Sentindo um arrepio percorrer novamente seu corpo, Marina fecha os olhos, permitindo que aquela sensação se prolongue por mais alguns instantes. A mente dela sussurra que é errado e que está brincando com fogo, mas a tentação é grande demais. A sensação é tão intensa e gostosa que, por um momento, decide deixar de lado toda a sua razão, ignorar as provocações de Victor e testar até onde aquilo pode chegar.— Me diz mais o que você sabe fazer — provoca, com a voz baixa, quase num sussurro, mal reconhecendo a própria ousadia.Em resposta, Victor age rapidamente. Ele deposita um beijo suave na nuca dela, em seguida, começa a explorar o pescoço delicado de Marina com os lábios, descendo lentamente até o ombro. Cada toque dos lábios macios de Victor deixa um rastro de calor e adrenalina em sua pele.“Isso é bom, muito bom”, pensa Marina, tomada por uma sensação inédita de algo que nunca havia experimentado antes e que jamais imaginou existir.As mãos de Victor, até então apoiadas na pia, d
Victor caminha pela sala enquanto ouve Raul do outro lado da linha. A tensão aumenta a cada palavra, e ele tenta processar as informações rapidamente, mas a gravidade da situação é inegável e real.— Como assim, o que aconteceu? — pergunta, com a preocupação evidente em sua voz.— Victor, foi horrível. Eu estava saindo de casa, indo para o carro para jantar na casa de um amigo, quando ouvi o disparo — a voz de Raul treme, ainda assustada.— Isso aconteceu dentro da sua casa? — questiona Victor, intrigado.— Isso mesmo, dentro da minha residência, cercado por seguranças armados e câmeras. Entende como não posso confiar em mais ninguém nesse momento?Victor aperta o telefone contra o ouvido, seus olhos ficam sombrios enquanto caminha de um lado para o outro. Seu maxilar trava de frustração e preocupação.— Eles te atingiram? — pergunta com a voz baixa e firme.— Não, mas a bala… ela passou raspando no meu braço. Se eu não tivesse me abaixado, provavelmente teria me acertado em cheio. Um
Ao perceber o que estava prestes a fazer com Victor naquele apartamento, Marina se levanta bruscamente do sofá e caminha até a varanda, tentando encontrar na brisa da noite carioca algum alívio para a confusão de pensamentos que invadem sua mente.— Meu Deus, eu não acredito que fiz isso — murmura, levando as mãos aos lábios ainda quentes do beijo de Victor Ferraz. — Meu primeiro beijo… e foi com o homem que tenta diariamente me tirar do sério — sussurra para si, sentindo o peso da culpa se instalar.Desde cedo, Marina se recusou a seguir o mesmo caminho da maioria dos jovens de sua idade. Enquanto suas amigas flertavam com garotos nos intervalos da escola, ela mergulhava em livros, determinada a alcançar seus sonhos. Quando algum rapaz a convidava para sair, sua desculpa sempre era a mesma: precisava estudar. Foi assim que viveu, priorizando os estudos e a carreira, e deixando os sentimentos amorosos em segundo plano. Ainda assim, houve um momento em que começou a nutrir algo por Sá
Toda aquela conversa arranca um turbilhão de sentimentos em Marina, que mal consegue dormir. Se sua mente já estava confusa com a avalanche de emoções que a dominavam, agora sente o peso das consequências diante de si.— Por que ele foi me ligar logo agora? — murmura, enquanto fecha a porta da varanda e entra no apartamento.Rapidamente, ela verifica a porta de entrada e em seguida confere se as câmeras estão funcionando.Cansada mentalmente, decide se deitar, deixando o telefone ao lado, na esperança de ouvir caso Victor ligue ou precise de algo. Mesmo com o corpo exausto, a mente de Marina continua a vagar, dominada por pensamentos confusos e sentimentos que não consegue afastar.“Você precisa reagir, Marina”, pensa, fechando os olhos e tentando relaxar, embora o coração continue acelerado.[…]Enquanto dirige até o hospital onde Raul está, Victor pensa na jovem loira que deixou em seu apartamento. Seu corpo ainda responde ao calor dos momentos que compartilhou com ela. Não pode neg
