Capítulo 4. Encontro desastroso.

Hacienda La Momposina: Manizales, Colômbia

Os membros da família Duque estavam reunidos na grande sala de jantar da propriedade. O chefe da família colocou os óculos e olhou seriamente para a cadeira vazia de seu filho: Juan Andrés.

"Onde está seu irmão?", ele perguntou a Juan Miguel, gêmeo de Juan Andrés.

"Não deve demorar muito, papai", respondeu o jovem.

Joaquín Duque, o pai dos meninos, bufou e estava prestes a se levantar para ir procurá-lo, quando o jovem apareceu.

"Desculpe o atraso", disse ele, com os cabelos emaranhados e os olhos vermelhos da noite ruim que passara na festa que se arrastara até de manhã.

"Sente-se", ordenou o Sr. Duque. "Eu os reuni porque pretendo fazer mudanças importantes na organização administrativa da empresa."

"O que muda?", questionou María Joaquina, a mais jovem da família.

"Decidi nomear Juan Andrés como o novo administrador da fazenda."

O jovem caiu da cadeira em choque. Seus irmãos começaram a rir.

"Você enlouqueceu, pai?", questionou o jovem, franzindo a testa. "Não faço a menor ideia de como administrar uma fazenda. Não estudei marketing para me envolver com colhedores." Ele torceu o nariz.

A mãe do jovem balançou a cabeça enquanto o ouvia.

"Se esta fazenda não produzisse, vocês não teriam condições de arcar com os luxos de que gostam", advertiu com seriedade. "Vocês aprenderão a administrá-la e, a partir de amanhã, receberão os novos colhedores. Quero vocês de pé a partir das sete horas da manhã."

Juan Andrés bufou e balançou a cabeça.

"Às sete?", resmungou ele. "Não posso a essa hora, farei as entrevistas às nove."

"Às sete horas", o Sr. Duque levantou a voz, "e se vocês não estiverem presentes, congelarei seus cartões de crédito novamente, e desta vez será para sempre", enfatizou.

"Não é justo!", ele rebateu e saiu do quarto, saindo da casa. "Você é louca se acha que vai me quebrar desse jeito!", ele rugiu, andando em volta da fonte na entrada principal da propriedade. "Preciso me desestressar", disse, entrou no carro e saiu acelerando para ir ao bar de sempre.

****

No início da manhã, Paula se levantou cedo e foi deixar o filho na escola. Ela havia chorado a noite toda, lamentando a perda de sua fonte de renda, mas nunca desistiu.

"Seja bom, meu príncipe, e me deseje sorte", pediu ela, beijando a testa do menino. Sem sua fonte de trabalho, decidiu aceitar a sugestão da proprietária e ir trabalhar nas fazendas de café.

A criança esticou as mãozinhas e abraçou a mãe.

"Deus a abençoe, que você colha muito café e que compre a bola que eu quero", disse o garotinho inocentemente.

O coração de Paula se fragmentou enquanto o ouvia, seus olhos ficaram lacrimejantes.

"Eu prometo que a primeira coisa que faremos quando eu receber meu salário será comprar aquela bola para você." Ela sorriu, pegou-o pela mão e o deixou dentro da escola. "Luciana virá atrás de você, não dê nenhum problema."

"Não, mamãe, eu vou me comportar bem!", afirmou o menino e saiu correndo para brincar com os colegas.

Paula imediatamente pegou um ônibus e chegou ao parque central. Olhou para as muitas pessoas na praça, a maioria delas mulheres, e então ouviu a voz de um homem.

"Aqueles que quiserem ir para La Momposina venham comigo."

Paula percebeu que as pessoas estavam se aglomerando para entrar nas chivas, então correu também.

"Naquele lugar, eles devem pagar bem."

Os ônibus eram uma espécie de caminhão com fileiras de bancos largos de madeira. Um lado do ônibus era fechado e o outro aberto; somente por ali era possível entrar no veículo. Na parte de trás havia uma escada que levava à grade onde a carga era colocada. As cores desses veículos tradicionais eram brilhantes, muito chamativas: verde, vermelho, amarelo, e cada chiva tinha capacidade para cerca de sessenta pessoas.

Paula conseguiu empurrar, insultar e pisar para entrar em um deles. Sentou-se e imediatamente se sentiu espremida, pois as pessoas se amontoavam para acomodar mais gente para ir à fazenda.

Quando a chiva estava cheia, o motorista deu a partida e, depois de passar pela cidade, pegou a estrada. Paula admirou a paisagem de plantações de café e casas pitorescas de fazenda ao redor.

Ela estava pensando profundamente, relembrando o incidente do dia anterior.

"Você não pode imaginar o quanto eu o detesto, Juan Andrés Duque!", pensou ela, cerrando os punhos com força.

Alguns minutos depois, anunciaram que haviam chegado a La Momposina.

"É proibido entrar na casa dos patrões", o capataz indicou como um aviso. "Vão direto para as plantações", ele ordenou. "Em alguns minutos faremos a seleção do pessoal."

Paula e os outros colhedores desceram da chiva e seguiram pela estrada. Muitos já conheciam a fazenda, não era a primeira vez que trabalhavam em La Momposina. A jovem olhou para a grande extensão de plantações de café, cruzou os dedos na esperança de trabalhar ali, mas não tinha experiência; nunca havia trabalhado em uma plantação de café.

Uma bela jovem de cabelos dourados e olhos azuis se apresentou como membro da família e deu as respectivas instruções.

"Esta colheita terá mudanças. Meu irmão Juan Andrés agora está encarregado da administração da fazenda." Ela apontou para o homem.

