Enquanto caminha em direção ao ponto de ônibus, Marina sente uma raiva crescente queimando em seu peito. Ela está convencida de que Victor fez tudo deliberadamente, apenas para pressioná-la a sair da empresa.— Ele não vai conseguir. Eu me recuso a deixar que ele me vença — sussurra para si mesma, com passos firmes refletindo sua determinação.De repente, o som familiar de um motor luxuoso chama sua atenção. O carro de Victor para ao seu lado. Fingindo que não o vê, continua andando com o olhar fixo à frente. Mas o estrondoso e longo barulho da buzina que ele aperta de propósito a assusta, fazendo-a tropeçar e cair no chão, deixando o seu sapato direito escapar do pé.No carro, Victor observa a cena com diversão mal contida. Ele sabe que o nervosismo dela está no auge, e isso só intensifica sua satisfação.Rapidamente, estaciona o carro e sai, caminhando em direção a ela, que tenta se levantar.— Precisa de ajuda? — pergunta, segurando o riso que ameaça escapar.— Não, eu não preciso d
— O que está acontecendo aqui? — A voz firme de Daniela corta o ar, fazendo com que Sávio solte o braço de Marina de imediato. Ela continua visivelmente abalada pela atitude dele.— Dona Daniela, a senhora sabia que a Marina vai viajar sozinha com o chefe para outro estado? — questiona Sávio, com o olhar cheio de reprovação pousado sobre Marina.Daniela franze a testa, surpresa. Até aquele momento, não sabia de nada sobre a viagem.— Não, minha mãe não sabe porque foi uma decisão de última hora, e eu ainda não tive tempo de contar — explica Marina, desapontada com a maneira como Sávio está lidando com a situação.— O que ele está dizendo, Mari? — indaga Daniela, agora olhando diretamente para a filha, esperando por uma explicação.— Vim para conversar com você e o papai mais cedo, mas parece que o Sávio não sabe respeitar o espaço dos outros — responde, com a indignação evidente em sua voz. — Podemos conversar lá dentro, mãe? — sugere, ignorando Sávio.— Tudo bem — concorda Daniela, em
Após Andressa tranquilizá-la, Marina decide aceitar a ajuda da amiga, já que estava sem muitas opções naquele momento. Ao retornar para casa, encontra metade de suas roupas já dobradas em cima da cama, revelando o quanto sua mãe está empenhada em ajudá-la.— Conseguiu? — pergunta Daniela, enquanto coloca os itens de higiene pessoal da filha em uma pequena necessaire.— Sim, a Andressa me emprestou a mala dela — responde, colocando a mala sobre a cama.Daniela observa o objeto com certa curiosidade, franzindo a testa.— Isso parece caro — comenta, após alguns segundos de avaliação.— Não só parece como é — admite Marina. — Só aceitei porque estou sem opções, mas confesso que estou um pouco preocupada.— Então leve essa mala com cuidado, sem perder de vista nem por um segundo. Quando voltar, providencie uma para você, para evitar esse tipo de situação no futuro. Já que viagens como essas devem se tornar cotidianas com o tempo.— É exatamente o que vou fazer.— Já sabe onde irá ficar? —
Enquanto esperam o voo no aeroporto, Marina sente um frio na barriga ao se lembrar de que é sua primeira vez viajando de avião. O pensamento de enfrentar essa experiência sozinha a deixa ainda mais ansiosa, especialmente sabendo que não pode contar com Victor para nenhum tipo de apoio. Sentada ao lado dele, aguardando o embarque, tenta se concentrar em outra coisa, mas seu nervosismo é visível. Victor, por sua vez, observa a mala que Marina carrega. Ele olha com atenção, analisando cada detalhe. A mala parece de grife, mas algo não b**e. Ele deduz que não passa de uma imitação bem-feita, já que acredita que Marina não teria condições de comprar uma peça original — exceto se… Aquela linha de pensamento o incomoda mais do que gostaria de admitir. A ideia de onde ela poderia ter conseguido aquela mala o deixa desconfortável, e, por mais que tente afastar esse pensamento, não consegue. A dúvida se insinua em sua mente, incomodando-o de maneira sutil, mas persistente.— Eu já volto — diz
