A paisagem passava rapidamente pela janela e eu me senti entediada.
Olhando para as montanhas e bosques eu imaginei se não seria mais divertido ir correndo pelas árvores.
William estava estranho e talvez também já estivesse enjoado de dirigir, mas precisávamos fazer isso. Era o jeito mais rápido e seguro... E eu não sabia dirigir um carro.
Eu havia acabado de pensar isso quando ouvi um barulho de sirene.
William olhou para trás e bufou irritado.
- Que droga!
Era um carro de polícia e nós não tínhamos muita escolha a não ser encostar, pois se tentássemos fugir eles nos seguiriam.
- Não saia do carro. - disse William para mim. - Eu vou dar um jeito nisso.
Não gostei muito da ideia, mas William já havia sido humano e devia saber o que fazer.
Ele parou o carro num canto e saiu com as mãos erguid
Depois de praticamente dois dias na pista, parando apenas para dormir dentro do próprio carro, numa manhã, quando o sol ainda estava despontando no horizonte, William entrou com o carro em uma estrada de terra cercada por campos de plantação, onde ele parou o carro.- Há algumas fazendas por aqui. - disse ele - Você quer... Ir dar uma olhada?Ergui os ombros, sem ter muita certeza.Olhei para a estrada e para as plantações e tive muita vontade de correr por ali.Eu não era feita para ficar o dia todo sentada, e ficar presa dentro daquele carro me lembrava da minha cela.Abri a porta e saí. Estranhamente William saiu do carro também, carregando sua mochila nas costas.- Vai vir comigo? - eu perguntei surpresa.- Sim. Ficar o dia todo dirigindo está me deixando irritado. Podemos andar um pouco e depois achamos outro carro.- Tudo bem.Fomos
Ficamos praticamente um dia todo na fazenda, o que foi bom para nós dois, pois precisávamos de um descanso.Por alguns momentos tive vontade de ficar ali para sempre, mas precisávamos continuar a nossa viagem.Nunca estaríamos seguros enquanto aqueles cientistas estivessem vivos, pois eles nunca deixariam de nos procurar. E eu queria encontrar minha mãe, o que me dava ainda mais um motivo para ir.Antes eu queria simplesmente fugir e viver a minha vida, mas depois que conheci William e descobri sobre as outras experiências... Eu estava curiosa para saber mais sobre mim mesma e sobre os outros que estavam lá naquela ilha. Eu queria respostas e a quantidade de perguntas só aumentava a cada dia.William e eu resolvemos ir andando pela estrada de terra que passava pela fazenda, o que para mim era bom, pois eu gostava de sempre estar em movimento.Era pôr do sol quando saímos de l&aacut
Ficamos ainda mais alguns dias na viagem, pois William usou o caminho mais longo a fim de evitar pedágios e policiais. Alternamos entre motos, carros e percursos a pé até chegarmos na tal praia.Durante esses dias eu continuei me alimentando por nós dois, mas William não me mordeu muitas vezes e parecia estar ficando um pouco fraco. Eu insisti para que ele se alimentasse, mas ele disse que guardaria para o grande dia, o que eu não entendi muito bem.Chegamos à praia no fim de uma tarde e William nos levou ainda mais longe, em um cais, onde alguns barcos desembarcavam.- Vamos ter que esperar até a madrugada. - ele disse - Normalmente os barcos que vem de lá chegam aqui no meio da noite para não chamar a atenção.- Certo.- Enquanto isso vamos nos preparar.Acenei com a cabeça em concordância.- Eu estive pensando e faremos assim: Você
