Quando Arthur chegou no hospital, Alice estava acordada assistindo o noticiário na televisão.
- Boa noite, Bela Adormecida.
- Oi! - Respondeu ela com um sorriso, Arthur se aproximou para beijá-la, mas ela virou o rosto. Ele pensou que ela ainda não tinha perdoado as palavras duras que disse naquela noite.
- Como está se sentindo?
- Estou um pouco melhor, dei uma volta pelo quarto com a ajuda da enfermeira, almocei. Vou ficar bem.
- Que bom! Eu trouxe uma canja que Julieta preparou, quer.
- Quero, mas você não precisa ficar o tempo todo.
- Você não quer que eu fique? – Perguntou Arthur com uma cara triste enquanto servia a canja.
- Não é isso, só não quero que você perca nada
Os dias passaram devagar no hospital, mas na quarta-feira. Depois de uma semana Alice podia ir para casa e Arthur estava lá para levá-la. O prédio do novo apartamento de Alice era próximo ao shopping e ao centro da cidade, no decimo andar. Era um prédio com apartamentos de luxo, a entrada do prédio era muito bem decorada e quando o elevador parou do lado de fora do apartamento Alice percebeu que era um andar inteiro só para ela.- Esta é sua nova casa, entre e descanse um pouco. Você quer que eu fique?- Gostaria que você me mostrasse, por favor.- Com prazer, linda.Apesar de gostar de Arthur chamá-la assim, Alice ainda se sentia desconfortável. Os dois fizeram um turismo rápido pelo apartamento e terminaram a caminhada no quarto principal.- Eu quis este apartamento p
Alice dormiu cedo naquela noite, teve os pesadelos de sempre depois ficou acordada um tempo até adormecer. Pela manhã ela resolveu ir às compras ver se achava algumas coisas que estavam faltando em casa. Voltou cheia de sacolas e começou a colocar tudo em seu lugar. Quando chegou nas molduras fotográficas lembrou que não tinha nenhuma foto para pôr nelas e ligou para a mãe.- Oi, Alice, faz tempo que não nos falamos.- Mãe, estive ocupada nos últimos dias. – Mentiu para não preocupar sua mãe. - Como você está?- Estou sentindo sua falta, seu pai também está, mas ele não admite e finge que ainda está bravo com você.- Eu amo vocês, mas não quero voltar para lá. Achei o meu lugar, estou bem aqui. Tenho um apartamento que c
Os três desceram as escadas e no sofá da sala havia um jovem na casa dos trinta anos, cabelos escuros e um sorriso simpático no rosto. Arthur apresentou-o a Alice:- Alice, este é meu amigo Augusto. Augusto, esta é minha amiga Alice.Augusto fica encantado ao ver Alice, ficou olhando-a algum tempo antes de responder. Ele alcança a mão para ela e diz:- É um prazer conhecer uma beleza tão rara.- Obrigada, mas acho que está exagerando.Arthur olha para ela e sorri:- Não, ele não está exagerando.- Ele disse sorrindo para ela. – Mas é melhor não olhar muito, pois o olho pode ficar roxo. – Disse avisando o amigo para ficar longe.Todos jantaram conversando como velhos amigos e rindo. Augusto n&atild
O final de semana passa rápido e logo chega à segunda-feira. Alice se arruma e vai para seu novo emprego que fica a uma quadra da sua casa. Quando chega vê uma mulher muito jovem, com cabelos loiros compridos amarrados em um rabo de cavalo simples usando uma calça jeans e uma camisa, que a deixava com aparência séria. Alice para em frente a mesa e se apresenta.- Bom dia, sou Alice vim me apresentar para trabalhar aqui.- Alice estava nervosa e não sabia o que dizer, mas a secretária abriu um sorriso sincero e tranquilizador para ela.- Bom dia, eu sou Carla, sou secretária, vou te mostrar a sua sala. A Manuella está em uma reunião e vem te mostrar as coisas daqui a pouco. A reunião já deve estar terminando. – Disse ela alegremente.- Certo. Obrigada, estou um pouco nervosa.- Não
Alguns minutos depois as duas saem da empresa de decoração andando lado a lado e conversando como se fossem velhas amigas. Quando chegam a academia, Manuella vai para sua aula enquanto Alice bate na porta da sala do diretor. Quando ele a vê ela logo fala a que veio:- Eu gostaria de fazer aulas de autodefesa.- Eu tenho dois horários vagos, um na quarta e outro na quinta.- Posso fazer duas aulas por semana?- Como você quiser. Vou agendar os dois dias para você. Venha com uma roupa de ginástica. As aulas são de uma hora e você pode usar a academia sem acréscimo no pagamento. E eu aconselharia a fazer um pouco de musculação para adquirir resistência.- Está bem. Começo na quarta-feira. Às dezoito horas.- Terá um professo
tinha. Eram reuniões com novos clientes e vistorias nas obras em andamento e às vezes colocava a mão na massa para mostrar como queria que ficasse o jardim.Nas quartas e quintas-feiras ela tinha suas aulas de autodefesa que estavam fluindo muito bem, já tinha derrubado o professor no chão duas vezes durante a aula.- Você quer mesmo aprender a se defender. – Brincou o professor um dia. – A maioria das garotas vem aqui para dar em cima de mim. - Ele era um moreno, alto, bem musculoso e com algumas tatuagens pelo corpo, o rosto era bem esculpido, mas tinha um sorriso presunçoso.- Eu preciso disso para me sentir segura.- É a aula que eu mais tô gostando, alguém realmente interessada em aprender. Vou te mostrar agora como se defender quando alguém te agarra por trás. Está pronta?
No caminho de casa Alice ouviu seu telefone tocar. Olhou e viu que era sua mãe, com um grande sorriso e o coração apertado de saudade, atendeu:- Oi, mãe! Tudo bem?- Alice, gostaria que você viesse me visitar.- Mãe! - Ela falou desanimada e fez uma pausa para pensar em como responder. - Eu sei que você está com saudade, eu também estou. Só que estou trabalhando todos os dias até aos sábados para conseguir fazer tudo que preciso. Quando eu tiver um tempinho eu vou. -Alice ouviu a mãe chorar do outro lado da linha.- Eu fui ao médico e ele me disse que estou com câncer. Preciso ir pra capital para fazer alguns exames e consultar um médico de lá.- Então vem. Arrumo um tempinho na minha agenda para te acompanhar. O Papai também po
Arthur estava ficando ansioso com o silêncio e resolveu perguntar:-Então, você resolveu o que vai fazer? Vai voltar para a casa de seus pais? – Ao ouvir essa pergunta Alice deu um suspiro alto antes de responder.- Eu não vou voltar para lá. Já decidi. Meus pais não me ajudaram quando eu precisei. Se minha mãe quiser vir para cá eu a ajudarei, mas voltar eu não vou. Sei que estou sendo egoísta. Talvez algum dia eu me arrependa, mas essa é minha decisão.- Você pode contar comigo, em qualquer decisão que tomar.- Eu sei. Mas agora tenho que ir trabalhar. Já estou atrasada. Pode ficar se quiser.- Eu lavo a louça. Depois eu vou.Alice chegou no seu escritório Manuella já estava esperando.