CharlotteDepois que o Brian saiu da sala, deixando-me e a Nicole sozinhas, nós pudemos enfim falar sobre o que aconteceu comigo sem que outras pessoas estivessem presentes para ouvir.— Acredita que tenha sido um mal-estar decorrente da gravidez, Charlotte? — Eu tenho certeza de que sim, Nicole — afirmei com convicção. — Tenho lido bastante sobre esse assunto e é muito comum esse tipo de mal-estar no início da gravidez. Nicole pareceu ficar pensativa ao ouvir o que eu disse, e após suspirar com resignação, ela falou em tom de cumplicidade, provavelmente por temer que alguém pudesse chegar a qualquer momento. — Não deveria ter sido você a fazer essa inseminação, Charlotte. É muito jovem e inexperiente e o Oliver estava certo em ter resistido a essa loucura. Não gostei nenhum pouco de ouvir aquilo vindo da Nicole, pois eu tinha idade suficiente para saber aquilo que era certo e errado e se eu desejei fazer a inseminação, não foi por ter sido levada a isso por outras pessoas. Eu fi
BrianA Charlotte estava debaixo do mesmo teto que eu e isso causou em mim uma miríade de sensações e nenhuma delas eu entendia que era algo positivo para mim. Eu deveria estar pensando sobre negócios ou sobre o filho que em alguns meses estaria comigo, mas a verdade é que desde que chegamos a Nova York, algo dentro do meu peito começou a se inquietar, como se já não bastasse a viagem dos Hamptons até aqui, e eu só conseguia pensar em uma garota que era totalmente proibida para mim, em todos os sentidos.Por sorte a minha tia percebeu que conversar com a Charlotte estava tirando a minha atenção da estrada e ficaram as duas em um silêncio confortável por todo o restante do caminho, o que eu agradeci internamente. Mas agora a Charlotte estava no meu espaço e isso era algo que estava conseguindo mexer bastante comigo. Se eu fosse sincero comigo mesmo, a Charlotte tinha conseguido revirar as minhas emoções desde o dia em que eu a vi no museu, linda e calma… Sempre calada e introspectiv
CharlotteA viagem para Nova York havia sido rápida e sem maiores contratempos, depois que a Melanie não mais desviou a atenção do Brian da estrada e chegamos na cidade antes das treze horas. Logo que chegamos ao apartamento do Brian, a Melanie foi logo para a cozinha, providenciar algo para comermos e apesar de eu ter insistido em ajudar na tarefa, ela não me permitiu de forma alguma e eu apenas consegui ficar sentada na imensa mesa que servia para as refeições dos empregados da casa, enquanto ela preparava algo para o nosso almoço. A refeição foi feita em total silêncio por parte do Brian, mas a Melanie conseguiu deixar o clima leve, conversando em um tom descontraído, comentando sobre o dia anterior, sobre as crianças e também sobre as minhas amigas.— Gostei muito mesmo da Emily — ela disse em determinado momento. — Não que eu não goste de você e da Nicole. Eu gosto muito também! — Não se preocupe, Melanie, eu sei que gosta de nós todas — eu disse para a tranquilizar, diante de
Brian — Charlotte… Charlotte, o que você faz comigo… — Pensei com um urro de satisfação quando esporrei tudo em minha barriga, me sentindo um completo idiota.Apesar de ter acreditado que havia sido apenas em pensamento que o nome da Charlotte tinha soado, acabei por me surpreender com o som da minha própria voz e suspirei com desagrado por me deixar levar assim tão facilmente daquela forma.O clímax foi algo tão estrondoso, que até mesmo pensei ter ouvido um gemido feminino se juntando aos meus próprios e aquilo foi algo definitivamente preocupante.Abri os meus olhos, só agora percebendo que os havia mantido fechados por enquanto eu mesmo me proporcionava aquele prazer clandestino e totalmente inadequado, mas claro que não havia ninguém no cômodo além de mim.Acredito que poderia ter vindo da TV e eu, no calor do momento, acabei confundindo a voz feminina com algo como um gemido de prazer. Agora eu estava todo sujo por meu próprio esperma e sentado no sofá de minha sala de TV, en
