Um novo dia

***Narrado por Tereza***

O sol ainda nem batia na janela quando me levantei para tomar banho e me arrumar para a entrevista, por ser uma pessoa ansiosa queria chegar cedo, odeio me atrasar seja para qualquer coisa.

O problema é que acabei chegando cedo demais, as portas do prédio ainda estavam fechadas, tinha tomado apenas um copo de leite e estava com fome e sede, logo um dos seguranças saiu, achei que ele iria me pedir para sair dali, mas não estava enganada.

— Segurança: Moça não pode ficar parada aqui na portaria.

— Eu cheguei cedo para a entrevista, por isso estou aqui fora esperando.

— Nesse caso pode esperar lá dentro, senhorita, pois já estão chamando os candidatos para entrevista.

Eu então entrei no prédio ainda vazio, minhas roupas eram simples perto daquelas moças que trabalhavam ali, até me uma delas me chamar e a acompanho até uma pequena sala.

— Tereza, certo?

— Sim senhorita.

— Meu nome é Clarisse, você veio por indicação da Maria.

— Sim foi minha vizinha, ela trabalha numa empresa que presta serviço para esse prédio.

— Perfeito, bom na próxima semana o CEO estará aqui, então já selecionamos todos os candidatos, mas vejo quase todas as vagas forma preenchidas, agora só temos de copeira, algum problema?

— Não, senhorita, só quero poder trabalhar mais nada.

— Então pode começar na segunda ok?

Quando sai da empresa já passava da hora do almoço, estava tão feliz que nem ao menos me importava com o fato de não ter comido nada, só queria contar a Maria que havia conseguido.

Consegui vê-la ainda na calçada enquanto varria e corri até lá onde pudemos comemorar rapidamente por minha conquista.

— Vou para casa, ainda preciso ir na fazendo avisar que não vou mais.

— Faça isso, parabéns

O jeito agora era encontrar uma forma de ir logo para casa, passei numa lanchonete, comprei um pão de batata para comer e fui, a minha casa da cidade era um pouco longe, não poderia perder muito tempo.

Era final do dia, quando fui a fazenda falar com a dona Inês que ficou muito triste, eu estou a ajudando desde os meus 17 anos, agora estava em tempo integral, mas até o ano passado só na parte da manhã.

Voltei para casa com o pouco que recebi, já que o dono da propriedade fez questão de me pagar mesmo não sendo registrada, aquele dinheiro iria me ajudar pelo menos até receber meu primeiro salário.

Eu mal consegui dormir aquele dia e o final de semana então ufff foi interminável, parece bobagem estar ansiosa para trabalhar como copeira, mas era meu primeiro trabalho com registro só precisa esperar o tempo de experiência e ir atrás do meu sonho e trabalhar naquilo que me formei.

Mas nunca imaginei que as pessoas em locais como aquele fossem tão preconceituosas e mal-educadas, pois nem um bom dia eram capazes de falar ou responder.

Me lembro de ouvir minha avó puxando minha orelha por não falar essas coisas como. Por favor, com licença e um obrigado. Mas aqui tudo é diferente, às vezes te empurravam e não falavam nada.

Nós que eramos do serviço de limpeza e do café tínhamos que entrar pelos fundos, onde havia um vestiário para colocar o uniforme, até o café da manhã era separado dos demais funcionários.

— Sabe Maria, acho isso errado, só porque cuidamos de coisas mais simples não é motivo para sermos tratados com tanto indiferença, esse CEO deve ser um homem super arrogante, por pensar assim.

— Como sou de uma empresa que prestava serviços, quando me deixaram fixa aqui, não liguei, pois ganho um pouco mais.

— Estou querendo vender a casa e arrumar uma mais simples por aqui, caso contrário não sei como vai ser quando for voltar a estudar, quero fazer outros cursos.

— Isso seria algo importante, mas infelizmente aquela casa não vale muito, aqui tudo é mais caro.

Nisso Maria tinha razão, fala sério um café era quase 3 reais, pelo amor de Deus isso era mesmo um abuso, mas fazer o que né?

*** Narradora***

Em Buenos Aires, Alexandre e sua família se preparava para viajarem a Belo Horizonte, ele teria a inauguração da nova filial e aproveitariam para ficar uns dias na fazenda onde ele estaria resolvendo a compra de novas amostras de café.

— Mãe, arrume as malas, partiremos no final do dia.

— Está bem, achei que fosse contratar a babá na viagem, mas pelo visto mudou de ideia, essa moça não me parece muito paciente, tem certeza que foi uma boa escolha? Ou ela terá outras funções nessa casa?

— Do que está falando? Para ser babá não precisa de muito, aliás Sofia já sabe fazer muita coisa sozinha.

— Meu Deus, já entendi tudo, por que não aproveita que está em casa e fiquem uns minutos com sua filha?

— Estou ocupado, para isso temos a babá. Falando nisso, não esqueça de avisá-la que virá conosco.

***Narrado por Eugênia***

Acreditem, Alexandre não foi sempre assim, teve um tempo que ele se preocupava com a filha, quando Sofia ainda era um bebê e Sabrina foi embora pude ver meu filho chorar com a pequena nos braços, depois começou a trabalhar sem parar.

Meu Armando não tinha nos deixado em boas condições, a empresa tinha uma enorme dívida e Alexandre teve que vender parte de nossas propriedades, depois os dias foram passando e ele ficava dia menos em casa, às vezes virava a noite na empresa ou trancado no escritório.

Quando conheci Magnólia, a nova babá já percebi que aquilo não daria certo, como sabem criança adora se aproximar, e quando Sofia o fez ela não gostou muito.

— Tem certeza que gosta de criança moça? Não vi se aproximar de minha neta um vez que seja.

— O senhor Alexandre, disse só para ficar de olho nela, não disse que precisava fazer outras coisas e não eu nunca cuidei de crianças.

Agora imaginem uma viagem de quase 3h com Sofia tentando puxar assunto e a babá lendo revista? Estava tão irritada já que se pudesse jogar os dois daquele avião, ela por ser tão grossa ao ponto de ignorar uma criança e meu filho por sua imprudência.

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