Capítulo 2

          Theo James

Na residência dos Johnson

— Eu posso saber que raios vocês fizeram agora para décima quinta babá ter ido embora? – questiono olhando meus filhos sentados no sofá da sala depois que mandei a senhorita Fernanda os chamar.

— Não fizemos nada demais – responde a atrevida da Yasmim, como se eu não soubesse que ela é a primeira a bolar seus planos de afastar todas as babás que eu contrato.

— Ah jura, quer que eu leia todo o relatório minucioso que ela relatou com extrema precisão de cada ato rebelde e indisciplinar de cada um de vocês.

Vejo a minha caçula Isabella abrir a boca para me responder. Mas a corto.

— E nem adianta vir com essa carinha de anjo senhorita Isabella, pois da Yasmin eu espero de tudo – falo e vejo a outra abrir a boca perplexa – Agora a senhorita, onde já se viu, fingir que estar com dor de barriga só para aquela ali despejar laxante, no café da babá. — Falo e a mesma abaixa a cabeça envergonhada. — E se da próxima vez ela não acreditasse no seu mal estar em. Ela poderia deixar você morrendo de dor.

— Ah mas também não precisa exagerar né pai. – Falou Luiz Miguel, o mais sapeca de todos.

— Jura. – Olho para ele completamente sério. — Onde você estava com a cabeça de trancar todas as portas do banheiro dessa casa. Colocar todas os seus carrinhos no meio do caminho, despejar óleo no chão, queimar as roupas dela. – Pauso e encaro Josh que não fala absolutamente nada.

— E você Josh, onde estava quando seu irmão arruinava a casa?

— No meu quarto estudando. — Responde na maior tranquilidade.

— Aff, esse aí o mundo pode tá desabando, que ele não faz nada, só fica lá enfurnando no quarto. – Yasmim fala.

— Pelo menos, ele está fazendo alguma coisa de útil, do que ficar acabando com seus tímpanos tocando aquela maldita guitarra – Revido, vendo-a cruzar os braços emburrada.

— Não sou só eu que fico tocando música nessa casa tá legal, o James também toca violão. – Reclama, não aguentando mais ouvir minhas críticas.

— Com James eu me entendo depois, falando nele, onde ele está? – Pergunto vendo que já passou da hora do jantar e esse garoto não apareceu até agora.

— E eu vou lá saber, ele é seu filho, não meu.

— Yasmim me respeita. – Falo já começando a me alterar. E ela apenas vira a cara pra mim. — Já que vocês acham que o que fizeram hoje não foi nada demais, vão ficar de boa sem seus celulares por uma semana.

— O QUE?

— ISSO NÃO É JUSTO?

— A CULPA É DELE.

Começam a gritar comigo e a colocar a culpa um no outro. Como se os quatros não tivessem culpa no cartório. Mas como minha paciência já está no limite. Revido:

— Se não calarem a boca vão ficar por 3 semanas. – Quando termino de falar todos fecham a boca. — Muito bem, uma semana e não se fala mais nisso.

Logo em seguida ouço a porta bater e encaro meu primogênito entrando com fones de ouvidos na orelha. Ele para olhando todo mundo reunido e com cara emburra e pergunta:

— O que eu perdi? — pergunta retirando seus fones.

— Depois você pergunta pros seus irmãos. Onde você estava até agora? – Já é a quinta vez que vejo ele chegar tarde em casa e nunca me fala onde se enfia.

— No treino da escola — Responde subindo as escadas rapidamente.

— Até essa hora. Dá próxima vez quero ser avisado que vai chegar tarde.

— OK – é a única coisa que ouço antes dele sumir.

— Já podemos ir jantar? Estou morrendo de fome. – Pergunta Luiz Miguel.

— Vão, mais sem um pio.

Depois do jantar, a noite passou rapidamente, todos foram para cama verifiquei cada quarto confiscando cada celular e apagando a luz, fui pro meu quarto, tomei uma ducha, coloquei uma cueca samba canção e me joguei na cama apagando em instantes.

Acordo no dia seguinte e vou direto para o banheiro fazer minha higiene. Saio e vou para o closet. Visto meu terno, arrumo meu cabelo e saio do quarto.

Chegando no corredor da casa já vejo a bagunça das crianças. Se a Alessandra estivesse aqui, aposto que ela colocaria todo mundo pra arrumar. Mal chego na cozinha e assisto mais uma briguinha dos meus filhos.

— Miguel me devolve, isso era meu – Yasmim repreende o irmão porque ele pegou a última panqueca da mesa.

— Acabou! - ele diz depois de mastiga e engoli a panqueca e mostra a língua para irmã ver. Que faz careta de nojo.

— Toma Yasmim pode comer essa, estou satisfeito - James oferece tentando acalmar os ânimos dos irmãos.

— Obrigado irmãozinho lindo – Diz agradecida

— Café senhor? – Fernanda minha funcionária pergunta quando me vê. 

