Depois de um dia agitado com Renata, finalmente cheguei em casa. O ar fresco da noite acariciava minha pele quando desci do carro e caminhei até a entrada. Meu coração ainda batia acelerado, e eu não sabia dizer se era pelo cansaço ou pela grande descoberta que eu havia feito.Respirei fundo antes de abrir a porta, tentando agir com naturalidade. A mansão estava silenciosa, e só o leve farfalhar das cortinas ao vento preenchia o ambiente. Coloquei minha bolsa sobre a mesa da sala e comecei a caminhar para a escada, mas uma voz profunda e familiar me chamou antes que eu pudesse subir.— Finalmente chegou.Meu corpo estremeceu levemente ao ouvir a voz de Nicolas. Olhei para o lado e o vi sentado em seu escritório, com a porta entreaberta. Ele estava com a gravata frouxa, os primeiros botões da camisa abertos e os olhos intensos fixos em mim. No mesmo instante, senti meu coração disparar de novo.— Oi. — Sorri, tentando parecer despreocupada.— Vem aqui. — Ele indicou o espaço ao lado de
Renata SouzaA noite estava tranquila, e o silêncio da minha casa era quase reconfortante depois de um dia cheio. Jhulietta e eu havíamos passado horas juntas, e mesmo que eu adorasse estar com ela, agora eu só queria me jogar no sofá e descansar.Foi exatamente o que fiz assim que entrei em casa. Tirei os sapatos, larguei a bolsa na mesinha de centro e me joguei no sofá, soltando um longo suspiro.Mas minha paz durou pouco.A campainha soou, cortando o silêncio da casa. Franzi a testa, surpresa. Quem poderia ser a essa hora?Levantei-me e fui até a porta, espiando pelo olho mágico antes de abrir. Meu coração acelerou levemente ao reconhecer a figura do outro lado.Eduardo.Abri a porta, arqueando uma sobrancelha.— O que faz aqui, Eduardo?Ele sorriu de canto, segurando um pequeno embrulho em uma das mãos.— Trouxe algo para você e para a nossa Judith.O encarei e fechei a cara.— Minha filha não terá nenhum nome de vovó.— Eu sei, essa é uma das sugestões que minha mãe deu.— Já dis
Jhulietta DuarteO cheiro amadeirado e fresco do perfume de Nicolas invadiu minhas narinas antes mesmo de eu abrir completamente os olhos. Meu estômago revirou na mesma hora, e um enjoo avassalador tomou conta de mim. Antes que ele pudesse se aproximar mais, pulei da cama e corri para o banheiro, batendo a porta atrás de mim. — Jhulie? Você está bem? — Nicolas perguntou do outro lado, batendo levemente na porta. Fechei os olhos por um segundo, tentando respirar fundo e me recompor. Não podia dar bandeira agora. — Sim! — respondi o mais natural possível. — Só estou apertada. O silêncio do outro lado me fez pensar que ele poderia ter desconfiado, mas logo ouvi sua risada baixa. — Você sempre espera até o último segundo, né? Ri sem graça, aliviada por ele não ter suspeitado de nada. Quando finalmente saí do banheiro, ele estava terminando de se vestir, colocando o relógio de pulso. Assim que me aproximei, senti novamente aquela fragrância forte do perfume dele, e minha ba
Nicolas SantoriniA luz do sol atravessava as amplas janelas do meu escritório, refletindo nos móveis de madeira escura. O relógio marcava pouco mais das nove da manhã, e eu já estava submerso em reuniões e relatórios. Meu trabalho nunca dava trégua, mas hoje minha mente ainda estava presa nos eventos da noite anterior.A degustação de doces.Só de lembrar, minha expressão se fechou. Uma câmara de tortura teria sido mais agradável do que aquele festival de açúcar. Mas ver o brilho nos olhos de Jhulietta fazia tudo valer a pena.A porta do escritório se abriu sem cerimônia, e Eduardo entrou com seu sorriso habitual. Ele era um dos poucos que tinha essa liberdade comigo.— E aí, Santorini? Como foi a temida degustação de ontem?Joguei a caneta sobre a mesa e encostei as costas na cadeira, soltando um suspiro exasperado.— Eduardo, eu juro… uma câmara de tortura teria sido mais agradável.Ele jogou a cabeça para trás e riu alto.— Eu sabia! Você sempre foi chato com doces. Não entendo co
