Sophie Narrando Eu estava exausta. A semana tinha sido puxada, reuniões intermináveis, aquela viagem nada tranquila e compromissos sem fim e ainda precisei acompanhar o Sr. Ferraz em um jantar. Respirei fundo antes de começar a me arrumar. Ainda bem que amanhã é sábado… finalmente um descanso.O evento será no restaurante do Palace Hotel, um dos mais sofisticados da cidade. Me vesti com calma, mesmo cansada. Escolhi um vestido elegante, mas discreto. Me maquiei com cuidado, e nos pés, um salto que provavelmente me faria arrepender no fim da noite. Quando saí do quarto, Elizandra, me lançou um olhar maroto.— Uau, você tá pronta pra acertar em cheio o coração do seu chefe, Sôso!Sorri, meio sem graça.— Que coração? — brinquei, fazendo-a rir também.Descemos juntas, e quando cheguei à frente do prédio, o carro já estava estacionado. O motorista do Sr. Ferraz estava ao lado da porta, me esperando. Me aproximei com um simples:— Boa noite.— Boa noite, Sophie — ele respondeu.O trajeto
Ethan Narrando Era para ser apenas mais um jantar beneficente. Mais um daqueles eventos de gala em que eu compareço por obrigação, uso o mesmo terno impecável, distribuo sorrisos calculados e falo sobre doações e projetos sociais com empresários que só estão ali para limpar a própria imagem. Mas essa noite, foi diferente.Ou melhor, alguém foi diferente.— Impressionante como você consegue deixar qualquer ambiente mais leve — disse, pegando uma taça de espumante.— E você impressiona por aparecer aqui sem aquele ar entediado de sempre. — Ela ergueu uma sobrancelha, provocando.— Talvez seja porque, pela primeira vez, eu realmente quero estar aqui.Ela riu, e aquele som despertou algo em mim. Algo adormecido. Algo esquecido.Durante o jantar, sentamos lado a lado na longa mesa decorada com flores brancas e velas elegantes. A comida era refinada, o serviço impecável, mas nada disso me interessava. A única coisa que realmente capturava minha atenção era a mulher ao meu lado.— Me diz um
Sophie Narrando A noite passada foi simplesmente maravilhosa. Daquelas que deixam um sorrisinho bobo no canto da boca e a sensação boa de que tudo foi mais do que esperava. Assim que entrei no meu apartamento, tirei os sapatos na porta, fui direto para o quarto, e sem pensar duas vezes, tomei um banho longo e quente. A água caía pelos meus ombros, levando consigo o cansaço e as lembranças que ainda dançavam na minha mente. Depois, me enrolei na toalha felpuda e me joguei na cama. Apaguei. Dormi como uma pedra.Acordei já passava do meio-dia. O sol invadia o quarto pelas frestas da persiana, e eu me sentia outra pessoa. Dormi profundamente, sem interrupções. Estava renovada, corpo e alma. Levantei devagar, espreguicei os braços e fui direto para o chuveiro outra vez. O banho matinal teve cheiro de sabonete de sálvia e som de música baixa vindo do meu celular.Enrolei os cabelos na toalha, vesti um shortinho de algodão e uma blusinha leve, e fui para a cozinha. Comecei a preparar o alm
Ethan Narrando A entrada VIP era discreta, do jeito que eu gosto. Passei sem dificuldade, cumprimentando apenas com um aceno os seguranças que já estavam instruídos. A música alta e o cheiro de álcool caro misturado com perfume doce me envolveram assim que atravessei a cortina de veludo. Eu não sou um habitué de boates, mas abria exceções para pessoas que realmente mereciam, e Davi é uma dessas raras exceções.Segui direto para o lounger reservado. Era uma área mais afastada, com poltronas de couro e vista estratégica para a pista de dança. Assim que vi Davi, fui até ele. Seu sorriso largo e o copo na mão denunciavam que já estava em clima de comemoração.— Parabéns, meu velho amigo — disse, entregando a pequena caixa preta com o relógio de ouro que mandei meu motorista comprar, de última hora.— Caralho, Ethan! — ele arregalou os olhos, rindo alto. — Isso aqui vale mais que meu carro.— Gosto de ser generoso com os poucos que merecem — respondi, mantendo meu tom calmo.Davi fez ques
Ethan Narrando A música pulsava alto, os graves batendo como um segundo coração dentro do peito. Mas o único som que realmente importava era o ritmo que o corpo dela marcava contra o meu. Sophie se entregava à dança com uma sensualidade que desarmaria qualquer homem. Em mim, provocava algo mais perigoso: a vontade de esquecer quem eu era, e o que ela era para mim.Cada vez que se movia, parecia mais leve. Mais linda. Mais provocante. Meu autocontrole, que sempre considerei uma das minhas maiores virtudes, começava a rachar pelas bordas.Minhas mãos ainda estavam firmes na cintura dela, mas aos poucos começaram a explorar com mais liberdade. Deslizei os dedos pelas curvas delineadas do vestido, sentindo a pele quente por baixo do tecido. Ela não recuou. Ao contrário, se jogou mais ainda, colando o corpo no meu, os olhos brilhando sob a luz estroboscópica da boate.Ela sorriu. Um sorriso que dizia mais do que mil palavras. Um aviso. Ou talvez um convite.— Você sabe o que está fazendo?
