Mesmo com a segurança que a mãe lhe transmite, a expressão de Amelie volta a ficar tensa. Ela morde o lábio inferior, como se tentasse reunir coragem para falar o que realmente a preocupa.— E o papai? — pergunta, inquieta.Marina sorri suavemente, buscando tranquilizá-la.— Não se preocupe com isso, amor. Vou conversar com seu pai. Sabíamos que esse momento chegaria, mais cedo ou mais tarde.— Mas ele não pareceu nada feliz quando soube que estou gostando de alguém — Amelie desabafa, suspirando.— Você conhece seu pai, ele é ciumento com todo mundo, mas especialmente com você, que é a princesinha da casa.— Acha que ele vai aceitar o Daniel? — questiona com os olhos cheios de expectativa.Marina franze levemente a testa, surpresa.— Daniel? Esse é o nome do seu namorado?— Sim — responde Amelie, com um leve sorriso. — Ele estuda medicina e estagia na escola de idiomas duas vezes por semana.— Uau, ele parece ser bem inteligente — comenta Marina, impressionada.— E ele é, mãe! Tenho c
Após uma longa conversa com a esposa, Victor finalmente consegue se acalmar, ainda que a preocupação persista em algum canto de sua mente. Ele respira fundo, decidido a aproveitar o momento e deixar as preocupações de lado, pelo menos por aquela noite. Afinal, era uma data especial: o aniversário de seus filhos.Com dedicação e carinho, havia reservado uma mesa num dos restaurantes mais renomados da cidade, para celebrar a ocasião em família. Para tornar o momento ainda mais especial, contariam com a presença dos avós dos gêmeos, Daniela e José, além dos tios Valentina e Rodrigo, que trouxeram consigo os filhos, Jasmin, Théo e André.O clima de celebração o fez pensar em transformar aquela noite em uma lembrança inesquecível para todos, especialmente para seus filhos.Embora tudo transcorresse perfeitamente naquela noite, Victor não conseguia evitar lançar olhares furtivos para a filha de tempos em tempos. Cada detalhe parecia reforçar algo que ele relutava em aceitar: sua menininha e
Quando Daniel entra na sala, é recebido por sua namorada, que o envolve em um abraço caloroso, acompanhando-o com um sorriso radiante. Seu entusiasmo transparece, deixando evidente o quanto estava feliz por vê-lo ali. Logo depois, Amelie segura sua mão, puxando-o suavemente para dentro, como se quisesse guiá-lo com confiança.Daniel corresponde ao gesto, adentrando a sala com um sorriso tranquilo, mas sua expressão logo se desfaz ao cruzar o olhar severo do futuro sogro. O semblante fechado do homem faz seu estômago revirar e um nó apertado se formar em sua garganta. De repente, o nervosismo se instala nele.Sentindo o ambiente ficar pesado, Marina, ao lado do marido, toca-lhe discretamente o braço. Com um olhar sutil, mas firme, pede que ele contenha aquela hostilidade.— Pai, mãe… — começa Amelie, quebrando o silêncio. — E Arthur — ela acrescenta, revirando os olhos. — Esse é o Daniel.Arthur é o primeiro a se aproximar de Daniel, estendendo a mão com um sorriso travesso.— Olá, cun
Com os ombros eretos e um olhar calculista, Victor enxerga na resposta do rapaz uma oportunidade perfeita para aprofundar o interrogatório.— Já que mencionou o seu pai e a profissão dele, me diga também o que a sua mãe faz. — Sua voz soa tranquila, mas há um tom de análise subjacente.Endireitando a postura, Daniel responde prontamente, apesar do nervosismo que ainda sente:— Minha mãe trabalha como secretária no consultório do meu pai e também administra uma ONG que cuida de pessoas em situação de rua.Arqueando ligeiramente uma sobrancelha, Victor se mostra surpreso com a resposta. Por um instante, a rigidez em sua postura suaviza, mas a expressão séria em seu rosto permanece intacta, estudando cada detalhe do jovem à sua frente.— Isso é interessante… — murmura, cruzando os braços. — Talvez devêssemos conhecer os seus pais também.Daniel assente rapidamente, como se quisesse garantir sua aprovação.— Claro, senhor. Tenho certeza de que eles ficarão muito felizes em conhecê-los.Vi
