O problema do passado é que mesmo distante ele ainda se faz presente, muitas vezes desejamos esquecer algo, contudo se torna tão difícil e doloroso, que se assemelha a uma tortura, recordei no mesmo instante de vários momentos em que simplesmente desejei não existir, enquanto todos aqui soltavam risadas satisfatórias pelas lembranças de sua juventude, às minhas surgiram também, mas de uma forma perturbadora, na época em que meus irmãos estavam vivendo suas experiências novas, passando pela faculdade e se divertindo de tantas formas, eu; Fernando Murbeck me encontrava sendo enviado para um país totalmente diferente, sendo expulso de casa e dado como incapaz pelo meu pai. Essa época foi tão difícil que ter lembranças boas se tornou impossível, me encontrava tão inerte e concentrado perdido em minhas próprias dores que nem notei o silêncio que havia se tornado ao meu redor, apenas quando Júlia se levantou da mesa, no meio da jantar fazendo um barulho com a cadeira é que retornei para o p
_ EU AINDA AMO VOCÊ JULIA! NÃO ENTENDEU?! – Eu não acreditava no que estava ouvindo – Eu errei! Me perdoa, a Bia é minha filha! Eu também tenho direito! – Ele exclamou de modo feroz na direção dela, Júlia já abalada pelo jantar, e agora por aquela situação apenas se manteve agarrando a bebê que chorava alto pelos gritos do “homem que se dizia pai" enquanto que a mãe dela apenas tentava se livrar das garras dele, quando finalmente me aproximei o suficiente deles, não pensei duas vezes, desferi um soco certeiro na face de Guilherme, ele imediatamente soltou o braço de Júlia levando a mão ao nariz que sangrou imediatamente, Julia me olhou assustada._ Entra Julia, cuida da Bia, deixa esse vagabundo comigo. – Ela assentiu na minha direção rapidamente e então com a bebê para dentro do saguão, minha atenção logo mudou para Guilherme que desferiu um soco no meu rosto como resposta ao anterior, contudo ao retornar meu olhar para o dele, um sorriso sarcástico se fez nos meus lábios._ Eu sabia
Não tocamos no assunto Guilherme. Não naquela noite, nem nos dias seguintes. Fernando pereceu achar melhor não me bombardear de perguntas, quando eu claramente estava me sentindo nervosa em abordar o assunto. Quanto mais me sentia pressionada a explicar minha vida ao meu namorado, mais ficava desconfortável com a sua possível opinião e o seu julgamento por me manter em muito tempo em uma relação abusiva.Era madrugada, e eu estava rolando sobre o colchão, sem conseguir me entregar ao sono. Então há duas horas me encontrava sentada e apoiada na bancada de mármore da cozinha com uma caneca de chá de camomila fumegante entre as mãos. Meus dedos tamborilavam constantemente na porcelana, quando eu sentia minha mente divagar cada vez mais longe.As mãos quentes e firmes de Fernando me despertaram do meu devaneio, quando ele me puxou para junto de si, e se arcou beijando meus cabelos.- Sinto sua falta até mesmo quando estou dormindo, será que é normal isso? - Fernando murmurou para mim e ri
- Até me levar e me buscar na faculdade ele ia enquanto eu estudava. Às vezes ficava meu período inteiro de aula ali plantado esperando para ver se eu não ia para outro lugar escondida. - Soltei uma risada sem humor e funguei. - Eu tinha medo que ele me abandonasse que me deixasse. Então eu fazia tudo o que ele queria. Mas um dia eu acordei, mesmo que tarde, eu fui embora, carregando dentro de mim uma parte dele.Eu tinha esperado ele viajar para juntar poucos pertences meus e saí de casa. Fiquei alguns dias no apartamento de Daniel, que me acolheu como se eu nunca tivesse me afastado de sua segurança. Me deu emprego e proteção, quando eu não podia mais contar com ninguém que não fosse a Ana. Eles foram os únicos que souberam mais detalhadamente tudo o que aconteceu comigo. Até quando procurei Guilherme para contar sobre a gravidez, e ele declarou que eu era uma vagabunda e minha filha era de outro, enquanto eu só queria dar o golpe da barriga.Agora Fernando sabia de tudo...Ele foi
