115. A LUA REAL

CLARIS:

Não soube o que tinha acontecido. De repente, a escuridão envolveu-me, como se alguém tivesse arrancado o controlo do meu próprio corpo e me tivesse atirado ao abismo mais profundo das minhas memórias. Foi então que senti aquela dor atroz, a dor que reconhecia bem demais: a transformação. Os meus gritos ecoavam no vazio sem resposta, como se não pertencessem a ninguém. E foi ali, nesse limbo de impotência, que percebi. Não era simplesmente uma transformação. A minha loba, Lúmina, tinha despertado completamente. Assumiu o controlo de nós como nunca tinha feito antes e anulou-me por completo.

A frustração cravou-se no meu peito enquanto sentia como Lúmina corria, imparável, até chegar ao lago onde se encontrava Atka. Podia vê-lo, podia senti-lo, mas não podia agir. Não podia falar. Era apenas uma prisioneira no meu próprio corpo, obrigada a escutar cada palavra da conversa que a Loba Lunar estava a ter com ele. Era o meu castigo. O castigo por ter ousado desafiar a nossa nat
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