A cabeça repousava sobre o peito de Luca, o ritmo calmo de sua respiração preenchendo o silêncio do quarto. Seus dedos deslizavam suavemente pelas minhas costas, em um movimento que era ao mesmo tempo reconfortante e hipnotizante. O calor do corpo dele envolvia o meu, e pela primeira vez em dias, eu me sentia em paz.
Ouvir ele dizer que me amara mudara algo dentro de mim. Era como se uma parte de mim que sempre estivera perdida tivesse finalmente encontrado seu lugar. Eu pertencia a ele, e ele a mim. E, naquele momento, nada mais importava.
Mas então Luca inspirou fundo, e eu senti o corpo dele se tensionar levemente sob o meu. Algo estava por vir. Algo grande.
— Elena — ele começou, a voz suave, mas carregada de um peso que me fez levantar os olhos para ele. — Preciso te contar algo.
Eu me apoiei nos cotovelos, olhando para o rosto dele. Seus olhos estavam sérios, quase sombrios, e eu sent
O ar dentro do barracão era quente e denso, o cheiro de suor misturado com o pó do chão desgastado fazia minha respiração pesar ainda mais. Meu corpo inteiro queimava. Cada músculo gritava, pedindo um descanso que eu me recusava a conceder.Pietro me observava com olhos críticos, seu rosto impassível enquanto eu tentava recuperar o fôlego. A ponta do meu punho tremia levemente, mas eu mantinha a postura, esperando sua próxima instrução. Eu não podia falhar. Não agora. Não depois de Luca ter confiado em mim.— De novo — ordenou Pietro, cruzando os braços. — Sua postura está errada. Você precisa ter controle sobre seus golpes, não apenas jogar o corpo para frente.Engoli em seco, assentindo. Levantei os punhos e ataquei. Pietro desviou com facilidade, pegou meu braço e me g
Minha consciência voltou em ondas, trazendo consigo uma dor surda que pulsava em cada fibra do meu corpo. Meu crânio latejava, meus músculos protestavam a cada respiração. Quando abri os olhos, a escuridão densa do cativeiro me envolveu. O ar era áspero, impregnado com o cheiro de madeira velha e ferrugem. Minha boca estava seca, minha garganta áspera como se tivesse engolido vidro.Tentei me mover, mas algo me impediu. Meu corpo estava sentado em uma cama, e meus pulsos estavam presos por cordas apertadas na cabeceira. Meu coração disparou. Instintivamente, testei a firmeza das amarras, sentindo a dor da fibra cortando minha pele.— Merda — sussurrei, tentando manter a calma.Meu peito subia e descia de maneira irregular. Olhei ao redor, buscando algo que pudesse me ajudar. A sala era pequena e mal iluminada, com paredes de concreto cru e uma única porta de ferro. Nenhuma janela. Nenhuma escapatória aparente.— Alguém me tire daqui! — gritei, minha voz ecoando pelo cômodo vazio.O si
O relógio marcava exatamente onze e meia quando encarei o prefeito sentado à minha frente. O homem suava, mesmo com o ar-condicionado gelando a sala. Ele tamborilava os dedos sobre a mesa de mogno, o olhar inquieto se fixando na taça de uísque à sua frente.— O valor vai dobrar no próximo trimestre — anunciei, girando o próprio copo entre os dedos, observando a forma como ele reagia à notícia.O prefeito arregalou os olhos, sua mão vacilando ao pegar a taça.— Dobrar? Luca, eu já estou no meu limite. Há fiscalização federal no meu pescoço! Se aumentarmos mais, vai chamar atenção.Inclinei-me para frente, apoiando os antebraços sobre a mesa, um sorriso sem qualquer traço de humor se formando em meus lábios.— Então você acha que tem escolha? — Minha voz era baixa, porém cortante. — Se não pagar, quem vai fiscalizar sou eu. E posso garantir que meus métodos são muito mais dolorosos do que os do governo.O prefeito empalideceu, engolindo seco. Ele sabia que eu não estava blefando. Se ten
A noite estava silenciosa demais. O tipo de silêncio que precede o inferno.Meus homens cercavam a mansão Marcheti em formação tática, as armas prontas para disparar ao menor sinal de resistência. O ferro retorcido dos portões se abria diante de mim como as mandíbulas de um monstro prestes a ser devorado. Eles não estavam preparados. Eu podia sentir.Com passos firmes, atravessei o pátio de pedras frias, meus olhos varrendo cada canto do terreno. As luzes da mansão estavam acesas, mas não havia sinal de soldados. Nenhum tiro. Nenhuma movimentação suspeita. Apenas o som distante do vento batendo contra as janelas.Isso estava errado.A adrenalina queimava em minhas veias como gasolina prestes a ser acesa. Meu dedo coçava no gatilho. Se Matteo achava que podia roubar minha esposa e escapar impune, estava prestes a descobrir o verdadeiro significado do medo.— Avancem — rosnei, e meus homens se espalharam.A porta principal foi arrombada com um chute seco. O impacto ecoou pelo saguão de
