MaeveO ar na mansão Kurtz estava pesado. Era como se cada palavra dita entre Clara e eu deixasse o ambiente mais sufocante, mais claustrofóbico. Eu tentei evitar qualquer confronto com ela desde a noite passada, mas algo dentro de mim já estava em ponto de ebulição. Clara nunca me aceitou, nunca acreditou que eu fosse boa o suficiente para Ricardo, e, sinceramente, eu estava começando a acreditar que talvez ela tivesse razão. Afinal, quem era eu? Uma mulher simples que se viu presa em um contrato absurdo e que agora estava, de alguma forma, envolvida emocionalmente com o homem por trás de tudo isso.Mas a minha avó... A minha avó não fazia parte dessa equação. E Clara ousou trazer seu nome para esse jogo sujo.Enquanto caminhava em direção à sala de estar, sentia as mãos trêmulas de raiva. Clara estava lá, sentada, com sua postura impecável e uma revista de negócios aberta no colo. Tudo sobre ela gritava poder e frieza. Ela sequer olhou para mim quando entrei.Eu deveria sair dali. E
MaeveA noite caiu pesada sobre nós. Depois de tudo o que aconteceu com Clara, Ricardo sugeriu que ficássemos em seu apartamento, longe da casa dos Kurtz. Eu não consegui recusar. Precisava respirar, me afastar da tempestade emocional que sua mãe desencadeou.Sentada no sofá, com um chá quente nas mãos, ainda sentia os ecos das palavras cruéis de Clara reverberando na minha mente. Era como se cada insulto deixasse uma marca nova, e o peso da saudade da minha avó tornasse tudo ainda pior. Mas Ricardo estava aqui. E, estranhamente, isso me dava uma paz que eu não sabia que precisava.Ele se aproximou silenciosamente, sentando-se ao meu lado. Não disse nada por alguns segundos, e eu apreciei o silêncio entre nós. Era como se ele soubesse que eu precisava de espaço, mas também da sua presença.— Maeve — ele começou, com a voz baixa e suave. — Eu sei que as coisas com a minha mãe não foram justas. Nada disso foi.Eu suspirei, encarando o chá nas minhas mãos.— Não importa mais, Ricardo. Só
MaeveA sensação de Ricardo beijando meus lábios ainda vibrava em meu corpo. Era como se, ao tocá-lo, todas as preocupações que carregava se evaporassem, e eu me permitisse viver aquele momento. O beijo, inesperado e intenso, tinha a força de um vendaval, mas logo nos afastamos, os rostos ainda próximos, ofegantes.— Você é um louco — eu disse, com um sorriso nervoso. O calor nas bochechas me traiu, e eu sabia que estava mais corada do que gostaria.— Talvez. Mas sou um louco que quer você ao meu lado — ele respondeu, seu tom sincero me fazendo sentir algo mais profundo. O mundo ao nosso redor parecia distante, mas a realidade ainda nos aguardava.— Ricardo, e se sua mãe descobrir? — Eu hesitei, o peso da situação me lembrando que não podíamos simplesmente ignorar o que estava por vir. Clara não seria fácil.— Ela não precisa saber agora. Podemos resolver isso juntos. Vamos mostrar a ela que somos um time — ele disse, pegando minha mão. O toque dele era firme e seguro, e eu não pude e
MaeveO clima na festa era tenso, e o olhar de Clara era como um raio, cortante e afiado, mas eu não ia recuar. Eu tinha Ricardo ao meu lado, e isso me dava a coragem necessária para enfrentar as adversidades que viriam.Enquanto a música tocava ao fundo, consegui ouvir os murmúrios das pessoas ao nosso redor. Clara estava claramente se divertindo com a situação.— O que você vai fazer agora, Maeve? Se esconder atrás de Ricardo? — Isabela provocou, uma expressão de satisfação em seu rosto.Respirei fundo e me virei para Isabela, decidida a não deixar que ela me intimidasse.— Você sabe, Isabela, ser uma ex não é o mesmo que ser uma opção — eu disse, tentando soar mais confiante do que me sentia.Ricardo apertou minha mão, um gesto de apoio que não passou despercebido por Clara. O olhar dela se escureceu, mas eu sabia que não poderia me deixar abater.— Que engraçado ouvir você falando sobre opções, Maeve — Clara disparou, seu tom afiado. — Você tem certeza de que é a melhor escolha pa
