ficar comigo e assumir de vez o nosso relacionamento. Até porque, não dependia de mim, mas somente dela.Estacionei o meu carro
Flavio nos levou em um dos restaurantes que eu acostumava me encontrar com Marcos e Heitor. Era um restaurante discreto e bem aconchegante, que ficava bem perto do centro, algumas quadras de onde morava. Fiquei pensativa, como ela conseguiu o meu endereço? Estava em estado de alerta, desde a quase tentativa de sequestro que tive, fiquei desconfiada de tudo. Mas não acho que ela seja uma ameaça em potencial, a não ser, que essa ameaçasse minha relação com Heitor, nesse caso eu não saberia o que fazer.Antes que saíssemos do carro, Flávio certificou se não tinha ninguém conhecido lá dentro, ou alguém que pudesse tomar proveito desse encontro. Já tive drama demais na minha vida, não precisava de mais um, pelo menos, uma que ela esteja envolvida.Queria muito que esse encontro pudesse ser vantajoso para ambas as partes, até porque estava dispensando o Romão para estar aqui e precisava sair com alguma vantagem, já que meu relacionamento vai ficar em segundo plano. Esperava
Voltei para a fazenda naquela mesma noite. Alessandra insistiu para que eu dormisse na mansão, para podermos tomar café da manhã juntos. Mas eu não quis, estava muito aporrinhado por Alexia não ter aparecido e, com certeza, não conseguiria dormir nenhum pouco. Preferi o conforto e o consolo da minha família, só eles conseguiriam me animar. Patrícia ainda tentou me levar para o Pub, mas não tinha clima nenhum para sair. Ela tentou localizar Alexia através do aplicativo de rastreamento que ela colocou no celular dela, mas o sinal foi perdido desde a empresa, que talvez estaria desligado. Patrícia disse que poderia ligar o celular remotamente, mas se tiver sem bateria, não adiantaria muito. Tentei ao máximo fingir que estava tudo bem, mas elas perceberam o meu estado, pelo menos, não comentaram nada.Assim que coloquei os pés dentro de casa, meus pais perceberam que havia algo de errado comigo. Eles me conheciam perfeitamente. Eu apenas os cumprimentei e fui direto para o meu qu
Depois que saímos do restaurante, fomos direto para casa da Carla, ela me convidou para dormir lá e, é claro, eu aceitei. Dormir no mesmo quarto que dormia com o Heitor, quando era recém-nascido, eles mudaram tudo, me lembrava muito bem de como era. Marcos ficou surpreso por nos ver nos entendendo e ao mesmo tempo feliz, que isso estivesse acontecendo. Ele queria a felicidade o Heitor, assim como eu e Carla.No outro dia, passamos o sábado inteiro juntos, fomos ao parque de diversões e almoçamos fora, com toda a proteção e a segurança de sempre que nos encontramos, tendo em vista a nossa privacidade. Foi um dia maravilhoso com todos nós quatros juntos, o Heitor estava muito feliz, todos nós estávamos. Um dia de vitória sem dúvidas.Depois do jantar, era hora de contar história e colocar o Heitor para dormir. Carla deixou com que eu fizesse isso, não sei o porquê, mas me sentia honrada por essa tarefa. Heitor escolheu a história do “Gato de botas”. Quando terminei a his
A Cidinha tinha que abrir a boca para falar merda, se bem que Alexia descobriria de qualquer forma, mas queria ser eu a contar para ela. Alexia me olhou parecendo um pouco perdida e se levantou de repente.— Eu... eu... preciso fazer uma ligação.Alexia saiu do refeitório, indo em direção do escritório.— Você não saber ficar de boca calada, não? — perguntou mamãe para Cidinha.— Ué! Ela ia saber de qualquer jeito, ou era um segredo o namoro dele? — perguntou Cidinha.Pela primeira vez, eu queria que fosse um segredo. O que estava pensando?— Por que seria um segredo? — perguntou Mig.— Porque Alexia e Romão, são...— Sócios! — interrompi a Cidinha de continuar com suas besteiras. — Somos sócios na empresa e na fazenda.— Isso seria um problema?Cidinha abriu a boca para responder a Mig, mas eu fui mais rápido do que ela.— Não, não é um problema — digo me levantando. — Vamos? Eu vou te levar para casa e de