RicardoA noite estava tranquila quando Gustavo me ligou no dia seguinte, pedindo para nos encontrarmos no mesmo pub de sempre. Algo em seu tom deixava claro que ele queria conversar sobre algo mais sério. Depois do jantar com os amigos e o pedido secreto que fiz a Maeve, eu sabia que essa conversa com Gustavo era inevitável. Ele sempre soube do contrato entre mim e Maeve, e agora que eu havia dado um passo à frente, era justo que ele soubesse o que estava acontecendo.— Vai precisar de mais uma rodada de cerveja hoje? — Gustavo brincou quando cheguei, sempre com seu jeito descontraído.— Quem sabe? — respondi, sorrindo. — Tenho algumas coisas para te contar.Nós nos sentamos, e enquanto pedíamos as bebidas, Gustavo me olhou com aquele olhar de quem já sabia o que estava por vir.— E então? Como estão as coisas com Maeve? — ele perguntou, mas havia um tom de seriedade por trás da pergunta.Suspirei, sabendo que não poderia esconder nada dele. Gustavo era mais que um amigo, era quase u
Ricardo A noite estava mais fria do que o esperado quando chegamos de volta ao apartamento. Maeve parecia pensativa, e eu sabia que havia algo mais no ar, algo que ela ainda não havia dito. Talvez fosse o peso de tudo o que estávamos enfrentando — a pressão, minha mãe, o contrato — ou talvez fosse o medo do que ainda estava por vir. De qualquer maneira, eu sabia que precisávamos conversar.Enquanto eu colocava a chave na porta, olhei para ela, esperando que ela dissesse algo, mas Maeve permaneceu em silêncio. Assim que entramos, o clima aconchegante da sala não aliviou a tensão crescente entre nós. Eu me aproximei, tirando o casaco dela de seus ombros com cuidado.— Está tudo bem? — perguntei, minha voz baixa.Maeve deu um sorriso, mas era óbvio que havia algo errado.— Sim, eu só... estou cansada, acho.Eu sabia que não era só isso. O jeito como ela evitava meus olhos me dizia que havia algo mais. Decidi não pressionar naquele momento. Sabia que ela falaria quando estivesse pronta.
RicardoA manhã seguinte chegou mais rápido do que eu esperava. O sol mal tinha surgido no horizonte quando nos reunimos na sala de estar. Maeve estava sentada ao meu lado no sofá, suas mãos entrelaçadas nas minhas, enquanto Gustavo permanecia de pé, encostado na lareira. O clima era tenso, mas carregado de determinação. Estávamos prestes a enfrentar Clara, minha mãe, e revelar a verdade sobre o contrato.— Tem certeza de que quer fazer isso agora? — Gustavo perguntou, quebrando o silêncio.Assenti, firme.— Quanto mais tempo demorarmos, pior será. Ela já está desconfiada. Precisamos controlar a narrativa.Maeve respirou fundo, e pude sentir a tensão em seu corpo.— Ricardo, não quero causar problemas entre você e sua mãe. Talvez seja melhor eu resolver isso sozinha.Virei-me para ela, segurando seu rosto com delicadeza.— Não. Nós estamos nisso juntos. E vamos enfrentar isso juntos.Antes que ela pudesse responder, o som da campainha ecoou pela sala. Gustavo foi até a porta e a abriu
MaeveO ar na mansão Kurtz estava pesado. Era como se cada palavra dita entre Clara e eu deixasse o ambiente mais sufocante, mais claustrofóbico. Eu tentei evitar qualquer confronto com ela desde a noite passada, mas algo dentro de mim já estava em ponto de ebulição. Clara nunca me aceitou, nunca acreditou que eu fosse boa o suficiente para Ricardo, e, sinceramente, eu estava começando a acreditar que talvez ela tivesse razão. Afinal, quem era eu? Uma mulher simples que se viu presa em um contrato absurdo e que agora estava, de alguma forma, envolvida emocionalmente com o homem por trás de tudo isso.Mas a minha avó... A minha avó não fazia parte dessa equação. E Clara ousou trazer seu nome para esse jogo sujo.Enquanto caminhava em direção à sala de estar, sentia as mãos trêmulas de raiva. Clara estava lá, sentada, com sua postura impecável e uma revista de negócios aberta no colo. Tudo sobre ela gritava poder e frieza. Ela sequer olhou para mim quando entrei.Eu deveria sair dali. E
