Um turco em minha vida
Um turco em minha vida
Por: Artemisa Vieira
Capitulo 1

A dor e a raiva estavam presentes na sua mente, deixando-a incapaz de dormir. Ela sentia-se traída e enganada, e agora tudo o que queria era se vingar daqueles que a magoaram. A tempestade que se aproximava parecia refletir o tormento que ela sentia no seu coração, e ela sabia que teria que enfrentar a situação em breve, mas por enquanto, ela permitiu-se afundar nos seus pensamentos e planejar a melhor maneira de se vingar.

GRÉCIA-ATENAS

O meu casamento com o Victor está cada vez mais próximo, às vezes me pego pensando se estou a fazer a escolha certa, mas quando constato o carinho e amor que ele tem por mim, as minhas dúvidas simplesmente desaparecem e vejo ser o certo a se fazer. Não posso dizer que eu o “Amo”, porque essa palavra é muito forte a ser pronunciada, tenho um imenso carinho e lealdade por ele, porque esteve comigo no pior momento da minha vida, contudo sinto-me dormente para esse “Amor” de conto de fadas, porém sei que esse sentimento se baseia em outras coisas, ele merece tudo de melhor, e vou-me esforçar o máximo para ser uma boa esposa.

Agora estou aqui com a Melissa, a qual é a minha madrasta, e minha irmã Louise, cuidando dos últimos detalhes, a verdade é que Louise e eu nunca fomos compatíveis, porém depois do meu acidente, as coisas entre nós acalmaram-se muito.

Os preparativos para o casamento estão conforme o planejado, a minha família está-me ajudando em tudo, principalmente o meu pai, ele não hesitou em me lembrar repetidamente que me ama muito e que faria qualquer coisa por sua filha preciosa, até mesmo compraria a felicidade para mim se assim fosse preciso. Esse casamento é o sonho de toda mulher, um noivo bonito, uma cerimônia luxuosa e um vestido esplêndido.

— Stella, minha princesa, podemos conversar no escritório? — Papai veio e abraçou-me calorosamente.

— Vamos! — Entramos no seu escritório, fechando a porta atrás de nós.

— Estou tão feliz por sua felicidade, em breve será dona do seu próprio lar, terá um marido que a ama muito. — Ele disse chorando, porque não queria que eu saísse de casa tão cedo.

— Não fique assim, pai, virei vê-lo diariamente, será como se nunca tivesse ido. — Eu também começo a chorar.

— Querida, eu quero entregar-lhe isto, este colar é muito valioso, não falo em valor material, ele está guardado há algum tempo comigo e hoje devo entregar a você!

— De quem era? “Esse colar eu nunca vi antes, deve ter pertencido a alguém muito importante para ele.”

— Era da sua mãe, ela usou no dia do nosso casamento, essa joia era da sua avó, agora pertence a você meu amor.

— Obrigada! Amo-lhe muito. — Beijo o seu rosto com carinho. — E esse anel, também era da mamãe?

— Eu também te amo, minha princesa! — Ele suspirou por um momento. — Quando chegar a hora certa, você saberá a história desse Anel.

Termino de falar com o meu pai, subo direto para o meu quarto, com a caixa nas minhas mãos, analiso o brasão desenhado e a abro novamente, vejo que ele é completo, o colar não poderei usar o tempo todo por ser muito valioso e chamará atenção demais, porém o anel e um encanto, ponho no meu dedo admirando a peça linda. Percebo que na lateral da caixinha do anel têm um número gravado, não dou importância e continuo a admirar as peças.

Ouço Louise chamando-me para ir fazer a última prova do vestido, é não entendo o porquê, mas hoje sinto-me maravilhosamente alegre, talvez seja influência do casamento.

— Ao terminarmos no ateliê, iremos passear nas lojas, para terminar de comprar o enxoval. — Afirmo vendo Louise concordar.

Chegamos a mansão e já é noite, e bem cansativo ser a noiva e ter que escolher cada detalhe com cuidado.

— Stella, você vai sair hoje? — Louise pergunta-me com um certo interesse.

— Não, estou muito cansada! — Creio que a exaustão é visível aos olhos de quem me olha.

— E o seu noivo não vem? — Ela pergunta-me olhando no espelho e arrumando as mechas do seu cabelo

— Ele também está cansado, mandou mensagem, disse que irá dormir, mas cedo. — Falo sem dar muita importância para as suas perguntas.

— Pois vou sair, irei encontrar um rapaz que conheci alguns dias atrás! — O sorriso dela está radiante ao mencionar onde está a ir.

— Tá bem! Cuidado com quem andas. — A verdade é que sempre me preocupei com as suas loucuras.

— Sempre tenho! — Ela j**a-me beijos no ar.

Enquanto isso, na garagem da Mansão Katsaros, Louise escuta a voz da mãe lhe chamando, então vira-se para saber o que ela quer.

