Capítulo 3: Vingança cruel!

Paula acordou com uma forte dor de cabeça, e sua doença piorava a cada dia, então ela decidiu não sair para trabalhar, embora precisasse muito do dinheiro.

"Você pode levar o Christopher para a escola?", perguntou ela a Luciana. "Não estou me sentindo bem", disse.

Luciana, respirando fundo, olhou para ela com pesar.

"Eu cuido da criança", disse ela e entregou à amiga um analgésico com um copo d'água. "Tome o comprimido", pediu.

Paula assentiu, engoliu o remédio, fechou os olhos com força e tentou dormir.

"Mamãe! Mamãe!", exclamou o pequeno Cris, tocando suas bochechas.

"Deixe sua mãe dormir", pediu Luciana. "Ela está um pouco cansada."

O garotinho piscou, depois focou seus grandes olhos azuis na mãe.

"Ela está doente de novo?", perguntou ele, com os lábios formando uma linha fina, fazendo beicinho.

Luciana, aproximando-se do garoto, agachou-se até ficar da mesma altura que ele.

"Ela só está cansada, não chore, vou ajudá-lo com seu uniforme", disse ela.

"Eu posso fazer isso sozinho, sou um menino grande", disse o garotinho de apenas cinco anos de idade.

Luciana sorriu.

"Muito bem, apresse-se enquanto preparo seu café da manhã."

****

"Gostaria que essa mulher nunca mais trabalhasse, ela é ousada", gritou Andrés Duque ao telefone com o proprietário da agência de acompanhantes.

"Sr. Duke, sinto muito pelo inconveniente causado", o gerente limpou a garganta. "Asseguro-lhe que aquela mulher não voltará, por esse incidente pretendo compensá-lo. Peça a melhor garota, tudo será por nossa conta."

Andrew inclinou os lábios, pois havia alcançado seu objetivo.

"É assim que você aprenderá que não deve se meter com Juan Andrés Duque", ele sorriu para si mesmo.

"Obrigado, sendo assim, quero ver Luciana, em três horas", comunicou ele e deu-lhe o endereço do local onde pretendia encontrar a moça.

"Ela estará lá", disse o gerente e desligou a chamada.

"Você vai se arrepender de ter nascido, sua imunda", enfatizou ele, e seu olhar escureceu.

****

Momentos depois, Luciana, vestida com um elegante vestido sob medida, chegou ao clube onde Juan Andrés a havia chamado. Não era a primeira vez que ela estava lá. Ela informou que era convidada de um dos membros, e eles imediatamente entraram em contato com ele.

"Sim, deixe-a entrar, ela é minha convidada", disse Andrew, e desligou o celular. "Estou nas quadras de tênis."

Luciana foi imediatamente informada, balançou os quadris graciosamente, sorriu para vários cavalheiros e depois se dirigiu às quadras.

Ela inalou profundamente enquanto olhava para Juan Andrés, usando aqueles shorts.

"Ele é uma brasa."

"Oi, querido", ela disse e mordeu os lábios ao ver a bochecha dele. Juan Andrés tinha a pele muito clara e sua amiga Paula tinha tido o cuidado de deixar um presente muito bonito para ele. "Você foi duramente atingido ontem."

Os olhos de Andrew escureceram, mas ele fingiu um sorriso.

"Foi um acidente infeliz", disse ele, limpando a voz. "Venha, vamos nos sentar." Ele levou a garota até uma mesa e pediu duas limonadas. "Eu não sabia que era a primeira vez que sua amiga trabalhava como acompanhante. Me empolguei e gostaria de pedir desculpas a ela e pagá-la pelo serviço", ele mentiu. "Onde posso encontrá-la? Qual é o nome da sua amiga?"

Luciana não o conhecia, não podia adivinhar suas más intenções. Pelo contrário, achava que o dinheiro seria bom para sua amiga.

"Olha, ela vende o que pode pela manhã na Avenida Santander, perto da Plaza 51. Não é um lugar para homens da sua classe", alertou Luciana. "O nome dela é Paula Osorio."

Juan Andrés sorriu de forma coquete.

"Não se preocupe, eu sei cuidar de mim mesmo."

****

À tarde, Paula arrastava os pés em direção ao pátio da residência onde moravam. Era um prédio com vários cômodos; no meio ficava a lavanderia. Ela precisava lavar as roupas de Christopher.

Com um semblante pálido, ela começou sua tarefa, mas a dor latejante em seu cérebro não a deixava em paz, já que os analgésicos não diminuíam seu mal-estar.

"Você está bem, Paula?", perguntou uma mulher de meia-idade, a proprietária da casa.

"Estou um pouco doente, mas não há motivo para preocupação", mentiu Paula, suspirando profundamente.

"Eu só queria lembrá-la de que você deve o aluguel do quarto desde o mês passado", disse a mulher.

Paula soltou uma bufada de desespero.

"Prometo que vamos nos atualizar este mês", ela mentiu.

"Espero que sim", disse a mulher, e se virou para ir embora. Quando estava prestes a subir as escadas, ela voltou: "Ei Paula, vários conhecidos meus dizem que nas plantações de café nesta época do ano eles precisam de muito pessoal. O trabalho é como colhedores, mas pagam bem", ela mencionou.

Paula levantou uma das sobrancelhas e olhou atentamente para a senhora.

"E como você consegue um emprego?", ela perguntou.