Decidido a não desistir de suas intenções, Victor bate na porta do quarto de Marina, com firmeza, na tentativa de acordá-la.— Marina, já cheguei, abra a porta! — ordena, com uma voz autoritária, mas tudo o que ouve é o silêncio do outro lado.A falta de resposta o irrita profundamente, e seus pensamentos começam a questioná-lo.“Pelos céus, Victor, está mesmo correndo atrás de uma mulher?”Percebendo o quanto está vulnerável, de pé, na porta de um quarto trancado, por uma mulher, ele tenta se recompor. Tomado pelo orgulho ferido, se afasta da porta, volta para o seu quarto e se joga na cama. Com os pensamentos fervilhando, pensa se deve ou não terminar aquela madrugada na mão.[…]Na manhã seguinte, Marina acorda com a lembrança de ter ouvido a voz de Victor batendo em sua porta na noite anterior. O medo do que poderia acontecer caso ela tivesse aberto a porta a dominou, e foi por isso que escolheu ignorá-lo, pensando na própria proteção.Ela se levanta devagar e começa sua rotina ma
Na sala da casa, Marina começa a conversar com o pai num tom meio nervoso, como se estivesse com medo de que ele soubesse o que ela estava fazendo naquele exato momento.— Pai, que surpresa — diz ela.— Oi, querida, bom dia, como você está?Ainda eufórica pelo que estava acontecendo alguns segundos antes, Marina responde:— B-bem, estou bem — sua voz sai trêmula.— Aconteceu alguma coisa? — questiona José, preocupado ao perceber o tom de voz da filha.— N-não, não aconteceu nada — responde ela, lançando um olhar em direção à cozinha, onde vê Victor parado com as mãos na cintura, olhando para ela com uma expressão nada satisfeita. Deixando-o de lado, Marina caminha até a varanda e se senta em uma das cadeiras, buscando se acalmar. — E o senhor, como está? Não é comum me ligar pela manhã, já que esse é o horário mais movimentado da padaria.— Eu sei, minha filha, mas estou com tantas saudades que não resisti. Quando você liga, sempre conversa mais com sua mãe e parece que se esquece de m
Enquanto está na cozinha, Victor observa Marina sair dali para atender o telefone. Ela só tinha uma missão: dizer ao pai que não poderia falar naquele momento por estar ocupada. Mas, ao contrário, senta-se na varanda e começa a conversar livremente, como se tivesse todo o tempo do mundo. Nervoso, Victor caminha até a pia da cozinha e lava o rosto, tentando, fracassadamente, aliviar o que está sentindo naquele momento. Ele percebe que Marina está jogando com ele e que já é a segunda vez que cai como um bobo nesse jogo.— Isso não vai ficar assim — sussurra, saindo da cozinha e observando-a sorrir ao telefone, sentada na varanda.Victor caminha em direção ao seu quarto e, ao entrar, deixa a raiva dominá-lo.— Ah, loirinha, você me paga — murmura, sentindo o cheiro do perfume de Marina impregnado em sua roupa enquanto a tira para entrar no banho. Mais uma vez, precisa deixar que a água gelada o alivie.Após se refrescar debaixo do chuveiro, ele se senta na cadeira de seu escritório no q
Marina sente o corpo inteiro ficar tenso. O tom dele, a proximidade… tudo parece conspirar para deixá-la sem palavras. O coração dela acelera, mas, ao mesmo tempo, seu instinto profissional a faz buscar uma saída.Tentando manter o controle, desvia o olhar por um segundo e, com uma voz mais firme do que esperava, pergunta: — Estamos indo bem no tribunal, certo? — A tentativa de redirecionar a conversa para o trabalho é evidente, como uma fuga desesperada da angústia que cresce entre eles.Victor, no entanto, percebe exatamente o que ela está tentando fazer. Ele sorri, mas não é um sorriso de diversão; é um sorriso afiado, predatório. Ele se recosta levemente, como se estivesse saboreando cada segundo do estresse que ela tenta disfarçar.— Tudo está sob controle, Marina — responde, sua voz é calma, mas os olhos continuam cravados nos dela. — O problema não é o julgamento.Marina, em um misto de nervosismo e confusão, decide arriscar uma pergunta para tentar desviar a atenção:— Então,