— Sim – ela coloca numa xícara e depois me entrega. Fico parado em pé em frente à mesa observando as crianças terminarem de comer.

— Pai, o senhor poderia me ajudar a fazer um trabalho de escola? – Josh me pergunta.

— Não dá Josh, vou estar muito ocupado peça para o seu irmão te ajudar – Quem deveria lhe ajudar era a Alessandra, mas infelizmente ela não está.

— Tudo bem Josh depois eu te ajudo – James diz e ele somente assente com a cabeça.

— Pai, posso ir já terminei – Josh diz querendo sair da mesa chateado com a minha resposta.

— Sim, eu também já vou, e ahh só pra vocês saberem, por causa da bagunça de ontem, vão ficar sem babá por um tempo, então Nanda e Paul vão ficar de olhos em vocês. – Digo encarando minha funcionária que trabalha para mim desde que me casei, e conhece muito bem cada artimanha dessas crianças.

— Tudo bem senhor – Ela confirma pra mim, depois saio para trabalhar sem me despedi.

Na empresa

— Bom dia senhor – Betty me cumprimenta quando me vê

— Bom dia! Qual minha agenda para hoje Betty? – pergunto já entrando na minha sala e me sentando.

— Hoje o senhor terá duas reuniões, uma sobre os projetos Maison e a outra reunião com o senhor Thompson.

— Ok, quando der o horário você me chama. – Informo já dispensando ela.

— Sim senhor – depois disso ela me deixa sozinho e eu começo a trabalhar.

Quando estava dando umas 10:30 Betty interfona me interrompendo.

— Senhor é a diretora da escola dos seus filhos, ela precisa falar com senhor disse que é importante.

— Tudo bem pode transferir. – O que será que eles aprontaram agora, já é a quinta vez naquele mês que sou chamado para comparecer naquela escola.

Ligação On:

- Senhor Johnson aqui é a diretora Aurora, como vai?

- Estava bem até agora, o que foi que eles aprontaram agora?

- Na verdade aconteceu algo muito sério com o Josh.

- Com Josh? Por essa não esperava, o que foi que ele fez? – nunca imaginei ser ele, o mais quieto de todos.

- Nada, na verdade ele foi agredido pelos seus colegas de classe, e até agora ele não diz o que aconteceu.

- Agredido? Como é que você deixou isso acontecer? – Fico indignado.

- Senhor não consegui evitar a tempo, mas pelo que eu soube seu filho sofre bullying?

- Merda. Mas era só me faltava.

- Por isso gostaria da sua presença para que possamos resolver isso da melhor maneira possível.

- Tudo bem em 15 minutos estou aí – digo me levantando e pegando minha carteira e chave do carro.

- Ok aguardo o senhor para mais esclarecimentos. – Ela diz e eu saio da sala e paro de frente a mesa de Betty.

—Betty segura as pontas aí, preciso ir na escola dos meus filhos, aconteceu um problema e tenho que resolver.

— Aconteceu alguma coisa com eles? Eles estão bem? – Pergunta disparando uma pergunta atrás da outra.

— Sim, só o Josh que está com problemas e estou indo para resolver.

— Problemas, espero que não tenha acontecido algo grave? – fala preocupada.

— Não tão grave assim, mas pode ser resolvido. Tenho que ir, cuida de tudo para mim enquanto estou fora. – Peço para a única pessoa de confiança que ainda tenho nessa empresa.

— Claro senhor, pode ir tranquilo eu cuido de tudo. – Ela diz e eu saio indo direto para escola.

Chegando na escola entro direto na sala da diretora sem bater e encontro Josh com a cabeça baixa entre as mãos.

— Josh? O que foi que aconteceu? – Ele levantou a cabeça e me encarou e não disse uma palavra. — Mas que merda. – Exclamo com raiva, Josh está com um olho roxo e a boca com um corte saindo sangue. Depois de me olhar ele volta a abaixar a cabeça tentando estancar o sangue.

— Senhor Johnson me desculpe por não te receber, estava relatando o ocorrido para os pais dos outros alunos. – Aurora diz depois de entrar na sala.

— E então o que foi que aconteceu pro meu filho estar com a cara toda arrebentada. – Digo indignado. 

— Até agora estava buscando resposta pelo que aconteceu com seu filho, mas Josh não disse nada em nenhum momento.

— Josh o que foi que aconteceu? – Ele continua em silêncio –Responda Josh? – Digo e ele permanece quieto – EU ESTOU FALANDO COM VOCÊ? ME RESPONDA? – grito já sem paciência. Já estou perdendo um dia inteiro de trabalho e ele nem justifica ao menos, ele somente me encara.

— Senhor, mantenha a calma por favor. – A mulher me pede uma coisa que já perdi faz tempo.