MaeveA noite finalmente terminou, mas o peso das palavras de Clara ainda pairava sobre mim. Mesmo com a presença firme de Ricardo ao meu lado, uma parte de mim se sentia desgastada. Estávamos de volta ao apartamento dele, e eu tentava me recompor. As lembranças do olhar frio e da voz cortante de Clara eram difíceis de ignorar.Ricardo me trouxe uma taça de vinho e sentou-se ao meu lado no sofá, silencioso por um momento. Eu sabia que ele estava tentando me dar espaço, mas havia tanto dentro de mim que precisava sair.— Ricardo... — comecei, a voz mais baixa do que gostaria. — O que a sua mãe realmente quer de você? Por que ela me odeia tanto?Ele passou a mão pelos cabelos, claramente cansado, mas seu olhar encontrou o meu, cheio de sinceridade.— Minha mãe sempre teve expectativas altas demais. Ela quer controle, sempre quis. E não gosta de nada que fuja do plano dela.— E eu sou a maior parte desse problema — concluo, com um sorriso triste.— Não, Maeve. Você é a melhor coisa que m
MaeveAcordei com a sensação de algo diferente no ar. Ricardo estava mais misterioso desde ontem à noite, mas não dei muita atenção. Agora, ele apareceu na porta do quarto, já vestido com uma camisa leve e uma expressão satisfeita.— Pronta para uma surpresa? — ele perguntou, segurando duas xícaras de café.— Surpresa? — franzi o cenho, aceitando o café. — O que você está aprontando agora, Ricardo?Ele sorriu daquele jeito que sempre fazia meu coração disparar.— Veste uma roupa confortável. E nada de perguntas.RicardoDirigir até o local que eu tinha preparado foi como guiar um segredo. Eu sabia que Maeve desconfiava, mas ela se manteve quieta durante o caminho, apenas me observando de soslaio. O parque era afastado e discreto — o lugar perfeito para uma tarde só nossa, longe de olhares curiosos.Assim que estacionei, saí e abri a porta para ela.— Chegamos.Maeve desceu do carro, franzindo a testa enquanto olhava em volta. Seus olhos se iluminaram quando viu a clareira com uma mant
MaeveOs últimos dias tinham sido surpreendentemente tranquilos. Eu e Ricardo estávamos finalmente em sintonia, sem contratos ou condições entre nós. A sensação de liberdade me fazia sorrir sem motivo, e, por mais improvável que parecesse, tudo estava dando certo.Hoje, porém, a tranquilidade acabou assim que Clara apareceu no escritório da instituição, com o mesmo ar superior de sempre. Era como se cada vez que ela surgisse, o ar ficasse mais pesado, e eu sabia que algo estava prestes a explodir.Ricardo estava ao meu lado quando ela entrou sem aviso. Ele ficou tenso de imediato, seus olhos se estreitando enquanto observava a mãe.— Ricardo — Clara disse em seu tom impassível. — Precisamos conversar. A sós.Eu fiz menção de sair, mas Ricardo segurou minha mão firmemente.— O que você tem pra dizer a mim, pode dizer na frente da Maeve.Clara ergueu uma sobrancelha, como se não acreditasse na afronta, mas manteve a postura altiva.— Você acha mesmo que isso vai durar, filho? — Ela lanç
MaeveAs semanas seguintes foram um respiro de alívio. Clara estava ocupada com a instituição, e Ricardo e eu finalmente podíamos viver sem a sombra do contrato. Hoje, ele me convidou para jantar fora, e o convite veio acompanhado daquele sorriso que fazia meu coração disparar.Estávamos no restaurante mais charmoso da cidade, iluminado por velas. A noite tinha um ar especial, como se algo importante estivesse prestes a acontecer.Ricardo esticou a mão por cima da mesa, entrelaçando os dedos nos meus.— Como está se sentindo? — ele perguntou, os olhos claros brilhando sob a luz suave.— Melhor do que em muito tempo. — Sorri, apertando sua mão. — Acho que nunca imaginei que estaríamos assim.Ele riu, o som rouco e baixo que eu aprendi a amar.— Eu também não.Ficamos um momento em silêncio, apenas nos olhando. Era como se o tempo parasse. A simplicidade de estar com ele, sem preocupações, me aquecia mais do que eu podia explicar.— Maeve — ele começou, a voz mais séria agora. — Precisa