KIERAN:Meus pensamentos se arremolinavam como um redemoinho enquanto tentava assimilar sua presença. Claris, depois de tanto tempo, estava ali, tão real quanto sempre. O ar parecia carregado de eletricidade que apenas nós podíamos sentir, ou pelo menos era o que eu pensava. Os murmúrios da sala se desvaneceram em um eco distante, deixando apenas o batimento crescente do meu próprio coração ressoando contra as paredes.Levantei-me de um salto e quase corri em sua direção, enquanto ela se pôs de pé, me olhando surpresa e desconcertada diante da minha ação. E eu soube, ela não se lembrava de mim ou não era ela, mas uma humana com sua imagem.— Muito prazer, Kieran Theron, ao seu serviço —me apresentei, oferecendo minha mão, que ela tomou com receio.— Claris... advogada Claris Lúmina —respondeu sem deixar de me olhar com curiosidade—. Terminaremos muito rápido. Se você já leu tudo, só precisa assinar. Depois há alguns cientistas interessados em falar com você; peço desculpas por ter per
KIERAN:Tive que respirar fundo para não me tornar em Atka e acabar com eles de uma vez por todas; isso era um novo desafio entre o que eu havia sido e o que poderia ser. Os olhos de Claris se encontraram com os meus por um breve, mas intenso instante, e ela me sorriu suavemente; foi nesse momento que soube que deveria me aproximar. Aventurei-me até a mesa, com cada passo ressoando como um eco da iminente confrontação entre o passado e o presente. —Não esperava encontrá-los no meu restaurante —disse de maneira geral, embora meus olhos não se desviassem dela, tentando manter a compostura enquanto me detinha ao seu lado. —As surpresas são parte do charme desta vida, não acredita, Theron? —respondeu o alfa Aleh, estendendo a mão—. Estamos analisando um convênio. A advogada Claris acaba de me dizer que a conhece. —Sim, ela acabou de trabalhar para mim —disse sem deixar de olhá-la—. A convidei para jantar e fico feliz que ela tenha vindo a um dos meus restaurantes. Claris manteve o
KIERAN:Continuamos com o almoço, e o ambiente, carregado de energia, nos envolvia a todos. A rivalidade entre os seis lobos era quase palpável na obtenção do favor das mulheres. Os olhares se cruzavam, cheios de ameaças veladas. Elena e Rafe pareciam ter esquecido tudo ao nosso redor, imersos em um diálogo silencioso que apenas eles compreendiam.Os lobos do norte mantinham sua expressão séria, mas seus olhares denunciavam seu desconforto. Sabiam que o plano da tarde havia mudado, e essa era a razão de sua incomodidade.—Não posso acreditar, meu alfa, eles têm o mesmo nome que as que você mencionou —cometou Fenris em minha mente—. Acho que você estava certo, meu alfa. Minha companheira é linda, sim.—Ela é, e pare de duvidar. É verdade tudo que te contei. Ela é sua companheira, assim como Claris é minha Lua e
KIERAN:Os três lobos se retiraram com a dignidade que puderam manter, embora suas posturas rígidas e passos tensos revelassem, ao menos para nós, sua frustração. Claris seguiu com o olhar Vikra, o que fez com que meu lobo Atka se agitasse inquieto. O ciúme me levou a formular uma pergunta que mal consegui conter. —São...? —parei a tempo, consciente de que não tinha direito de interrogá-la. —Não, não —negou rapidamente Claris, talvez depressa demais—. Nós só nos conhecemos desde ontem e, quando estávamos vindo para cá, ele me propôs ir dançar. Somos novas na cidade, não vi por que não poderia acompanhá-lo. Ela parou abruptamente, como se acabasse de perceber que me havia dado uma explicação que não deveria, e ficou envergonhada, baixando o olhar diante de
KIERAN:As palavras se me acumulavam na garganta. Como explicar algo que nem eu mesmo conseguia compreender completamente? Como dizer a ela que era idêntica à minha esposa, que toda vez que a olhava via minha Lua? Como confessar que talvez não fosse coincidência que tivesse o mesmo nome, os mesmos gestos, a mesma maneira de se mover? O peso das perguntas sem resposta me esmagava enquanto eu buscava as palavras adequadas para não assustá-la, para não perdê-la antes de descobrir o que significava essa conexão inexplicável.—Oh, essa é uma imagem que criamos para um anúncio —interveio Fenris com naturalidade. Avaliou a situação antes de continuar—. Não é incrível a coincidência? Você já trabalhou como modelo alguma vez, Claris?Claris balançou a cabeça e se virou para não olhar mais para o quadro.
KIERAN:Olhei para meu beta Fenris, que estava emocionado com a possibilidade de que Clara realmente fosse sua companheira destinada. As três humanas eram muito belas e chamavam a atenção de homens de qualquer natureza, mas Claris era a mais bonita de todas para mim. Ela tinha uma segurança e firmeza em seu olhar que me lembrava a primeira vez que chegou ao meu escritório pedindo o cargo de assistente. Agora ela mostrava mais maturidade e sabia exatamente o que queria. Não via nela as inseguranças que sempre envolviam minha Lua no passado.—O que fazemos, meu alfa? Você acha que são elas as três lobas lunares que você menciona do passado? —perguntou Fenris—. Porque se for ela, serei o lobo mais feliz da terra. Eu adoro ela, independentemente de ser humana.—Devemos ter cuidado —disse, observando atentamente Claris, que ainda estava com a testa franzida—. Elas
CLARIS:Tudo aconteceu de repente: a ligação do amigo da mamãe ao chegarmos a este país pedindo nossa ajuda para assinar um contrato com o grande empresário Kieran Theron, que assegurava que poderia nos ajudar a nos estabelecer aqui, e a assinatura para trabalhar para ele, tudo em um dia.—Se ele se fixar em você, Claris, todas as portas se abrirão —disse ele, e era verdade. Esse contrato que assinei sem olhar direito dizia muito sobre um homem com tanto poder, e fazia meu coração acelerar.Nunca antes um homem me fez sentir assim. Por isso, ao mesmo tempo, me sentia confusa e lisonjeada. Havia algo selvagem nele que me atraía e me assustava em partes iguais.—É como se eles não fossem completamente humanos —sussurrei para mim mesma, e um arrepio percorreu minha espinha ao lembrar como alguns lobos nos observaram no riacho. Especialmente aquele de pelagem
CLARIS:Olhei para ele, desconcertada, diante da pergunta que me havia feito, já que mal nos conhecíamos e ele não deveria ter feito isso. Olhei para a estrada escura, perguntando-me para onde ele me levava. Não lhe respondi; mantive-me em silêncio até chegarmos a um belo mirante. No topo, havia uma incrível casa de cristal, que se erguia majestosa contra o céu noturno.De qualquer ângulo da casa, a cidade se estendia como um mar de luzes brilhantes abaixo de nós, enquanto o firmamento desplegava seu manto de estrelas cintilantes, tão próximas que pareciam ao alcance da mão. O ar da montanha, limpo e fresco, transportava o sutil aroma dos pinheiros que cercavam a propriedade, criando uma atmosfera quase mágica, onde o limite entre o céu e a terra parecia se difundir no horizonte.—De quem é este lugar? —perguntei enquanto observava a modern