MaeveA noite caiu pesada sobre nós. Depois de tudo o que aconteceu com Clara, Ricardo sugeriu que ficássemos em seu apartamento, longe da casa dos Kurtz. Eu não consegui recusar. Precisava respirar, me afastar da tempestade emocional que sua mãe desencadeou.Sentada no sofá, com um chá quente nas mãos, ainda sentia os ecos das palavras cruéis de Clara reverberando na minha mente. Era como se cada insulto deixasse uma marca nova, e o peso da saudade da minha avó tornasse tudo ainda pior. Mas Ricardo estava aqui. E, estranhamente, isso me dava uma paz que eu não sabia que precisava.Ele se aproximou silenciosamente, sentando-se ao meu lado. Não disse nada por alguns segundos, e eu apreciei o silêncio entre nós. Era como se ele soubesse que eu precisava de espaço, mas também da sua presença.— Maeve — ele começou, com a voz baixa e suave. — Eu sei que as coisas com a minha mãe não foram justas. Nada disso foi.Eu suspirei, encarando o chá nas minhas mãos.— Não importa mais, Ricardo. Só
MaeveA sensação de Ricardo beijando meus lábios ainda vibrava em meu corpo. Era como se, ao tocá-lo, todas as preocupações que carregava se evaporassem, e eu me permitisse viver aquele momento. O beijo, inesperado e intenso, tinha a força de um vendaval, mas logo nos afastamos, os rostos ainda próximos, ofegantes.— Você é um louco — eu disse, com um sorriso nervoso. O calor nas bochechas me traiu, e eu sabia que estava mais corada do que gostaria.— Talvez. Mas sou um louco que quer você ao meu lado — ele respondeu, seu tom sincero me fazendo sentir algo mais profundo. O mundo ao nosso redor parecia distante, mas a realidade ainda nos aguardava.— Ricardo, e se sua mãe descobrir? — Eu hesitei, o peso da situação me lembrando que não podíamos simplesmente ignorar o que estava por vir. Clara não seria fácil.— Ela não precisa saber agora. Podemos resolver isso juntos. Vamos mostrar a ela que somos um time — ele disse, pegando minha mão. O toque dele era firme e seguro, e eu não pude e
MaeveO clima na festa era tenso, e o olhar de Clara era como um raio, cortante e afiado, mas eu não ia recuar. Eu tinha Ricardo ao meu lado, e isso me dava a coragem necessária para enfrentar as adversidades que viriam.Enquanto a música tocava ao fundo, consegui ouvir os murmúrios das pessoas ao nosso redor. Clara estava claramente se divertindo com a situação.— O que você vai fazer agora, Maeve? Se esconder atrás de Ricardo? — Isabela provocou, uma expressão de satisfação em seu rosto.Respirei fundo e me virei para Isabela, decidida a não deixar que ela me intimidasse.— Você sabe, Isabela, ser uma ex não é o mesmo que ser uma opção — eu disse, tentando soar mais confiante do que me sentia.Ricardo apertou minha mão, um gesto de apoio que não passou despercebido por Clara. O olhar dela se escureceu, mas eu sabia que não poderia me deixar abater.— Que engraçado ouvir você falando sobre opções, Maeve — Clara disparou, seu tom afiado. — Você tem certeza de que é a melhor escolha pa
MaeveA noite finalmente terminou, mas o peso das palavras de Clara ainda pairava sobre mim. Mesmo com a presença firme de Ricardo ao meu lado, uma parte de mim se sentia desgastada. Estávamos de volta ao apartamento dele, e eu tentava me recompor. As lembranças do olhar frio e da voz cortante de Clara eram difíceis de ignorar.Ricardo me trouxe uma taça de vinho e sentou-se ao meu lado no sofá, silencioso por um momento. Eu sabia que ele estava tentando me dar espaço, mas havia tanto dentro de mim que precisava sair.— Ricardo... — comecei, a voz mais baixa do que gostaria. — O que a sua mãe realmente quer de você? Por que ela me odeia tanto?Ele passou a mão pelos cabelos, claramente cansado, mas seu olhar encontrou o meu, cheio de sinceridade.— Minha mãe sempre teve expectativas altas demais. Ela quer controle, sempre quis. E não gosta de nada que fuja do plano dela.— E eu sou a maior parte desse problema — concluo, com um sorriso triste.— Não, Maeve. Você é a melhor coisa que m