Capítulo 5

Isabella Souza

Chegando à consulta marcada, eu entro na sala do médico, que havia me chamado, sento- me na maca ao lado após deixar minha bolsa na cadeira.

Depois do médico abrir um prontuário, ele vem até mim.

— Boa tarde, Isabella. O que lhe traz aqui hoje? — Boa tarde, doutor Márcio, bom eu venho sentindo há alguns dias muitas dores de cabeça, um pouco de cólica, e ainda na quarta-feira um desconforto no estômago.

— Bem, será que você pode deitar na maca e levantar a sua blusa um pouquinho?

— Claro!

Assim que faço o que o doutor me pediu, ele examina minha barriga e eu sinto uma pequena pressão e um leve desconforto. Terminando, ele tira minha pressão, depois olha para mim.

— Isabella, eu vou lhe pedir alguns exames, tá bom? — Mas me tira mais uma dúvida, sua menstruação está em dia?

Essa pergunta me vem como uma avalanche na minha cabeça. Meu Deus, como eu não me prestei atenção nisso, logo já fiz as contas.

— Aí. Doutor Márcio, não! Ela está atrasada há uma semana. Já querendo entrar em pânico.

— Pois bem. Com suas descrição de sintomas, o que posso dizer com meu diagnóstico é que a senhorita está grávida. — Mas para confirmar, vamos fazer o exame de urina e o de sangue que mede o nível HCG no seu sistema.

— Mas. . . Como pode isso, doutor, se uso anticoncepcional?

— Infelizmente, nem um dos métodos contraceptivos é cem porcento seguro, Isabella. — Às vezes pode ocorrer falhas sim. Mas não se apavore, querida, você irá fazer os exames que pedi agora mesmo e depois da confirmação você retorna aqui que iniciarei seu pré-natal , Ok?

Saio do consultório para fazer os exames com a cabeça rodando, com os resultados dos mesmo em mãos, ainda não consigo acreditar que estou grávida. Saio do consultório sem saber, com as mãos tremendo, disco o número do meu namorado e, depois do quarto toque, ele me atende.

— Alô!. Oi, linda, precisa de alguma coisa para hoje à noite?

Com a respiração acelerada, eu falo. — O... Oi? Amor, será que a gente pode se ver agora?

— Aconteceu alguma coisa, Bella?

— Sim. Mas não posso falar por telefone, você está a onde?

— Estou saindo da faculdade, podemos nos encontrar na cafeteria da esquina?

— Pode ser, eu te encontro lá daqui a 20 minutos.

— Combinado, então linda, te espero lá.

Eu pego o primeiro táxi que vejo frente, no banco de trás, fico pensando na minha cabeça como o João reagirá à notícia de que será pai. Sei que não planejamos a longo prazo, mas sempre me disse que me ama e quer um futuro comigo. Chego à cafeteira, 5 minutos antes do combinado, e ele já está ali me esperando. Quando me vê, se levanta e vem em minha direção ao notar meu nervosismo.

— Oi, linda, tudo bem com você? — Está parecendo que viu um fantasma. Assim, me abraça e, em seguida, deposita um selinho nos meus lábios. — Senta aqui.

Faz sinal para a garçonete trazer um copo de água para mim e um café para ele. Eu me sento na cadeira à sua frente, fecho os olhos e respiro fundo. Logo que a garçonete traz os pedidos. Com o copo já na mão, eu tomo um bom tanto da água para tirar a secura que está na minha garganta.

— Então! Paro um instante e tiro o envelope da minha bolsa. Entrego para o meu namorado, que me olha sem entender nada. Abre o envelope e retira a folha onde mostra o exame que fiz com a palavra POSITIVO bem grande.

— Estou grávida! O observo, olhando o exame e empalidecendo.

— Co… Como isso é possível? — A gente não usou camisinha uma vez no mês passado, Bella, diz já aumentando a voz.

— Eu não sei, tá bom! Meu médico disse que o anticoncepcional pode ter falhado, que nenhum método é 100% seguro. — Mas vamos dar um jeito, minha mãe pode auxiliar a gente, eu sei que não era nosso plano no momento, mas sei que seremos pais incríveis.

— Não, Bella! — Você não está entendendo, eu… eu não quero ser pai. Já com cara de poucos amigos.

— Entendo, você está nervoso, amor, que a novidade te pegou de surpresa. Eu também estou nervosa, eu tenho só 23 anos, mas você não pode me dizer uma coisa dessas.

— Eu não fiz essa criança sozinha, por favor, você não

— Eu não quero essa criança! Grita e todos do estabelecimento param o que estão fazendo e olha para nós.

Engolindo em seco, com os olhos marejados já, eu o olho atônita, sem saber o que fazer. Assim, me encolho e pressiono os braços na mesa. Baixando o tom da voz, ele me olha com uma fúria nos olhos que eu nunca vi antes. Eu não reconheço o homem que está na minha frente.

— Como não? Você diz que me ama, que queria um futuro comigo. — Não faça isso, João.

Passando a mão nos cabelos e com o peito inflado de fúria, ele me olha, pegando com força no meu pulso, diz. Vou te dar dinheiro e você fará um aborto, eu não serei pai dessa criança. — Se você quer ficar comigo, é isso que vai fazer.

A cor do meu rosto some no mesmo instante em que ele me agarrou pelo braço e me falou do aborto. Com os lábios tremendo, com lágrimas que cada vez mais escorrem pelo meu rosto, eu o encaro e tento me soltar do seu aperto.

— Grito, me solta, João! — Você não tem o direito de exigir que eu faça uma coisa dessas. — Eu jamais farei um aborto, tá louco? Eu não te reconheço, como pode dizer que me ama e querer que eu tire nosso filho?

— Você está me fazendo perder a paciência, Isabella. — Eu não vou ser pai de filho nenhum. B**e na mesa e sai furioso.

Sentada aqui, simplesmente choro, meus braços fraquejam, meu coração parece que foi esmagado, aperto uma mão no meu ventre e a outra na minha boca, para abafar o som do meu choro. Aqui fico por mais meia hora sendo amparada pelos funcionários do café e algumas clientes que assistiram tudo.

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