RicardoMaeve estava tão distante desde a última vez que conversamos. Eu sabia que o acordo pesava sobre seus ombros, mas também sabia que ela precisava de algo que desse propósito à sua vida, especialmente depois da perda da avó. Foi então que me lembrei da instituição que estávamos prestes a inaugurar. Aquele lugar tinha potencial de ser mais do que apenas um projeto meu. Tinha potencial de ser o recomeço dela.— Maeve, você está com um minuto? — perguntei, com cautela, observando-a de longe.Ela estava sentada na sala, os olhos perdidos no vazio. Desde que havia falado em devolver o dinheiro e terminar o acordo, a distância entre nós parecia cada vez maior. Mas eu não queria que ela se sentisse pressionada — queria dar a ela uma oportunidade de fazer algo maior.Maeve levantou os olhos lentamente e assentiu.— Sim, o que você precisa?A hesitação em sua voz era evidente, e eu sabia que precisaria escolher bem minhas palavras.— Quero te levar a um lugar — comecei, tentando soar cas
MaeveA anulação do contrato não saiu como eu esperava. Achei que, ao devolver o dinheiro, estaria finalmente livre de Ricardo e de tudo o que ele representava. Mas, em vez disso, senti um vazio que eu não queria admitir. Estava pronta para seguir em frente, ou pelo menos eu achava que estava.Ricardo, porém, parecia tranquilo. Ele aceitou a devolução do dinheiro sem discutir e não mencionou mais o acordo. Agora, estávamos apenas convivendo como... o quê? Amigos? Colegas? Eu não sabia. E isso me deixava confusa.Hoje, após passarmos o dia na instituição, percebi algo diferente nele. Não era mais o magnata arrogante e controlador que me havia proposto o falso noivado. Havia algo mais. Algo mais íntimo, mais vulnerável. Eu precisava entender o que isso significava.— Maeve — a voz de Ricardo me trouxe de volta dos meus pensamentos. Ele estava parado ao meu lado, observando as crianças brincando no pátio da instituição. — Agora que o contrato acabou, o que você vai fazer?Sua pergunta me
RicardoDepois daquele beijo, soube que as coisas entre nós haviam mudado de verdade. A intensidade no olhar de Maeve me dizia que ela também sentia isso, mesmo que estivesse hesitante. Eu queria fazer as coisas do jeito certo dessa vez, sem pressa, sem pressão.— Maeve — disse, ainda segurando sua mão. — Que tal jantarmos juntos hoje à noite? Sem contratos, sem negócios. Só nós dois.Ela hesitou por um instante, como se estivesse decidindo se estava pronta para dar esse passo. Mas então assentiu lentamente, e um pequeno sorriso apareceu em seus lábios.— Jantar? Só nós dois? — ela perguntou, tentando soar casual, mas havia uma leveza em sua voz que eu não ouvi antes.— Só nós dois — confirmei. — Prometo que não vou te levar a nenhum evento de negócios ou tentar te impressionar com algo grandioso. Apenas um jantar tranquilo. Que tal?Ela ponderou por alguns segundos antes de responder.— Tudo bem, Ricardo. Um jantar tranquilo soa bem.MaeveEnquanto me preparava para o jantar, meu cor
MaeveAcordei com a luz suave do sol tocando meu rosto, e por um breve momento, uma sensação de tranquilidade me envolveu. Mas então percebi que estava sozinha na cama. O lugar ao meu lado estava vazio, e o calor familiar que senti na noite anterior havia desaparecido. Um aperto começou a se formar no meu peito. Será que Ricardo havia saído? Será que a noite anterior tinha sido um erro?Levantei-me lentamente, enrolando o lençol ao redor do corpo e caminhando até a janela. O céu estava claro, e a cidade começava a despertar, mas dentro de mim ainda havia uma nuvem de incerteza. Onde ele estava?Foi quando ouvi barulhos vindos da cozinha e um aroma irresistível de café fresco. Curiosa e ansiosa, segui o cheiro até lá. Ao entrar, encontrei Ricardo, de costas para mim, vestindo um avental e mexendo algo no fogão. A cena me pegou de surpresa. Nunca imaginei Ricardo Kurtz, o magnata arrogante, cozinhando.— Bom dia, dorminhoca — ele disse, sem se virar, como se sentisse minha presença.— B