— Calma, você quer que eu fique calmo, Como? Me diga, como é que isso foi acontecer aqui nessa bendita escola, debaixo dos seus olhos? – pergunto revoltado olhando para cara de um e de outro.

— Eu conversei com alguns colegas de classe de Josh e pelo que me informaram, lamento dizer, mas Josh está sofrendo bullying. Ele está sendo perseguido e vive diariamente sendo humilhado por alguns alunos, além de receber alguns apelidos maldosos.

— Isso é verdade Josh, você está sofrendo bullying? – Ele não diz nada, saco — Maldita hora que eu fui ouvir a Alessandra de deixar as crianças estudarem aqui. Ela dizia que queria que eles estudassem na mesma escola onde ela se formou, e olha só no que deu. 

— Senhor James – a outra me chama e a encaro – Será que não tem alguém que o Josh possa confiar para ele poder conversar e esclarecer todos os fatos. Aonde ela quer chegar, ela acha que o garoto não vai querer se abrir comigo.

— Você acha que o Josh não confia em mim? – quem ela pensa que é. A encaro raivoso.

— Não, não é isso, é claro que ele confia – tenta justificar – Mas poderia ser outra pessoa que ele possa dizer tranquilamente sem pressão. – diz tentando me acalmar.

— Tudo bem. – Melhor eu revolver isso de uma vez. E a única pessoa que aposto que ele conversaria é com aquele imbecil. – Se eu ligar para seu padrinho você fala com ele Josh? – pergunto e ele assente rapidamente.

Ligação On:

— Alô Mattew?

— Theo aconteceu alguma coisa? As crianças estão bem?

—Sim, está tudo bem, quer dizer aconteceu um problema com o Josh e estou tentando resolver aqui, mas ...

— O que ele tem? - me interrompe

— Ah uns moleques o pegaram e deram lhe uma surra e está com um olho roxo e boca cortada fora isso, tá inteiro.

— Como assim Theo, o que houve? – sentindo que ele vai começar a me tirar do sério decido resumir.

— A diretora está dizendo que o Josh está sofrendo bullying, mas ele não fala nada, por isso te liguei pra ver se você consegue fazer o Josh abrir a boca. – Informo sem paciência.

— Ok, passa o telefone pra ele e nos deixe a sós. – Diz mandando em mim. Como se eu fosse seu empregado, folgado.

— Por que eu tenho que sair? É meu filho, se ele for abrir a boca para falar com você é bom eu estar aqui. – Rebato

— Theo não enche tá legal, você pediu minha ajuda e é o que vou fazer.

— Eu pedi sua ajuda? Você está completamente enganado, por mim nem ligava pra tua raça.

— O importante é que você ligou, e o Josh precisa de ajuda, vai passar o telefone pra ele ou vai demorar muito. – Me responde com a maior cara de pau. De saco cheio de conversar com ele, decido acabar logo com isso.

— Ok, vê se anda logo com isso, tenho um monte de coisa pra fazer ainda hoje. — Digo já entregando o celular pro meu filho. Encaro a diretora indicando para me acompanhar fora da sala.

Josh

— Josh o que aconteceu? Está tudo bem com você? Está muito machucado? – Meu padrinho pergunta preocupado comigo, o único que realmente se importa comigo, então desesperado disparo.

— Tio onde você está? Vem me buscar, quero ficar com você – digo já não aguentando segurar as lágrimas.

– Campeão sinto muito, mas eu não posso – diz soltando um suspiro – Eu estou em Washington, não posso voltar agora, mas pode me dizer o que houve, eu vou te ajudar.

— Meu pai não liga mais pra mim e nem pros meus irmãos, ele vive brigando com a gente. E na escola os meninos ficam me zoando, me batendo e colocando apelidos feios em mim.

— Tudo bem, vamos resolver primeiro o problema da escola. – Meu padrinho diz. Já sabendo que com meu pai a coisa é complicada –Me responde com sinceridade Josh, você quer continuar nessa escola e enfrentar esse problema de frente ou mudar para outra, com novos amigos e professores?

— Mas meu pai não vai deixar. – Do jeito que ele é teimoso.

— Deixe que com ele eu me viro. Agora me responda?

— Sim, eu quero mudar de escola tio.

— Ótimo, agora vá atrás do seu pai que vou falar com ele.

— Tá bem, obrigado tio. – Falo muito agradecido porque eu sei que vai conseguir, mesmo meu pai não gostando.

— De nada campeão, e antes que me esqueça, quando chegar em casa peça para a Nanda colocar gelo no seu olho para não ficar pior amanhã. Eu sei como é que é, já apanhei muito na adolescência também, faz parte da vida, mas você tem que saber, que se você cair hoje, amanhã se levante. Entendido?

— Sim tio. – Me levanto do sofá e saio da sala. Encontro meu pai sentado numa cadeira com uma cara nada boa, e lhe devolvo o celular, sobre seu olhar minucioso.

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