Uma órfã em minha vida
Uma órfã em minha vida
Por: aly
Um

[Lacey]

— Lala? Acorda!

— Não, Tori! — exclamo, puxando a coberta para cima. — Me deixa dormir.

— Não! Você precisa acordar. É hoje!

Então a minha mente desperta e me faz ver o que minha melhor amiga falava.

Hoje era meu aniversário. O dia em que finalmente completo dezoito anos e estou livre do orfanato.

— Parabéns, Lacey.

Sento-me e olho para a pequena caixinha que ela segurava. Depois de pegá-la, abraço forte a pessoa que mais me deu força para não desistir da minha vida.

— Obrigada, Tori.

Abro a caixa, tirando dali um cordão prateado, com um coração na ponta.

— Você vai embora e não sabemos como será. Então decidi te dar algo para que nunca se esqueça de mim e da nossa amizade.

Dentro do coração, tinha uma foto nossa, no maior entrosamento. Tori era definitivamente, a melhor garota daquele orfanato. Do mundo.

— Eu amo você. — digo, a abraçando novamente. — Independente de qual seja o meu destino, eu vou voltar para te encontrar. E mesmo se não for possível, vou dar um jeito de te avisar onde vou estar. Daqui a pouco, você que vai estar saindo daqui. Somos as únicas que nunca foram adotadas.

— Está ansiosa?

— Com medo também. Não sei o que vou encontrar lá fora.

— Primeiro, um emprego. — diz, rindo. — E depois, sua família. Todo mundo merece saber o que aconteceu e sair do escuro.

Eu invejava a Vitória. Além de ser uma linda negra com os olhos claros, ela sabia o que tinha acontecido com sua família, mesmo que não seja algo bom.

A mãe de Tori morreu no parto e o pai, dois anos depois, de depressão. E a única pessoa da sua família, é uma tia incapacitada de cuidar de qualquer pessoa, inclusive dela mesma. Tori chegou ao orfanato com quase dois anos. Ela chegou a passar por alguns lares, mas dava tanto trabalho, que sempre era devolvida para o orfanato. 

— Vou fazer de tudo para descobrir minhas raízes.

Depois de mais alguns abraços e lágrimas de despedidas, fomos tomar banho. Eu iria embora depois do café de aniversário.

Minha única mala estava arrumada desde a noite anterior. Coloco as últimas coisas dentro dela, antes de descer para o café.

Sou recebida com um coro de parabéns para você, e a primeira pessoa a me abraçar, é Kieran.

— Parabéns, meu amor.

Meu amor...

Ele definitivamente, não conseguia entender que eu não queria nada com ele. Ora estava me beijando escondido, ora estava afastado. Não importava quantas vezes eu dissesse que não o amava, Kieran sempre voltava.

— Obrigada, Kieran.

Ele deposita um beijo no meu rosto e eu logo me desvencilho dele, indo falar com os outros órfãos. 

Estávamos todos esperando nossa diretora, Marlene, para começar a tomar o café. Ela entra na sala de jantar, segurando uma bandeja com uma enorme quantidade de panquecas, completamente cheias de chocolate, e uma vela em cima de uma.

Aquele era um ritual de aniversário.

— Hoje todas as panquecas são da nossa aniversariante. Um presente de aniversário e despedida.

Não nos prolongamos muito. Após o café, alguém sobe para buscar minha mala, enquanto me despeço de todos.

— Já sabe para onde vai? — Marlene pergunta, enquanto me acompanha para fora do casarão, onde vivi toda minha vida.

— Com uma pesquisa na internet, Tori me ajudou a tirar alguns anúncios de apartamentos baratos. Mas primeiro, vou atrás de um emprego.

— Está com dinheiro?

— Tudo o que ganhei, quando começamos a fazer aqueles serviços de buffet. Quase mil libras.

— Use esse dinheiro com sabedoria. — diz, segurando meu rosto. — Descubra o seu passado. E se precisar de qualquer coisa, conte comigo.

— Obrigada por tudo!

Entro no táxi que me esperava e ele parte. Olho para trás e aceno para minha antiga vida.

[...]

 Desculpe senhorita, Swan, mas você não tem nenhuma experiência para o cargo de vendedora. Sinto muito.

— Infelizmente já preenchemos a vaga de estoquista. Sinto muito. 

— Você não se encaixa na vaga. Desculpe.

— Recém saída de um orfanato? Sem residência fixa? Não fazemos caridade.

— Desculpe, querida.

— Não.

— Sem vagas.

— Vê na loja ao lado.

— Estude e depois tente algo.

— Você é bonita. Com um banho de loja e maquiagem, daria até uma boa modelo. Mas não estamos procurando no momento.

Depois de tantos nãos, o fim de tarde estava chegando e eu não aguentava mais andar. Estava em uma feira, comprando algumas frutas, quando escuto uma conversa atrás de mim.

— Vá lá! Os Lennox pagam bem.

— Mas eles têm empregada. A velha está na família há anos.

— Ela morreu ontem, menina! A família está louca por uma empregada nova.

— Vou lá amanhã bem cedo! Esse emprego já é meu.