MaeveA viagem de volta para o hotel foi tranquila, mas algo estava inquieto dentro de mim. Eu e Ricardo havíamos nos aproximado tanto, compartilhado momentos que pareciam promissores, mas a vida sempre parecia disposta a nos testar. E hoje, o teste veio na forma de Isabella.Encontrá-la no jantar, toda confiante, jogando indiretas, não me surpreendeu. O que me pegou de surpresa foi quando ela se aproximou depois, quando Ricardo havia saído por um momento, e soltou a bomba que eu jamais esperava.— Você realmente acha que conhece Ricardo? — ela começou, seu sorriso tão afiado quanto suas palavras. — Ele sempre soube o que dizer, o que fazer para conseguir o que quer.— Não sei do que está falando, Isabella — respondi, tentando me manter firme, apesar do nervosismo.— Oh, querida. Ele nunca te contou, não é? — Isabella riu de leve, com um ar de superioridade que me irritava profundamente. — Você é só mais uma das conquistas dele. Ele adora desafios, especialmente aqueles que parecem in
MaeveO restaurante estava cheio naquela noite. Ricardo tinha me convidado para um jantar com seus amigos mais próximos, algo que eu não esperava. Desde o funeral da minha avó e os últimos dias tensos, estávamos tentando nos reconectar, e ele estava mais atencioso do que nunca. Ao chegarmos ao restaurante, percebi que ele havia reservado uma mesa em um canto mais reservado, longe dos olhares curiosos.— Vai ser uma noite tranquila, prometo — Ricardo disse, sorrindo ao notar minha expressão de nervosismo.— Espero que sim — respondi, tentando relaxar.Sentei-me ao lado dele, e logo seus amigos chegaram. Gustavo, que eu já conhecia, estava acompanhado de sua esposa, e outros dois amigos de Ricardo, que eram figuras conhecidas no círculo de negócios. A conversa fluiu de maneira descontraída, todos pareciam bem à vontade, mas havia algo no ar. Um certo nervosismo por parte de Ricardo que eu ainda não conseguia entender.Enquanto todos conversavam, senti sua mão deslizar discretamente até
RicardoA noite estava tranquila quando Gustavo me ligou no dia seguinte, pedindo para nos encontrarmos no mesmo pub de sempre. Algo em seu tom deixava claro que ele queria conversar sobre algo mais sério. Depois do jantar com os amigos e o pedido secreto que fiz a Maeve, eu sabia que essa conversa com Gustavo era inevitável. Ele sempre soube do contrato entre mim e Maeve, e agora que eu havia dado um passo à frente, era justo que ele soubesse o que estava acontecendo.— Vai precisar de mais uma rodada de cerveja hoje? — Gustavo brincou quando cheguei, sempre com seu jeito descontraído.— Quem sabe? — respondi, sorrindo. — Tenho algumas coisas para te contar.Nós nos sentamos, e enquanto pedíamos as bebidas, Gustavo me olhou com aquele olhar de quem já sabia o que estava por vir.— E então? Como estão as coisas com Maeve? — ele perguntou, mas havia um tom de seriedade por trás da pergunta.Suspirei, sabendo que não poderia esconder nada dele. Gustavo era mais que um amigo, era quase u
Ricardo A noite estava mais fria do que o esperado quando chegamos de volta ao apartamento. Maeve parecia pensativa, e eu sabia que havia algo mais no ar, algo que ela ainda não havia dito. Talvez fosse o peso de tudo o que estávamos enfrentando — a pressão, minha mãe, o contrato — ou talvez fosse o medo do que ainda estava por vir. De qualquer maneira, eu sabia que precisávamos conversar.Enquanto eu colocava a chave na porta, olhei para ela, esperando que ela dissesse algo, mas Maeve permaneceu em silêncio. Assim que entramos, o clima aconchegante da sala não aliviou a tensão crescente entre nós. Eu me aproximei, tirando o casaco dela de seus ombros com cuidado.— Está tudo bem? — perguntei, minha voz baixa.Maeve deu um sorriso, mas era óbvio que havia algo errado.— Sim, eu só... estou cansada, acho.Eu sabia que não era só isso. O jeito como ela evitava meus olhos me dizia que havia algo mais. Decidi não pressionar naquele momento. Sabia que ela falaria quando estivesse pronta.