— Está indo aonde? — A sua mãe pergunta, desconfiada das suas ações. — Você acabou de chegar, e já iam saindo sem avisar?

— Tenho alguns problemas para resolver, mamãe, não irei demorar. — Fala revirando os olhos.

— Você não tem problemas, Louise! — Se exalta ao atrair atenção da moça. Ela aproxima-se e continua a falar. — Agora causa uma avalanche de problemas, e com você mesma.

— Não preciso ficar a falar tudo que vou fazer. — Rebate às palavras da mãe com pouco caso. — Já estou bem grandinha para cuidar de mim!

— Se realmente fosse assim, não estaríamos a ter essa conversa! — Alega a mãe estreitando os olhos enquanto as próximas palavras são ditas. — Está indo atrás dele, né! — Menciona o amante da filha.

— E sim! Qual o problema? — Questiona Louise, mostrando que está com pouca paciência. — Tem paixão entre a gente, estarmos juntos até hoje, só reforça o que sentimos.

— A menina iludida, até parece que isso é verdade, se fosse, você teria um compromisso oficial com ele. — Argumenta a mãe em desespero. — Coloca essa cabeça no lugar antes que aconteça uma tragédia.

Louise pega o seu carro e sair cantando pneu em alta velocidade, poderia até causar um acidente por está nervosa, as palavras da sua mãe são como uma tempestade na sua mente, mesmo assim ela não desistiu de ir lá, ela o quer para si, mesmo que para isso tenha que continuar o vendo escondido. Ela não se importa se é apenas uma ilusão, ela só quer viver de acordo com esse amor proibido.

UMA HORA DEPOIS

Pensando bem, acredito que esse é o momento de dizer ao Victor que lhe darei acesso ao meu coração, sinto-me feliz com essa decisão. A essa hora ele já deve estar no nosso apartamento, e melhor eu ir logo antes que ele resolva dormir.

Foi até a garagem, pegou o seu Mercedes-Benz, antes de sair conferiu o horário, já passava das nove horas da noite, então poderia aproveitar, ainda estava cedo, mais o que ela não imaginava que a surpresa seria sua. Ao chegar no prédio falou com o porteiro e passou direto, imaginando no cansaço do seu amado Victor, ligou ali mesmo do elevador para um restaurante, pediu a comida favorita de Victor.

Entrou no apartamento, como estava escuro deixou a porta aberta, acendeu apenas o abajur da sala, olhou admirada para os retratos pendurados ali demonstrando a lealdade que os unia.

Há duas possibilidades: ou estou a ficar louca, ou tem outra mulher neste apartamento, porque esses gemidos não são meus. Não estou a acreditar que esse canalha teve a coragem de fazer isso comigo, essa cadela deve esta no cio para gemer desta maneira, não acabarei com o prazer destes dois traidores agora.

Víctor e a sua amante estão deitados na cama, abraçados. O quarto está escuro, com apenas uma luz fraca vindo da janela. O ar está carregado com cheiro de desejo e traição. A sua amante está com um vestido preto curto e Víctor usa uma camisa desabotoada e calça jeans. Os dois beijam-se com paixão, enquanto as mãos do Victor deslizam pelo corpo da pequena mulher a sua frente.

Victor se afasta e olha para a amante com um sorriso malicioso. Ela sorri de volta, os seus olhos brilhando com desejo. Eles beijam-se novamente, mais intensamente desta vez. O som das suas respirações ofegantes preenchem o quarto, enquanto eles se entregam ao prazer absoluto.

Não acredito no quão filhos da puta esses dois são, conheço muito bem quem está com ele, essa cadela está no quarto que é meu, com o miserável que se diz o meu noivo. Sinto a minha boca ficar amarga, a decepção que sinto é pouca perto do que farei com eles, sei muito bem que a culpa disso tudo é apenas deles, ele é que não considere jogar a culpa em mim, como muitos fazem nos seus relacionamentos, eles são apenas dois seres desprezíveis que tirarei da minha vida.

Eles permanecem tão concentrados que nem captam a presença de Stella os olhando, naquele momento nem mesmo o fogo derreteria o gelo que se insinuava em seu coração, a vingança chegaria e o escândalo devastaria a vida de todos. Ela sai do apartamento apressada, o porteiro nota algo estranho e a chama, pergunta se ela precisa de alguma ajuda, Stella responde que está tudo bem, pois, ele pode ficar despreocupado. Então lembra de avisar-lhe para não comentar que ela esteve ali, ela dá-lhe uma boa gorjeta para ficar calado, antes de sair diz que chegarão alguns lanches que ele poderá comer sem problemas. Se encaminha para o seu carro, entrando rapidamente e seguindo para a sua casa, como se nada tivesse acontecido naquela noite.

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