CharlotteOuvir o Brian falar sobre a sala de TV fez eu me engasgar com a minha própria saliva, pois eu não estava comendo nada, mas os outros não precisavam saber desse detalhe. Então, quando o homem que foi o responsável por me deixar absolutamente constrangida saiu, eu me senti realmente aliviada, pois eu não estava nem mesmo conseguindo olhar para ele de maneira direta, tamanha era a vergonha que tomava conta do meu ser naquele instante. — Está melhor, Charlotte? — a bondosa Melanie me perguntou.A encarei sentindo as faces coradas, totalmente sem graça, pois a senhora não tinha a menor ideia de que eu havia flagrado o sobrinho em uma situação completamente inusitada, em tal estado de devassidão. — Estou sim, Melanie — eu respondi, tentando tranquilizá-la. — Que bom, querida — ela comentou, sorrindo. — Eu fico bastante aliviada, pois esse tipo de situação as vezes sai totalmente do controle. Eu entendia bem o que ela queria dizer, pois mais uma vez me veio a lembrança do qua
Brian Quando cheguei ao escritório após sair do meu apartamento me sentindo sufocado e com os pensamentos em conflito, tentei me desligar totalmente de qualquer coisa que me remetesse a pensar na Charlotte. Por algum estranho motivo, o meu projeto de ter um filho através de uma genitora contratada por mim com esse fim específico também fazia parte dos pensamentos que me levavam até a Charlotte, então quando eu recebi do responsável por minha contabilidade pessoal um relatório com as despesas do último mês e vi as informações referentes ao assunto, tratei de o descartar o mais rápido possível. Antes disso, é claro, eu precisei assinar o documento para que este fosse enviado de volta para o setor responsável e, ao fazer isso, rapidamente eu vi o nome da clínica que havia sido a escolhida pelo Oliver para a realização do processo de inseminação artificial, e consequentemente, todas as consultas de pré-natal também. Aquela informação chamou a minha atenção, mas apenas memorizei o nome
CharlotteQuando o Brian saiu da sala para ir ao encontro do Oliver, eu suspirei de alívio, apesar de tudo. Estava me sentindo enjoada após vomitar tudo o que comi naquela manhã ainda há poucos minutos, no banheiro do apartamento do Oliver.Levando tudo isso em consideração, aquele não havia sido um bom momento para encontrar o Brian de forma alguma e quando ele me olhou de modo analítico, eu temi que ele estivesse vendo além do que eu gostaria de mostrar.— Eu peço desculpas por isso — Nicole disse, se sentindo mal. — O Oliver não me avisou que o Brian viria aqui, caso contrário, eu teria sugerido que nós fossemos para o quarto da Eloá, Charlotte. — Não deve se preocupar com isso, Nicole. Acredito que ele não tenha percebido nada além de duas amigas conversando — Eu tentei parecer otimista. Nicole percebeu a minha fraca tentativa de positividade e começou a rir, como sempre acontecia quando ela ficava realmente nervosa. — Eu acho que o Brian está desconfiando de alguma coisa — e
BrianEu fiquei realmente em choque com a descoberta sobre a gravidez da Charlotte.Aquilo era algo que jamais poderia passar pela minha cabeça, pois eu tinha plena convicção de que ela era apenas uma jovem inocente e sozinha no mundo.Ainda pensava da mesma forma, no final das contas, mas agora ela tinha mais uma pessoa com quem se preocupar além dela própria, e isso não é justo de maneira alguma.Eu esperei que as duas garotas voltassem à sala, enquanto a ansiedade tomava conta de mim, para que eu pudesse esclarecer melhor aquela situação.— Você não tá feliz que a Charlotte vai ter um bebê, tio Brian? — a pequena Eloá me perguntou.Eu estava tão completamente atordoado que nem mesmo lembrava que a menina ainda estava na sala, sentada ao meu lado no sofá, para ser mais preciso. — Claro que estou, Eloá — eu achei melhor mentir.A Eloá ficaria triste se ouvisse de mim qualquer outra resposta e a pequena não entendia todas as implicações que existiam no fato de a Charlotte estar grávi