Espero as mulheres se afastarem e me viro para o feirante a minha frente.

— Poderia me dar uma informação? — ele assente. — Onde fica a casa dos Lennox?

— Você vira à direita e pega toda a rua. No final dela, há um condomínio. A casa deles, é a maior de todas.

— Obrigada.

Faço todo o caminho que me foi instruído, comendo uma maçã e me perguntando se devia realmente roubar o emprego daquela mulher. Mas pensando pelo lado, de que aquele emprego não é dela, não tenho motivos para me sentir mal.

Após andar um pouco, chego ao tal condomínio. Só a entrada do lugar, era enorme e completamente luxuosa. Fico me perguntando o quão ricos eles são. Me identifico no portão, dizendo para o que estava ali, e então liberam minha entrada, indicando-me o caminho que devo seguir, para achar a tal casa.

Estava caminhando pela rua ladrilhada, admirando todas aquelas enorme casas, que mais pareciam castelos de contos de fadas, quando um carro vem com toda velocidade na minha direção, fazendo com que eu me jogue na calçada, para não ser atropelada.

— Droga... — resmungo, observando meu joelho ralado.

Levanto com certa dificuldade, devido a dor que irradiava em meu joelho, e termino minha caminhada, até a casa dos Lennox.

Havia um caminho de pedras, até a enorme porta da mansão. Toco a campainha e logo uma mulher aparece. Ela me olha de cima a baixo e pensa se deve ou não bater à porta na minha cara.

— Oi... — murmuro, tímida. — Me chamo Lacey e... fiquei sabendo da vaga de empregada.

— Você quer ser empregada?

— Eu aceito qualquer coisa.

Depois de me olhar minuciosamente, a mulher que ainda não tinha se apresentado, me manda entrar.

— O que aconteceu com você? — pergunta, enquanto olho aquela luxuosidade com espanto.

— Quando estava a caminho daqui, um carro avançou em mim com toda força e eu precisei me jogar na calçada, para não ser atropelada.

Ela pisca algumas vezes.

— Me acompanhe.

Nós saímos do enorme hall de entrada e passamos por uma sala de jantar, com a maior mesa que já vi.

— Quantas pessoas moram aqui? — estava com medo de conseguir aquele trabalho.

— Apenas três.

Guardo o comentário sobre a mesa para mim e nós chegamos à cozinha. Uma senhora estava à beira do fogão, com suas panelas a todo vapor.

Mas se a empregada estava ali...

— Essa é a Úrsula. — diz. — Nossa cozinheira. Úrsula? Você avisou a essa menina sobre a vaga?

A mulher se vira e me encara, logo respondendo a sua patroa que não.

— Então como soube da vaga? — ela me pergunta.

— Eu ouvi duas mulheres conversando na feira... — respondo, envergonhada. — E como estou precisando muito de uma oportunidade, resolvi vir primeiro que elas.

— Sabe que pode estar roubando o emprego de alguém, não é?

Assinto, um pouco receosa.

— Adorei! — ela exclama, rindo logo em seguida. — Você é sagaz. Gostei disso.

Eu estava completamente confusa. Ela havia gostado do que fiz?

— Sente-se, amorzinho. Vamos conversar. Está com fome? Úrsula, prepare um lanche para ela. Então, como se chama mesmo?

Quando ela finalmente se cala, me encara com aqueles olhos azuis e o sorriso agradável, esperando uma resposta.

— Me chamo Lacey Swan. Bem... É o nome que me deram, quando me acharam na porta de um orfanato.

— Você é órfã? — ela se ajeita no banco.

— Eu... Eu não sei. Fui deixada na porta de um orfanato, quando tinha quase dois anos. E só sabem a minha data de aniversário, porque a única coisa que a pessoa que me largou lá, deixou, foi uma pulseira de ouro, com a data gravada e um bilhete dizendo que não podiam cuidar de mim.

— E você nunca foi adotada? — nego. — Por quê?

— Eu tinha a esperança de que alguém fosse me procurar... E se eu tivesse sido adotada, corria o risco de nunca mais ver minha família de sangue.

— Quanto tempo faz, que você saiu do orfanato?

— Algumas horas... — assumo, abaixando a cabeça.

— Tem residência fixa? — balanço a cabeça negativamente. — Dinheiro?

— O pouco que consegui juntar. Dona...

— Abigail, mas me chame de Aby.

— Dona Aby...

— Só Aby, Lacey. — ela sorri.

— Aby... Eu gostaria que pudesse me dar essa chance. Sei que não tenho experiência nesse cargo, assim como em muitos outros que tentei hoje, mas eu preciso de um emprego, para que eu possa usar o meu salário para descobrir o que aconteceu no meu passado. É só o que lhe peço.

— Olha querida, suponho que você não tenha carteira de trabalho. Certo? — assinto. — Então eu não poderia te contratar legalmente. — meus olhos queimam, com mais aquela derrota. — Mas posso deixar que trabalhe aqui e receba o que lhe é de direito. Mesmo sem comprovação de renda.

— O quê? Está dizendo que...

— Você está contratada, Lacey Swan.

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