A escuridão era quase absoluta. Apenas uma lâmpada fraca no canto do teto piscava de tempos em tempos, lançando sombras deformadas contra as paredes úmidas do que parecia ser um porão. O cheiro de mofo e ferrugem se misturava ao metal frio das algemas apertadas ao redor dos meus pulsos.Meu corpo tremia. Não sabia se era pelo frio cortante ou pelo medo que se entranhava na minha pele como uma segunda camada.Matteo Marcheti.O nome ressoava na minha mente como um veneno. Eu o conhecia de histórias, sussurros sobre sua crueldade, sobre como ele não perdoava, sobre o prazer que sentia em quebrar pessoas até que não restasse nada além de cacos irreparáveis. Mas saber disso e estar presa aqui, à mercê dele, eram coisas completamente diferentes.Meu coração martelava no peito, a boca seca, os olhos ardiam. Eu não sabia há quanto tempo estava ali. Horas? Um dia inteiro?O único som no ambiente era a minha respiração entrecortada. E então, passos.O eco das solas contra o piso de cimento env
A noite de Roma era um fantasma que se arrastava sobre a cidade, densa e carregada de promessas de sangue. O motor do carro ronronava enquanto atravessávamos as ruas estreitas, cada cruzamento trazendo uma nova sombra, um novo olhar furtivo que eu ignorava. Meu mundo já não era feito de luz.Matia estava ao meu lado, o olhar fixo na estrada. Atrás de nós, outros três carros seguiam como predadores na escuridão. Meus homens estavam prontos. Todos sabiam o que estava em jogo.Eu sabia o que estava em jogo.Elena.Minha mandíbula estava travada desde que deixamos a mansão Marcheti. O ódio dentro de mim não era uma chama. Era um incêndio. Um veneno queimando meu sangue, me impulsionando adiante sem espaço para dúvidas ou hesitação.Matteo havia cometido um erro. Ele achava que podia me ferir. Achava que podia tocar nela e sobreviver para contar a história.Ele estava errado.— Quanto tempo até chegarmos ao local? — perguntei, minha voz áspera como lâmina contra pedra.— Dois minutos — Mat
O rangido da porta me fez encolher instintivamente. Meus braços estavam fracos, cada músculo gritando em protesto após tanto tempo presa naquele quarto úmido e escuro. Matteo surgiu no vão da porta, seu olhar duro como pedra, e acenou com a cabeça para um de seus homens.— Levem-na para a cozinha. Ela precisa comer. — Sua voz carregava um desdém que fazia minha pele arrepiar.O soldado me agarrou pelo braço e me ergueu sem qualquer delicadeza. Minhas pernas quase cederam sob o peso do próprio corpo, mas me forcei a andar, mesmo que fosse apenas para não demonstrar fraqueza.O corredor era curto e mal iluminado, as paredes de pedra denunciando que aquele lugar era antigo. Quando chegamos à cozinha, o cheiro de pão amanhecido e carne fria encheu minhas narinas. Havia uma mesa simples no centro, uma janela pequena no alto, por onde um feixe de luz filtrava a penumbra do ambiente.Eu não sabia onde estava, mas a arquitetura, os móveis envelhecidos e o silêncio absoluto ao redor me faziam
A visão de Matteo congelado na janela foi minha deixa. Com um sinal rápido, meus homens tomaram posição e abriram fogo. Os primeiros disparos ecoaram na noite, estilhaçando vidraças e ricocheteando contra as paredes de pedra do casarão. Os soldados de Matteo caíram um a um, sem tempo para reagir. Pietro e Matia avançaram comigo, movendo-se com precisão letal, silenciando qualquer resistência que surgisse.Matteo se virou em um rompante de fúria, puxando a arma do coldre, mas eu já estava sobre ele. O golpe do meu punho contra seu rosto foi rápido e brutal, fazendo-o cambalear para trás. A arma caiu de sua mão, deslizando pelo chão de madeira. Matteo tentou se recuperar, mas antes que pudesse reagir, pressionei o cano da minha pistola contra sua têmpora, forçando-o contra a parede.— O único erro que você cometeu, Matteo — rosnei, minha voz um sussurro mortal — foi subestimar o poder da Cosa Nostra. Você esqueceu que nós mandamos em tudo. Até na polícia que rastreou esse maldito celula