No dia seguinte, a casa da família Ferraz estava mais uma vez movimentada. O jantar daquela noite seria especial, os convidados eram ninguém menos que os pais de Daniel, namorado de Amelie.Pela casa, Amelie caminhava de um lado para o outro, incapaz de esconder o nervosismo. Seu estômago estava um nó, e suas mãos suavam levemente. Conhecer os sogros pela primeira vez já seria intimidador por si só, mas saber que tudo isso foi ideia de seu pai tornava a situação ainda pior.Impaciente, ela entra no quarto da mãe, cruzando os braços e fazendo uma careta nada empolgada.— Por que o papai foi inventar isso? — reclama, indignada.— Meu amor, você sabe como seu pai é desconfiado. — Marina diz com a voz serena, tentando acalmar a filha. — Ele só quer ter certeza de que os pais do Daniel são boas pessoas e que criaram um filho responsável.Ela toca de leve a mão de Amelie, oferecendo um sorriso tranquilizador, na esperança de suavizar o nervosismo da filha.— Mas isso está soando tão estranh
Saindo do quarto, Marina segue em direção ao quintal da casa, onde encontra o marido sentado em uma poltrona, com um livro aberto sobre as mãos. O rosto dele está sério, os olhos fixos nas páginas, mas há algo em sua postura que denuncia que sua mente está em outro lugar.Aproximando-se, ela se senta ao lado do marido e o observa por um instante antes de perguntar:— O livro está interessante?Soltando um suspiro leve e, sem desviar o olhar da página, Victor responde com um sorriso de canto:— Para ser sincero, estou lendo o mesmo parágrafo há quase duas horas — responde, fazendo uma careta divertida, mas Marina percebe a inquietação por trás da brincadeira.— O que houve? — questiona, evidentemente preocupada.Lentamente, Victor fecha o livro, apoiando-o sobre a mesa ao lado. Seus olhos vagam até a piscina, encarando o reflexo trêmulo da água, como se buscassem respostas ali.— Hoje chegou mais uma carta da minha mãe, não foi? — sua voz sai baixa, quase um murmúrio.— Sim. Dayane aca
Quando Andressa ouviu seu filho dizer estar apaixonado, seu coração se encheu de alegria. Ela praticamente saltitou, radiante, pois sempre idealizou a felicidade dele acima de qualquer conquista material. Daniel era o seu orgulho, e ela vivia para ele e para o marido, que nunca poupou esforços para cuidar da família.Ao saber que os pais da namorada queriam conhecê-los, Andressa sentiu uma onda de animação. Se faziam tanta questão desse encontro, é porque levavam o relacionamento a sério. E isso significava muito para ela.Mas nada a preparava para o que estava por vir.Quando o carro para diante da imponente mansão da família da namorada de Daniel, ela arregala os olhos. O tamanho da casa, a grandiosidade da entrada, cada detalhe denuncia o quão absurdamente ricos são os pais de Amelie. Seu coração acelera, não por receio, mas por uma expectativa genuína.Quando a empregada da casa abre a porta, ela espera que Daniel entre primeiro e, em seguida, segue com o marido. Seus passos são f
Marina caminha de um lado para o outro, tentando processar o que acabara de acontecer. O turbilhão de emoções a impede de ficar parada.— Mãe, a senhora não vai dizer nada? — A voz de Amelie carrega uma mistura de frustração e expectativa.Percebendo a inquietação da filha, Marina se senta no sofá e pede que a filha faça o mesmo.— Me desculpe, meu amor — a mãe inicia a conversa com um tom sereno. — Eu simplesmente não esperava por essa surpresa.— Nem eu esperava pelo que aconteceu aqui — Amelie responde, ainda confusa. — Mas por que você e o papai reagiram daquela forma quando os pais do Daniel entraram?Ela encara a mãe, esperando uma explicação, mas percebe seu olhar hesitante em direção a Victor, pedindo apoio silenciosamente. Ele se aproxima e assume a conversa.— A verdade, filha, é que sua mãe e Andressa eram muito amigas na juventude… melhores amigas, para ser mais exato — revela. — Mas algo aconteceu entre elas, algo que as fez brigarem a ponto de encerrarem a amizade delas