Jhulietta DuarteO grande dia finalmente chegou. Minha respiração estava acelerada enquanto me olhava no espelho. O vestido branco abraçava meu corpo com perfeição, rendas delicadas adornavam minhas mangas, e o véu caía suavemente sobre meus ombros. Minha maquiagem estava impecável, destacando meus olhos brilhantes, e meus cabelos estavam presos em um penteado elegante, com algumas mechas soltas emoldurando meu rosto. — Você está deslumbrante, querida — dona Neuza disse com os olhos marejados. Sorri para ela, segurando sua mão. — Obrigada. Estou nervosa. Ela riu baixinho. — É normal. Mas, quando vir Nicolas te esperando no altar, todo o nervosismo vai desaparecer. Assenti, tentando acalmar meu coração acelerado. Como gostaria que minha mãe estivesse aqui, mas infelizmente ela estará apenas na minha memória, uma lágrima surgiu e limpei rapidamente. Nesse momento, alguém bateu na porta e, quando se abriu, vi o senhor Raul parado ali, elegantemente vestido. Seus olhos est
Jhulietta DuarteA festa estava linda, os convidados se espalhavam pelo salão, o clima era de celebração, e eu sentia que, finalmente, poderia viver ao lado de Nicolas o conto de fadas que sempre sonhei. O ambiente estava iluminado com uma luz dourada, as risadas e conversas fluíam em um ritmo harmonioso, e por um momento, tudo parecia perfeito. Mas então, a última pessoa que eu esperava ver apareceu. Olívia, com seu vestido vermelho e olhar provocador, entrou na sala como uma tempestade. Todos os olhares se voltaram para ela, e eu sabia, naquele instante, que nada de bom viria de sua presença. Nicolas se levantou da minha frente com uma expressão dura. Ele sabia o que ela era capaz de fazer. Porém, antes que pudesse dizer uma palavra, ela já estava falando, e o que ela revelou fez o ar na sala congelar.— Todos pensam que Laura morreu em um acidente... mas a verdade é outra. Ela se matou. Aquelas palavras soaram como um trovão no meio da festa. O ambiente que até pouco estava aleg
A raiva me consumia de uma forma que eu nunca havia sentido antes. Meu corpo tremia, meu sangue fervia, e minha visão ficou turva. Eu não pensei, apenas agi. Num instante, minha mão já estava entrelaçada nos cabelos de Olívia, puxando-a com força para baixo. Ela gritou, se debatendo, tentando se livrar, mas eu a arrastei até o chão sem hesitar. Seus braços se ergueram para me afastar, mas eu estava tomada por uma fúria incontrolável. Montei sobre ela e desferi o primeiro soco em seu rosto. O impacto foi forte, e um som abafado ecoou quando sua cabeça bateu no chão. Olívia gritou, mas eu não parei. — Você mexeu com a pessoa errada! — rosnei, sentindo minha própria voz carregada de ódio. — Você machucou Ethan, e isso tem um preço! Meus punhos encontraram seu rosto repetidamente, e cada golpe era um desabafo da dor que ela causou. O salão inteiro estava em silêncio, ninguém ousava intervir, exceto as minhas amigas, que se colocaram ao meu redor, formando um círculo de proteção. —
Nicolas Santorini O silêncio no salão me deixava cada vez mais apreensivo. Desde que Jhulietta entrou no quarto com Ethan, o tempo parecia se arrastar. A ansiedade corroía minha paciência. Meu filho estava frágil, machucado emocionalmente por tudo o que havia descoberto, e Jhulietta... bem, ela estava furiosa. Seu estado antes de entrar no banheiro não me deixava confortável. Eu precisava vê-los.Andei de um lado para o outro, sentindo um aperto no peito. Meu pai percebeu minha inquietação e pousou uma mão firme em meu ombro.— Paciência, filho. Eles precisam desse momento. Ethan está confuso e magoado. Jhulietta sabe o que está fazendo.Eduardo, que estava por perto, assentiu.— Concordo. Jhulietta sempre teve um jeito especial com Ethan. Deixe que ela converse com ele.Respirei fundo, mas a sensação ruim não ia embora. O tempo parecia correr devagar demais. Eu tentava me convencer de que estava exagerando, mas meu coração não me permitia relaxar.De repente, a porta do banheiro se