"Disseram-me que na praça central há várias chivas que levam você às fazendas. Você pergunta a qualquer um dos coletores para qual fazenda eles vão e vai com eles", disse ela. "Você tem que acordar cedo."

Paula assentiu, terminou de lavar as roupas de Christopher e voltou para o quarto. Deitou-se na cama, abraçou o menino que havia adormecido, olhou para os sapatos velhos e gastos do bebê e seu coração se apertou.

"Meu Deus, me dê forças. Não quero deixar meu filho desamparado. Ele só tem a mim", gaguejou com a voz fraca e uma pontada no peito que não lhe permitia respirar. "Espero que Luciana não tenha sido repreendida por minha causa, mas aquele cara é um atrevido", rosnou. "Espero nunca mais vê-lo em minha vida."

Ela fechou os olhos, descansou um pouco e depois foi ao mercado comprar frutas para preparar as bebidas que venderia no dia seguinte.

****

Pela manhã, depois de deixar o filho na escola, Paula foi trabalhar, empurrando o carrinho de mão em que vendia os sucos que preparava desde cedo: laranja, coco e tamarindo eram os sabores que oferecia.

"Como você está?", perguntou aos transeuntes. "Tome um pouco de suco para esse calor, está bem frio, vai lhe fazer bem."

Algumas pessoas a ignoravam, e outras, especialmente os cavalheiros, se aproximavam dela, pagavam-lhe bebidas, mas com intenções duplas. Eles faziam elogios excessivamente sugestivos ou tentavam ser espertos, mas ela não permitia, era insultada ou eles iam embora sem pagar.

*****

Juan Andrés chegou minutos antes, olhou em volta assustado. Muitos vendedores ambulantes estavam se aproximando de sua BMW e ele estava com muito medo de ser roubado.

"Eu vim para entrar no inferno", ele refutou. Depois olhou para Paula, ela estava diferente da outra noite. Vestia uma calça jeans simples, uma camiseta branca, os tênis estavam bastante gastos, ela cobriu o rosto com um boné. Observou enquanto ela atravessava o trânsito e oferecia seus sucos. "Está na hora da minha vingança, seu piolho nojento." Ele inclinou os lábios, puxou o celular e fez uma ligação.

Nem mesmo trinta minutos haviam se passado quando Paula notou os outros vendedores ambulantes correndo de um lado para o outro.

"Os municipais!", disse um deles.

Paula tentou empurrar seu carrinho de volta para o local onde estava guardado, mas era tarde demais. Era como se aqueles guardas tivessem ido direto para ela.

"Por favor, não!", ela implorou, segurando seu carrinho de mão conquistado com muito esforço. "Eu não voltarei aqui, mas não o leve embora."

Antes que ela pudesse reagir, um dos guardas jogou o carrinho no chão e, com isso, os frascos de vidro onde ela guardava suas bebidas se quebraram ao entrar em contato com o chão, e o líquido se derramou, com os copos fazendo barulho na pista.

"Seus bastardos, vocês não percebem que é assim que alimentamos nossos filhos, seus bastardos!" Ela segurou o carrinho com força para que eles não o confiscassem, mas foi inútil. Ela lutou com os municipais, no entanto, eles usaram de força bruta, empurraram-na e ela caiu na calçada e viu enquanto eles carregavam sua fonte de trabalho em um caminhão. "O que eu vou fazer?", ela soluçou alto, sentada no chão, abraçada a si mesma.

Várias pessoas que passavam pelo local filmaram o que aconteceu, pois acharam a atitude dos policiais municipais ultrajante, parecendo que eles estavam em um ataque de fúria contra ela.

Juan Andrés, por outro lado, ria divertido, parecia não ter sentimentos, nenhuma simpatia pelo sofrimento dos outros. Então tirou todos os seus objetos de valor, colocou um boné e saiu do carro, caminhando na direção de Paula, que estava deitada no chão com a cabeça baixa.

A jovem olhou para um par de sapatos brilhantes, franziu a testa e olhou para cima, reconhecendo-o imediatamente.

"Isso é uma lição, para que vocês aprendam a não se meter comigo. Vocês não têm ideia de quem eu sou e do poder que tenho", enfatizou Juan Andrés.

Paula cerrou os punhos com toda a força, ouvindo-o revirar o estômago. Levantou-se com as bochechas coradas de raiva e o empurrou com fúria. Juan Andrés cambaleou.

"Você é o ser mais desprezível que eu já conheci", disse ela, agitada, soluçando. "Você não tem alma, pois não sabe o que é ir para a cama sem ter comido nada o dia todo", reprovou ela, e seu olhar furioso concentrou-se nos olhos dele. "Você é um maldito menino rico acostumado a ter tudo", gritou ela em desespero. "Com esses sucos eu sustento meu filho, mas o que você sabe sobre calamidades?" Ela gritou desesperada. "Espero que um dia você seja pobre e saiba como é ganhar a vida com o suor do seu rosto", rosnou e saiu correndo, chorando muito.

Juan Andrés balançou a cabeça, colocou a mão na testa. Era verdade que às vezes ele era insensível, mas ele era incapaz de ser cruel com uma criança. Ele se sentiu mal pelo que fez, bufou e voltou a ser pensativo.

"Você não sabe o que é ir dormir sem ter comido nada durante o dia."

Essa frase ecoou em sua cabeça e depois o abalou.

"Bobagem, eu não vou sair por aí resolvendo os problemas dos pobres deste país, especialmente da insolente Paula. É para isso que serve o governo", disse ele e ligou o carro.

****

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