Por um tempo eu pensei que não conseguiríamos chegar até a ilha, pois quando estávamos no meio do mar, vendo apenas água por todos os lados, parecia que não estávamos chegando à lugar algum.Eu me lembrava vagamente de ter me sentido assim também quando havia fugido da ilha.Naquele dia eu havia encontrado alguns barcos já ancorados na costa da ilha, onde avistei um homem entrando em um deles e o abordei, fazendo com que ele me levasse até o continente, onde o matei.Eu me lembrava de estar com muita fome, e de ter me segurado bastante para não morder o homem durante a viagem por medo de ficar perdida em meio ao mar.Quando finalmente avistamos a ilha no horizonte meu coração começou a acelerar. Algo em mim me dizia que eu não deveria estar ali.Descemos e William prendeu o barco em um tronco e então agarrou pela camisa o homem que
Usamos a chave-cartão para entrar no laboratório e logo no início encontramos dois guardas.William também disse que o lugar possuía algumas câmeras, por isso não passaríamos despercebidos.Matamos os dois primeiros guardas e corremos, pois precisávamos chegar à sala de controle antes que pudessem nos parar.William foi me guiando pelo labirinto de corredores e portas, enquanto ia atirando em todos que apareciam em nosso caminho.Logo o lugar se tornou agitado e barulhento, com vários guardas vindo na nossa direção.Nós conseguimos chegar na tal sala e William fez o homem que estava lá digitar a senha. Ele estava prestes a apertar o botão que libertaria todos os outros quando ouvimos mais passos atrás de nós.- Isso não vai adiantar. - disse uma voz feminina e confiante.Ao olhar para trás vi uma m
- Bom dia. - ouvi a voz de Melissa dizer.Minha cabeça doía e eu me lembrava vagamente de ter sido apagada com um tipo de gás que saiu de buracos no teto da minha cela.Tentei me levantar, mas minhas pernas não me obedeceram.Quando olhei em volta percebi que estava amarrada à uma maca e Melissa estava bem na minha frente, sorrindo para mim.- Você não vai conseguir se mexer por um tempo. - ela me informou - Seu corpo todo está anestesiado.A encarei, desejando poder esganá-la apenas com o olhar.- Você me deu muito prejuízo, garota. Você e aquele idiota do William. Agradeça por eu deixar vocês vivos... Pelo menos por enquanto.- P-por quê? - eu consegui dizer.- Por que eu deixei vocês vivos? - ela perguntou - É bem simples. Eu preciso me recuperar do prejuízo que vocês me causaram. Vocês mataram
"Paciente voluntária n°3:" -dizia o papel."Alicia de Camargo Ferreira, 19 anos.Exames de sangue:Tipo sanguíneo: B+HIVs: Negativo.Baixa quantidade de ferro.Obs.: Paciente precisa passar por um tratamento de uma semana para anemia leve."Ao lado disso havia uma foto dela.Minha mãe tinha os mesmos olhos verdes e cabelos escuros que eu tinha, mas ela estava um tanto bagunçada e me parecia muito com algumas mulheres que eu havia visto na rua uma vez, vestidas com poucas roupas e se oferecendo para todos os homens que passavam perto delas. Talvez esse fosse o tipo de vida que minha mãe levava antes de ir parar naquele laboratório.As anotações continuavam..."Uma semana depois:Cobaia 3 pronta para o experimento....Cobaia 3 recebeu injeção do v
Como eu temia, minha gravidez me fez ficar fraca e instável. Algo estava acontecendo dentro de mim e eu estava com medo disso.William não sabia que eu estava grávida até o dia em que eu desmaiei e depois disso passou a me observar a noite inteira, todas as noites, junto com Carlos ou as vezes com outro cientista chamado Dênis.Os dias foram se passando e eu mal conseguia pensar nas coisas direito, muito menos planejar algo. Tudo o que eu sentia era medo e fraqueza, cada vez mais.Esse mal estar foi piorando com o tempo e eu comecei a achar que realmente iria morrer, então eles aumentaram a frequência da minha alimentação, me dando bolsas de sangue todos os dias, três vezes ao dia. Isso ajudou bastante.Um dia, no meio da noite, enquanto Carlos cochilava em uma cadeira, William se aproximou da minha cela.- Cinco. - ele chamou num cochicho - Está acordada?- Estou. - r