Jade
Uma semana depois eu estava sentada em frente ao computador em busca de algum vestibular que eu pudesse prestar para medicina. Era meu sonho e eu pretendia correr atrás dele. Sabia que seria um desafio muito grande pois eu estava a mais de um ano sem estudar, mas sempre fui uma boa aluna e talvez desse para ser aprovada sem precisar aulas de reforço. Minha vida estava um pouco incerta naquele momento e não sei se deveria prestar vestibular ali em São Paulo ou esperar um pouco mais para resolver minha situação com minha mãe. Eu pretendia entrar com um pedido judicial para ter direito ao dinheiro que meu pai tinha deixado para mim, assim como o apartamento. Se eu tivesse que voltar, não seria para a cada da minha mãe e sim para minha própria casa. Iria conversar com o Alex e pedir que ele me ajudasse, se bem que eu desconfiava seriamente que ele iria querer mante
MarinaSe alguém me dissesse que um dia eu enterraria um filho, eu talvez não acreditasse, porque pela lei da vida os pais sempre vão primeiro. Mas os desígnios de Deus são inexplicáveis e ali estava eu voltando do enterro de Felipe e indo ao hospital ver como estava o Alex. Meu Deus! Que tragédia se abatera sobre minha família! Como eu não vi o que estava acontecendo com Felipe? Porque eu não conseguir impedir que meu filho fosse pelo caminho das drogas e do tráfico? E Alexander? Ele deveria estar arrasado ao descobrir que o irmão fora o responsável pela morte da esposa dele. Em seu íntimo ele sempre soube que Felipe tinha culpa na história, mas ouvir a confissão de que ele tinha dado a ordem para que provocassem o acidente dela foi um golpe muito duro para ele.Eu só podia agradecer a Deus por ter coloc
JadeAlexander saiu do hospital no dia seguinte e nós voltamos para casa. Ele estava bem, apenas com uma atadura protegendo o braço. Por sorte, a bala não tinha atingido um local perigoso e era só aguardar a cicatrização do ferimento.O amigo dele, Ralf, esteve lá e os dois conversaram sobre uma gravação onde Felipe confessava ter mandado uma pessoa provocar o acidente que tinha matado Erica.- Que coisa terrível, Ralf, tudo isso para ter o comando da empresa sozinho.- E poder continuar se escondendo do que ele fazia no mundo do crime.Ele sacudiu a cabeça incrédulo.- Não tinha necessidade disso, Felipe não precisava de dinheiro. Nós somos uma família rica.Ralf tocou o braço dele.- Isso não tem a ver com só com dinheiro, meu amigo, mas com v&iacu
AlexanderJá tinham se passado dois meses desde o triste episódio da morte de Felipe e eu estava nos ajustes finais para transferência das contas da empresa e dos bens para meu nome e da minha mãe. Ela estava triste e não e quis participar dos trâmites legais, deixando tudo aos meus encargos. Felipe tinha deixado muitas dívidas e problemas mal resolvidos no banco, o que me custou horas negociando e tentando a melhor forma de resolver as questões financeiras.Ainda tinha que viajar para Salvador com Jade para uma reunião com o advogado sobre a herança deixada pelo pai dela. Naquele fim de semana ela estava prestando vestibular para a UFRJ e na segunda feira viajaríamos para Salvador.Ela tinha decidido fazer a prova para o vestibular de última hora e aquilo quase rendeu uma discussão entre nós.- Não sabia que voc
JadeEu só poderia agradecer ao Alex por estar ao meu lado naquele momento. Com certeza não conseguiria resolver tudo sozinha. Nos três dias que se seguiram à leitura do testamento nossa vida se resumiu a idas em bancos e cartórios para a transferência dos bens para meu nome. Pedi ao advogado que preparasse a doação de um dos apartamentos de Salvador para minha mãe, bem como parte de uma aplicação para uma conta conjunta comigo. Ainda não confiava em deixar tudo nas mãos dela.Assim que todos os papéis ficaram prontos e assinados, organizamos nossa volta para são Paulo. Despedimo-nos de minha mãe na sexta feira no aeroporto e ela me fez uma promessa.- Quando você voltar a Salvador, espero que possa ficar comigo em nosso apartamento.- Eu também espero.E se nosso abraço nã
AlexanderAquele pensamento martelava em minha cabeça.Eu estava perdendo a Jade. Ela estava saindo da minha vida e eu não podia fazer nada. Não podia e não queria. Não era justo pedir que ela desistisse de uma vida inteira que se descortinava à sua frente para ficar comigo. Eu não queria um namoro de adolescente, eu queria uma mulher para dividir a vida comigo, queria dormir com ela todos os dias, ter filhos e construir uma família e ela não estava preparada para aquilo naquele momento. Meu coração estava dilacerado, mas eu precisava deixá-la ir embora.Fazia mais de uma hora que eu tinha chegado ao Bar do Roger e pedi apenas uma água. Não iria me embriagar de novo. Precisava enfrentar aquele momento de cabeça fria, mas eu não queria voltar para casa. Não tinha controle o suficiente para dormir co
JadeNunca pensei que sair da casa de Alexander fosse doer tanto em mim. Pensei e repensei mil vezes, mas quando percebi que ele não voltaria para casa naquela noite tomei a difícil decisão de arrumar minhas coisas e sair de lá.Agora eu me encontrava num quarto de hotel a poucas quadras da casa dele e já tinha digitado uma centena de mensagens explicando o motivo da minha saída e apaguei todas antes de enviar. O que eu ia dizer? Que agradecia o que ele tinha feito por mim, mas que não queria que ele se sentisse obrigado a manter aquele casamento? Que eu tinha me apaixonado por ele e tinha medo de não ser correspondida? Que agora eu não tinha mais motivos para continuar na casa dele, mas que eu não queria ir embora? Toda aquelas perguntas tinham respostas positivas, mas diante da forma como ele tinha saído na noite anterior, como se não quisesse
AlexanderTentei não pensar no que aquele dia significava para mim. Era o dia da audiência de conciliação com Jade. Fazia quase dois meses que eu não a via e estava ansioso e com o coração acelerado. Era minha última cartada. Ela não sabia que aquela audiência não foi exatamente convocada pelo juiz, eu tinha instruído meu advogado a provocar aquele encontro. Precisava ouvir da boca dela que ela realmente queria aquela separação porque eu não via sentido nenhum naquilo. Por mim estaríamos juntos e felizes. Eu a amava demais e tudo que eu queria era trazê-la de volta para minha casa. Suportei aqueles dias sem ela na esperança que ela me procurasse e que pudéssemos conversar, mas não. Ela estava em silêncio desde o dia que tinha comunicado a ela sobre a audiência. Aquilo estava me deixando apreensivo. Ped
JadeAlexander estacionou o jipe na garagem de casa e desceu.Ele estava estranho.Veio até mim e me ajudou a descer do carro e segurou meu braço enquanto me conduzia para dentro de casa. Estar ali de volta mexia muito comigo. Tínhamos vividos momentos tão felizes naquela casa. Ali tinha sido meu lar em São Paulo e por mais que eu soubesse que não era minha casa, a sensação de estar voltando para meu lar era muito forte.- Eu... preciso ir ao banheiro...Eu já estava subindo as escadas quando ele se colocou em minha frente- Não!Eu olhei para ele confusa. Realmente ele não estava bem!- Como assim? Eu quero ir ao banheiro, Alex!- Quero dizer... vai devagar. Você pode ficar tonta de novo!- Você está bem?- Eu... acho que sim- Acha?! Espera aqui, eu v