Melissa Rodrigues.Não conseguia entender o que poderia ter causado o ataque de pânico da minha irmã. Esse era o pior de todos, nunca havia presenciado um surto assim com a Janaína.Ryan estava tremendo na cadeira, era a primeira vez que ele via a Janaína ter um ataque de pânico, isso é de desestruturar qualquer um.— Eu não entendo, Doutora Andréia. Não sei o que aconteceu. Eu entrei no seu quarto e ela já estava desse jeito. – Passei a mão no rosto, confuso.Ela suspirou, olhando os dados de Janaína na tela do seu tablet.— Aqui diz que ela está tomando regularmente a medicação que passei... Vamos testar algumas opções e dosagens melhores. – Ela me olhou com seriedade. – Mas precisamos descobrir o real motivo por trás desse surto, isso não foi apenas um ataque de pânico.— Você acha que minha irmã está piorando? O que diabos está acontecendo aqui? – Ryan perguntou, se aproximando. – Ninguém me fala nada, ninguém me disse que o estado da Janaína era tão ruim assim! Eu sabia que ela t
— Já disse, você não pode entrar aqui.O porteiro nega pela vigésima vez. Bufo em frustração e mostro a ele um maço de notas de cem, ele olha para os lados e pega o dinheiro e o conta.— Certo, vou deixar a senhorita subir, mas não vou aprontar.Sorri agradecida e ando em direção ao elevador privativo. Ele me leva direto a cobertura, quando as portas se abrem, revelam uma sala luxuosa com um piano de cauda, no teto um enorme lustre de cristais.Olho ao redor encantada e sinto o luxo do lugar.— João deve estar desviando muita grana pra conseguir manter esse lugar.Digo olhando ao redor. O ambiente era tão grande que sequer sabia por onde começar. Ando em direção ao corredor, vejo uma porta grande, seguro a maçaneta e vejo que estava trancada.Olho pelo buraco na maçaneta e vejo se tratar do escritório. Como imaginei, ele não daria bobeira em deixar o ambiente desprotegido à mercê de algum funcionário.Qualquer um que entrasse ali podia acessar suas informações no computador ou até mes
Ainda estava absorvendo os acontecimentos recentes. Eu estava deitada com a cabeça no peito de Scott, ele brincava com uma mecha de meu cabelo. Fazia tanto tempo que não me sentia desse jeito, era surreal a forma como ele provocava reações em meu corpo.— Você está pensativa.Ele fala me observando. Sorri sem graça, ele me conhecia tão bem que sabia das coisas que aconteciam comigo.Eu sabia que devia contar a ele sobre a gravidez… mas não sabia como iria iniciar essa conversa. Sabia que não podia negar o direito dele de saber sobre seu filho, isso era desumano.— Você tá com aquela carinha de quando quer me falar algo mas não consegue.Suspiro profundamente e me sento na cama. Olho pela janela tendo a visão da cidade, uma chuva forte molhava os prédios e o céu estava cinza.— Você se lembra quando eu desapareci? Não foi por acaso, o Richard, ele descobriu uma coisa…Minhas palavras saem em gaguejos, fecho os olhos e nego com a cabeça, minhas mãos tremiam em lembrar disso, até hoje ti
Ryan toca a campainha e segundos depois a porta é aberta por uma mulher que sorri.— Pátria meu amor, hoje não vou poder ficar pra fazer as medidas de Cecília. Mas trouxe minha irmã mais nova e ela vai fazer isso pra mim.Ela me olha com uma expressão estranha como se tentasse me reconhecer. Ela faz uma expressão surpresa como se me reconhecesse e eu arregalo os olhos. Me lembro do dia do protesto quando ela foi ao portão pedindo para que fôssemos embora.— Tem mais uma coisa, a Melissa vem aí mais tarde e você podia deixar a Janaina ficar com vocês até que ela chegasse. É que hoje vai ter uma reforma no banheiro da casa e não quero deixá-la sozinha.Espera, ele estava basicamente pedindo pra essa mulher ser minha babá? Eu já era uma adulta! Embora tivesse a altura de uma adolescente, já era uma adulta.— Certo… boa sorte na sua viagem, amigo.Ela abraça Ryan que sorri agradecido. Antes dele entrar no carro, ele me olha seriamente.— Se compete Janaina Messias, ou eu irei te fazer se