Sophie Narrando Eu não esperava ver Ethan naquela boate. Na verdade, não esperava encontrar ninguém do trabalho, muito menos ele. Meu chefe. Sempre tão reservado, tão no controle. E ali estava ele, me olhando como se eu fosse a única mulher naquele lugar.Quando nossos olhares se cruzaram, senti o chão sair dos meus pés. Por um segundo, pensei em virar as costas, fingir que não vi. Mas então ele veio, firme, direto, dançamos e o beijo aconteceu.O beijo dele. Meu Deus.Quente. Possessivo. Uma delícia que me fez perder o ar.— Você tá linda, Sophie. — ele disse com a voz baixa, rouca, como uma carícia.— Obrigada, você também — murmurei, sem saber ao certo como manter o controle.Ele me puxou pela cintura, colando nossos corpos na pista de dança. O som da música, as luzes, as pessoas ao redor, tudo sumiu. Foquei só nele. No toque, no calor da boca dele, no jeito como suas mãos seguravam meu corpo como se soubesse exatamente o que fazer.Meu coração disparava. Não de forma boa o tempo
Ethan Narrando Acordei com a luz fraca entrando pela fresta das cortinas. Estiquei o braço instintivamente para o lado, mas encontrei apenas o vazio. O lençol estava frio, como se ninguém jamais tivesse deitado ali. Franzi o cenho. Virei o rosto e encarei o travesseiro ao lado, impecável. Sophie não estava mais na cama.Me levantei devagar, sentindo o peso da noite passada em meus músculos. O quarto estava em silêncio, apenas o som abafado do ar-condicionado preenchia o espaço. Caminhei até o banheiro. Vazio. Nenhum sinal dela.— Sophie? — chamei, a voz ecoando no silêncio da suíte. Nada.Revirei o quarto com os olhos. Nenhuma bolsa, nenhuma peça de roupa, nem mesmo o perfume dela pairava mais no ar. Desci as escadas. A casa inteira parecia mais fria do que deveria. Vasculhei a cozinha, a sala. Cada cômodo negava a presença dela.Ela foi embora.— Não é possível — murmurei, esfregando o rosto.Depois da noite que tivemos? Depois do jeito como ela me olhou, como gemeu meu nome, como
Sophie Narrando Consegui dormir um pouco pela manhã. Desliguei o celular assim que me deitei, precisava desse silêncio. Quando acordei, meu corpo parecia ter passado por uma maratona. Cada parte doía, como se eu tivesse levado uma surra, e minha Vagina estava só a graça. Tomei um analgésico e vesti uma calcinha confortável daquelas que a gente guarda para dias em que só quer existir sem pensar em sensualidade.Liguei a televisão no volume baixo e deixei um som suave tocando. Escolhi Legião Urbana, porque tem algo naquela melodia melancólica e nas letras sinceras que me abraçam por dentro. Enquanto a música preenchia o ambiente, comecei a preparar uma lasanha. Cozinhar sempre foi minha terapia, e hoje mais do que nunca, eu precisava disso.Só que por mais que eu tentasse me distrair, meus pensamentos insistiam em voltar para a noite passada. A noite nos braços do meu chefe. O toque dele, o jeito como me olhou, a forma como me fez sentir, tudo isso girava na minha mente como um filme