Ficamos ainda mais alguns dias na viagem, pois William usou o caminho mais longo a fim de evitar pedágios e policiais. Alternamos entre motos, carros e percursos a pé até chegarmos na tal praia.
Durante esses dias eu continuei me alimentando por nós dois, mas William não me mordeu muitas vezes e parecia estar ficando um pouco fraco. Eu insisti para que ele se alimentasse, mas ele disse que guardaria para o grande dia, o que eu não entendi muito bem.
Chegamos à praia no fim de uma tarde e William nos levou ainda mais longe, em um cais, onde alguns barcos desembarcavam.
- Vamos ter que esperar até a madrugada. - ele disse - Normalmente os barcos que vem de lá chegam aqui no meio da noite para não chamar a atenção.
- Certo.
- Enquanto isso vamos nos preparar.
Acenei com a cabeça em concordância.
- Eu estive pensando e faremos assim: Você
Por um tempo eu pensei que não conseguiríamos chegar até a ilha, pois quando estávamos no meio do mar, vendo apenas água por todos os lados, parecia que não estávamos chegando à lugar algum.Eu me lembrava vagamente de ter me sentido assim também quando havia fugido da ilha.Naquele dia eu havia encontrado alguns barcos já ancorados na costa da ilha, onde avistei um homem entrando em um deles e o abordei, fazendo com que ele me levasse até o continente, onde o matei.Eu me lembrava de estar com muita fome, e de ter me segurado bastante para não morder o homem durante a viagem por medo de ficar perdida em meio ao mar.Quando finalmente avistamos a ilha no horizonte meu coração começou a acelerar. Algo em mim me dizia que eu não deveria estar ali.Descemos e William prendeu o barco em um tronco e então agarrou pela camisa o homem que
Usamos a chave-cartão para entrar no laboratório e logo no início encontramos dois guardas.William também disse que o lugar possuía algumas câmeras, por isso não passaríamos despercebidos.Matamos os dois primeiros guardas e corremos, pois precisávamos chegar à sala de controle antes que pudessem nos parar.William foi me guiando pelo labirinto de corredores e portas, enquanto ia atirando em todos que apareciam em nosso caminho.Logo o lugar se tornou agitado e barulhento, com vários guardas vindo na nossa direção.Nós conseguimos chegar na tal sala e William fez o homem que estava lá digitar a senha. Ele estava prestes a apertar o botão que libertaria todos os outros quando ouvimos mais passos atrás de nós.- Isso não vai adiantar. - disse uma voz feminina e confiante.Ao olhar para trás vi uma m
- Bom dia. - ouvi a voz de Melissa dizer.Minha cabeça doía e eu me lembrava vagamente de ter sido apagada com um tipo de gás que saiu de buracos no teto da minha cela.Tentei me levantar, mas minhas pernas não me obedeceram.Quando olhei em volta percebi que estava amarrada à uma maca e Melissa estava bem na minha frente, sorrindo para mim.- Você não vai conseguir se mexer por um tempo. - ela me informou - Seu corpo todo está anestesiado.A encarei, desejando poder esganá-la apenas com o olhar.- Você me deu muito prejuízo, garota. Você e aquele idiota do William. Agradeça por eu deixar vocês vivos... Pelo menos por enquanto.- P-por quê? - eu consegui dizer.- Por que eu deixei vocês vivos? - ela perguntou - É bem simples. Eu preciso me recuperar do prejuízo que vocês me causaram. Vocês mataram
"Paciente voluntária n°3:" -dizia o papel."Alicia de Camargo Ferreira, 19 anos.Exames de sangue:Tipo sanguíneo: B+HIVs: Negativo.Baixa quantidade de ferro.Obs.: Paciente precisa passar por um tratamento de uma semana para anemia leve."Ao lado disso havia uma foto dela.Minha mãe tinha os mesmos olhos verdes e cabelos escuros que eu tinha, mas ela estava um tanto bagunçada e me parecia muito com algumas mulheres que eu havia visto na rua uma vez, vestidas com poucas roupas e se oferecendo para todos os homens que passavam perto delas. Talvez esse fosse o tipo de vida que minha mãe levava antes de ir parar naquele laboratório.As anotações continuavam..."Uma semana depois:Cobaia 3 pronta para o experimento....Cobaia 3 recebeu injeção do v
Como eu temia, minha gravidez me fez ficar fraca e instável. Algo estava acontecendo dentro de mim e eu estava com medo disso.William não sabia que eu estava grávida até o dia em que eu desmaiei e depois disso passou a me observar a noite inteira, todas as noites, junto com Carlos ou as vezes com outro cientista chamado Dênis.Os dias foram se passando e eu mal conseguia pensar nas coisas direito, muito menos planejar algo. Tudo o que eu sentia era medo e fraqueza, cada vez mais.Esse mal estar foi piorando com o tempo e eu comecei a achar que realmente iria morrer, então eles aumentaram a frequência da minha alimentação, me dando bolsas de sangue todos os dias, três vezes ao dia. Isso ajudou bastante.Um dia, no meio da noite, enquanto Carlos cochilava em uma cadeira, William se aproximou da minha cela.- Cinco. - ele chamou num cochicho - Está acordada?- Estou. - r
Acordei com o barulho de choro e abri meus olhos.Parecia que eu estava em uma sala diferente, mas estava em uma maca ainda, com um tubo preso em meu pulso.Vi William ao meu lado, segurando um pacote de cobertas. Era o bebê. Finalmente aquilo havia acabado e aquela coisa havia saído de dentro de mim.William a levou para um lugar que não consegui ver e então voltou para perto de mim.- Está se sentindo bem? - ele perguntou.Acenei que sim, apesar de ainda estar meio tonta e de sentir o meu corpo todo dolorido.- Onde está Melissa? - eu perguntei.- Está presa em uma das celas. - ele respondeu.Gostei daquilo. Agora ela sentiria o que era estar presa, como eu havia estado a minha vida toda.- Preciso te falar algumas coisas... - William começou - Você desmaiou depois do parto e perdeu muito sangue... Eu tive que fazer algumas escolhas por você.- D
Tomei coragem e entrei na sala de laboratório.Era uma sala como outra qualquer por ali, mas com a diferença de que, na pequena cela no canto havia uma mulher.Me aproximei devagar, vendo Melissa encolhida no chão.William havia mantido ela viva durante os últimos três dias que ficamos ali apenas com água, por isso ela parecia fraca e desanimada.Uma parte minha ficou satisfeita em vê-la daquele jeito, na mesma situação em que eu estive a minha vida inteira, mas outra parte de mim teve pena.Mesmo depois de tudo o que aquela mulher havia feito, e mesmo sabendo que ela era uma das responsáveis por tudo o que havia acontecido naquele lugar nos últimos anos, eu não tive coragem de fazer o que pretendia.A minha intenção ao ir até ali era zombar dela e logo depois incendiar tudo, deixando-a ali para morrer sufocada, faminta e sozinha, mas n&ati
Abri os meus olhos.A sede e a fome queimavam minha garganta e faziam doer o meu estômago enquanto eu tentava me distrair.Minha cela estava mais fria e vazia do que nunca e eu não conseguia pensar em mais nada a não ser a fome.Olhei para o outro lado do vidro tentando encontrar alguém, mas eu estava sozinha.Aquela cela era tudo o que eu conhecia do mundo. Era uma cela pequena e branca com uma parede de vidro e apenas um colchão e alguns livros amontoados no canto.Quando eu era mais nova os livros eram infantis e havia al