— Me desculpa pela indelicadeza, mas não sou uma pessoa que esconde o que pensa. Ainda mais quando se trata de pessoas que não tenho afinidade.Ela fala de forma calma, por algum motivo não me senti ofendida com suas palavras. Apenas suspirei.— Nunca pensei que ele podia cometer suicídio, isso é ridículo! Meu pai era uma pessoa que era totalmente contra o suicídio, ele dizia que isso era para pessoas fracas. Não entendo, realmente não entendo o que pode ter sido tão impactante ao ponto de fazê-lo trair tudo que ele acreditava.Falo segurando minha cabeça com as mãos. Estava começando a sentir o pânico invadir meu corpo, era uma sensação estranha, como se eu me afundasse cada vez mais.— Janaína, as pessoas são assim, imprevisíveis. Não fique tentando entender algo que talvez nem ele mesmo entendia. Richard fez sua escolha.Olho para seus olhos e sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto. Ela olha pra mim por alguns segundos antes de se levantar.— Vamos, não vamos ficar pensando niss
Cecília GomesJá se faziam algumas semanas desde minha chegada ao Brasil. Nenhum protesto aconteceu desde então, minha vida estava relativamente calma nessa questão.Fotos do filme já estavam circulando na internet, o diretor fez questão de divulgar as fotos como uma resposta das retaliações. Não iríamos parar nosso trabalho por conta de ameaças ou imprevistos.Não tive mais nenhum contato com a Janaína desde as últimas duas semanas. Meus dias estavam muito corridos e apesar de ter gostado muito do nosso último encontro, não conseguia ter uma folga devido aos diversos compromissos que tinha nas últimas semanas. Tinha ocasiões que nem chegava a voltar para minha casa, cochilava no camarim mesmo.Por outro lado, Ryan e eu nos tornamos mais próximos. Melissa e Ryan eram irmãos perfeitos, juntos faziam uma bela dupla. Estávamos construindo uma relação bem legal de amizade, não queria estragar tudo e por isso estava evitando ao máximo visitar Janaína.Estava muito feliz com o meu novo pape
— E foi assim que tirei a lagosta do meio dos seios dela.Todos na sala caem na gargalhada com os gestos estranhos que Ryan fazia enquanto tentava ilustrar sua história.Melissa estava vermelha de tanto rir, sua mão batia em sua coxa enquanto buscava por ar.Ver a felicidade dos meus amigos fez-me sentir bem vinda, como se fosse parte de algo maior. Poucas vezes em minha vida eu tivesse essa sensação, de ser bem vinda, de não estar atrapalhando e fazer realmente parte daquele momento.Sorri me juntando a eles no sofá, Thiago e Patrícia riam sentados um e cada poltrona. Ao notar minha presença, Ryan sorri animado. O rapaz me entrega uma caixa grande com um sorriso tímido nos lábios.— Considere um presente para usar em seu baile anual de arrecadação de fundos.Sorri agradecida e o envolvo em um abraço. Ryan parece surpreso por alguns segundos, mas logo retribui o abraço animado.Abro a caixa encontrando um belíssimo vestido vermelho. Antes que pudesse tirá-lo da caixa para analisá-lo m
Acordo assustada sentindo meu coração acelerado e o suor sobre minha testa. As cortinas estavam abertas e o sol forte. Demoro a me acostumar com a claridade, tentava bloquear a luz com as mãos sobre os olhos.Pego meu celular e suspiro cansada, eram duas horas da tarde. O lado ruim de ter que ter pesadelos quase todos os dias, era por isso que precisava tomar calmantes fortes. Não tinha controle sobre o horário que acordaria, e eu detestava tudo isso.Odeio acordar tarde e odeio mais ainda não ter controle sobre algo que envolve diretamente minha vida.Vejo duas mensagens de Melissa e resolvo lê—las.Melissa Vargas 12:00 : Quando eu saí você ainda estava dormindo... Tinha algumas coisas para resolver.Saio do quarto vestindo uma camiseta grande. Encontro Ryan no corredor com os olhos vermelhos e cabelo bagunçado, provavelmente tinha acabado de acordar. O moreno ri enquanto se espreguiça confirmando minha hipótese.— Vejo que você também acorda tarde quando bebe.Diz me seguindo pelo