Fernando se autodeclarou pai dela há uns dias, mas isso era diferente do que apenas palavras. Seria como mostrar a sua família o quanto ele se importava com ela. Era o oposto de estar comigo e ela em nosso mundinho restrito.Meu coração errou uma batida. E ele riu com meu espanto, como se minha reação fosse uma coisa ilógica.- Meu amor é claro que eu quero fazer isso. Estar com vocês duas é uma realização de um sonho. - Ele fez uma pausa e esticou a mão para pegar a minha. - Vocês são minha família, são minha vida. Quero estar ao seu lado sempre, e viver todos os momentos com a nossa filha.Meus ombros caíram sentindo a calmaria me atingir. Era real. Muito real. Ele não iria me abandonar e ficaria comigo.Apertei sua mão e me inclinei na cadeira.- Acho que temos que contar para a sua família o mais breve possível que estamos juntos. - Nervosa passei meus dedos em meu cabelo tentando me distrair do mal estar que estava me consumindo. - Já é estranho o suficiente estar em um lugar e a
Os cantos dos lábios de Eliane se elevaram quando me mostrou um sorriso mordaz. Eu odiava quando ela sorria assim, como se já tivesse ganhado o mundo. Como se soubesse exatamente onde me atingir.Meu celular tocou, e seus olhos correram para a tela, enquanto ignorei a chamada do Fernando.- Você ainda gosta dele né? - Eliane se inclinou sobre a mesa como se tivesse vencido. A bile ameaçou subir pela a minha boca.- Os únicos sentimentos que sinto pelo seu filho são: magoa, raiva e desprezo. - Contei nos dedos cada uma delas. Havia bem mais coisas, do tipo ruins que deixavam o meu coração enegrecido. Mas eu não ia ceder a isso. - Sinto isso por você também, não se preocupe.Meu rosto estava esquentando com a raiva. Foi burrice demais ter vindo até aqui. Achei que estava pronta para enfrentar o meu passado, entretanto estava mais que equivocada. Não conseguia nem suportar no mesmo ambiente que a mãe do Guilherme, era pior ainda sentindo o peso do seu julgamento em mim.- Eu não me impor
Uma sensação estranha se encontrava dentro do meu peito enquanto meu olhar passava brevemente por um dos documentos em cima da mesa do meu escritório, os ponteiros do relógio marcavam exatamente nove horas da noite e Julia não havia me dado notícias nenhuma, soltei um suspiro desacreditado quando meu celular tocou e vi o número da minha mãe registrado nele, soltei o aparelho deixando -o tocar, não queria ocupar a linha falando com ninguém, e se ela me liga-se? Era melhor deixar meu celular livre, assim que a ligação caiu um estalo surgiu em minha mente, peguei o celular que se encontrava na mesa, a chave do carro e então sai do escritório deixando os problemas da empresa para trás, achei que deveria refazer o caminho que ela seguiu ao ir em uma reunião importante em meu lugar, enquanto dirigia me odiei por deixá-la ir sozinha, Julia mostrava uma expressão estranha ao sair do escritório, contudo achei melhor deixa-la ter um tempo sozinha, eu tinha certeza que algo ou alguém a incomodav
Retornei ao meu trabalho sentindo o gostinho de felicidade dentro dos meus lábios, em tanto tempo eu nunca imaginei que sentiria esse sentimento, estava conformado em viver sozinho pelo resto dos meus dias, e então Julia surgiu e virou meu mundo de ponta cabeça, agora não vivo sem ela! Quando o sábado chegou fui buscar Julia em sua casa, deixamos Bia na casa da babá, e então tomamos rumo para a casa dos meus pais, assim que chegamos no local eles nos receberam com total felicidade no entanto a primeira pergunta da minha mãe foi._ Cadê sua namorada?! - Exclamou indignada olhando para mim._ Mãe... - Ethan e sua agora esposa olharam para ela rindo muito - Não entendeu o recado? - Ela olhou para Ethan e então para mim, em seguida para Julia._ Oh! Céus! É a Julia? - Questionou sorrindo largamente - Que boba sou! Fernando que felicidade meu filho não poderia escolher mulher melhor! - Ela se aproximou de Julia a abraçando apertado - Eu sempre tive certeza que você faria parte da nossa fam