Quando o avião pousa no Rio de Janeiro, já é madrugada. Marina sente o cansaço invadindo seu corpo, mas tenta não transparecer. Ela não sabe exatamente o que esperar dali em diante, pois, desde que entraram no avião, ela e Victor mal trocaram palavras.— Iremos para qual hotel? — pergunta, enquanto caminha ao lado dele em direção à saída do aeroporto.— Não ficaremos num hotel, e sim em meu apartamento que tenho aqui — responde ele, sem quebrar o ritmo dos passos, com a naturalidade de quem já tinha decidido tudo. Marina para bruscamente, surpresa com a resposta de Victor. Ficar no mesmo apartamento? Sozinhos? A ideia a deixa inquieta. Não é exatamente medo do que poderia acontecer, mas o simples fato de dividirem o mesmo espaço durante uma semana a deixa desconfortável.— Não acha que seria melhor me deixar em um hotel? — sugere, ainda tentando aceitar a situação.Victor para de andar e a encara, seu olhar volta a ficar carregado de uma provocação que ela já conhece bem.— Estamos
Os raios de sol que atravessam a janela fazem com que Marina abra os olhos lentamente. Por um instante, ela se sente desorientada, estranhando o ambiente, mas sua mente logo a faz lembrar dos acontecimentos que a trouxeram até ali. Pegando o celular, percebe que ainda são sete da manhã. Embora seu corpo queira mais descanso, seu estômago, faminto, a trai com um rugido, avisando que não poderia esperar por muito tempo.Levantando-se da cama, vai até o banheiro para fazer sua higiene matinal. Ela deduz que Victor continua dormindo; por isso, decide explorar o apartamento à procura da cozinha. Entretanto, ao passar pela sala, surpreende-se ao vê-lo já acordado, sentado na varanda, lendo alguns papéis.Ele levanta o olhar quando percebe sua presença. Os olhos de Victor percorrem pelo corpo de Marina, que usa um pijama curto, revelando suas coxas bem torneadas. Quando ele volta o olhar mais para cima, quase de imediato, o sorriso sarcástico que é sua marca registrada surge em seus lábios.
Embora não queira se alarmar com a situação, Victor percebe o olhar assustado de Marina e entende que precisa agir.— Não se intimide com isso, tudo bem? Você sabe que advogados passam por esse tipo de coisa o tempo todo — declara, com a intenção de acalmá-la.— Sei — diz ela, tentando se recompor. — Só não esperava que isso fosse acontecer tão cedo.— Melhor não pensar muito nisso. Vista uma roupa e tomaremos café fora. Não confio mais no que nos entregaram — comenta, desamassando o bilhete ameaçador e tirando foto dele, junto da embalagem alterada que entregaram.Marina caminha até seu quarto, escolhendo uma roupa leve, mas formal, já que o dia promete ser quente no Rio. Ao retornar à sala, ela encontra Victor já pronto, vestido impecavelmente.— Vamos — diz ele, abrindo a porta do apartamento, deixando-a segui-lo.Eles descem até o estacionamento, onde Victor destrava um carro estacionado. Em silêncio, entram no carro e os dois seguem pelas ruas da cidade.Mesmo quieta, Victor nota
Ao retornar para a mesa, Marina nota que Victor já não está mais acompanhado de sua “amiga”. Com um suspiro discreto de alívio, ela se senta e decide terminar o café, agora frio.— Por que saiu? — pergunta Victor, com uma sobrancelha arqueada ao vê-la se acomodar novamente.— Aproveitei que você estava ocupado para ligar para os meus pais — responde, tentando soar casual.Victor sorri, aquele sorriso que a faz se sentir constantemente desafiada.— Tem certeza de que foi isso mesmo? Ou saiu daqui porque ficou com ciúme da Rebecca?Marina estreita os olhos, surpresa pela acusação.— Ciúme? — ela solta uma risada breve e incrédula. — Agora é você que está se superestimando, senhor Ferraz. Por que eu sentiria ciúme? — rebate, como se o comentário fosse a coisa mais absurda que já ouviu.Victor sorri de canto, satisfeito com a reação dela, e volta a comer em silêncio. Marina foca no café, sem vontade de prolongar qualquer interação desnecessária.Após alguns minutos de silêncio desconfortá