Paula abriu bem os olhos.

Ela cerrou os punhos com força, o sangue reverberou em suas veias. Pensou em ir embora, mas como? Não havia como, não até que o dia terminasse. "Por que tenho que encontrá-lo a todo momento?", ela questionou e bufou desanimada, pois sabia que seus dias naquela fazenda estavam contados.

Juan Andrés ainda estava sonolento, com dor de cabeça, pois havia acordado bebendo e curtindo outra festa.

"Sejam bem-vindos, Aureliano lhes dará as direções. Eu verificarei seu trabalho mais tarde", disse ele.

"Ele é tão bonito!", Paula ouviu as catadoras mais jovens dizerem.

"Ele é um exibicionista, não suporto trabalhar com ele", ouviu os homens dizerem.

"Ele é um idiota!", pensou Paula.

Depois de alguns minutos, o capataz deu as devidas instruções. Então Paula soube que quanto mais café colhesse, maior seria seu salário. Mas ela não tinha experiência, então imediatamente se juntou às mulheres que estavam no ofício há mais tempo, pediu para ser ensinada. Apenas uma mulher mais velha concordou com a proposta; as outras eram egoístas, não queriam que seu trabalho fosse tirado delas.

*****

Ao meio-dia, Paula estava constantemente enxugando o suor do rosto. Ela mal tinha enchido um saco de café, enquanto os outros já tinham enchido dois. Então ouviu vozes.

"El patrón!", disseram algumas moças animadas, e começaram a sorrir e a flertar com Juan Andrés.

"Se elas não fossem camponesas, eu as teria levado para minha cama há muito tempo, mas não me envolvo com pessoas de classe baixa", disse o jovem em sua mente.

No entanto, ele sorria para elas, piscava para elas, era um especialista em flertar com as garotas, até que seu olhar recaiu sobre as curvas voluptuosas da única catadora que parecia imune aos seus encantos. Sua atitude de ignorá-la tornou-se familiar, e mais ainda.

"Você mal pegou café", ele reprovou, tentando olhá-la nos olhos, mas ela permaneceu concentrada em sua tarefa. "Você é surda?", ele questionou em voz alta.

Paula cerrou os dentes, a raiva começou a tomar conta de seu corpo, mas ela não podia ceder à provocação, precisava daquele emprego.

"Não, senhor, eu não sou surda." Ela limpou a voz sem olhar para ele, não querendo que ele a reconhecesse. "Estou apenas fazendo meu trabalho."

Juan Andrés franziu a testa, com o rosto cheio de seriedade.

"Você não foi ensinada a respeitar seus empregadores?", ele gritou irritado. "Se eu me dirigir a você, deve me olhar nos olhos", ele ordenou.

Paula, com toda a sua força, descarregou a cesta presa à cintura, levantou o rosto e o olhou nos olhos, desafiadora.

"O que o senhor quer, patrão?", perguntou ela com altivez, pois não ia se deixar intimidar por um garoto rico.

Juan Andrés piscou quando percebeu que era ela. Notou que seus olhos estavam vermelhos e inchados, e ela parecia abatida, e bufou.

"Você?", ele perguntou. "Espero que tenha aprendido a lição", ele disse refletindo naqueles poços profundos e escuros que ela tinha como olhos. "Vá até a cozinha e me traga uma limonada", ele ordenou.

Paula franziu a testa e bufou.

"Fui proibida de me aproximar da casa", respondeu ela.

"Diga que está do meu lado", ele ordenou.

Paula bufou novamente e fez uma careta com os lábios.

"Para que lado devo ir?", perguntou ela.

Juan Andrés sorriu com aquela expressão de flerte que faria qualquer mulher se derreter, exceto Paula, e apontou para a estrada.

A garota se virou e imediatamente começou a caminhar pelas plantações de café. Sentiu os passos dele atrás dela e ficou tensa.

"Você deveria ser menos rude com seu patrão", sussurrou Juan Andrés, bem perto dela. "Se você tivesse se comportado bem na outra noite, nada de ruim teria acontecido."

Paula estava prestes a acelerar o passo e sentiu que ele agarrava sua cintura, virava-a e a beijava com força. A garota se debateu com ele, mordeu o lábio e ele a soltou.

Juan Andrés gargalhou cinicamente, lambeu o sangue, olhou-a nos olhos, mas não contava com a raiva que fervilhava no sangue de Paula. Então ela, com toda a sua força e com o olhar brilhando de raiva, deu um soco no rosto de Juan Andrés com tanta energia que o homem cambaleou e sentiu o gosto metálico do sangue dela em sua boca.

Mas Paula, não satisfeita, jogou-o no chão e partiu para cima dele, golpeando-o com toda a sua fúria reprimida pelo que ele havia feito com ela no dia anterior.

"Me solte, sua vadia louca!", gritou ele, lutando contra a jovem.

"Nunca mais toque em mim!", gritou ela, enlouquecida, batendo nele onde quer que pudesse. "Mesmo que você seja o chefe, precisa aprender a respeitar", rugiu ela. "Nunca mais mexa comigo! Você não me conhece! Estou cansada de pessoas como você!"

"Você vai se arrepender!", exclamou ele, tentando agarrar as mãos dela, mas ela havia se transformado em uma fera, conseguindo arranhar o rosto perfeito dele.

Assim que os outros colhedores perceberam o escândalo, o capataz conseguiu separar a menina do corpo de Juan Andrés.

"Tire essa louca da propriedade!", ordenou ele com raiva, olhando para ela com profundo desprezo.

"O que está acontecendo?", ouviu-se na voz de uma mulher, e todos ficaram em silêncio

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